GuCilia - Uma História Diferente escrita por CDA GuCilia


Capítulo 19
Capítulo 19 - Morta?


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei, eu sei! Mas garanto que esse capítulo compensa!
Aproveitem!



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“Cecília andava por um vasto campo de girassóis, vestida de branco. Pensava estar sozinha, mas à medida que andava pode ver um grupo de crianças brincando numa roda, e de longe reconheceu os cabelos dourados de sua filha, que estava de mãos dadas com Emílio.

— Dulce! – Ela chamou ao se aproximar

— Mamãe? Você voltou! – A carinha de anjo sorriu para a mãe, com um brilho especial em seus olhos

— Infelizmente não, meu amor. Eu vim só pra pedir que você cuide do seu pai, e fique sempre do lado dele. E me prometa que vai estudar pra dar muito orgulho pra ele, e que se ele se casar novamente, vai ajudá-lo a ser feliz. Promete?

— Prometo que juro, mamãe.

— Agora eu preciso ir, filha. Eu amo você.

— Eu te amo e sempre vou te amar, mamãe. – Dulce Maria pegou a mão de Cecília e beijou-a – Diz pra minha mãezinha Teresa que eu amo muito ela também?

— Claro! Seja feliz, meu amor. – Uma lágrima fina escorreu dos olhos de Cecília, que sorriu mais uma vez para a filha antes de se afastar”

[...]

“ – Irmãos e irmãs, vamos nos despedir de nossa irmã Cecília, que terminou a sua caminhada histórica na Terra. Cristo que te chamou, Ele te receba, e os anjos te conduzam ao seio de Abraão. Deus lhe dê o repouso eterno. Descanse em paz, amém.”

[...]

“ – O Senhor é o meu pastor; e nada me faltará.

Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

Leva-me para junto das águas de descanso;

E refrigera-me a alma.

Guia-me pelas veredas da justiça

Por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte,

não temerei mal nenhum,

porque tu estás comigo;

o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Prepara-me uma mesa

na presença dos meus adversários,

unge-me a cabeça com óleo;

o meu cálice transborda.

Bondade e misericórdia certamente me seguirão

todos os dias da minha vida;

e eu habitarei na Casa do Senhor

para todo o sempre.

Após ouvir as palavras do padre, Dulce Maria inspirou mais uma vez o aroma das rosas em sua mão antes de jogá-las sobre o caixão da mãe, seguida pelo pai. Ninguém acreditava que aquilo estava acontecendo, não podia ser verdade que novamente a família Lários perdia seu alicerce, Gustavo perdia o amor de sua vida e Dulce perdia a mãe, a única que aceitava depois da morte de Teresa.”

Sonho de Cecília Off

Cecília acordou assustada, e respirou em sinal de alívio quando olhou para o lado, viu onde estava e que a filha dormia tranquila em seu peito. Delicadamente tirou Dulce de seu abraço e deitou-a na cama, depois levantou-se e saiu do quarto,  precisava respirar o ar puro da fazenda. Foi até o jardim, onde permitiu-se chorar, por medo de que o que acabara de sonhar se tornasse realidade. Ficou lá por algum tempo e voltou ao quarto, sentou-se ao lado da cama de Dulce e ficou olhando a filha por um longo tempo, até que amanhecesse.

— Bom dia Cecília, acordou com as galinhas? – Fabiana perguntou quando entrou no quarto para acordar as outras meninas

— Passei boa parte da noite acordada. De madrugada eu tive um sonho que me assustou tanto que eu não consegui mais dormir.

— Sonho? Como os que a Dulce tem?

— Parecido. Mas não quero falar disso.

— Tudo bem, você é quem sabe. A Dulce dormiu bem?

— Dormiu, graças a Deus.

— Ela ficou feliz por ter jantado com você e com o pai ontem, e quando a gente está feliz, dormimos melhor.

— Se não fosse pelas provocações da Bárbara e da Frida, teria sido até melhor do que foi. O Gustavo achou um absurdo o que elas fazem, já quer até conversar com os pais delas.

— Se continuar como está, talvez seja a solução. Bom, vamos deixar o papo pra depois, senão as meninas se atrasam por nossa causa.

— Filha! – Cecília chamou, suavemente – Acorda, meu amor!

— Bom dia, mamãe! – A menininha disse e logo se levantou – Hoje tá um dia lindo, bom pra fazer bagunça!

