POV Stiles

Segunda-feira. Estávamos todos no auditório esperando o professor.

— Parece que eu estava empolgado na nossa última aula e não me apresentei. - Ele arrumou os óculos entrando na sala já lotada - Eu me chamo Louis Jacob. Podem de chamar de professor, senhor, Jacob ou até de Louis.

Ele colocou tudo na sua mesa. E analisou a turma.

— Vocês podem separar os grupos.

Me levantei e fui para perto de Marcos e Jessie, Toby também se juntou a nós.

Investigação. - Ele escreveu no quadro - O que é?

Apontou para um grupo que estava perto dele.

— Averiguação sistemática de algo. - Ele sorriu e apontou para outro grupo.

— Ato de esquadrinhar, de analisar minuciosa e rigorosamente. - outra vez ele sorriu e apontou para o nosso grupo.

— Conjunto de atividades e diligências tomadas com o objetivo de esclarecer fatos. - Eu disse quando ele apontou para a gente.

— Sinônimos. - Ele disse e apontou para o grupo atrás de nós.

— Inquirição, indagação, apuração, busca. - Ele sorriu novamente e apontou para outro grupo.

— Análise, observação, pesquisa, estudo, esquadrinhamento. - Ele apontou para outro.

— Exame, verificação, perscrutação, indagação, averiguação.

— Para que serve essa fase? - Ele perguntou apontando para o último grupo.

— Durante a investigação, a polícia procura e analisa elementos de prova relevantes para o processo. A procura de provas que possam ser a favor ou contra o suspeito. - A menina respondeu e ele sorriu.

— Já temos nossos líderes. - Ele foi até a mesa e pegou um caderno. - Todos que responderam venham aqui.

Cada um de nós se levantou e andamos até sua mesa.

— Sete grupos. - Ele contou quantos éramos. - Algum grupo tem mais ou menos de quatro pessoas?

Dois levantaram a mão.

— Uma pessoa a mais. - O de blusa branca disse.

— No meu também. - O outro que também tinha levantado a mão disse.

— 30 Estudantes. Turma grande. - O professor analisava uma lista que tinha em mãos. - Se identifiquem.

— Marta Elizabeth - uma menina disse e ele marcou o nome dela com um marcador azul.

— Stiles Stilinski. - Ele fez uma careta e marcou com um marcador vermelho meu nome que por algum motivo era o meu apelido.

— Mark Forbes - o menino da blusa branca que tinha uma pessoa a mais no grupo teve o nome marcado em amarelo.

— Matt Stewart - o professor marcou o nome em rosa do que também tinha uma pessoa a mais no grupo.

— Lisa Mendes - a menina do grupo atrás do meu disse e o nome dela foi marcado em verde.

— Camila Jones - o nome dela foi marcado em laranja.

— Oliver Snow - ela tinha sido a última a responder e teve o nome marcado em roxo.

Então ele perguntou quem estava em cada grupo e anotou os grupos. Mandou que todos voltássemos aos nossos lugares. Por uns instantes ele encarou o computador.

— Conclusões parciais. - Ele disse como se estivesse lendo.

A sala estava em silêncio. Ele encarou o computador um pouco mais.

— Decidam quais serão as etapas da investigação de vocês. Escrevam sobre esse método. - Todos já estavam escrevendo em seus cadernos - Em grupo. E eu não quero as etapas padrão que estão nos livros de vocês, de inquérito, investigação.

— Que etapas ele quer então? - O Marcos perguntou baixinho e todos na sala pararam de escrever.

— Que tal as etapas da investigação científica? - O Toby perguntou com a voz baixa também.

Ele anotou num papel.
1. Observação
2. Questionamento
3. Formulação de hipóteses
4. Realização de dedução 
5. Experimentação 
X. Seguir ou retornar?
6. Conclusão 
7. Divulgação

— Essas são as etapas. - Ele disse virando o papel para o resto do grupo.

Eu peguei um papel também e comecei a relacionar os números com as etapas que estavam no livro.
1 e 2. Inquérito
3 e 4. Investigação 
5. Prisão preventiva e/ou interrogatórios
6. Decisão no processo preliminar, acusação 
7. Processo preliminar abreviado

— Se encaixam. Pode funcionar. - A Jessie disse e pegou o notebook.

Marcos pegou os dois papéis que eu e Toby tínhamos escrito. Os dois discutiam alguma coisa e ela digitava com pressa, enquanto eu e Toby falávamos sobre a relação entre as etapas.

Jessie virou o notebook e mostrou todo o processo organizado e explicado.

— Parece que estão todos fazendo algum progresso. - O professor disse.

Eu não tinha percebido como todos estavam falando ao nosso redor e quase duas horas já tinham passado.

— Que etapas usaram? - Ela perguntou pra Snow.

