Cidade da Escuridão escrita por Heloise Carvalho


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Olá shadowhunters. Hoje lançou o último episódio da 2A da serie, o que acharam? Eu morri com esse ep. O melhor sem duvida!!



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Dois dias depois do ataque aos demônios Dahak, Isabelle se sentia quase 100%. Seu braço ainda ardia quando esbarrava um tecido por cima ou quando tomava banho. Fora isso ela estava muito bem.

Era meio dia e ela ficou na cozinha o dia inteiro para preparar algo para ela e os outros. Mas o que era para ser um espaguete ao molho branco se tornou uma massa grudenta com um molho grosso e amarelado.

   —Sei que não sou mais um vampiro, mas se eu precisar comer isso eu vou voltar para as bolsas de sangue. –Isabelle nem precisou se virar para saber quem era. Parte pelo comentário.  Braços quentes envolveram  sua cintura puxando-a para perto.

Isabelle suspirou.

Ela não acredita em como conseguiu se privar de sentir o que sente com Simon. Amar alguém é, para Isabelle, se sentir tão leve e aquecida por dentro. O oposto do que ela era antes de conhecê-lo. Ela era fria e reservada quando o assunto era se abrir com garotos, mas Simon foi diferente. Ela não se forçou a se abrir com ele, aos poucos e sem perceber, ela já o amava.

Ela virou de frente para Simon e pôs seus braços envolta de seu pescoço. Simon era somente três centímetros mais altos que Isabelle, mas não impedia da garota subir em seus pés e ficar da mesma altura.

   —Como vão os preparativos?
  —O que? –Simon olhou pra ela com surpresa. Isabelle nunca recusava uma festa, seja participando ou organizando. Principalmente quando se tratava da própria festa de casamento.

 Simon olhou dentro dos olhos de sua noiva e viu algo se acender. Ela deu um pulo quase derrubando a panela atrás dela.
  
   —Por Raziel! Eu acabei esquecendo. Como pude esquecer? Droga, Simon chame Clary e Magnus. Preciso da ajuda deles. E também preciso ligar para minha mãe e vê se está tudo certo com a lista de convidados e... Por que você ainda está parado ai? –Isabelle, que antes andava de um lado para o outro da cozinha, parou em frente a Simon e o olhou, fazendo  um arrepio descer por sua coluna. Mesmo assim ele riu fraco e apoiou a mão no ombro dela.
   —Calma Izzy. Você não estava bem. Não tem problema ter esquecido a preparação por dois dias! Enquanto você descansava eu conversei com Maryse...
     —Conversou com minha mãe?
   —Sim e às vezes ainda acho que ela não gosta de mim, mas esse não é o foco. A Enclave  de Londres inteira virá para a cerimonia e para a festa. Assim como o de Milão. Então ela disse para que tudo fique devidamente organizado. Mas ela não sabe com quem está falando certo? Você é a organizadora mais meticulosa que conheço. Nada vai dá errado. Será perfeito, te prometo.

Isabelle o puxou bruscamente para um beijo.

   —Obrigada. –disse depois de separar o beijo. —Eu te amo.
   —Também te amo.

                                             

                                            ***
   
   —Clary não! Me recuso a usar isso!
  —Izzy... Falta 3 semanas para o seu casamento! E você não escolheu o vestido. Logo você! O que está acontecendo? –disse Clary jogando delicadamente o vestido dourado evasê na cama.
    —Nada! Serio Clary.
   —Isabelle. Você é a pessoa que mais ama moda que eu conheço, é de se esperar que uma pessoa dessas ficasse animada para escolher o próprio vestido de casamento. Até porque, como você sabe casamentos entre Nephilim não se anula fácil.
   —Ah sabe. Eu... Nós já terminamos com a decoração. Com a comida... Mas com meu vestido? Minha mãe convidou vários Institutos para vir e eu não queria passa a impressão errada.
   —O que com o vestido? Izzy, a única pessoa com quem você deve se importar se vai gostar ou não do vestido é você! Nem Simon pode te dizer o que vestir sendo marido ou não.
   —Eu sei, mas você não acha que estilo é provocativo demais? Eu queria um vestido justo e muito brilhante.
   —Então é isso que você vai vestir!

Clary remexeu na arara cheia de lindos vestidos dourados que Jocelyn  havia trazido de Alicante. Pelo que parece, o único lugar que vende vestidos de noiva para Caçadores era no próprio país natal.

Ela tirou o vestido que mundanos chamam de vestido sereia. Entregou para a amiga, que por sua vez, colou-o no corpo  e ficou admirando-se no espelho enorme que tinha em seu quarto.

   —Tem um com mais brilho aqui embaixo?

