Dias de primavera escrita por kuroshitsujisenpai
Notas iniciais do capítulo
Eu havia postado essa fanfic no spirit mas achei que ela combinaria muito mais aqui no Nyah. Esta fanfiction tem inspiração em dois ótimos livros, A culpa é das estrelas e Como eu era antes de você. Realmente espero que vocês gostem dela e de como a trama será desenvolvida. Obrigada por ler.
Haviam somente duas coisas que perturbavam a paz de Sakura Haruno. A primeira, surgira agora a duas horas, fora despedida pois a lanchonete onde trabalhava havia seis anos não tinha mais condições de lhe pagar um salário. E a segunda, onde trabalharia agora ? Ela vinha a passos demorados pela calçada em ladeira arrastando consigo a bolsa cor de rosa cheia de flores que ela mesma tinha desenhado.
Como daria aquela notícia á mãe ? E como iria pagar o aluguel atrasado ? Aquele não era o seu dia. O frio também era incomodo para ela, por mais que tivesse sempre morado naquele lugar desde que nascera, o inverno nunca a deixara de surpreender. Sakura ergueu um pouco mais o cachecol branco, alto o bastante para deixar apenas seus olhos verdes á vista. Os cabelos longos dela vez por outra se esvoaçava para trás quando a brisa fria soprava e a fazia encolher os ombros.
As ruas eram tortas e o calçamento era ruim, havia muito barulho ao redor e o cheiro de comida e poluição se misturava criando um cheiro único e bastante comum. Como se o frio não importasse as crianças iam e vinham nas ruas correndo umas atrás das outras, um homem alto e gordo vendia velas e flores, duas mulheres conversavam sobre o novo perfume e o dorama que estrearia a seguir, outras varriam suas calçadas gritando com os filhos irresponsáveis. Sakura adorava aquela vida simples e resolvida.
Por um instante, estar desempregada não parecia ser tão ruim quanto realmente era. Ela jogou a bolsa no sofá apertado da sala quando entrou em casa e arrancou o cachecol do pescoço e tirou o casaco branco, ficando o vestido azul feito por ela mesma. Era velho, desde que tinha 12 anos ela o usava e nunca deixava de se sentir bem com ele. Amarrou os cabelos para trás e foi para a cozinha, ninguém tinha chegado ainda, estavam procurando por trabalho, principalmente o seu pai que não conseguia um emprego havia dois anos. Tinha pouco conhecimento técnico e mal terminara o ensino médio pois tinha engravidado e namorada, mãe de Sakura e tinha que cuidar da família que se formaria em breve.
Sakura abriu a geladeira e pegou um pedaço de chocolate. Depois foi para o fogão e revirou as panelas, a comida seria requentada. Assim como a sala a cozinha era pequena e mal cabiam três pessoas. As paredes eram pintadas de amarelo e descascavam, o fogão era antigo e preto a geladeira era mediana de marca barata e a mesa ficava bem ao centro perto da pia e do armário embutido. Ela deu uma olhada pela janela como ia a vizinhança.
Duas horas e meia depois, a porta fora aberta, os pais haviam chegado e ela lavava a louça na cozinha.
- Não podemos exigir tanto da nossa menina, Kizashi. - Mebuki fechou a porta atrás de si. - Ela está se esforçando tanto por nós dois, tenha pena dela querido. - a mulher relaxou os ombros magros indo até o marido, as mãos dela seguraram o rosto enrugado de Kizashi. - Não vamos dizer nada a ela até que... nada saia como nossos planos sim ?
Kizashi soltou um suspirar alto, o peito largo subindo e descendo no alto, ele se afastou da esposa impaciente desfazendo o nó da gravata vermelha.
- Só espero que esses seus planos não saiam pela culatra. - o homem sentou-se no sofá. - Não quero ver a nossa menina sofrendo.
Do que deviam estar falando ? Pelo tom de voz que ouviu poderia ser algo sério. Sakura colocou seu melhor sorriso e saiu da cozinha e adentrou a sala, como se não tivesse ouvido nada, Mebuki estava prestes a dizer algo mas se deteve quando a filha apareceu.
- Sakura... - não era uma pergunta, era uma dúvida. Mebuki moveu os olhos para o relógio redondo e antigo na parede. - Em casa tão cedo. O que houve ?
- Bom... - Sakura deu de ombros indo para a poltrona verde, quase na frente do pai ao sofá e sentou-se, dobrou o corpo magro e cruzou as mãos na frente do rosto alvo desolado. Os pais a encaravam. - Aconteceu alguma coisa com a lanchonete e eu acabei sendo demitida.
