Precisamos um do outro escrita por Moon
Notas iniciais do capítulo
Encorajada depois de uma conversa com Stiles, Riley convida o rimão para um jantar e os apresenta aos seus pais, Cory e Topanga, que ainda não sabem das descobertas de Riley.
POV Stiles
Meu pai enlouqueceu quando eu disse que tinha encontrado minha irmã. Assim que a ficha dele caiu ele começou a fazer mil perguntas sobre como eu a encontrei e como ela é. Ele estava numa mistura de melancolia e animação que eu nunca tinha visto antes.
— Eu não sei muito, pai. - Expliquei. - Só falei com ela por telefone. Eu vou falar com ela novamente.
— Filho. - Ele respirou fundo. - Desculpa. Por ter escondido isso de você todos esses anos.
— Até mais, pai. - Eu entendia o lado dele, mas iria precisar de um tempo para lidar com isso.
Voltei caminhando para o alojamento, agora observando as ruas, as pessoas e me peguei imaginando como teria sido crescer com uma irmã enquanto via algumas crianças brincando juntas.
Quando cheguei ao meu quarto, encontrei com Toby e Marcos conversando animadamente e escutei o chuveiro ligado.
— Decidiu sair? - Toby perguntou quando eu entrei e só confirmei com a cabeça.
— Eu vou sair com algumas pessoas da turma, hoje à noite. Quer ir? - Ele continuou.
— Não. Valeu.
— Você está bem? - O Marcos perguntou.
— Tô. - Eu respirei fundo. - Eu só tenho que resolver umas coisas.
Peguei minha mochila, coloquei meu celular, a carteira, um livro do treinamento e sai sem me despedir. Desci as escadas discando o número da Riley. Caixa postal. Liguei repetidas vezes e só caia na caixa postal.
Fui para a biblioteca e tentei me concentrar na minha leitura. Estava divagando nos meus pensamentos quando meu celular vibrou no meu bolso. Mensagem de texto.
— Meu celular estava desligado. Acabei de ver suas ligações.
— Eu queria conversar com você.
— Pode falar.
— Não assim. Pessoalmente.
— Eu não sei, Stiles. Eu nem sei se eu quero conhecer vocês. Eu não sei se eu estou pronta para isso.
— Como assim?
— Meus pais. Que me adotaram. Eles acham que eu não sei de nada.
— Você não contou para eles?
— Não.
— Você vai contar?
— Eu não sei ainda.
Enquanto ela digitava fiquei imaginando se dei esperanças para o meu pai e se ele suportaria perder ela novamente.
— Eu descobri tudo a três dias. Eu agi no impulso.
— Onde você mora?
— Nova York.
— Eu estou aqui em Nova York.
— Você está na cidade?
— Eu vou ficar aqui pelos próximos três meses.
— Eu não posso me encontrar com você antes de falar com meus pais.
— Se você quiser, eu posso conhecer eles.
— Eu preciso falar com eles.
— Do que você tem medo?
— Eu não sei.
Ela demorou um pouco e enviou outra mensagem
— Se eles souberem. Vai ser mais real. Todas as mentiras que me contaram. Tudo o que esconderam de mim. Parece que eu vou perder eles.
— Eu não conheço sua família. Mas eles são sua família, sabe?! Mesmo sem compartilharem o mesmo sangue, mesmo com mentiras. E eles continuarão sendo a sua família.
— Obrigada, Stiles!
Guardei o celular imaginando pelo que ela estava passando. Eu descobri tudo e compartilhei com meu pai, com a Melissa e mesmo assim parecia que meu peito iria explodir. Ela estava guardando esse segredo sozinha. Eu descobri uma irmã e a mentira do meu pai e parecia muito para minha cabeça. Ela descobriu uma outra família e várias mentiras.
Guardei minhas coisas e voltei para a sede sabendo que eu não iria conseguir me concentrar mais. A cada segundo que passava parecia que eu ia acordar e descobrir que eu estava dormindo todo esse tempo. Dois dias.
Como dois dias conseguem mudar tanta coisa?
Tomei um banho rápido e me vesti para sair para jantar em algum lugar. Calça jeans, blusa preta com camisa de flanela xadrez azul por cima, tênis. Estava procurando a carteira quando meu celular começou a tocar. Era a Riley.
— Oi.
— Você quer vir jantar na minha casa? - Ela perguntou hesitante.
— Você já falou com seus pais?
— Não. Mas por algum motivo eu acho que vai ser mais fácil se você estiver aqui. - A respiração dela estava trêmula, mas a voz firme.
— Me manda o endereço que eu chego daqui a pouco.
Ela desligou e um minuto depois o endereço chegou por mensagem de texto. Respirei fundo e chamei um Uber.
Não queria demorar tentando me localizar no metrô. Meu coração estava batendo mil vezes por segundo. Minhas mãos suavam. Eu ia conhecer a minha irmã.
