As damas da neve e o anão escrita por Annie Soldier


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu espero muito que vocês gostem.
Boa leitura a todos!
Com amor, Annie. S2



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726905/chapter/1

Aberração!

Pequeno diabo!

Monstro!

Demônio!

Eram esses e muito mais os adjetivos que eu costumava ouvir quando ia até o centro da aldeia para comprar couro, alimentos ou fazer qualquer outro negócio no mercado negro. Aprendi desde cedo que eu não deveria me importar com certos tipos de comentário, mas uma vez em que você nasce ruivo dos cabelos a barba e , principalmente, anão, confesso que em certas horas dava vontade de pegar a minha espada e fazer um belo espeto de todos os que torravam a minha paciência, ano após ano. Acho que pensam que este velho aqui não escuta seus sussurros sobre a minha aparência - bem, estão enganados. Estou acostumado quando as pessoas mudam de direção para não ter que esbarrar comigo, ou quando as mães tampam os olhos das crianças toda vez que eu passo. Mas que vão para o diabo - pensei, tenho mais o que fazer.

A galinha que eu amarrara pelo pescoço, do lado esquerdo do meu cinto balançava para lá e para cá, me causando certo incômodo, enquanto a minha espada, feita pelo meu próprio pai, estava acomodada em sua bainha , do outro lado. Eu pretendia trocá-la por alguns salmões com o peixeiro;dessa vez eu não conseguira caçar esquilos suficientes, logo imaginei que uma galinha grande e gorda pudesse servir. Era melhor eu apertar o passo, pois Ingra com certeza deveria estar rosnando de fome.

Quando me dirigi ao balcão, um cartaz pregado ao lado me chamou a atenção. Na verdade ele estava pregado em todos os lugares da aldeia, porém a minha mente estava tentando não me aborrecer literalmente com todo mundo.

 Ao ler, descobri que estavam acontecendo testes para escolher novos guerreiros para o rei e que todo homem entre 20 e 50 anos , que tivessem condições de ao menos segurar uma espada e um escudo seriam bem vindos ao palácio para mostrar o que conseguiam fazer ao capitão da guarda , e dessa forma, tentar ou não ser integrado à cavalaria real.

— Se pensa que vai conseguir alguma coisa na vida , está enganado. -  Disparou o peixeiro, ao mesmo tempo em que apalpava com a ponta do dedo ossudo a barriga da galinha.

— Hein ? Do que diabos está falando, seu morcego velho? - Resmunguei , enquanto tomava os peixes que foram combinados de cima do balcão com rispidez.

— Não seja idiota, Zubart. Sabe muito bem do que estou falando. Irão mandá-lo para casa assim que for visto. O rei não quer um cogumelo segurando um alfinete para a sua cavalaria. - Ele deu uma risada rouca, como se fosse um velho com uma tosse aguda.

— Bah, não me encha com seus comentários ridículos. Tenho capacidade como qualquer outro guerreiro desta aldeia desagradável. Tenho treinado a mais de 30 anos e quando eu conseguir, farei com que todos aqui beijem o couro de minhas botas! - Disparei com raiva, já sentindo o rosto ficar rubro como sangue, e sacudindo meus peixes pela cauda.

— Bem, pense como quiser, só não diga que depois eu não lhe avisei. Da próxima vez me traga os esquilos de sempre. Essa galinha está parecendo você : velha e raquítica! - O homem magricela e inconveniente retrucou, com um visível sarcasmo.

 

— Tem horas que dá vontade de moer este escrúpulo de pancadas e roer os ossos dele ! - Resmunguei enquanto me afastava, enfiando os peixes com força em uma bolsa de couro de veado.

Fui afastando-me de Red Apple e segui para minha morada longe da sociedade, enquanto abria caminho entre a floresta com a minha espada. O dia estava bonito, confesso, um céu azul com poucas nuvens e um Sol que parecia estar zombando da minha cara. Tem horas que dá vontade de explodir todos daquela vila. Eu vou conseguir, há vou. Vou ser o maior guerreiro de toda a história.  Eles vão ver só.

Fui seguindo ranzinza de volta à minha melancolia quando de repente o céu escureceu . Como eu não tenho o costume de olhar muito para cima , a não ser se for necessário, achei que fosse apenas uma nuvem tampando o Sol. Porém , devido a alguma coisa que eu não sei explicar, resolvi voltar na direção do vilarejo , descendo uma pequena ladeira, e quando me encontrei em espaço aberto, percebi que o céu se tornara de uma coloração verde escuro, como se algum Deus ou sabe-se-lá-o-que tivesse esfregado o musgo das pedras no firmamento, cobrindo a beleza do céu azul.  Pessoas corriam desesperadas, crianças eram levadas às pressas no colo de seus pais e todos os comerciantes fecharam instantaneamente seus estabelecimentos.  Na praça principal, no centro da aldeia, um grande redemoinho negro como fumaça começou a se formar do chão para o céu e todos apontavam para cima ,desnorteados. Um vento forte soprou de todas as direções e tive que me segurar com muita força em um galho para não voar.

Em seguida, o redemoinho se dissipou. E uma mulher gigantesca mais muito bela, com cabelos muito longos e negros e uma pele de tom acinzentado surgiu, sorrindo maldosamente para os moradores com lábios vermelhos como uma cereja. 

'Pelos deuses! Essa mulher só pode ser uma bruxa ! Ninguém nasce deste tamanho. Ela deve ter uns cem metros ou mais! ' - Pensei comigo mesmo.

Depois me toquei , como num estalo , quem era essa mulher da qual ouvi falar durante muitos anos , mas jamais tinha visto. E a reconheci, lembrando-me das histórias que meu pai contava. Era Encantriz, a deusa do caos. E ela veio buscar seu tributo.

 

 

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam do primeiro capítulo?
Se gostarem posto o segundo bem rapidinho!
Obrigada!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As damas da neve e o anão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.