Mágoas do Passado escrita por Liudi


Capítulo 6
Capítulo 6




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Cap 6

Pov. Ian

    Já eram 9:45 da manhã e eu comecei a ficar preocupada, Jane estava muito atrasada. Ela nunca levou mais de 30 minutos para deixar as crianças na escola e vir pro café.

    Minha preocupação estava a mil, já tinha até o celular em mãos pra ligar pra ela e ver se estava tudo bem quando olhei pra TV de tela plana que tínhamos no café.

    A repórter do noticiário estava na frente da creche das crianças. Larguei o celular e corri com o controle para aumentar o volume da TV. Um bolo se formou na garganta enquanto ouvia a repórter dizer que um homem desconhecido invadiu a creche armado e atirando nos seguranças.

   Não consegui ouvir mais nada, só fui correndo em direção ao escritório pegar minha carteira. Zick e Christina (nossos ajudantes que acabaram de voltar das férias) me seguiram, eles sabiam que as crianças estudam lá e estavam tão preocupados quanto eu.

  Eles tentaram me tranquilizar em vão, pedi que cuidassem da cafeteria e sai em disparada.

  Minha cabeça estava a mil e eu só conseguia pedir pra nada de ruim ter acontecido com minha irmã e com os meus sobrinhos.

   O trajeto até a creche não era tão longo e com a minha presa logo eu estava lá. Assim que saí do carro vi o caos que estava a creche. Tinham pelo menos umas 3 ambulâncias e 4 carros da polícia ali, fora todos os familiares desesperados atrás das crianças.

   Olhei por todos os lados mas não vi nenhum sinal dos meus sobrinhos. O desespero já estava me dominando quando os achei. Um dos policiais estava com eles, fui me aproximando já preocupado por não encontrar Jane em lugar algum.

    Um polícia me parou quando eu ia entrar na creche e me pediu pra segui-lo. Fui com ele e suspirei de alivio quando vi que ele me levou até onde Amy e Ben estavam.

    Assim que cheguei mais perto eles vieram correndo pra mim e eu os puxei pra um abraço apertado. Expirei lentamente soltando todo o ar que eu nem sabia que estava preso e agradeci aos céus por eles estarem bem. Não sei quanto tempo passei agarrado à eles, só sei que fomos interrompidos por uma policial.

    Ela pediu pra falar comigo em particular e prometeu que seria rápido, então fui com ela. Nos afastamos um pouco das crianças.

      - Senhor Kruger... – Falou num tom muito calmo, quase acalentador que me despertou um pânico por dentro. Eu sabia que seja lá o que fosse, ela não iria me dar uma boa notícia.

      - Ian, me chame de Ian. – Pedi com a voz expressando todo o meu cansaço.

      - O nome da sua irmã é Jane certo? – Ela enfiou a mão no bolso e puxou um celular que reconheci como o que eu tinha dado de presente pra Jane no natal passado.

   Por um momento eu achei que tivesse perdido minha voz, já que eu abri a boca algumas vezes mais nada saiu. Trinquei meu dentes e me obriguei a falar.

      - É sim. Cadê a minha irmã? O que aconteceu com ela? – Me assustei com a quantidade da raiva em minhas palavras, tentei me controlar mais meu pânico venceu. Estava acontecendo de novo, Jane se machucou e eu não pude fazer nada pra ajudar, eu não pude protegê-la.

   Cerrei meus punhos e senti as unhas fincarem em minha pele. Contei até dez tomando respirações profundas e felizmente consegui me acalmar um pouco.

   Vendo o meu estado a policial esperou eu me acalmar antes de prosseguir.

      - Sua irmã foi levada pro hospital St. Louis, ela foi baleada. Pelo que apuramos ela voltou pra trazer a bombinha de asma do seu sobrinho e quando estava voltando pro carro viu o atirador armado. Ela entrou na creche novamente e conseguiu alertar os seguranças. E enquanto os seguranças tentaram pará-lo ela foi pra sala dos seus sobrinhos e instruiu a professora e as assistentes a fazer uma barricada com as estantes e foi por conta própria atrás do atirador.

      - Ela acabou achando alguns seguranças feridos e deu o celular pra um deles pedir socorro. E enquanto estávamos a caminho ela lutou com o atirador. Não sabemos direito como a luta aconteceu já que quando chegamos os localizamos por causa do barulho de um disparo. Pelo que eu entendi eles estavam brigando pela arma e a arma disparou. Sua irmã foi atingida e nós prendemos ele. - Continuou um terceiro policial. - Tem mais, junto com o atirador achamos alguns papéis que tinham informações sobre a sua família. Ele tinha até a foto das crianças e o número da sala. E ele só não achou os seus sobrinhos por que ele é russo e se confundiu com os números.

  Pisquei sem reação e então a raiva voltou, algum desgraçado colocou a cabeça dos meus sobrinhos a prêmio. Peguei o celular das mãos dela e virei as costas, eu tinha que ir ver minha irmã e garantir que as crianças estavam seguras.

  A policial nem sequer tentou me impedir só me deu o número dela caso precisássemos de algo.

  Amy e Ben já estavam com suas mochilas então só os levei pro carro. Agradeci mentalmente a Jane por ter me feito comprar os acentos deles pro meu carro também, já que o dela já tinha.

   Fomos pra casa e eu preparei 4 malas, uma para cada um de nós. Nós tínhamos duas casas, essa e uma outra mais afastada da cidade que tinha sido presente do Rich. E exatamente por ter sido dada por ele ninguém sabia dela e não estava ligada a nós. Liguei pra Julie, uma conhecida nossa que cuidava da casa e pedi que me encontrasse lá.      