- Demitida ?
- Sim. - se quer a rosada conseguia levantar o rosto, o chão de madeira parecia mais interessante. - Mas não precisam ficar preocupados, hoje mesmo vou começar a procurar por emprego, estava apenas esperando que vocês chegassem.
Kizashi se remexeu no sofá. Sakura não precisava o olhar para saber que tinha uma veia enorme saltando na testa dele, não de raiva, mas de frustração.
- Desculpe por não poder ajudá-la querida. - ele disse, não diretamente para a filha mas também para a esposa. - Como pai e como marido, não estou podendo ser suficiente para as duas... Estou fazendo o meu melhor mas... - ele soltou uma rajada de ar pelo nariz pontudo remexendo na barba. - É uma carga muito pesada só para uma garotinha como você. - ele encarou a filha. -Você devia estar por aí sendo paquerada e trazendo rapazes chatos para me encher o saco mas, estou tirando toda a sua juventude.
- Querido. - Mebuki pousou a mão no ombro esquerdo dele e o apertou gentilmente.
- Estou satisfeita com a minha vida pai. - disse Sakura, descruzando as mãos. - Não preciso de luxo. Nunca precisei. Vocês me ensinaram a ser forte. Desde que tinha oito anos eu decidi que queria me casar com um homem como você, que mesmo na dificuldade não abandona a esposa e a filha e que, mesmo que o problema parece não ter solução não fica para trás e se lamenta como a maioria!
A noite não demorou a chegar, na sala Sakura assistia a algum dorama enquanto os pais tomavam conta da cozinha depois de decidir que comida requentada não era uma boa ideia. Sakura iria procurar por emprego na manhã seguinte. Instantes depois a porta fora aberta, era Naruto, Sakura correu para seu encontro pulando em seus braços sendo igualmente recepcionada pelo louro.
Os lábios dela se prensaram firmes contra a bochecha fria dele. Naruto permaneceu abraçado com ela por alguns segundos para então a colocar no chão.
- Seus pais devem ficar com raiva de mim, sempre que venho você perde a compostura e corre desse jeito... - ele riu, amedrontado talvez pelo olhar mortal que recebeu de Kizashi. Sakura fez o mesmo e deu um sorriso para o pai.
- Não se importe com ele... - Sakura desceu as mãos para o casaco marrom dele, brincando com os botões grandes. - Já soube da novidade ?
- Se estiver falando de não estar trabalhando na lanchonete, sim, eu soube. Passei por lá pra te ver quando vinha para cá mas não a vi.
Sakura segurou a mão enluvada dele e entrou em casa, fechando a porta, Naruto soltou um ''Boa noite'' para os pais de Sakura. Ela foi novamente para o sofá, as pernas sobre o mesmo dobradas debaixo do vestido azulado. Naruto ficou ao lado dela.
- Eu sinto muito Sakura.
- Vou procurar emprego amanhã de manhã. - ela recostou a cabeça no ombro forte dele, Naruto passou o braço pelos ombros finos dela. - Talvez eu encontre alguma vaga na empresa de telefones ou, na biblioteca municipal.
- Você pode trabalhar pra mim.
- Já disse que não quero o seu dinheiro.
- Tecnicamente não estou lhe dando dinheiro, você está trabalhando para a empresa e recebendo pelo que trabalhou.
- Tecnicamente a empresa também é sua, então, indiretamente é o seu dinheiro que me está sendo dado.
- Você é tão cabeça dura.
- E você ama isso.
Naruto fechou os olhos por um instante, pensando. Era dono de uma agência de empregos e incrivelmente Sakura recusava trabalhar na empresa.
O louro se afastou educadamente da rosada e foi para perto das escadas, Sakura ficou de joelhos no sofá o vendo falar apressado com alguém no celular. Ele voltou. Os olhos vidrados no aparelho, passando algumas fotografias.
- Tem uma senhora que ainda está procurando uma cuidadora particular. Bom salário, pode dormir na mansão e usar tudo o que puder.
- Parece bom. Bom até demais.
- Não é ?
Naruto mostrou a ela as imagens da mansão. Nas fotos era enorme, várias janelas com um enorme jardim aos fundos e uma piscina. Sakura o devolveu o aparelho.
- Ela não faz parte da minha empresa. - ele disse antes que a namorada perguntasse. - Um conhecido meu falou sobre essa senhora...
- E por quê com uma oferta tão boa como essa, ela ainda procura por uma cuidadora ? Será que ninguém soube limpar a bunda dela direito ?