— Acordou disposta hoje! – Cecília sorriu – E quanto à bagunça, só na hora do recreio! Vai indo se vestir, que a mamãe já vai, tá bom?

— Tá!

Alguns minutos depois, Adriana apareceu correndo no quarto, onde Cecília, já vestida, ajudava Fabiana a arrumar as camas.

— Cecília!

— O que foi Adriana?

— A Dulce tá brigando com a Frida e a Bárbara lá no banheiro!

— O quê? Por quê?

— Elas provocaram a Dulce, disseram que ela não tem mãe, e que você vai abandonar ela que nem o pai dela fez!

Cecília foi até o banheiro, e se assustou ao ver que Dulce e Frida puxavam os cabelos uma da outra, enquanto Bárbara incentivava.

— O que é isso aqui?

Dulce imediatamente parou ao ouvir a voz da mãe.

— Dulce Maria, o que aconteceu? – A ex-noviça perguntou com firmeza

— Essas duas que me provocaram de novo, mamãe!

— É mentira, Cecília! A Dulce que puxou briga!

— Não acredita nelas, mamãe! Elas disseram que eu não tenho mãe e que você vai me abandonar que nem o meu papi!

— Isso é mentira dela! – Frida insistiu, agora com um certo temor. Cecília não era mais a noviça que não podia se envolver nos assuntos familiares das alunas, ela estava em pé de igualdade com todas as outras mães do colégio

— Não importa, porque vão as três agora pra sala da Madre! – Cecília sabia que a filha estava dizendo a verdade mas ela precisava ser justa e firme, para que não desse brechas a mais provocações

— Eu nem fiz nada! – Bárbara se pronunciou

— Você provocou! – Dulce Maria disse

— Chega! Vão as três agora pra sala da Madre! Vou pedir pra chamarem os pais de vocês duas e o Gustavo.

Sem saída, Frida e Bárbara andaram até a sala da Madre Superiora, Dulce estava atrás delas, de mãos dadas com a mãe.

— Desculpa, mamãe. É que ela me provocou, eu fiquei brava com ela!

— Tudo bem, filha. Eu entendo, mas não é assim que se resolvem as coisas! Não brigue mais, tá?

— Tá bom! Você vai ligar pro papi?

— Vou. Ele é seu pai, precisa saber do que acontece com você! Nós vamos chamar os pais delas pra uma conversa, mas não precisa se preocupar porque nós sabemos que você não tem culpa de nada!

— Obrigada, mamãe!

[...]

— Com licença, Madre?

— Bom dia Cecília, entre!

Cecília entrou na sala seguida de Bárbara, Frida e Dulce Maria.

— O que aconteceu dessa vez?

— Elas estavam brigando no banheiro, pelos motivos de sempre.

— Elas me provocaram, Madre!

— Dulce, por favor! – Cecília pediu

— Mas é verdade! Elas disseram que eu não tinha mãe e que você ia me abandonar!

— A gente não disse nada disso, Madre!

— Parem com essa discussão! Frida e Bárbara, eu vou ligar para os pais de vocês, e se for preciso nós vamos passar o dia todo aqui!

— E o pai da Dulce chatinha? Quer dizer, da Dulce Maria? – Frida questionou

— A Cecília vai chamar ele aqui. E vocês três, sentem ali e fiquem quietas até eles chegarem!

Enquanto a Madre Superiora ligava para os pais das duas meninas, Cecília ligava para o namorado.

Ligação On

— Gustavo?

— Bom dia, meu amor! Que bom ouvir sua voz logo cedo!

— Eu não queria estragar a sua alegria, mas...

— Lá vem, o que aconteceu?

— A Dulce se envolveu numa briga.

— Outra vez? Com quem?

— Adivinha?

— Aquelas duas meninas de sempre. Quer que eu vá aí?

— Eu liguei justamente pra isso. A Madre está ligando para os pais delas, para conversamos e resolvermos tudo isso logo.

— Vamos ver se finalmente resolvemos isso! Até já, meu amor!

— Até!

Ligação Off

[...]

— Bom dia, senhores. Peço desculpas por trazê-los aqui tão cedo, mas foi realmente necessário.

— Sem problemas Madre. Acho que todos aqui concordamos que nossas filhas vem em primeiro lugar. – Disse Gustavo

Os pais de Bárbara e Frida concordaram, para a surpresa de Cecília e Gustavo.

