Dias de primavera escrita por kuroshitsujisenpai


Capítulo 1
Contratada


Notas iniciais do capítulo

Eu havia postado essa fanfic no spirit mas achei que ela combinaria muito mais aqui no Nyah. Esta fanfiction tem inspiração em dois ótimos livros, A culpa é das estrelas e Como eu era antes de você. Realmente espero que vocês gostem dela e de como a trama será desenvolvida. Obrigada por ler.



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Haviam somente duas coisas que perturbavam a paz de Sakura Haruno. A primeira, surgira agora a duas horas, fora despedida pois a lanchonete onde trabalhava havia seis anos não tinha mais condições de lhe pagar um salário. E a segunda, onde trabalharia agora ? Ela vinha a passos demorados pela calçada em ladeira arrastando consigo a bolsa cor de rosa cheia de flores que ela mesma tinha desenhado.
    Como daria aquela notícia á mãe ? E como iria pagar o aluguel atrasado ? Aquele não era o seu dia. O frio também era incomodo para ela, por mais que tivesse sempre morado naquele lugar desde que nascera, o inverno nunca a deixara de surpreender. Sakura ergueu um pouco mais o cachecol branco, alto o bastante para deixar apenas seus olhos verdes á vista. Os cabelos longos dela vez por outra se esvoaçava para trás quando a brisa fria soprava e a fazia encolher os ombros.
    As ruas eram tortas e o calçamento era ruim, havia muito barulho ao redor e o cheiro de comida e poluição se misturava criando um cheiro único e bastante comum. Como se o frio não importasse as crianças iam e vinham nas ruas correndo umas atrás das outras, um homem alto e gordo vendia velas e flores, duas mulheres conversavam sobre o novo perfume e o dorama que estrearia a seguir, outras varriam suas calçadas gritando com os filhos irresponsáveis. Sakura adorava aquela vida simples e resolvida.
   Por um instante, estar desempregada não parecia ser tão ruim quanto realmente era. Ela jogou a bolsa no sofá apertado da sala quando entrou em casa e arrancou o cachecol do pescoço e tirou o casaco branco, ficando o vestido azul feito por ela mesma. Era velho, desde que tinha 12 anos ela o usava e nunca deixava de se sentir bem com ele. Amarrou os cabelos para trás e foi para a cozinha, ninguém tinha chegado ainda, estavam procurando por trabalho, principalmente o seu pai que não conseguia um emprego havia dois anos. Tinha pouco conhecimento técnico e mal terminara o ensino médio pois tinha engravidado e namorada, mãe de Sakura e tinha que cuidar da família que se formaria em breve.
   Sakura abriu a geladeira e pegou um pedaço de chocolate. Depois foi para o fogão e revirou as panelas, a comida seria requentada. Assim como a sala a cozinha era pequena e mal cabiam três pessoas. As paredes eram pintadas de amarelo e descascavam, o fogão era antigo e preto a geladeira era mediana de marca barata e a mesa ficava bem ao centro perto da pia e do armário embutido. Ela deu uma olhada pela janela como ia a vizinhança.
   Duas horas e meia depois, a porta fora aberta, os pais haviam chegado e ela lavava a louça na cozinha.
  - Não podemos exigir tanto da nossa menina, Kizashi. - Mebuki fechou a porta atrás de si. - Ela está se esforçando tanto por nós dois, tenha pena dela querido. - a mulher relaxou os ombros magros indo até o marido, as mãos dela seguraram o rosto enrugado de Kizashi. - Não vamos dizer nada a ela até que... nada saia como nossos planos sim ?
   Kizashi soltou um suspirar alto, o peito largo subindo e descendo no alto, ele se afastou da esposa impaciente desfazendo o nó da gravata vermelha.
  - Só espero que esses seus planos não saiam pela culatra. - o homem sentou-se no sofá. - Não quero ver a nossa menina sofrendo.
   Do que deviam estar falando ? Pelo tom de voz que ouviu poderia ser algo sério. Sakura colocou seu melhor sorriso e saiu da cozinha e adentrou a sala, como se não tivesse ouvido nada, Mebuki estava prestes a dizer algo mas se deteve quando a filha apareceu.
   - Sakura... - não era uma pergunta, era uma dúvida. Mebuki moveu os olhos para o relógio redondo e antigo na parede. - Em casa tão cedo. O que houve ?
  - Bom... - Sakura deu de ombros indo para a poltrona verde, quase na frente do pai ao sofá e sentou-se, dobrou o corpo magro e cruzou as mãos na frente do rosto alvo desolado. Os pais a encaravam. - Aconteceu alguma coisa com a lanchonete e eu acabei sendo demitida.