Clary suspirou e negou. Izzy olhou mais uma vez para o vestido e abriu um sorriso animador.

   —Vou querer esse! –Clary se jogou na cama e finalmente pegou seu caderno de desenhos, coisa que queria fazer desde que entrara no quarto da amiga. Escolher, comprar, provar roupas não era a praia.
   —Izzy já são 9h. Está na hora dos meus exercícios de relaxamento caseiro, de acordo com meu professor.
   —Hm... Vê se não fica se agarrando com seu professor Clarissa.

Clary riu. Não gostava de ser chamada de Clarissa, mas sabia que Isabelle adorava provocar ela.

Ela procurou Jace em todo o Instituto, encontrando o somente na estufa. Ele estava tão calmo e centrado meditando... Tentou chegar sem fazer barulho. Como estava atrasada cinco minutos, que é tempo suficiente para Jace brigar com ela, queria chegar e entra logo na meditação, assim não levaria bronca. Mas ela pisou numa folha seca.

   —Sabe, antes mesmo de pisar nessa folha eu já sabia que estava aqui. Temos que trabalhar na sua discrição. –disse Jace abrindo os olhos e se levantando.
   —E como sabia?
   —Sua respiração fica mais alta e forte quando me vê. Não se culpe, é involuntário. –Jace abriu um sorriso de lado e cheio de confiança.
   —Convencido!
   —Bem, você chegou seis minutos atrasada...
   —Chegaria mais rápido se você me falasse onde fica me esperando.
   —Observação e Dedução Clary. Eu não daria aulas de relaxamento nos nossos quarto ou na biblioteca.
   —Você está citando o Códex!
   —Todo o treinamento de um Caçador é baseado no Códex. E como você mesmo disse, é iniciante em muitas coisas. Agora vamos começar logo, já perdemos quase dez minutos.

Uma  aula de exercícios de relaxamento nada mais é do que  meditação e respiração. Clary odiava isso. Sua natureza a impedia de conseguir ficar por muito tempo parada, sentada respirando fundo. Ela abriu um olho e observou Jace. Ele conseguia ficar perfeitamente calma e paciente fazendo isso. Seus cabelos caiam sobre o rosto e ele não mexia um dedo para tirar, completamente compenetrado na tarefa. Seus ombros que quase nunca ficavam relaxados. O peito subindo e descendo devagar. Jace abriu os olhos e Clary os fechou rapidamente.

   —Eu sei que estava me olhando. Abre os olhos, a aula acabou. –disse rindo.

Clary abriu e se levantou rápido.

   —Me desculpa, mas cada um tem o seu jeito de relaxar.
   —E qual é o seu? –Jace se aproximou, colocando suas mãos na cintura da ruiva.
   —Sinceramente? –Clary sentiu seu rosto esquentar. —Te observar meditando é relaxante.

Jace sorriu e a beijou calmo e demoradamente. Mas lembrou que não podia se dar ao luxo de fazer isso durante o treinamento dela.

   —Vamos. Você tem ioga agora.
   —Será que não podemos pular a ioga? Acho tão desnecessário...
   —Isso não vai acontecer. Você não pode cabular seu treinamento Clary. E mais! Sua mãe está te esperando no seu quarto. Melhor você....

Clary não deu tempo. Correu em direção ao quarto. Se Jace pegava pesado com ela, a mãe era pegava o dobro. Ela dizia ser essencial que ela fosse devidamente preparada para o oficio.

 Esse era um dos muitos motivos de Jocelyn não concordar com Jace sendo seu Tutor, para ela, e para muitos, o casal passava mais tempo se beijando do que treinando. Mesmo ambos deixando bem claro que estavam treinando muito. Clary chegou até mostrar a marca roxa em sua perna que Jace deixara depois de derruba-la da trave de equilíbrio com um bastão, mas Isabelle não ajudou quando disse que a marca poderia não ser do treinamento e fazendo Clary se camuflar com o cabelo.

Ela abriu a porta com força e encontrou Jocelyn foleando seu caderno de desenhos. Ela olhava desenhos de Luke, Simon, um desenho que ela fez de Isabelle com seu electrum e depois apareceu um de Jace.  Foi um momento que marcou na memoria dela. Jace estava de costas treinando e toda a extensão de suas costas estava flexionada. Clary sabia que desenho viria depois e arrancou o caderno das mãos da mãe, completamente envergonhada.

   —Como achou meu caderno? Nem Jace sabe onde fica.
   —Sou sua mãe. Te conheço melhor do que seu namorado.

Clary suspira alto já sabendo onde essa conversa chegaria.

   —Tudo bem mãe. Vamos começar logo.

