Never let me go escrita por Lost Satellite


Capítulo 1
never let me go


Notas iniciais do capítulo

Olá

A história leva o nome da música: Never let me go - Florence + The Machine

Boa leitura!



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− Ele está aqui. – Emma disse invadindo a sala de Regina na prefeitura.

− Vamos dar um jeito. – Regina fez uma tentativa de ser confiante por Emma.

− É hoje, posso sentir.

− Não seja tola, não há como saber.

− Eu sei que é hoje. Não tenho mais tempo.

− Não existe uma regra para as visões, é imprevisível, o futuro é imprevisível.

− Regina, não precisa dizer isso. Você e eu sabemos o que me espera lá fora.

− Não significa que precisa estar sozinha.

− Eu tenho que dizer uma coisa. – Emma disse, enquanto olhava para baixo encarando suas mãos.

− Se vai dizer que desistiu...

− Não, escute. Eu sei que é uma boa mãe, cuide do Henry, por mim...

− Pare com essa bobagem, não vai se despedir.

− Tem que me deixar fazer isso... Droga! – Ela xingou tentando não chorar.

− Swan... não precisa.

− Preciso sim, eu tenho que ser forte.

−  Não. Você foi à salvadora por tempo demais, hoje você pode ser o que quiser.

− Eu sou uma heroína.

− Também é humana.

− Precisam de mim.

− Sim, e vamos sempre precisar, mas agora não é hora de se preocupar com os outros.

− Cala a boca, Regina!  – Emma falou em voz alta, exaltando-se com a outra. − Sei que está tentando ser gentil, mas isso não combina com você. Meus pais me dizem essas coisas, não preciso que diga mentiras, apenas para aliviar meu sofrimento.

− O que quer de mim, então? – Regina não recuou com a acusação de Emma.

− Quero que diga a verdade.

− Está bem, Emma, você vai morrer, e não há nada que possamos fazer, e você sabe disso. Então não vou mais gastar palavras inúteis e gentis com você.

 − Acha que vou para o inferno?

− Uma salvadora no inferno? Então devo parar de buscar redenção nesse exato instante, se você for para o inferno, não se preocupe, pois tenho uma passagem só de ida pra lá.

− Você não soube?

− O que? Heróis têm passagens só de ia para o paraíso?

− Claro, faz parte do contrato.

Elas riram.

− Eu sinto muito. – Emma disse.

− Pelo que? – Regina não entendia as palavras de Emma.

− Eu destruí seu final feliz, mais vezes do que pude salvar.

− Quando vão botar nas cabeças de vocês, heróis, que eu não sou uma princesa em apuros. Sou uma rainha, destruí  mais finais felizes do que posso contar, acho que posso assumir a reponsabilidade por minha felicidade.

Houve um momento de silêncio entre elas, antes que Regina falasse:

− Tem uma coisa boa no meio disso tudo.

− Que seria?

− Quando você morrer, não teremos mais que ver aquela sua jaqueta vermelha por aí, aquilo é um atentado... – Regina parou de falar, quando percebeu que Emma começara a chorar. – Isso foi estúpido, sinto muito.

− N-não, está tudo bem, eu amo aquela jaqueta.

− Emma... – As palavras morreram na boca de Regina, quando Emma a abraçou. Ela não era especialista em demonstrações de afeto, mas naquele instante, ela fez o que deveria, retribuiu o abraço.

O coração de Regina se apertou no peito, e uma sensação estranha de medo e preocupação se apoderou dela.

− Não vá. – Pediu em uma voz fraca.

− Não posso me esconder, não no fim.

Encararam-se por segundos que pareceram uma eternidade. Já estavam se esquecendo de onde estavam.

− Eu tenho que ir agora. – Emma disse tomando coragem.

− Vai precisar disso. – Regina deu a volta na mesa, onde mais cedo ela havia deixado uma garrafa de uísque, preparou uma dose para ela e para Emma. – Não vai resolver nada, mas vai lhe dar coragem. −  Brindaram em silêncio, as palavras suspensas no ar, beberam tudo de uma só vez.

