Prologo

          Sobre a copa da  mais frondosa arvore  daquele bosque o céu cintilava as luzes alaranjadas do entardecer, meu coração palpitava como as pisadas celebres de mil cavalos em marcha, eu estava a fitar um pica pau de cabeça amarela tentando inexoravelmente conseguir seu jantar na casca dura daquela arvore, então ouço o som de pegadas apressadas sobre  folhas secas , ela era como a chuva de caju que chega no período mais seco de agosto, como a mais bela das  correntezas de rios assim eram seus cabelos longos e enrolados de cor negra   se traçando em um emaranhado de desejo, como azul mais celeste de todos os  sete céus assim eram seus olhos, como os primeiros raios de sol que surgem depois da mais longa noite de tristeza assim era seu sorriso,   então finalmente eu entendi as palavras da morte “ e a corda do coração das testemunhas era tão forte que nem a morte nem todos os habitantes da terra pode separa-los” devagar ela se sentou ao meu lado sem mencionar uma única  palavra , ela apertou a minha mão e um pulso de energia percorreu meu corpo o acendendo-o, seus olhos  me diziam tudo ela já sabia, ora já havia se passado mil duzentos sessenta dias e as consequências para quem se levanta contra os senhores da terra eram graves e elas já estavam na soleira da nossa porta.

   Então o céu escureceu e o sol que brilhava imponente sobre tudo e sobre todos se escondeu nas nuvens  então compreendi que estávamos sós  então o céu chorou e o barulho da chuva era como o barulho de mil asas de pássaros voando juntos, ela se alinhou ao meu corpo seus cabelos e suas vestes cinzas estavam empapados de agua, tudo estava gelado menos o seu corpo que se mantinha quente em contato com o meu, sua respiração pesada se contraia em contato com o meu peito, depois de um longo momento em silencio ela finalmente me sussurrou algo que não compreendi parecia em uma língua morta, mas antes que eu pudesse perguntar o significado levantei os meus olhos para frente e uma multidão  de pessoas estava de pé  paralisados, as figuras humanoides vestidas de preto se estendiam por todos os lados   suas expressões eram fantasmagóricas seus olhos avermelhados nos mostravam o horror, ela me apertou com mais força e senti seu coração bater e o calor de uma lagrima salgada que escorria no seu rosto em contato com o meu ele sabia que era o fim, eu esta em pedaços por imaginar um mundo sem ela, a multidão imóvel se mantinha em silencio ate que um trovão rugiu no céu e um relâmpago acendeu a terra por um milésimo de segundo, em um único som louvaram  um cântico antigo  a canção dos mortos, todas as criaturas vivas que estavam próximas desde pequenos pássaros a grandes cervos fugiram daquele lugar só os insetos foram atraídos milhares de milhares deles se ajuntaram em um único ponto em frente a multidão de bruxas, todas estenderam o braço direito em nossa direção a canção se acelerou e ficou mais forte ate que os insetos começaram perfurar o solo milhares deles submergiam mais e mais profundo longe da superfície, então cada pessoa na multidão com a mão esquerda puxaram um punhal de osso branco e estenderam junto ao seu  braço direito a canção ficou mais alta suas vozes era como o zumbido de milhares de abelhas, então compreendi que chegara o fim, com um movimento leve e certeiro cortaram os pulsos em um corte frio e quente estendendo as mãos em sincronia o sangue escorria na lama molhada, era a pior visão que vira na minha vida litros de sangue sendo derramado contra o chão húmido e logo o sangue vermelho se unira a terra tornando-a extremamente escura, a terra tremeu e rachou naquele ponto um odor de mil corpos em putrefação subiu daquele rachão, na terra algo enorme emergia para fora , abadom a criatura do abismo que estava presa a desde a fundação do mundo agora pisava a terra, sua presença abalava todo o ar que nos cercava, tudo ficou estranhamente  quente mas não quente como o calor do sol era um calor estranhamente gelado como se tudo que tivesse vida estivesse morrendo. - ele não verá o meu rosto  pensei ,  então me virei de frente a ela, seus lindo olhos estavam calmos  seu rosto trasbordava amor– a ultima coisa  que quero ver nesse mundo é  o seu rosto – então a beijei – e  ela me abraçou , então percebi que nossos corações batiam como um só, então uma lamina negra e fria perfurou os  nossos corpos  na altura do peito,  eu não senti dor alguma pela lamina minha visão começou falhar então senti medo, não da morte mas por não poder vê-la sorrir novamente, vi um último relance do seu rosto ela sorria no último minuto de sua  vida, tudo escureceu então me lembrei do seu sussurro no meu ouvido lembrei de já ter ouvido aquelas palavras em uma língua antiga era  latim, então compreendi seu significado  eu te amo. 

e tudo escureceu.