  - Demitida ?
  - Sim. - se quer a rosada conseguia levantar o rosto, o chão de madeira parecia mais interessante. - Mas não precisam ficar preocupados, hoje mesmo vou começar a procurar por emprego, estava apenas esperando que vocês chegassem.
   Kizashi se remexeu no sofá. Sakura não precisava o olhar para saber que tinha uma veia enorme saltando na testa dele, não de raiva, mas de frustração.
  - Desculpe por não poder ajudá-la querida. - ele disse, não diretamente para a filha mas também para a esposa. - Como pai e como marido, não estou podendo ser suficiente para as duas... Estou fazendo o meu melhor mas... - ele soltou uma rajada de ar pelo nariz pontudo remexendo na barba. - É uma carga muito pesada só para uma garotinha como você. - ele encarou a filha. -Você devia estar por aí sendo paquerada e trazendo rapazes chatos para me encher o saco mas, estou tirando toda a sua juventude.
  - Querido. - Mebuki pousou a mão no ombro esquerdo dele e o apertou gentilmente.
   - Estou satisfeita com a minha vida pai. - disse Sakura, descruzando as mãos. - Não preciso de luxo. Nunca precisei. Vocês me ensinaram a ser forte. Desde que tinha oito anos eu decidi que queria me casar com um homem como você, que mesmo na dificuldade não abandona a esposa e a filha e que, mesmo que o problema parece não ter solução não fica para trás e se lamenta como a maioria!
   A noite não demorou a chegar, na sala Sakura assistia a algum dorama enquanto os pais tomavam conta da cozinha depois de decidir que comida requentada não era uma boa ideia. Sakura iria procurar por emprego na manhã seguinte. Instantes depois a porta fora aberta, era Naruto, Sakura correu para seu encontro pulando em seus braços sendo igualmente recepcionada pelo louro.
  Os lábios dela se prensaram firmes contra a bochecha fria dele. Naruto permaneceu abraçado com ela por alguns segundos para então a colocar no chão.
  - Seus pais devem ficar com raiva de mim, sempre que venho você perde a compostura e corre desse jeito... - ele riu, amedrontado talvez pelo olhar mortal que recebeu de Kizashi. Sakura fez o mesmo e deu um sorriso para o pai.
  - Não se importe com ele... - Sakura desceu as mãos para o casaco marrom dele, brincando com os botões grandes. - Já soube da novidade ?
  - Se estiver falando de não estar trabalhando na lanchonete, sim, eu soube. Passei por lá pra te ver quando vinha para cá mas não a vi.
   Sakura segurou a mão enluvada dele e entrou em casa, fechando a porta, Naruto soltou um ''Boa noite'' para os pais de Sakura. Ela foi novamente para o sofá, as pernas sobre o mesmo dobradas debaixo do vestido azulado. Naruto ficou ao lado dela.
  - Eu sinto muito Sakura.
  - Vou procurar emprego amanhã de manhã. - ela recostou a cabeça no ombro forte dele, Naruto passou o braço pelos ombros finos dela. - Talvez eu encontre alguma vaga na empresa de telefones ou, na biblioteca municipal.
  - Você pode trabalhar pra mim.
  - Já disse que não quero o seu dinheiro.
  - Tecnicamente não estou lhe dando dinheiro, você está trabalhando para a empresa e recebendo pelo que trabalhou.
   - Tecnicamente a empresa também é sua, então, indiretamente é o seu dinheiro que me está sendo dado.
   - Você é tão cabeça dura.
   - E você ama isso.
   Naruto fechou os olhos por um instante, pensando. Era dono de uma agência de empregos e incrivelmente Sakura recusava trabalhar na empresa.
   O louro se afastou educadamente da rosada e foi para perto das escadas, Sakura ficou de joelhos no sofá o vendo falar apressado com alguém no celular. Ele voltou. Os olhos vidrados no aparelho, passando algumas fotografias.
   - Tem uma senhora que ainda está procurando uma cuidadora particular. Bom salário, pode dormir na mansão e usar tudo o que puder.
   - Parece bom. Bom até demais.
   - Não é ?
   Naruto mostrou a ela as imagens da mansão. Nas fotos era enorme, várias janelas com um enorme jardim aos fundos e uma piscina. Sakura o devolveu o aparelho.
   - Ela não faz parte da minha empresa. - ele disse antes que a namorada perguntasse. - Um conhecido meu falou sobre essa senhora...
