Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 5
Jantar em Nova York


Notas iniciais do capítulo

Encorajada depois de uma conversa com Stiles, Riley convida o rimão para um jantar e os apresenta aos seus pais, Cory e Topanga, que ainda não sabem das descobertas de Riley.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/727003/chapter/5

POV Stiles

Meu pai enlouqueceu quando eu disse que tinha encontrado minha irmã. Assim que a ficha dele caiu ele começou a fazer mil perguntas sobre como eu a encontrei e como ela é. Ele estava numa mistura de melancolia e animação que eu nunca tinha visto antes.

— Eu não sei muito, pai. - Expliquei. - Só falei com ela por telefone. Eu vou falar com ela novamente.

— Filho. - Ele respirou fundo. - Desculpa. Por ter escondido isso de você todos esses anos.

— Até mais, pai. - Eu entendia o lado dele, mas iria precisar de um tempo para lidar com isso.

Voltei caminhando para o alojamento, agora observando as ruas, as pessoas e me peguei imaginando como teria sido crescer com uma irmã enquanto via algumas crianças brincando juntas.

Quando cheguei ao meu quarto, encontrei com Toby e Marcos conversando animadamente e escutei o chuveiro ligado.

— Decidiu sair? - Toby perguntou quando eu entrei e só confirmei com a cabeça.

— Eu vou sair com algumas pessoas da turma, hoje à noite. Quer ir? - Ele continuou.

— Não. Valeu.

— Você está bem? - O Marcos perguntou.

— Tô. - Eu respirei fundo. - Eu só tenho que resolver umas coisas. 

Peguei minha mochila, coloquei meu celular, a carteira, um livro do treinamento e sai sem me despedir. Desci as escadas discando o número da Riley. Caixa postal. Liguei repetidas vezes e só caia na caixa postal.

Fui para a biblioteca e tentei me concentrar na minha leitura. Estava divagando nos meus pensamentos quando meu celular vibrou no meu bolso. Mensagem de texto.

— Meu celular estava desligado. Acabei de ver suas ligações.

— Eu queria conversar com você.

— Pode falar.

— Não assim. Pessoalmente.

— Eu não sei, Stiles. Eu nem sei se eu quero conhecer vocês. Eu não sei se eu estou pronta para isso.

— Como assim?

— Meus pais. Que me adotaram. Eles acham que eu não sei de nada.

 Você não contou para eles?

— Não.

— Você vai contar?

— Eu não sei ainda. 

Enquanto ela digitava fiquei imaginando se dei esperanças para o meu pai e se ele suportaria perder ela novamente.

— Eu descobri tudo a três dias. Eu agi no impulso.

— Onde você mora?

— Nova York.  

— Eu estou aqui em Nova York.

— Você está na cidade?

— Eu vou ficar aqui pelos próximos três meses.

— Eu não posso me encontrar com você antes de falar com meus pais.

— Se você quiser, eu posso conhecer eles.

— Eu preciso falar com eles.

— Do que você tem medo?

— Eu não sei.

Ela demorou um pouco e enviou outra mensagem

— Se eles souberem. Vai ser mais real. Todas as mentiras que me contaram. Tudo o que esconderam de mim. Parece que eu vou perder eles.

— Eu não conheço sua família. Mas eles são sua família, sabe?! Mesmo sem compartilharem o mesmo sangue, mesmo com mentiras. E eles continuarão sendo a sua família.

— Obrigada, Stiles!

Guardei o celular imaginando pelo que ela estava passando. Eu descobri tudo e compartilhei com meu pai, com a Melissa e mesmo assim parecia que meu peito iria explodir. Ela estava guardando esse segredo sozinha. Eu descobri uma irmã e a mentira do meu pai e parecia muito para minha cabeça. Ela descobriu uma outra família e várias mentiras.

Guardei minhas coisas e voltei para a sede sabendo que eu não iria conseguir me concentrar mais. A cada segundo que passava parecia que eu ia acordar e descobrir que eu estava dormindo todo esse tempo. Dois dias. 

Como dois dias conseguem mudar tanta coisa? 

Tomei um banho rápido e me vesti para sair para jantar em algum lugar. Calça jeans, blusa preta com camisa de flanela xadrez azul por cima, tênis. Estava procurando a carteira quando meu celular começou a tocar. Era a Riley.

— Oi. 

— Você quer vir jantar na minha casa? - Ela perguntou hesitante.

 Você já falou com seus pais?

— Não. Mas por algum motivo eu acho que vai ser mais fácil se você estiver aqui. - A respiração dela estava trêmula, mas a voz firme.

— Me manda o endereço que eu chego daqui a pouco. 

Ela desligou e um minuto depois o endereço chegou por mensagem de texto. Respirei fundo e chamei um Uber. 

Não queria demorar tentando me localizar no metrô. Meu coração estava batendo mil vezes por segundo. Minhas mãos suavam. Eu ia conhecer a minha irmã.