— Etapas de um projeto empresarial. Iniciação. Planejamento. Execução. Monitoramento e controle. Finalização.

— Interessante. - Ele se virou para o resto da turma. - Alguém também teve essa ideia?

Ninguém falou nada.

— Vocês? - Ele perguntou para o Stewart.

— Etapas de uma obra. - Ele explicou as 13 etapas. E o professor perguntou a cada grupo.

— Ótimo. Parecem que vocês são todos muito criativos. - Ele então entregou seu cartão para cada líder.

— Elaborem a ideia do grupo e mandem para o e-mail que está no cartão. Eu vou analisar, corrigir, dar recomendações e talvez modificar. - Ele se sentou. - Não precisam vir amanhã. Na quarta-feira estaremos prontos para iniciar o trabalho. 
Ele se levantou e apagou o que estava no quadro.

— Agora vamos aprender métodos de investigação. - O resto da aula passou ainda mais rápido.

Eu e meus amigos fomos almoçar no refeitório da universidade.

— Por que não vai ter aula amanhã? - Toby perguntou na mesa.

— Provavelmente ele quer que a gente se dedique ao trabalho. - Marcos disse.

— Provavelmente ele vai modificar um monte de coisa e a gente vai passar o dia refazendo aquele negócio. - A Jessie falou ainda com comida boca fazendo todo mundo rir.

Estávamos conversando sobre as ideias dos outros grupos enquanto comíamos.

— Agora tem aula de linguagem técnica. - O Marcos falou com uma careta enquanto caminhávamos para a sala.

— A aula tem duas horas. E o resto do dia livre. - A Jessie disse. - Não reclama.

— Querem fazer esse trabalho logo hoje? - O Toby perguntou antes de entrarmos na próxima aula. O casal concordou.

— Na biblioteca depois dessa aula. - Combinamos e entramos.

Essa aula pareceu demorar mais para passar, mas assim que acabou nos reunimos na biblioteca. Em meia hora a explicação das etapas já estavam organizadas. Jessie as separou em ordem e depois descreveu cada etapa. Assim que ela terminou o Marcos configurou a formatação, a fonte e esses detalhes. Logo em seguida eu enviei para o e-mail do professor.
1. Análise das evidências. Visão crítica dos fatos.
2. Elaboração de motivos. Identificação de suspeitos. 
3. Formulação de possibilidade. Resposta a uma pergunta ou solução potencial. Hipótese feita com base em conhecimentos e fatos.
4. Realização de dedução. Previsão possível baseada na hipótese. Suspeito/Causa/Oportunidade.
5. Testar a veracidade da dedução. Interrogatório/Evidência física incontestável.
X. Em caso de inocência ou insuficiência de evidência, reiniciar a investigação. 
6. Em caso de sucesso, trabalho burocrático de processo judicial.
7. Exposição das hipóteses, experimentos, dados e discussões durante o julgamento.

Estávamos nos despedindo na porta da biblioteca quando meu celular começou a tocar. Era a Lydia. E tinha algumas ligações perdidas do Scott.

— Eu tenho tanta coisa para te contar. - Eu disse assim que atendi o telefone.

— O Scott me ligou. - Ela tinha pavor na voz. - Ele não me disse porque, mas eu tenho esse pressentimento.

— Lydia? - Ela estava me assustando. - O que vai acontecer?

— É a Malia. Eu vi a Malia. - Ela parecia à beira de um colapso.

O silêncio pairou por uns instantes.

— Você é quem está mais perto, Stiles. Deve levar umas 3 ou 4 horas de carro.

— Eu não tenho como ir. - Eu pensei nos pais da Riley por uns instantes. - Mas eu vou. Eu vou tentar.

— Eu estou saindo da aula agora. Eu estou indo para casa, Stiles.

POV Riley

Eu e meus amigos estávamos no Topanga's, todo mundo estava rindo do Zay que estava todo alegre porque a Vanessa mandou uma mensagem.

Eu estava esperando Stiles chegar. Ele disse que queria conversar comigo e eu aproveitei para apresentar ele aos meus amigos e explicar tudo o que estava acontecendo.

— Gente. - Eu interrompi as risadas e piadas - Eu tenho uma coisa para contar.

— Riles? - A Maya estava preocupada.

— Está tudo bem, peaches. Agora já está tudo bem. - Eu respirei fundo e continuei - Eu tenho escondido isso de vocês faz um tempo. Mas foi só enquanto eu entendia tudo o que está acontecendo.

— Eu não sou especialista nas relações e interações humanas. Mas sei identificar quando alguém está enrolando. - A Smackle se levantou e disse parecendo um robô.

— É. - Farkle concordou - Conta logo, Riley. Você pode nos contar qualquer coisa.

— Eu fui adotada. - O silêncio pairou.

Maya começou a rir histericamente.

— Sem ofensa, mas até eu sei que isso é impossível. - Zay declarou me olhando estranho.