20 minutos de trânsito depois eu estava na frente do prédio que ela morava. O prédio marrom de dois andares. Algumas luzes estavam acesas.
Paguei o motorista e enviei uma mensagem para ela avisando que eu tinha chegado. Subi as escadas e procurei o número 26 em alguma das portas. 26. Bati na porta e um homem branco com cabelo encaracolado e roupa social atendeu.
— Oi. - Eu estava a ponto de desmaiar. - A Riley está?
— Stiles? - Ela apareceu na sala com um sorriso tímido.
— Oi. - Essa é a única palavra que eu conheço?
O sorriso dela cresceu. Ela parecia a minha mãe. O cabelo, o sorriso. Ela veio até mim e me abraçou. Eu não consegui evitar o sorriso.
Levantei o olhar e o pai dela estava lá parado, com uma ruga entre as sobrancelhas, postura rígida, como se fosse me colocar para fora a qualquer segundo.
— Eu sou o Stiles. - Estiquei a mão para cumprimentá-lo e ele apertou minha mão com força.
— Senhor Matthews. - Ele disse firme, com a cara séria.
— Eu convidei o Stiles para jantar com a gente hoje. - Ela disse.
— Por que? - O pai dela estava irritado.
— Eu tenho certeza que a Riley tem seus motivos, Cory. - Uma mulher disse da cozinha.
Ela andou até mim e estendeu a mão com um sorriso doce.
— Eu sou a Topanga. Mãe da Riley. - A cumprimentei. - Entra.
Entrei na casa meio desconfortável e logo dois meninos entraram na sala correndo, um parecia ter uns 18 anos e o outro era uma criança.
— Eu conheço você. - O maior disse. - Você é um dos caras do FBI que estão lá na faculdade.
— Eu estou em treinamento. Ainda não sou do FBI. - Sorri para ele sabendo que ele era familiar.
— Eu estudo na NYU. - Ele explicou. - Josh.
— Stiles. - Nos cumprimentamos.
— Eu sou o Auggie. - O menor se apresentou com um sorriso gigante nos lábios.
— É um prazer te conhecer, Auggie. - Ele apertou minha mão.
— Pré-FBI? - O pai dela perguntou. - Quantos anos você tem?
— 20, senhor. - Respondi entendendo porque ele estava tão desconfiado.
— Cory, pode colocar a mesa, por favor? - A mãe dela o chamou para a cozinha. - O jantar logo vai ser servido.
— O seu pai acha que eu estou interessado em você. - Disse baixinho.
— Geralmente ele só age assim quando o Lucas está aqui.
— Lucas?
— Meu namorado. - Assenti com a cabeça. - Senta aqui.
Sentei ao lado dela no sofá.
— Você tem 14 anos?
— É. Como você sabe?
— Eu tinha 6 quando a nossa mãe morreu, agora eu tenho 20. Eu só fiz o cálculo.
— Você falou com o seu... - ela pausou. - Com o nosso pai?
— Eu falei sim. - Sorri de lado. - Ele procurou por você. Quando eu disse que tinha falado com você parecia que ele ia ter um ataque cardíaco.
Ela sorriu de leve olhando ao redor.
— Depois do jantar a gente conversa com eles.
Ela se sentou à mesa e eu sentei ao seu lado. O Josh conversou sobre o campus e me ofereceu ajuda para conhecer a cidade, me adaptar. O Auggie contou sobre como o dia dele com o tio foi divertido. Quando o silêncio pairava a mesa a Riley fazia algum comentário sobre a comida ou algo do tipo. O senhor Matthews me observava o tempo todo. Todos estavam terminando seus pratos.
— Eu e o Stiles queremos conversar com vocês depois do jantar. - A Riley disse afastando seu prato.
— Sobre o que, Riles? - A mãe dela parecia preocupada.
— É melhor falarmos disso em particular. - Disse olhando para o Auggie e o pai dela fez uma careta.
— Tudo bem. - A mãe concordou e o pai assentiu com a cabeça.
— Para a janela? - A Riley perguntou.
Ela se levantou e saiu, os pais a seguiram e eu também. Ela abriu uma porta que dava para o quarto dela e se sentou num banco na janela. Ela no meio, os pais de um lado e eu do outro.
O silêncio pairou por uns segundos.
— Eu sei que estão atrás da porta. - A Riley gritou.
— Não estamos, não. - O Auggie respondeu e o Josh riu.
A porta se abriu. Riley pegou umas notas numa bolsa e entregou para o Josh.
— Leva o Auggie para tomar sorvete. - Ela disse e eles saíram.
O silêncio pairou novamente.
— O que vocês querem conversar com a gente? - A mãe perguntou.
— Eu sei que eu sou adotada!
— Você é bem direta. - Me surpreendi.
— O Stiles é meu irmão.
— Bem direta mesmo.
Os pais dela ficaram lá em choque, boquiabertos e sem reação.
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Comente sobre o capítulo. Obrigada por ler. Espero que tenha gostado e volte logo!