GuCilia - Uma História Diferente escrita por CDA GuCilia


Capítulo 21
Capítulo 21 - Duas aventureiras e um medroso


Notas iniciais do capítulo

Oie! Desulpem a demora! Rsrsrs
Aproveitem a leitura!



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Dulce Maria continuou andando pela mata sem saber se estava perto da saída ou não, só conseguia pensar na escuridão, no frio que começava a sentir e acima de tudo na preocupação da mãe.

Na sala da Madre Superiora, Cecília andava de um lado a outro apertando as mãos, num claro sinal de nervosismo.

— Eu e a Irmã Ana vamos procurar pelos corredores e em todas as salas, quartos e banheiros. Olhar no pátio, no depósito, em todos os cantos! A Dulce é pequena, consegue se esconder em lugares inimagináveis! Irmã Rita e Irmã Luzia, procurem na área externa. E avisem o Inácio e o Pascoal, assim eles ajudam vocês, e procuram na mata. – A noviça viu Irmã Luzia demonstrar má vontade, mas ignorou.

— Na mata? – Cecília questionou, assustada – Fabiana, você acha que a Dulce Maria pode ter ido pra lá?

— Não sei Cecília, a Dulce Maria é muito esperta, você sabe.

— O que mais me atormenta é que ela saiu pra me procurar! Eu tenho quase certeza! Eu vou com eles!

— É melhor não, Cecília!

— Eu não vou conseguir ficar aqui sem notícias da minha filha!

— Tá bom, vamos!

[...]

— Dulce Maria! Dulce! – Fabiana chamava, sem sucesso, após vasculharem cada canto do internato – E aí, irmã? Achou ela?

— Eu queria muito poder dizer que sim, mas não, nem sinal dela!

— E agora, meu Deus? Cadê essa menina?

— Acho que a gente deve voltar pra sala da madre e esperar as outras irmãs! Senão corre o risco de nos perdermos também!

— Tem razão, vamos!

[...]

— Inácio! Pascoal, que bom que você já está aqui! – Cecília exclamou entrando na casa dos amigos – A Dulce Maria desapareceu, eu e as irmãs precisamos de ajuda pra procurar pelo jardim e na mata, por favor!

— Como assim, desapareceu? – Diana perguntou

— Não sei Diana, eu acho que ela teve outro pesadelo e saiu pra me procurar! Mas depois eu explico! Vamos, por favor! – Ela entregou a eles lanternas e saiu em direção ao jardim

— Oh minha filha, onde você está? – A ex-noviça chorava, enquanto adentrava a mata com Inácio e Pascoal – Dulce! Dulce Maria!

Inácio, Pascoal e Cecília chamavam pela pequena, mas àquela altura ela não podia mais ouvi-los. Depois de muito tempo chamando pela mãe se sentiu cansada, recostou-se numa árvore e adormeceu.

Sonho Dulce Maria On

— Mamãe! Me ajuda! – Ela suplicou entrando na casinha de bonecas

— O que foi, minha carinha de anjo?

— Eu tô perdida! Eu tive um pesadelo com o dragão Nicole, saí pra procurar a mãezinha Cecília e entrei na mata, agora não consigo sair! Me ajuda, mamãe! Ajuda a mãezinha Cecília a me achar!

— Calma, filha linda. Sua mamãe vai te achar!

— Mas como, se tá escuro e esse mato é enorme?

— Existe uma coisa que todo mundo têm, as mães principalmente, que se chama intuição. A Cecília te ama tanto, mas tanto, que isso foi crescendo nela com o tempo, e ainda mais depois que ela te adotou.

— E o que é essa “ontuição”?

— Intuição, minha carinha de anjo. – Teresa sorriu ternamente – É um sentimento que faz a gente, de um jeito ou de outro, saber quando alguém precisa da gente. E nas mães isso é mais forte, então não se preocupe! Ela vai te achar!

— Tomara que ela me ache logo, eu tô com medo!

— Então eu vou te dar um abraço bem apertado para te proteger enquanto a Cecília não chega!

Sonho Dulce Maria Off

— Meu Deus, protege a minha menina!