— Riley, do que você está falando? - Lucas perguntou.

— É verdade. - Segurei a mão da Maya que agora desmanchava o sorriso.

— Quem são seus pais? - Smackle perguntou.

— Como você descobriu? - Farkle perguntou em seguida.

— Desde quando. - Zay estava prestes a fazer outra pergunta e eu interrompi.

— Eu descobri uns dias atrás. Mexendo nas coisas da minha mãe. Meus pais confirmaram. - Eu virei pra Smackle - Meu pai de sangue se chama Noah Stilinski. E eu tenho um irmão, que está vindo aqui conhecer vocês.

— Está tudo bem, Riles? - Maya me olhava preocupada.

— Sim. - Eu sorri para ela. - Está tudo bem.

Eles continuam a conversa falando sobre como agora minha família é maior. Sobre como eu continuo sendo a mistura de Cory e Topanga. Eu e Maya ainda estávamos de mãos dadas quando o Stiles entrou. Sorri para ele.

— Gente, esse é o meu irmão. Stiles. - Apontei para ele.

— Stiles. Esses são os meus amigos. — Disse os nomes enquanto apontava para cada um - Farkle. Smackle. Maya. Lucas. Zay.

— É um prazer conhecer vocês. - Ele sorriu de lado e cumprimentou todo mundo.

De algum modo eu sabia que ele não estava bem. Mesmo sem ele expressar isso.

— Riley. - Ele me chamou. - A gente pode conversar um minuto.

Eu fiz que sim com a cabeça e me levantei. Ele abriu a porta para mim e saiu logo atrás de mim.

— A gente acabou de se conhecer. - Ele começou mordendo o lábio - E eu não quero que você ache que eu estou me aproveitando de você ou da sua família.

— Eu nunca vou te julgar, Stiles. Você me ajudou a descobrir a verdade, sem nunca ter me visto. - Ele sorriu para mim.

— É que eu quero pedir um favor. Eu ia pedir para você pedir para o seu pai me emprestar o carro dele.

Ele me explicou que uma amiga dele estava em algum tipo de problema que ele precisava ir pra Beacon Hills. Eu me identifiquei. Pela primeira vez vi que isso não vinha de Cory e Topanga. O meu irmão faria qualquer coisa para ajudar um amigo.

— Se ele emprestar o carro. Eu posso ir com você? - Eu perguntei no impulso.

— Você quer ir comigo?

— Conhecer a cidade onde eu nasci. - Eu gelei - Conhecer nosso pai.

— Claro. - Ele estava em choque, mas estava sorrindo - Eu achei que você fosse demorar mais para querer conhecer ele.

Entrei no Topanga's para pegar minha mochila.

— Desculpa, gente. - Peguei meu casaco - Mas eu tenho que ir para casa. Eu vejo vocês depois.

POV Maya

Depois da aula no Topanga's a Riley nos contou que era adotada, nos apresentou o irmão que cumprimentou todo mundo e eles saíram para ter uma conversa particular.

— Eu não fui com a cara dele. - Lucas tinha uma careta.

— Você está com ciúme. - O Farkle disse - O cara foi bem-educado.

— Seu ciúme é irracional. - A Smackle constatou - Tendo em vista que eles são irmãos e tem uma grande diferença de idade a probabilidade deles se envolverem são bem baixas.

— Eu achei ele bem simpático. - O Zay disse - Parece a Riley.

Eles estavam falando disso e a Riley entrou. Ela pegou a mochila, o casaco e se despediu. Os dois saíram com pressa.

Todo mundo estranhou a pressa da Riley e começaram a discutir se era pelo irmão. Mas acabaram retomando assunto do Zay com a Vanessa. Demorou um pouco, mas eu decidi ir atrás da Riley. Tinha alguma coisa acontecendo. Eu sentia.

— Eu já vou, pessoal. - Peguei minhas coisas e fui me despedir da minha mãe no caixa. Dei tchau para todo mundo e fui para casa da Riley.

Subi a escada de incêndio e entrei para a janela do quarto. Ela não estava no quarto.

— Eu prometo ligar a cada hora. - Escutei a voz da Riley vindo da cozinha. - E vocês já viram os documentos do Stiles, a mamãe já viu que ele não tem nenhum histórico criminal. O pai dele é o xerife. E eu confio neles.

— Riley. Nós também, eles são sua família e a gente quer que isso aconteça. Mas talvez seja muito cedo. - A Topanga disse.

— E vocês vai perder aula amanhã. - O Cory completou.

Eu não estava entendendo o que estava acontecendo, mas não quis interromper.

— Eu empresto o carro para o Stiles. Mas não sei se é uma boa ideia você ir junto.

Eu desisti de ficar de fora tentando entender pedaços da conversa.