— Filha, essa menina te machucou?

— Não, por sorte a Cecília chegou antes.

— Madre, me perdoe, mas como a Dulce conseguiria machucar uma menina maior que ela? Se ela fez isso, ela teve motivo! Eu não concordo com agressões, mas nesse caso eu entendo!

— Isso aí papi! Me defende!

— Dulce Maria, não piora as coisas!

— Madre, eu acho melhor nós conversarmos sem a presença das meninas.

— Tem razão, Cecília.

A Madre chamou Fabiana e pediu que saísse com as meninas, a fazendo prometer que não deixaria que brigassem novamente.  

— Ótimo, eu vou explicar o que aconteceu. – A Madre começou depois que as meninas saíram da sala

— Desculpe, Madre. – O pai de Bárbara interrompeu – Acho que essa conversa é desnecessária. Não é primeira vez que somos chamados aqui por causa dessa menina que tudo o que faz é provocar a Bárbara e a Frida, por inveja.

— Inveja? – Gustavo questionou

— Com todo o respeito senhor Lários, sua filha tem inveja das meninas porque elas têm mãe e a sua filha é órfã.

— Minha filha pode ter perdido a mãe, mas órfã ela não é. Ela tem pai, tios, e uma segunda mãe maravilhosa!

— Eu registrei a Dulce Maria com o meu nome, ela é legalmente minha filha. – Cecília se pronunciou

— Uma noviça que largou a vida religiosa por ter se apaixonado pelo pai de uma aluna, é essa a mãe que o senhor quis para a sua filha? – Era a mãe de Frida quem falava

— Eu deixei a vida religiosa pra ir atrás da minha felicidade, e essa felicidade está ao lado da Dulce Maria e do Gustavo. Não tem lição melhor que eu possa dar para a minha filha do que essa. Ir sempre atrás da felicidade dela, mudar por amor. E sejamos claros, desde a Dulce Maria veio pra cá, as suas filhas provocam, pegam no pé dela por ela não ter mãe e ter ficado dois anos sem o pai.

— Não é isso que as nossas filhas dizem. É justamente o contrário, que é essa menina quem provoca. – Rebateu

— Em primeiro lugar, essa menina tem nome. É Dulce Maria. Depois, todos no colégio são testemunhas do que eu estou falando, minha filha não tem motivo algum pra provocá-las.

A Madre assistia a tudo em silêncio, estava impressionada com a determinação de Cecília em defender a família, enquanto Gustavo se mostrava orgulhoso.

— Mas quem partiu para a agressão foi a sua filha.

— Nós vamos conversar com ela, não vamos deixar ela fazer isso de novo. Mas essa situação não pode continuar assim.

— Não mesmo! Me admira muito que a senhora permita que uma noviça, ou ex-noviça namore o pai de uma aluna, que ela durma aqui só porque a filha tem pesadelos, que volte a dar aulas, e que o pai dela jante aqui! Francamente, esse colégio não é mais o mesmo desde que essa menina veio pra cá, ela é protegida por todos, isso é injustiça! – Ela voltou-se à Madre

— A Cecília não é mais uma noviça, pode fazer o que quiser com a vida dela! Eu pedi que ela continuasse dando aulas aqui porque ela é uma ótima professora, e quanto ao jantar e a ela dormir aqui, isso é uma exceção!

— Sempre abrem exceções pra essa menina, Madre!

— A Dulce Maria foi sequestrada, ficou presa em uma casa em chamas, está traumatizada! Vai fazer um tratamento psicológico, e precisa da mãe por perto!

— E o jantar?

— Foi um convite meu. – Ela respondeu, Cecília e Gustavo se olharam um pouco confusos – Eu convidei o senhor Gustavo para jantar aqui porque é a primeira vez em quase um mês, desde o sequestro e desde que a Cecília saiu daqui, que a Dulce dormiria fora de casa e jantaria sem o pai. Esse colégio não é uma prisão, vocês podem buscar e visitar as filhas de vocês quando quiserem! Outra razão de eu convidar o senhor Gustavo para jantar aqui é que a partir de segunda-feira a Cecília volta a dar aulas, e portanto, a Dulce não vai mais dormir no colégio, ela vem e volta com a mãe.