   Não expliquei muito a situação, só pedi que ela ficasse com as crianças enquanto eu estava no hospital com a Jane.

   Depois de tudo arrumado eu fui pro hospital, precisava saber da situação da Jane pra me tranquilizar um pouco.

   Estávamos no estacionamento. Amy e Ben estavam de mãos dadas e também muito quietos. Me abaixei na altura deles pra poder explicar a situação.

     - Bee, bear. – Chamei seus apelidos. – Eu sei que vocês estão preocupados com a mamãe, eu também tô. Mas fiquem calmos, eu tenho certeza que ela vai ficar bem. Ela sempre fica. Lembram das histórias de quando ela era do FBI? – Simultaneamente eles acenaram. – Então, ela já levou um tiro antes, e ela ainda tá aqui.

   Amy fez bico enquanto suas lagrimas escorriam e Ben fungava tentando evita-las.

     - Tio Ian, a gente não vai poder ver a mamãe? Eu quero a mamãe. Por favor leva a gente pra ver a mamãe. – Amy implorava, as lagrimas já corriam livremente pelo seu rostinho. Limpei suas lagrimas e a peguei no colo.

     - Escuta princesa, eu não como a mamãe tá agora, mas acho que vocês não vão poder entrar. – Nem terminei de falar e seu choro ficou mais forte. Amy agora chorava copiosamente no meu colo. Afaguei sua cabeça sem saber o que fazer.

     - Por favor tio Ian, eles tem que deixar a gente ver a mamãe. Por favor, só um pouquinho. A gente vai se comportar, eu juro de dedinho. – Com o mindinho estendido Ben também se acabava em lagrimas. A essa altura eu também chorava.

   Peguei os dois no colo e os balancei gentilmente. Aos poucos eles foram se acalmando e quando pararam de chorar totalmente eu os coloquei no chão novamente, limpei seus rostos e o meu próprio. Segurei a mão de cada um e fomos em direção a recepção.

   Preenchi os dados da ficha da Jane e quando terminei a recepcionista me pediu pra ir até a sala de espera que o médico responsável pela Jane já vinha.

   Não demorou nem 5 segundos e o médico veio até nós. Ele me explicou que como a bala não pegou em uma área muito delicada Jane estava bem e que estava apenas dormindo agora, me deixando mil vezes mais calmo. Disse que a bala tinha entrado de frente, um pouco acima do umbigo e saído por trás, um pouco abaixo da costela e que o único problema era que ela tinha perdido uma quantidade maior de sangue por que a área atingida tem muitos vasos sanguíneos.

   O médico também disse que no máximo daqui a dois dias Jane já teria alta. Nos autorizou a vê-la e informou que o quarto dela era o 212, além de pedir que caso ela ainda estivesse dormindo, quando acordasse eu deveria chamar a enfermeira para verifica-la.

   Dei as boas notícias as crianças que ficaram mais que felizes de a mãe estar bem e fomos logo vê-la.

   Jane já estava acordada e tinha uma enfermeira checando seus sinais vitais. Amy e Ben soltaram suas mãos das minhas e correram em direção a ela, que por sua vez os observava com um sorriso de orelha a orelha. Sem que percebesse eu estava sorrindo também, e sorri ainda mais quando ela sorriu pra mim.

     - Que bom que você está bem mamãe. Você disse que ia voltar pra nos pegar, mas você sumiu e os policiais ficaram com a gente até o tio Ian chegar. Por favorzinho, nunca mais faz isso. – Pediu Amy com os olhos marejados novamente. Amy estava de um lado de Jane e Ben do outro, mas não conseguiam subir na cama, por ela ser muito alta.

   Então os sentei cada um de um lado da mãe, Jane sorriu e sussurrou um obrigada. Ela limpou as lagrimas do rosto deles com os polegares e lhes fez carinho e depois começou a se explicar. Por fim os dois deitaram na cama e os três ficaram abraçados na cama. Eu me sentei na cadeira ao lado, agora era a minha vez de conversar com ela.

   Ela percebeu minhas intenções e começou a acariciar o topo da minha mão, tentando me tranquilizar.

   Olhei seriamente para ele e comecei:

        - Olha Jane, não quero brigar, até por que as crianças estão aqui e estão dormindo, mas pelo amor de Deus, nunca mais faz uma coisa dessas. Eu tô te implorando. Chama a polícia da próxima, mas não faz mais algo assim. Você tem ideia de como eu fiquei quando vi no jornal o ataque. Ou o quão miserável fiquei quando cheguei lá e a polícia veio me contar o que aconteceu. E o pior é que eu não pude nem surtar, já que as crianças estavam comigo. - Terminei meu desabafo já com a voz embargada enquanto limpava meus olhos com as costas da mão livre.

       - Ian, olha pra mim. Olha pra mim por favor. – Eu olhei e ela prosseguiu. – Desculpas, tudo bem? Eu não tava pensando direito, eu surtei quando vi a arma e o broche, a única coisa que eu pensei foi nas crianças. E você sabe que eu não posso prometer nada, porque eu faria tudo de novo. Eu me arriscaria, eu me feriria mil vezes só pra garantir que eles então bem. E você também. Eu te prometi que nunca mais ia te deixar se novo e não vou. Eu te amo meu irmão. – Agora nós dois chorávamos com nossas mão unidas.

   Ficamos em um momento só nosso, até nossa bolha de paz e tranquilidade ser rompida.

   Tinha alguém gritando com uma das enfermeiras. O barulho da briga foi ficando cada vez mais alto até o Weller entrar feito um louco na sala com o distintivo na mão e uma enfermeira em seu encalço.


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