— E aí, panacas? - Entrei na cozinha. - O que está rolando?

— Meus pais não acham que eu estou pronta para conhecer o meu pai. - A Riley disse sem desviar os olhos de mim.

— E por que não, Matthews? - Eu não entendi.

— Por que ela vai ter que viajar e perder um dia de aula.

Eu sabia que era muito importante para ela. A Riley sempre achou que era igual aos pais e agora ela deve querer saber de onde ela realmente veio.

— E a gente ainda não conversou com o Auggie. - A Topanga disse.

— É só um dia? - Eu perguntei e ela fez que sim.

— Diz para o Auggie que ela vai dormir lá na minha casa. - Eu disse. - E a Riley tem uma média perfeita. Foi super bem no teste de espanhol hoje. Não faz mal ela faltar só um dia, Matthews.

Ela sorriu para mim.

— Obrigada. - Ela sussurrou para mim e virou com cara de súplica para os pais e eles se entreolharam.

— Você pode ir. - A Topanga disse - Mas você tem que ligar o tempo todo. E dar notícias.

— E vai ter que pegar tudo o que perder com o Farkle.

— Ei! Por que não comigo? - Fingi que estava ofendida.

A Riley comemorou com um gritinho e abraçando os pais.

— Obrigada, obrigada, obrigada. - Ela saiu correndo para o quarto enquanto digitava no celular e eu fui atrás dela

— Então. - Entrei no quarto com ela - Ansiosa?

Ela sorriu para mim.

— Eu estou bem ansiosa. E um pouco nervosa também. - Ela respondeu abrindo o closet.

— Então vamos arrumar essa mala. - Pisquei para ela e peguei uma mochila maior que a da escola e coloquei na cama dela.

Ela foi tomar um banho rápido enquanto eu separava alguns itens para ela. Calcinhas, um sutiã. Coloquei o notebook no bolso de trás. Peguei a bolsinha menor que estava dentro da mochila e guardei as coisas que estavam na penteadeira dela, uns produtos e pente.

Ela entrou no quarto de toalha com escova e pasta na mão.

— Guarda aí. - Ela jogou para mim e rapidamente entrou num vestido vermelho e colocou uma bota.

Entrou no closet escolheu um jeans simples, um casaco e duas regatas. Colocou na mochila depois de ver o que eu já tinha colocado. Ela guardou a bolsinha menor também e me agradeceu.

Pegou a carteira e o celular na outra mochila e colocou na que levaria.

— Eu consigo escutar seu coração. - Ri um pouco com o nervosismo dela. Ela andou até mim e me abraçou forte.

— O Stiles chegou, Riley. - Topanga tentou soar animada, mas havia preocupação em sua voz.

— Seja responsável. - Dava para ouvir o Cory dando orientações ao irmão da Riley na sala.

Ela colocou a mochila nas costas, abraçou a mãe e saiu.

Stiles também estava com uma mochila nas costas. Agora parecia mais tenso. O celular na mão e o cabelo molhado.

— Pronta? - Ele perguntou e ela apertou minha mão, sorriu para mim e fez que sim para o Stiles.

Ela me abraçou forte, depois a mãe e por último o pai. O Cory entregou as chaves do carro ao Stiles e antes que eles saíssem segurou Riley pelo braço, a abraçou e pediu que tivesse cuidado. Depois lhe deu umas notas.

— Eu estou adiantando sua mesada. - Ela sorriu para ele e agradeceu. - Agora vão, antes que o Auggie chegue das aulas de piano.

E eles foram. Eu fiz uma piadinha sobre também querer minha mesada e então fui embora pela janela para poder passar pelo quarto dela e pegar minhas coisas.

POV Scott

Eu falei com todos. Procurei por ela em todos os lugares. Ela tinha evaporado. Procurei na escola, na casa dela, no novo trabalho dela, na floresta, na casa dos Hale, por toda a cidade.

Era sete da noite quando meu celular começou a tocar.

— Stiles? - Atendi desesperado. - Eu estou tentando falar contigo desde cedo.

— Eu estou chegando, irmão. - Ele estava em um carro. - Onde você está?

Olhei ao redor. No meio do mato.

— A gente pode se encontrar na minha casa? - Perguntei e ele confirmou antes de desligar.

Eu saí correndo para onde eu tinha deixado o jeep. Depois de estacionar na minha casa vi que Liam estava na porta esperando e outro carro chegou. Estacionou.

— Stiles! - Corri até ele e o abracei. Uma menina saiu do carro e fiz uma cara confusa para ele.

— Scott, essa é a minha irmã. Riley. - Ele disse e lembrei que a minha mãe falou nisso ontem.

— Riley, esse é o meu melhor amigo. Scott. - Ele me apresentou.

Entramos todos em casa, deixei o Liam conversando com Riley e chamei Stiles na cozinha.

— A Malia sumiu.