— Calma Cecília, ela vai aparecer! – Pascoal tentava confortá-la enquanto eles continuavam a busca

— Eu juro que eu estou tentando acreditar nisso, Pascoal! Mas está muito escuro, essa mata é enorme, a fazenda também... E faz um tempão que a gente está chamando e ela não responde!

— Inácio, tem algum tipo de animal perigoso nessa mata?

— Não. Não teria como entrar bicho nenhum aqui, eu acho. – Ele estava sem jeito, não podia garantir

Um bom tempo depois voltaram à sala da Madre Superiora, sem qualquer pista de Dulce Maria. Encontraram com Diana e as outras irmãs, que obviamente não tiveram sucesso na busca.

— Nada? – Fabiana perguntou

— Não!  – Cecília estava cada vez mais preocupada com a filha, quase não conseguia se manter parada – Procuramos pela fazenda inteira, pela mata e nada!

— Cecília, eu vim pra ajudar no que vocês precisarem!

— Obrigada Diana! Eu vou ligar pro Gustavo e pedir pra ele trazer a polícia!

— Cecília, existe a possibilidade de nós não termos encontrado a menina por causa da escuridão. As lanternas não são suficientes pro tamanho daquela mata! – Pascoal argumentou

— Tem razão! – Fabiana ponderou, o raciocínio de Pascoal fazia sentido – talvez seja melhor esperarmos amanhecer pra voltar a procurar! Cecília, liga pro senhor Gustavo. Não dá mais pra esconder isso dele!

— Eu não tenho coragem, Fabiana!

Diana se aproximou da amiga e a abraçou, tentando transmitir força e ela.

— Se você quiser eu ligo, Cecília. Tenta se acalmar, vai. Toma uma água com açúcar!

— Obrigada Diana, você liga então? Eu não tenho coragem!

Cecília discou o número do celular de Gustavo e entregou o telefone à Diana, enquanto ela própria rezava pela filha.

Ligação On

— Alô? – Gustavo atendeu sonolento e estranhando a hora, já passava das duas da manhã.

— Senhor Gustavo? Desculpa se eu te acordei, é a Diana, aqui do colégio!

— Diana? Aconteceu alguma coisa com a Dulce, com a Cecília? – Ele se levantou, preocupado

— Aconteceu, com a Dulce. Ela sumiu!

— O quê? Como, sumiu? E a Cecília?

— Ela tá aqui na minha frente, nervosa! Eu não sei exatamente como a Dulce sumiu, mas a gente acha que ela teve outro daqueles pesadelos, saiu pra procurar a Cecília e acabou se perdendo. A gente não sabe se dentro ou... Ou fora do colégio.

— Eu tô indo aí, obrigado Diana! Passa pra Cecília, por favor?

— Claro! – Ela estendeu o telefone para a amiga, que com as mãos trêmulas, o pegou

— Gustavo, me perdoa!

— Calma, Cecília! Eu não tenho nada pra perdoar! Calma!

— Ela sumiu por minha culpa! Ela saiu atrás de mim! – Cecília chorava, se culpando cada vez mais

— Meu amor, calma! Tira isso da sua cabeça! Eu tô indo aí, tá?

— Traz a polícia, Gustavo! Eles devem ter mais recursos, não sei!

— Claro, meu amor. Se acalma, tá? Um beijo!

— Outro!

Ligação Off

Embora tivesse pedido pra que Cecília se acalmasse, Gustavo estava tão nervoso e preocupado quanto ela então vestiu-se rapidamente, derrubando algumas coisas pelo caminho. Com o barulho, Fátima, Gabriel, Vítor e Estefânia acordaram, e ao saber do ocorrido se prontificaram a ir com ele ao colégio, mas antes de saírem pediram à Silvestre que ligasse para o delegado, solicitando que fosse também pra lá.

— Cecília! – Gustavo exclamou, abraçando a namorada o mais forte que podia

— Gustavo, que bom que você chegou! Eu não estava mais aguentando ficar sozinha aqui, sem notícias da nossa filha! – Ela voltava a chorar

— Calma meu amor! Toda a nossa família veio, vamos procurá-la juntos!

