Regina encarava-se no espelho, estava pronta. Estava mesmo?

As mãos tremiam, e a ansiedade lhe deixava com a sensação de que a qualquer instante o chão se abriria e ela seria tragada para as profundezas. Precisava se recompor, mas antes de qualquer coisa, ela ouviu suaves batidas na porta, antes que pudesse responder a porta se abriu.

− A noiva quer ver você. – Bela disse gentilmente. Regina assentiu em silêncio e ela se foi.

Então era isso. Não havia mais nada a ser feito, mais nada a ser dito. Caminhou a passos lentos e decididos pelo corredor, nunca imaginou que se sentiria uma estranha dentro de sua própria casa, mas ela era.

A última porta. Parou em frente a ela, hesitava se deveria bater ou não, quando a porta se abriu e Snow apareceu sorridente.

− Regina! Entre, faça companhia a ela, eu vou procurar o David. – Snow era a personificação da alegria, ela tinha seus motivos, afinal de contas, não era todo dia que você iria ao casamento de sua filha.

Regina entrou, com muito esforço para não entrar em pânico. Mas toda a sua concentração foi por água abaixo quando a viu. Emma estava perfeita, o vestido branco rico em detalhes acentuava cada curva de seu corpo, os cabelos perfeitamente arrumados, era uma verdadeira princesa, sem dúvida.

− Você está linda. – Regina disse com sinceridade.

− Regina, acho que não consigo fazer isso. – Emma estava nervosa.

− O que quer dizer? – Regina beirava o desespero, uma bomba relógio.

− Não posso me casar.

− Emma, não pode fazer isso com o Gancho, vocês se amam. É a coisa certa a se fazer.

− É? – Emma perguntou. – Porque eu não tenho tanta certeza assim.

− Sim, você tem, só está ansiosa.

− Não! Estou fazendo a coisa errada. Eu não posso! – Emma foi até a janela para espirar o jardim lá embaixo.

Um casamento de quintal. Tudo fora preparado com muito cuidado e delicadeza. O jardim já estava cheio de convidados.

− Precisa me ajudar. – Emma disse segurando a barra do vestido e indo na direção de Regina.

− O que quer de mim? – Ela não estava feliz com a situação em que estava sendo colocada.

− Me ajude a fugir.

− Não posso... Gancho, Henry, seus pais... Emma, eles estão todos lá embaixo.

− Regina, eu não posso fazer isso.

− Estará cometendo um erro se não fizer.

− Sabe que não estou.

− Eu não posso cruzar essa linha outra vez, não me peça isso.

− Então é isso?

− Eu... Olha eu não sei quem você pensa que é para fazer isso. Você pode ser a Salvadora, mas não pode fazer isso comigo, não outra vez.

− Eu errei antes, não vou agora. Se não fizer nada, eu vou me casar. Por que você simplesmente não luta pelo que quer?

− Eu? Não se faça de santa, Emma, você e eu sabemos muito bem as escolhas que fizemos.

− É o que você pensa, não é?

− Eu não penso, essa é a verdade.

− A verdade? – Emma aproximou-se mais de Regina, seus rostos a poucos centímetros de distância.

Ao sentir o perfume de Emma, Regina não pode impedir ser invadida por lembranças que ela arduamente lutava para esquecer.

− Isso é loucura, não é? – Regina dizia a outra. Havia sido a primeira vez que se beijaram.

− Eu não... Eu não posso fingir mais. – Emma dizia.

− Então não finja. − Regina não podia conter o desejo crescente em seu peito.

***

− Não acha que estão desconfiando de nós? – Emma perguntou, sentando-se ao lado de Regina em frente à lareira.

− Eu não me importo.

− Eu ainda preciso resolver as coisas com Killian.

Regina a encarou, havia se esquecido de um detalhe importante.

− Emma, não entendo, por que ainda não resolveu isso?

− Não posso simplesmente terminar com ele.

− Não pode? Mas também não pode manter dois relacionamentos.

− Não me dê um ultimato Regina.

− Não estou te dando nada, mas precisa se decidir, não pode me esconder para sempre, e não pode mantê-lo com uma mentira.

− Não se preocupe eu vou dar um jeito.

− Não seja ridícula, Emma, é óbvio que alguém vai se machucar, e quanto mais tempo você levar, pior será.

***

− Eu sinto muito. – Foram as palavras dela.

− Sente muito? Está brincando comigo?

− Eu não pretendia...

− O que? Me levar a sério? Dá um tempo, você não é uma criança, sabe exatamente o que faz... Vá embora! Saia! – Regina gritou com a outra, que apenas se retirou.

Emma havia terminado tudo, com a desculpa de que não poderia deixar o namorado. Regina sentiu-se traída e magoada. Quando anunciaram um noivado, não houve alternativa senão viajar. Fez as malas e desapareceu. Estava cansada de perder. Sempre a derrotada, experimentando a felicidade sem poder ser feliz de verdade.

Todos pareciam encontrar o seu lugar nesse mundo, todos encontravam o amor verdadeiro. Regina precisava se contentar com as migalhas que o destino lhe jogava. Simples assim, ela não podia mais aceitar.

Fez as malas e partiu, passou meses distante de tudo e de todos.

***

− Então por que voltou? – Emma perguntou sem quebrar o contato visual.

− Eu não podia abandonar minha vida, podia?

− Você já o fez, meses atrás.

− Fez sua escolha, eu fiz a minha. – Regina não cedeu.

− Eu não culpo você, agi como uma vadia.

− Você é.

− Pare, não pode  me ofender, não há nada que possa ser dito para isso.

Permaneceram em silêncio.

− Regina, sinto muito ter feito o que fiz. Eu n-não... Não há perdão, mas se encontrar uma maneira de superar isso, eu prometo que...

− Promete? Já passamos dessa fase Emma. Estamos aqui em minha casa, gentilmente cedida, para o seu casamento com um cara que está lá embaixo nesse momento, junto com sua família. Estão esperando que desça até lá, caminhe até o altar e diga sim para a vida que você escolher construir ao lado dele. Isso é o que você escolheu.

− EU NÃO QUIS! – Emma gritou cortando as palavras dela.

− Quis, você quis!

− Eu quis você!

− É tarde demais para dizer que sente muito! Não vai fazer isso comigo! Tenha uma vida feliz, Emma. – Foi tudo o que Regina disse antes de sair do quarto, deixando Emma em seu vestido de noiva.