20 minutos de trânsito depois eu estava na frente do prédio que ela morava. O prédio marrom de dois andares. Algumas luzes estavam acesas.

Paguei o motorista e enviei uma mensagem para ela avisando que eu tinha chegado. Subi as escadas e procurei o número 26 em alguma das portas. 26. Bati na porta e um homem branco com cabelo encaracolado e roupa social atendeu.

— Oi. - Eu estava a ponto de desmaiar. - A Riley está?

— Stiles? - Ela apareceu na sala com um sorriso tímido.

— Oi. - Essa é a única palavra que eu conheço?

O sorriso dela cresceu. Ela parecia a minha mãe. O cabelo, o sorriso. Ela veio até mim e me abraçou. Eu não consegui evitar o sorriso.

Levantei o olhar e o pai dela estava lá parado, com uma ruga entre as sobrancelhas, postura rígida, como se fosse me colocar para fora a qualquer segundo.

— Eu sou o Stiles. - Estiquei a mão para cumprimentá-lo e ele apertou minha mão com força.

— Senhor Matthews. - Ele disse firme, com a cara séria.

— Eu convidei o Stiles para jantar com a gente hoje. - Ela disse.

— Por que? - O pai dela estava irritado.

— Eu tenho certeza que a Riley tem seus motivos, Cory. - Uma mulher disse da cozinha. 

Ela andou até mim e estendeu a mão com um sorriso doce.

— Eu sou a Topanga. Mãe da Riley. - A cumprimentei. - Entra.

Entrei na casa meio desconfortável e logo dois meninos entraram na sala correndo, um parecia ter uns 18 anos e o outro era uma criança.

— Eu conheço você. - O maior disse. - Você é um dos caras do FBI que estão lá na faculdade.

— Eu estou em treinamento. Ainda não sou do FBI. - Sorri para ele sabendo que ele era familiar.

— Eu estudo na NYU. - Ele explicou. - Josh.

— Stiles. - Nos cumprimentamos.

— Eu sou o Auggie. - O menor se apresentou com um sorriso gigante nos lábios.

— É um prazer te conhecer, Auggie. - Ele apertou minha mão.

— Pré-FBI? - O pai dela perguntou. - Quantos anos você tem?

— 20, senhor. - Respondi entendendo porque ele estava tão desconfiado. 

— Cory, pode colocar a mesa, por favor? - A mãe dela o chamou para a cozinha. - O jantar logo vai ser servido.

— O seu pai acha que eu estou interessado em você. - Disse baixinho.

— Geralmente ele só age assim quando o Lucas está aqui.

— Lucas? 

— Meu namorado. - Assenti com a cabeça. - Senta aqui.

Sentei ao lado dela no sofá.

— Você tem 14 anos?

— É. Como você sabe?

— Eu tinha 6 quando a nossa mãe morreu, agora eu tenho 20. Eu só fiz o cálculo. 

— Você falou com o seu... - ela pausou. - Com o nosso pai?

— Eu falei sim. - Sorri de lado. - Ele procurou por você. Quando eu disse que tinha falado com você parecia que ele ia ter um ataque cardíaco.

Ela sorriu de leve olhando ao redor.

— Depois do jantar a gente conversa com eles.

Ela se sentou à mesa e eu sentei ao seu lado. O Josh conversou sobre o campus e me ofereceu ajuda para conhecer a cidade, me adaptar. O Auggie contou sobre como o dia dele com o tio foi divertido. Quando o silêncio pairava a mesa a Riley fazia algum comentário sobre a comida ou algo do tipo. O senhor Matthews me observava o tempo todo. Todos estavam terminando seus pratos.

— Eu e o Stiles queremos conversar com vocês depois do jantar. - A Riley disse afastando seu prato.

— Sobre o que, Riles? - A mãe dela parecia preocupada.

— É melhor falarmos disso em particular. - Disse olhando para o Auggie e o pai dela fez uma careta.

— Tudo bem. - A mãe concordou e o pai assentiu com a cabeça.

— Para a janela? - A Riley perguntou.

Ela se levantou e saiu, os pais a seguiram e eu também. Ela abriu uma porta que dava para o quarto dela e se sentou num banco na janela. Ela no meio, os pais de um lado e eu do outro.

O silêncio pairou por uns segundos.

— Eu sei que estão atrás da porta. - A Riley gritou.

— Não estamos, não. - O Auggie respondeu e o Josh riu. 

A porta se abriu. Riley pegou umas notas numa bolsa e entregou para o Josh.

— Leva o Auggie para tomar sorvete. - Ela disse e eles saíram.

O silêncio pairou novamente.

— O que vocês querem conversar com a gente? - A mãe perguntou.

— Eu sei que eu sou adotada! 

— Você é bem direta. - Me surpreendi.

— O Stiles é meu irmão.

— Bem direta mesmo.

Os pais dela ficaram lá em choque, boquiabertos e sem reação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente sobre o capítulo. Obrigada por ler. Espero que tenha gostado e volte logo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Precisamos um do outro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.