 Ela se afastou do namorado e olhou em volta, secando suas lágrimas. Sorriu em ver toda a família Lários e toda a equipe do colégio reunida ali, dispostos a ajudar a encontrar Dulce Maria. Novamente se dividiram para procurar a garotinha, quando uma forte chuva começou a cair sobre eles.

— Era só o que faltava, chuva! Dulce Maria! – Cecília gritava, acompanhada do namorado – Filha, aparece, por favor!

— Cecília, acho melhor a gente voltar, essa chuva está cada vez mais forte! Todos os outros já devem ter entrado!

— Por isso mesmo nós não devemos entrar! Ela é nossa filha, é nossa obrigação como pais procurar por ela, não importa como! Dane-se a chuva! Prefiro ficar doente a deixar a Dulce correndo esse risco, perdida nessa fazenda, debaixo de chuva!

Apesar da tensão do momento, Gustavo pegou as mãos de Cecília e sorriu para a namorada, agradecido por seu ímpeto e dedicação pela família e beijou seus lábios.

— Obrigado. Mais uma vez você tem razão, vamos!

[...]

Dulce Maria acordou ao sentir a chuva caindo sobre si, e se levantou.

— Eu ainda tô perdida? Mamãe, me ajuda! – Ela olhou para o céu, pedindo ajuda a Teresa – Como eu vou achar a minha mãe nessa chuva? Mamãe! – Ela voltou a chamar

Cecília e Gustavo continuaram andando pela fazenda, com as lanternas, e chamando pela filha. À medida que a madrugada avançava, a chuva ia diminuindo. Logo a polícia se juntou a eles. Dentro do colégio, as irmãs, a família Lários, Inácio, Diana e Pascoal estavam com as mãos unidas numa corrente de oração.

Já não chovia ao amanhecer quando eles adentraram a mata mais uma vez gritando pela filha, já sem muitas esperanças, quando ouviram a voz de Dulce Maria.

— Mamãe!

— Dulce? – A ex-noviça olhou esperançosa para o namorado – Dulce! Filha!

— Mamãe! Onde você tá?

— Fica onde você está, meu amor! Eu e seu papi estamos indo aí!

Cecília e Gustavo seguiram o som da voz da carinha de anjo, e seguiram em frente. Ao avistar os pais Dulce correu até eles, que estavam iluminados pelos raios de Sol da manhã.

Os olhos do casal brilharam ao ver a pequena correndo na direção deles, com os cabelos dourados brilhando, como se não os visse há muito tempo. Abaixaram-se e abriram os braços, acolhendo a filha num abraço emocionado, repleto de saudade e alívio. Os policiais que andavam atrás deles sorriram pela cena terna entre a família. Ali, no meio daquela mata, tanto Gustavo quanto Cecília tiveram a certeza de que jamais se separariam de Dulce, não importava o que acontecesse.

Naquela manhã Gustavo não foi para a empresa, e depois que tudo se normalizou e todos voltaram às suas atividades, Cecília e Gustavo se dedicaram à filha e passaram todo aquele dia com ela, passeando pela fazenda sem se importarem com qualquer regra ou comentários alheios. Os que sabiam do susto da madrugada sorriram aliviados ao ver que riam juntos e que nada abalava aquela família.

— Papi, posso fazer uma pergunta? – Ela olhou para o pai, enquanto andava de mãos dadas com ele e a mãe

— Claro minha filha, quantas você quiser!

— Cuidado Gustavo, as perguntas da Dulce Maria são perigosas!

— Essa é fácil, o que aconteceu com a Nicole?

Gustavo olhou para a namorada sem saber o que responder.

— Você tinha razão, Cecília! – Ele olhou para Dulce – Ela está presa, filha. Lá em Recife!

— Eu sabia! O dragão dançou! – Ela piscou para a mãe, que riu

— Dulce! Não fala assim, filha! O que aconteceu com ela é muito triste! – Cecília pediu

— Mas ela mereceu, mamãe!

Eles pararam por um instante e Cecília colocou a filha sentada numa mureta e ficou de pé, de frente para ela.