— Ótimo, assim nossas filhas têm sossego!

— Eu vou tomar providências, e advertir a Bárbara e a Frida novamente. Quando a Cecília saiu daqui eu já tinha as proibido de dirigir a palavra à Dulce se fosse para provocações. Já que não adiantou, vou proibi-las de trocarem uma só palavra com Dulce Maria.

 - Faça como achar melhor, nós temos mais o que fazer.

Os pais das rivais de Dulce se retiraram, Gustavo e Cecília ficaram.

— Obrigado mais uma vez, Madre.

— Não agradeça senhor Gustavo, Dulce Maria é uma menina muito especial para todos nós, e eu só disse a verdade.

— Não foi a senhora que me convidou pra jantar aqui. Foi a Cecília.

— Que isso fique entre nós.

— Obrigado, Madre. Com licença.

Cecília e Gustavo cruzaram com Dulce Maria no corredor.

— Papi, mamãe! Que bom que vocês estão vivos!

— Como assim filha?

— Ué, do jeito que eles estavam, eu achei que alguém não fosse sair vivo de lá! Quem ganhou?

— Quem ganhou o quê?

— A briga, mamãe!

— Nós ganhamos, de nocaute! A Madre ficou do nosso lado. – Cecília brincou – Mas temos que conversar mocinha. Vamos lá pro pátio?

— Xi, comemorei cedo demais.

Eles chegaram ao pátio e Cecília sentou-se em um banco com a filha no colo, enquanto Gustavo sentou-se no outro banco.

— Filha, a Madre ficou do nosso lado, mas você agiu errado em agredir a Frida. Tudo bem que você ficou chateada com ela, mas agressão é errado! – Ela explicou pacientemente

— Mesmo que você esteja certa, nunca mais agrida alguém, tá bom? – Gustavo pediu

— Tá bom! Mas agora eu quero saber tudo da conversa!

— Sua mãe foi genial! Ela falou de um jeito que deixou os pais das suas colegas sem ter o que dizer. E no fim, a Madre disse que vai proibir elas de falarem com você.

— Iupiiii! Finalmente! Toca aqui, mamãe! Arrasou! – Ela estendeu a mão para Cecília, que bateu

— Filha, eu preciso conversar com o seu pai, você pode ir lá fora um pouco? Depois eu te chamo.

— Sim piririm! Até depois! – Ela disse e saiu saltitando

— Algum problema, meu amor? – Ele se sentou ao lado dela, preocupado

— Eu tive um sonho horrível essa noite.

— Que sonho?

— Esse sonho era diferente dos sonhos que a Dulce tem. Começou comigo num campo cheio de flores, eu estava vestida de branco. Eu ia andando e via a Dulce Maria brincando com outras crianças, e chamava ela.

— E o que tem de ruim nisso?

— Ela dizia: “Mamãe? Você voltou!” Eu dizia a ela que tinha voltado só pra pedir pra ela se comportar bem, cuidar de você, e ajudar você a ser feliz caso você se casasse de novo.

— Eu tô confuso, meu amor.

— Depois, ela disse que sempre ia me amar e me pediu que dissesse à Teresa que ela também a amava.

Gustavo estava perplexo, não precisou perguntar para que entendesse que no sonho Cecília estava morta.

Cecília continuou:

— Depois, aparecia um padre falando no que devia ser meu velório, e depois no meu... enterro. Eu fiquei tão assustada que não consegui mais dormir! – Ela segurava as lágimas

— A Dulce sabe disso?

— Não! Graças a Deus ela não acordou com o susto que eu levei. Não vou contar isso pra ela, só vai piorar a situação.

— É melhor mesmo. Mas meu amor, eu prometo a você, que nada vai te acontecer! – Ele a abraçou, também estava assustado

— Será, Gustavo? E se esse sonho for algum sinal? – Ela tinha a preocupação estampada no rosto e nos olhos

— Não pensa assim, meu amor! É só um sonho deve ser pela preocupação com a Dulce, e você nunca ouviu dizer que sonhos ruins querem dizer justamente o contrário?

— Já ouvi, mas eu tô ficando muito preocupada!

— Não vai acontecer nada, você vai ver.

— Tomara, meu amor. Tomara que não.


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Notas finais do capítulo

Acharam que eu ia matar a Cecília, né? Ha! Pegadinha! Comentem!



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