− Pronta? – Regina perguntou pousando o copo sobre a mesa. Emma não respondeu apenas a observou. – O que foi?

− Eu não estou pronta pra isso. – Ela disse.

E lá estava à velha sensação estranha engolindo Regina por dentro, seu estômago se embrulhou e seu coração disparou.

− Eu preciso disso. – Foi tudo o que ela disse antes de se aproximar de Emma, suas mãos seguraram seu rosto, e seus lábios tocaram-se.

Era como se mil sóis as iluminasse, sentiram-se aquecidas. Aquela sensação quando se está ao lado de quem se gosta, quando se toca a pele de quem se gosta, quando o seu beijo encontra o beijo da outra pessoa. Um encontro de almas, de sentimentos. Não poderia haver um mundo fora daquela sala, não havia mais o perigo, não havia mais nada, o tempo estava suspenso.

Aprofundaram aquele momento de todas as maneiras existentes, e quando a urgência em respirar as trouxe de volta a realidade, sentiram o peso do mundo sobre os ombros. Regina encostou sua testa na de Emma, queria dizer palavras que concertassem tudo, mas não haviam tais palavras. Queria poder usar uma magia que salvasse esse momento para todo o sempre, mas não havia, e ela sabia que precisava quebrar aquele instante.

− Não vá. – Ela pediu com os olhos fechados, com medo.

− Eu tenho. – Emma respondeu ofegante.

− Eu não vou deixar isso acontecer, não com você.

− Eu sinto muito. – Foi o que ela respondeu antes de lançar um feitiço em Regina, deixando-a desacordada. – Não há nada a ser feito, lamento que tenhamos esperado o último minuto para enxergar a verdade.

Regina acordou mais tarde, a cabeça latejava, resultado de um feitiço mal executado.

− Emma... – Ela murmurou notando a ausência da outra e o significado disso. Correu para fora da prefeitura. Enquanto corria pelas ruas foi enfim percebendo a verdade daquelas visões.

Era isso. Estava feito, sem volta. Como ela poderia aceitar?

Quando ela dizia não ter visto Regina em suas visões, simplesmente era porque ela não estava lá. De todas as vezes que ela pensou a respeito, não entendia por que não estava lá. Talvez só não tivesse sido avisada, talvez estivesse ocupada com outras coisas.

O que seria mais importante do que isso?

Regina chamou aquele momento de isso porque dizer as palavras certas, apenas confirmaria o que não podia aceitar.

Estavam todos ali. Aglomerados e perdidos, a confusão e a tragédia.

Era tarde demais.

Regina aproximou-se temerosa. Não estava pronta pra isso.

Ela era uma massa jogada no chão, o sangue era real. Regina podia sentir o cheiro. Agachou-se ao seu lado e segurou sua mão.

− Estou aqui. – Ela disse com a voz embargada. – O que você fez?

Não houve resposta, e jamais haveria. Seus olhos estavam opacos e não mais brilhantes. Emma morrera. Cruel assim.

− Mãe! – Henry chorava do outro lado do corpo, o corpo que alguns momentos antes estava vivo, era feito de vida e sonhos, de sentimentos e emoções, o corpo que costumava ser Emma Swan.

Regina estava atônita, em choque. Não sabia que reação esboçar, não tinha palavras a dizer.

Aquilo parecera apenas como minutos em sua cabeça, mas já estavam em um funeral. Viu rosas serem colocadas em seu túmulo, viu uma vida acabar. Ouviu discursos fúnebres, encarou dias de luto. Uma família despedaçada e uma cidade comovida. Não saberia dizer o quanto de tempo passou, as estações vieram e passaram, vilões surgiram e partiram, histórias foram contadas.

Levou muito tempo para que ela fizesse algo, para que enfim sentisse o coração bater. Aos poucos foi se tornando consciente. Tinha uma promessa a cumprir. Começou a viver outra vez, mas ela guardou profundamente aquilo que ela sequer tivera chance de viver, tinha fé de que um dia se reencontrariam e poderiam enfim descobrir como teria sido o final feliz delas.


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Notas finais do capítulo

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