— Filha, ela pode sim ter feito coisas ruins pra gente, mas ninguém merece ficar preso e sozinho, ainda mais doente. A Nicole ficou doente lá na cadeia e não tem ninguém lá com ela!

— Ela tá com gripe? – Dulce perguntou inocente, ainda acreditava que o único jeito de uma pessoa adoecer era de gripe

— Não, é outra coisa. Ela está sendo punida pelo que fez, mas mesmo assim merece o perdão de Deus e o nosso também!

— Tudo bem mamãe, eu vou pedir pro Papai do Céu perdoar a Nicole e pra ela melhorar porque a mãe dela deve estar muito triste!

— É assim que se faz! – A ex-noviça beijou o rosto da filha e sorriu para Gustavo

Os três continuaram passeando pela fazenda, sempre de mãos dadas. Brincaram no parquinho, correram pelo jardim, foram até a horta, e encontraram com Diana e Inácio.

— Licença, podemos atrapalhar? – Cecília perguntou

— Imagina, vocês não atrapalham! – Diana respondeu sorrindo – Que bom ver vocês três felizes assim!

— Agora a gente não vai mais se desgrudar né, filha? Chega de sustos! Nós estamos passeando, mostrando a fazenda pro Gustavo!

— Que coisa boa, né Dulce? – Inácio sorriu para a carinha de anjo

— Sim piririm! É tudo que eu sempre quis, passear com minha mãe e meu pai juntinhos!

— Vocês não querem almoçar com a gente? Pra aproveitar que vocês estão juntos, felizes, que tal?

— Eu topo! – Dulce rapidamente se pronunciou

— Claro, por quê não? – Gustavo disse e Cecília concordou

Durante o agradável almoço Gustavo comentou que após a mudança faria uma reunião entre amigos pra inaugurarem a casa e que fazia questão da presença da família Oliveira.

— Então, aceitam nosso convite?

— Eu aceito! – Disse Zé Felipe

— Filho, olha os modos! – Diana repreendeu o filho – Olha, seu Gustavo...

— Por favor Diana, sem formalidades! Somos todos amigos, não precisa me chamar de senhor!

— Desculpa, é o costume! Sabe como é, né?

— Sei, a Cecília só parou de me chamar de senhor quando saiu do colégio, não sei quantas vezes eu pedi! – Ele riu – Mas então, aceitam o convite?

— Claro!

Dulce, Zé Felipe e Miguel comemoraram.

— Ótimo! E Zeca, leva o violão!

— Posso levar, pai? – Ele perguntou ao pai

— Se o seu... Quer dizer, se o Gustavo tá dizendo, pode!

— Zeca, sabia que meu papi também toca violão?

— É mesmo?

— É sim Zeca, e toca muito bem! – Cecília disse com certo orgulho

— Desculpe meu amor, mas elogio seu e da Dulce não conta!

— Eu posso saber por quê não?

— Ué, você é minha namorada, a Dulce é minha filha, é obrigação de vocês me elogiarem!

— Aí é que você se engana, meu amor! Os nossos são os únicos que importam, né filha?

— Isso aí, mamãe! Papi, toca um pouco pra gente depois do almoço!

— Melhor não, Dulce! Só toquei aquele dia, e depois de muito tempo! Nem devo saber mais!

— A mamãe disse a mesma coisa quando a gente foi comprar o piano e tocou muito bem, juntou até gente do lado de fora!

— Você toca piano, Cecília? – Diana perguntou

— Eu aprendi quando era pequena, mas também fiquei muito tempo sem tocar. Aí esses dias nós fomos ao shopping e a Dulce Maria me convenceu a comprar um piano pra nossa casa nova! Inclusive de vez em quando vamos nos reunir pra conversar, cantar, como o Gustavo e a Estefânia faziam quando mais novos, e fazemos questão da presença de vocês!

— Eba, eu gosto de casa cheia! – Dulce comentou e todos riram – Mas papi, depois do almoço bem que a gente podia ir lá na sala de música, você toca violão e a mamãe toca piano!