   - E por quê com uma oferta tão boa como essa, ela ainda procura por uma cuidadora ? Será que ninguém soube limpar a bunda dela direito ?
   - Não se trata de terem limpado a bunda dela direito. - Naruto guardou o aparelho no bolso do casaco. - É para cuidar de alguém doente na mansão, talvez seja o marido dela e ela tenha que trabalhar e por isso ela precise de alguém disponível por muito tempo.
   - Limpar a bunda de um velho...
   - Que conversa é essa de bundas ? - Mebuki apareceu, jogando um pano de prato sobre o ombro direito. - Que tipo e conversa está tendo com a minha filha Naruto ?
   - Não é o que a senhora está pensando. - ele riu levemente. - Sakura já tem um novo emprego.
   A confusão passeou pelo rosto da mulher mais velha.
   - C-Como ? Assim tão rápido ?
   Antes que Sakura pudesse dizer algo, Naruto tomou a frente.
   - Ela tem uma entrevista marcada para amanhã.
  - Eu tenho ?
   - Claro!
  Dormir foi quase impossível. Naruto devia ao menos tê-la preparado para a entrevista. Em toda a sua vida ela só tinha tido um emprego, na lanchonete! Como deveria agir ? O que devia vestir ? Qual postura devia adotar ? Ela bolava de um lado para o outro no quarto calorento. O resultado não podia ser outro, olhos vermelhos na manhã seguinte. Tudo parecia conspirar contra ela naquela manhã!
   O guarda roupas parecia extremamente infantil após uma boa olhada em suas roupas. Ela acabou pegando um vestido cor de rosa com detalhes meigos na cintura e nas alças finas, sem decote, os cabelos soltos e pouca maquiagem, o suficiente para disfarçar as orelhas. Sakura se quer tomou café, calçou as sapatilhas brancas, pegou a bolsa florida e rumou para a mansão. Afastada da cidade, com um hora e meia de antecedência.
   Os portões da mansão estavam fechados, o jardim cheirava bem mesmo de longe. Havia um luxo nunca visto por ela em toda a sua vida, somente nos doramas. Havia também uma longa fila de tijolo de mármore enterrado no chão, o piso do jardim que parava somente na porta grande entrada. Duas estátuas de cupido jorravam água cristalina para que os pássaros bebessem.
    Quando o tempo se passou, uma mulher de cabelos pretos e olhos escuros veio em sua direção e abriu os portões para que a outra entrasse. Ela não sorriu, simplesmente fez um manear com a cabeça simulando uma permissão. Sakura tinha de dar pequenas corridas para alcançar o passo da outra, esta abriu as portas com um longo estalo. Ela não avançou mais nenhum passo, bloqueando a passagem de Sakura.
   - Você está contrata, Srt. Haruno.
   Ela se virou para Sakura, espantada, as sobrancelhas róseas estavam curvadas em dúvida. Ela apertou a bolsa contra o corpo magro.
   - Assim ? Tão rápido?
   - Outras seis garotas vieram antes, com roupas vulgares e extremamente perfumadas. - a voz da mulher era mansa, o olhar dela se amenizou, eram mais acalentadores agora. - Todas elas fizeram perguntas tolas, achando-se boas demais para trabalhar aqui como uma simples cuidadora e cheias de anéis. Pessoas assim, que esbanjam luxo, não precisam trabalhar. Ao menos essa é a impressão que elas passam.
   - Mesmo assim... - a garganta de Sakura estava tão seca que parecia ferida. - Ainda estou chocada. Mas estou agradecida! Obrigada por essa oportunidade, para cuidar do seu marido...
 - Marido ? 
 - Não é... Seu marido quem precisa de cuidados  ?
 - Não. Aliás, me chamo Mikoto. E quem precisa de cuidados é o meu filho mais novo, Sasuke Uchiha.
   Mikoto avançou para dentro da mansão. Sakura a acompanhou.
   Haviam muitos quadros nas paredes, cortinas pesadas nas janelas e tapetes pela casa toda. Flores nas mesas estrategicamente posicionadas nos cantos. Muitos livros nas estantes, um lustre grande estava pendurado na sala.
   - E... O que o seu filho tem ?
   Mikoto parou novamente, no corredor ao lado de uma janela sem cortinas. A luz solar iluminava o rosto instantaneamente frio dela.
   - Câncer. - ela disse, a voz pesada, parecia que um eco levava aquela palavra para além das paredes revestidas. Sakura arrependeu-se de ter perguntado, mesmo que fosse necessário para ela saber.
  - Eu sinto muito.
  - Não tanto quanto eu, ou ele. Agora, - ela se virou para onde ia novamente. A mancha de escuridão voltara a varrer o rosto dela. - Vou apresentá-la á ele.
 


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