- Não se trata de terem limpado a bunda dela direito. - Naruto guardou o aparelho no bolso do casaco. - É para cuidar de alguém doente na mansão, talvez seja o marido dela e ela tenha que trabalhar e por isso ela precise de alguém disponível por muito tempo.
- Limpar a bunda de um velho...
- Que conversa é essa de bundas ? - Mebuki apareceu, jogando um pano de prato sobre o ombro direito. - Que tipo e conversa está tendo com a minha filha Naruto ?
- Não é o que a senhora está pensando. - ele riu levemente. - Sakura já tem um novo emprego.
A confusão passeou pelo rosto da mulher mais velha.
- C-Como ? Assim tão rápido ?
Antes que Sakura pudesse dizer algo, Naruto tomou a frente.
- Ela tem uma entrevista marcada para amanhã.
- Eu tenho ?
- Claro!
Dormir foi quase impossível. Naruto devia ao menos tê-la preparado para a entrevista. Em toda a sua vida ela só tinha tido um emprego, na lanchonete! Como deveria agir ? O que devia vestir ? Qual postura devia adotar ? Ela bolava de um lado para o outro no quarto calorento. O resultado não podia ser outro, olhos vermelhos na manhã seguinte. Tudo parecia conspirar contra ela naquela manhã!
O guarda roupas parecia extremamente infantil após uma boa olhada em suas roupas. Ela acabou pegando um vestido cor de rosa com detalhes meigos na cintura e nas alças finas, sem decote, os cabelos soltos e pouca maquiagem, o suficiente para disfarçar as orelhas. Sakura se quer tomou café, calçou as sapatilhas brancas, pegou a bolsa florida e rumou para a mansão. Afastada da cidade, com um hora e meia de antecedência.
Os portões da mansão estavam fechados, o jardim cheirava bem mesmo de longe. Havia um luxo nunca visto por ela em toda a sua vida, somente nos doramas. Havia também uma longa fila de tijolo de mármore enterrado no chão, o piso do jardim que parava somente na porta grande entrada. Duas estátuas de cupido jorravam água cristalina para que os pássaros bebessem.
Quando o tempo se passou, uma mulher de cabelos pretos e olhos escuros veio em sua direção e abriu os portões para que a outra entrasse. Ela não sorriu, simplesmente fez um manear com a cabeça simulando uma permissão. Sakura tinha de dar pequenas corridas para alcançar o passo da outra, esta abriu as portas com um longo estalo. Ela não avançou mais nenhum passo, bloqueando a passagem de Sakura.
- Você está contrata, Srt. Haruno.
Ela se virou para Sakura, espantada, as sobrancelhas róseas estavam curvadas em dúvida. Ela apertou a bolsa contra o corpo magro.
- Assim ? Tão rápido?
- Outras seis garotas vieram antes, com roupas vulgares e extremamente perfumadas. - a voz da mulher era mansa, o olhar dela se amenizou, eram mais acalentadores agora. - Todas elas fizeram perguntas tolas, achando-se boas demais para trabalhar aqui como uma simples cuidadora e cheias de anéis. Pessoas assim, que esbanjam luxo, não precisam trabalhar. Ao menos essa é a impressão que elas passam.
- Mesmo assim... - a garganta de Sakura estava tão seca que parecia ferida. - Ainda estou chocada. Mas estou agradecida! Obrigada por essa oportunidade, para cuidar do seu marido...
- Marido ?
- Não é... Seu marido quem precisa de cuidados ?
- Não. Aliás, me chamo Mikoto. E quem precisa de cuidados é o meu filho mais novo, Sasuke Uchiha.
Mikoto avançou para dentro da mansão. Sakura a acompanhou.
Haviam muitos quadros nas paredes, cortinas pesadas nas janelas e tapetes pela casa toda. Flores nas mesas estrategicamente posicionadas nos cantos. Muitos livros nas estantes, um lustre grande estava pendurado na sala.
- E... O que o seu filho tem ?
Mikoto parou novamente, no corredor ao lado de uma janela sem cortinas. A luz solar iluminava o rosto instantaneamente frio dela.
- Câncer. - ela disse, a voz pesada, parecia que um eco levava aquela palavra para além das paredes revestidas. Sakura arrependeu-se de ter perguntado, mesmo que fosse necessário para ela saber.
- Eu sinto muito.
- Não tanto quanto eu, ou ele. Agora, - ela se virou para onde ia novamente. A mancha de escuridão voltara a varrer o rosto dela. - Vou apresentá-la á ele.
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