— Eu não posso ficar andando pelo colégio, Dulce! – Ele disse tentando fugir, no fundo tinha vergonha

— Uma hora dessas as meninas já devem ter ido embora, Gustavo! A ideia da Dulce não é tão ruim, desde que eu não precise tocar, tenho vergonha!

— Cecília, não apoia! E você acha que eu também não tenho vergonha?

— Não deve ter, fez serenata pra gente no meio do Parque do Ibirapuera!

Eles continuaram almoçando, conversando, e no fim das contas aceitaram a ideia de Dulce e depois de constatarem que todas as alunas já haviam ido embora, foram até a sala de música.

— Então, o que vocês vão tocar? – Diana perguntou quando Cecília sentou-se ao piano e Gustavo pegou o violão de Zeca

— Mamãe, toca aquela música que você tocou na loja! O papai não ouviu!

— Eu tenho vergonha, filha!

— Não precisa ter vergonha, meu amor! Só estamos nós aqui!

— Tudo bem, vocês venceram! Coragem, Cecília! – Cecília virou-se para o piano e sussurrou para si mesma antes de começar a tocar o Prelúdio Op. 28 Nº6 “in B minor” de Frédéric Chopin

Gustavo, Dulce Maria e a família de Diana assistiam em silêncio, com certo encantamento. Gustavo se surpreendeu, nunca tinha visto Cecília tocar, e tinha que admitir, estava perfeito para quem não tocava há tanto tempo.

— Estava lindo, meu amor! Parabéns! – Gustavo sorriu e abraçou Cecília quando ela terminou de tocar e se levantou

— Eu concordo com o Gustavo, Cecília!

— Obrigada! – Ela sorriu envergonhada – Sua vez, amor!

— Ah meu Deus, sobrou pra mim! Ok, eu toco se a Cecília cantar!

— Amor, não faz isso não!

— Vai, mamãe! – Dulce disse e puxou um coro que foi acompanhado pelos demais – Cecília! Cecília!

— Tá bom, tá bom! – Ela deu-se por vencida – Qual música, amor?

— Completo, da Ivete Sangalo. Não adianta dizer que não sabe, que eu já te ouvi cantando no chuveiro!

— Meu Deus, que vergonha! Todo mundo deve ter ouvido!

— Todo mundo ouviu e todo mundo adorou! Posso começar?

— Pode! – Ela respondeu ainda sem graça

 “É tão bom ter alguém por perto

Pra você se sentir completo

Ter a mão que te leva pro futuro

Vislumbrando um horizonte seguro

É tão bom viajarmos juntos

E viver aproveitando tudo

Amanhã vai ser melhor que hoje

Novos sonhos ao amanhecer

Imagino milhões de sorrisos

Cada um com seu jeito de ser

Mas ligados no mesmo destino

Com amor, feito eu e você

O céu e o mar, a lua e a estrela

O branco e o preto, tudo se completa de algum jeito

Homem, mulher

 A faca e o queijo, o incerto e o perfeito

Tudo se completa de algum jeito”

Ao terminar, foram aplaudidos e agradeceram brincando e reverenciando como num espetáculo. Após mais alguns minutos de conversa Dulce, Cecília e Gustavo foram até o quarto das alunas para pegarem as coisas da menina. Não levaria todas as coisas, caso precisasse dormir no colégio algum dia. Depois de tudo pronto, se despediram da família Oliveira e andaram em direção à saída.

— Cadê seu carro? – Cecília perguntou

— Eu pedi pro Gabriel levar pra casa, assim podemos ir nós três juntos!

— Ah, sim! Quer dirigir? – Ela estendeu a chave ao namorado

— Não precisa, dirige você! O carro é seu!

— Não tem medo? – Ela riu

— Por que, você corre?

— Eu? Imagina, claro que não, né Dulce? – Ela piscou para a filha

— Tudo bem, vamos! Mas se acontecer alguma coisa a culpa vai ser sua, senhora Lários!

— Deixa comigo, senhor Lários! – Ela piscou para ele também e eles saíram da fazenda

Cecília dirigia com prudência e com atenção, enquanto conversava e cantava com o namorado e a carinha de anjo. Percebeu a estrada livre e vazia, então depois de garantir que a filha estava segura e sabendo de um “medo” de Gustavo, começou a acelerar o carro aos poucos.