****

Todo dia antes do almoço, Jace ia para a biblioteca pesquisar sobre os sintomas que Clary vinha sentido, mas sem sucesso. A única coisa que pareceu bater foram com alguns dos sintomas da astriola, mas isso estava fora de cogitação.

Ele abriu as portas  com força, fazendo Clary pular da cadeira.

   —Clary? O que esta fazendo aqui?
   —Aula de latim e grego Jace. Estou aqui há 30 minutos. –disse, a voz carregada de cansaço. Jace suspirou. O que ele pensou, sabia que mais tarde traria problemas. Mas não gostava de ver a namorada entediada e sem aquele sorriso radiante.
   —Vem aqui. –Jace esticou o braço. Clary levantou rapidamente da cadeira e deixou o grosso livro de latim na mesa.
   —Onde vamos? –disse, sendo puxada pela mão. Ela não conhecia cada pedaço do Instituto ainda, mas tinha quase certeza de que estava indo para o telhado.
   —Se eu vou te livrar das tarefas e treinamentos por... meia hora, tem valer a pena. E você volta antes de acabar o tempo das aulas de línguas. Agora fecha os olhos e me segue.
   —Jace estamos subindo uma escadaria. Se eu cair te levo junto.

Jace riu e colocou uma mão nas costas de Clary, guiando-a. Quando chegou, ela sentiu o sol em seu rosto e o vento forte em seus cabelos. Ouviu um barulho de correntes e então Jace disse:

   —Abre os olhos Clary.

Ela arfou de surpresa.

   —Como? Pensei que jamais veria ela de novo.
   —Bem, tecnicamente essa é outra.  É fácil conseguir uma nova quando se é caçador.
   —Você quer dizer que é fácil roubar uma né?
   —Ei. Fazer o que se os vampiros as usam de forma errônea? Então? Quer dar uma volta?

Clary nem conteve a empolgação e subiu na moto movida a energia demoníaca. Ela agarrou a cintura de Jace, que deu partida e voou.

Eles sobrevoaram New York inteira na moto.  Passaram pelo Taki’s, a entrada para a corte Seelie e até mesmo pelo pandemônio.

Entretanto, quanto mais perto do Pandemônio os dois chegavam, Clary se sentia mal. Seu estômago se embrulhava dolorosamente  e gotas de suor desciam por sua testa. Ela tentou disfarça, mas Jace percebeu e, para dor de Clary, parou no prédio vizinho do Pandemônio.

   —Clary? Está sentindo de novo?

Ela abriu a boca pra falar, mas a estranha energia ruim que sentia vindo do seu lado a deixou desgastada então só assentiu.

   —Clary acha que consegue voltar para o Instituto na moto sem cair? Clary, por favor, me responde. –Ela negou. —Eu não posso levar você na moto e estamos longe demais para eu te carregar. –Ela sabia que ele não estava falando com ela. Mesmo não ouvindo direito, ela notou o tom de nervosismo na voz de Jace.  —Clary me escute. Vou chamar o Alec aqui, mas vamos ter que espe... –Clary soltou o que pareceu com um choro.

A dor estava piorando e de repente ela percebeu que só precisava sair de perto dos demônios, mas como dizer isso para Jace se ela nem conseguia emitir um simples ruído. Sentia algo em sua garganta. Ela precisava sair dali.

Clary levantou o braço com dificuldade, apontando para o pandemônio.

   —O que? O Pandemônio? Você quer ir pra lá agora? –Ela negou rapidamente. Jace a olhou com desespero crescendo. —Clary eu não sei o que quer. Por favor....

Clary começou a se distanciar, mesmo que milímetros, Jace percebeu que ela queria ficar longe do Pandemônio e pegou ela no colo. Clary suava frio e tremia muito. Jace a olhou. Seus olhos se fechavam com força e sua boca curvada com a dor.

Jace saltou de um prédio para outro com a graciosidade de um anjo. A cada salto que ele dava, Clary respirava mais calma, o que consequentemente tranquilizou Jace.

Cinco prédios e uma casa depois, Clary se sentia bem,  fraca,  mas bem. Jace sentou no chão com Clary em seus braços. Alec demorava muito. Havia prometido chamar Magnus, que era o único além da Clary que podia criar portais.

   —Calma Clary.  Não durma. Aguente mais um pouco. Vou cuidar de você eu prom...

Clary tentou, mas não resistiu e fechou os olhos. Não ouviu a voz de Jace, não sentiu a paz inundando-a. Só havia escuridão.


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Notas finais do capítulo

Próximo semana que vem!
Gostaria de saber o que vocês acharam do capitulo e claro do ep da serie!!