Dias de Dentes e Almas escrita por João Victor Costa


Capítulo 1
Capítulo Único




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Era uma vez uma alma que voava pelo mundo presa ao corpo de uma borboleta dourada.

...

Karou estava empoleirada no alto de uma árvore quando se surpreendeu com uma bela borboleta dourada pousando em seus dedos. Ela a observou com curiosidade e, quase que imediatamente, sentiu algo a mais e arregalou os olhos.

— Akiva! - Karou gritou, bem alto. Ela fechou delicadamente as mãos em volta da borboleta e correu. Seu coração estava incrivelmente acelerado. - Akiva!

— Isso é um absurdo! - Zuzana murmurou, fazendo um biquinho. - Sou uma deusa da luz que vai lutar contra um monte de criaturas trevosas e aqui estou eu, bancando a fada do dente!

— Shiu! - Mik a advertiu - Vai acabar acordando a casa inteira!

Zuzana arqueou a sobrancelha enquanto ela e Mik caminhavam na ponta dos pés, abrindo a porta do quarto da criança que estava dormindo.

— O que ela disse, exatamente? - Mik perguntou, curioso. Zuzana o havia acordado no meio da noite e dito algo como “Venha logo, explico no caminho”. E lá estava ele, invadindo casas.

Já estava começando a ficar acostumado.

— Precisamos de dentes, só isso. - Afirmou Zuzana, baixinho. Mik colocou a mão embaixo do travesseiro do garoto que dormia e pegou um pequeno dente de leite que estava escondido ali.

— Você não tem alguma moeda por aí? - perguntou Mik. Zuzana lançou seu olhar de bailarina das trevas. - O quê? As minhas acabaram!

Liraz e Ziri desconheciam o motivo de Karou ter chamado os dois, mas parecia importante. Por algum motivo, Liraz sentia um anseio aterrorizante que preenchia sua barriga.

— Precisam vir hoje! - Karou havia dito a eles, quase não conseguindo se conter de felicidade, antes de voar em direção ao céu.

Liraz e Ziri se entreolharam.

— Ok - disse Liraz, franzindo a testa. Ziri apenas deu de ombros.

Na casa de Karou e Akiva havia uma cama no centro da sala e nela havia um corpo: o corpo de uma criança de cabelos loiros, nem viva nem morta, apenas adormecida, esperando ser acordada.

No momento em que Ziri viu aquilo, sentiu-se ligeiramente atormentado.

— Eu falei que aquele era mesmo o dente do cabelo loiro! - Mik sussurrou para Zuzana, que estava ao seu lado.

— Shiu!

Akiva estava em um canto, observando sem sequer piscar. Karou apareceu um minuto depois, chorando enquanto segurava seu turíbulo apagado. Ela deixou uma borboleta dourada escapar de sua mão.

— Ele me encontrou! - disse ela, sorrindo enquanto acendia o incenso. A borboleta voou e pousou no rosto da criança. - Ele estava lá o tempo todo!

A borboleta… Liraz sentiu seus olhos lacrimejarem ao trocar um olhar com Akiva. Não poderia chorar. Nunca chorava.

— Karou… - disse Liraz, começando a respirar pesadamente. - Quem?

Karou não respondeu. Ela acendeu o turíbulo e realizou o ritual. Guiou a alma misteriosa presa no corpo da borboleta, que caiu de lado, imóvel sobre a cama, em direção ao corpo do garotinho. A criança ganhou cor e começou a respirar, arfando, com os olhos agora abertos.

Liraz quase não conseguiu se conter. O garotinho olhou de Akiva para ela.

— Senti a falta de vocês. - disse a criança. - Parece que andaram ocupados sendo deuses ou algo assim.

Akiva e Liraz correram para abraçá-lo. Akiva sorriu.

— Também sentimos sua falta, Hazael.


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