— Cecília, o que você está fazendo?

— Nada, ué! Só andando um pouco mais rápido, aproveitando que a estrada está vazia!

— Vai devagar, meu amor! A Dulce está no carro!

— Deixa papi, eu gosto! Vai mais rápido mamãe, eu quero sentir o vento no rosto!

 - Você não está acostumada a dirigir, está? – Ele perguntou receoso pela resposta

— Não muito, porquê? Está com medo, meu amor?

— Um pouco, você está correndo demais! Se eu soubesse disso, não tinha deixado você dirigir.

— Não acredito que logo você tem medo de velocidade, amor! A Estefânia me contou que quando você era mais novo saía por aí de moto, quase voando!

— Isso já faz tempo, eu era um inconsequente! Agora é sério, vai mais devagar! Você está parecendo aquelas adolescentes que acabaram de tirar carteira que querem se sentir livres!

— É quase isso! Se acalma amor, eu sou muito prudente! Não colocaria a vida da nossa filha em risco!

— Eu sei que não, mas você tem o pé meio pesado! Vai com cuidado, por favor! Eu sou muito novo e galã pra ficar todo desfigurado por causa de um acidente!

— Galã pode até ser, mas muito novo... Não apela, meu amor! – Ela gargalhou – Aliás, esse seu rosto de galã já tem dona! E talvez seja até melhor você ficar um pouquinho menos bonito, assim afasta as galinhas!

— Eu entendi errado ou a senhorita acabou de me chamar de velho?

— Chamei mesmo! É só se olhar no espelho, você tá cheio de cabelo branco! – Ela riu novamente

— Dá pra parar? Ou eu começo a falar das suas rugas!

— Quem disse que eu tenho rugas, Gustavo? – Ela o olhou como se estivesse indignada e pisou um pouco mais fundo no acelerador

— Tudo bem, você não tem rugas. Ainda! Mas diminui isso aí, por favor!

— Puxa vida papi, não sabia que você era tão medroso! E ainda é mentiroso, a mamãe não tem rugas!

— Eu não sou medroso, sou prudente! E sua mãe não tem rugas ainda, porque um dia ela vai ter!

— Não começa Gustavo, ou então... – Ela acelerou mais

— Para Cecília, por favor! Diminui a velocidade ou a gente vai bater o carro!

— Medroso... Bem que a Estefânia falou! – Ela riu

— O quê? Eu mato a Estefânia, isso se eu chegar vivo em casa!

— Gustavo, por Deus! Eu nem tô correndo tanto assim, estamos andando a 90 Km/h!

— E isso não é correr? Eu não passo dos 60!

— Jesus, é uma tartaruga!

— Cecília, o que fizeram com você?

— Ué, meu amor. Eu sou a mesma, só costumo me libertar um pouquinho mais quando estou dirigindo! Mas como você nunca me viu dirigir...

— Nem quero ver!

— Dulce Maria, se segura porque agora sua mãe vai correr! – Ela olhou para a pequena pelo retrovisor e gargalhou ao ver o olhar desesperado de Gustavo

Cecília abriu os vidros dianteiros para sentir o vento enquanto acelerava, Gustavo se segurava no banco e Dulce Maria demonstrava gostar daquilo e quando eles finalmente chegaram à cobertura da família, Gustavo respirou aliviado.

— Graças a Deus, tô vivo!

Dulce e Cecília gargalharam.

— Meu amor, desculpa vai? – Ela continuava rindo – Eu não sabia que você era tão medroso!

— Para de rir da minha cara, você não tem pena do seu marido não?

— Desculpa, marido! – Ela abraçou o namorado enquanto ria – Desculpa? Foi uma aventura, só isso! – Cecília beijou os lábios de Gustavo

— Estou perdido com duas aventureiras!

— E nós com um medroso!

— Eu te desculpo porque te amo, mas nunca mais deixo você dirigir! – Ele deu mais um beijo na jovem e os três subiram juntos e alegres até a cobertura. Ao chegarem, tiveram uma grande surpresa.


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Notas finais do capítulo

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