Futuro escrita por TopsyKreets


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

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Futuro

 

Como ocorria em todas as tardes no Big Donuts, o movimento caía.

 

Sadie e Steven aproveitavam esses momentos para descansar da monotonia da cidade.

Subiam até o telhado, comiam e passavam as horas seguintes olhando o céu, até a hora do crepúsculo.

 

O assunto das conversas era quase sempre o mesmo.

 

— Notícias do Lars?

 

Ele ainda não retornara da viagem de mochileiro pelo país. Inicialmente tinha planejado voltar antes do Natal...

...Mas já estavam em março.

 

— Ele me mandou um cartão portal – Sadie comentou – Dizendo que queria passar mais um tempo na praia. Como se aqui não tivesse praia o suficiente, não é?

E a Connie? Mandou a resposta?

 

Connie partira alguns meses antes.

 

Universidade.

 

Steven não a culpou por querer ir.

Estranhou o que ela disse no fim.

 

Todos temos que seguir em frente, não é?

 

 

Seguir em frente.

 

Com todas as lutas, ele nunca pensara muito em sua vida pessoal. Agora, como temporário da loja, no lugar de Lars, via a situação mais clara do que nunca.

 

18 anos. Adulto. O que fazer?

 

— Como a gente pode seguir em frente, quando só pensar em voltar pra trás?

 

Sadie foi pega de surpresa com a pergunta. Mesmo que fosse por um tempo, e sabia que podia ser um pensamento bobo, ela se via como uma espécie de mentora. Queria estar ali para tirar todas as dúvidas, resolver todos os emblemas do rapaz.

Não que isso fosse difícil. Steven era sempre tão animado, motivado com tudo.

Vê – lo daquele jeito, confuso, lhe causava desânimo.

Um desânimo ainda maior batia quando via não saberia responder.

Ela vivia se perguntando o mesmo.

 

Respirou profundamente.

 

— A gente têm que focar na gente. E parar de pensar neles. Eles foram embora.

Nós ficamos. Ponto.

— Focar como – Steven indagava – No quê?

Ela deu de ombros.

— Ah, não sei. No futuro, ué.

O que você quer fazer?

 

 

O que eu quero fazer?

 

 

Steven não pensava muito no futuro. Sempre traçava seus planos um dia de cada vez.

 

Ir trabalhar. Passar um tempo com a Sadie no telhado. Sair com as Gems, eventualmente.

 

Sempre pensara que morreria lutando. Não via o porquê pensar a longo prazo.

Mas agora, com Sadie, algo lhe ocorrera.

Ninguém nunca havia perguntado o que ele queria fazer.

 

....

 

Sempre pensara em algo. Uma coisa pra fazer caso sobrevivesse a tantos embates com as Crystal Gems.

Nunca tinha dito em voz alta, no entanto.

 

— Eu quero abrir um restaurante.

— O quê?

Steven se levantou, meio inseguro, mas repetiu em alto e bom tom:

— Eu quero abrir um restaurante! É isso o que eu quero!

— E de onde veio isso?

 

Steven voltou a sentar, de pernas cruzadas, pensando a respeito.

 

— Bom, ninguém pensa bem de estômago vazio. E eu sempre fico mais feliz depois que eu como. Queria que as outras pessoas se sentissem assim também.

Sadie notou que ele estava sendo sincero. Puramente sincero. Esperançoso.

O Steven de sempre.

 

Ela sorriu e sentou – se de frente ao colega.

— Sabia que eu sei cozinhar bem?

— Sério?

— Uhum. Eu entrei em um curso. Queria cozinhar para o Lars.... Enfim, aprendi muita coisa. Fiquei boa. Minha mãe até tentou me inscrever em um concurso. E mais de uma vez.

Eles riram, de uma forma totalmente honesta consigo mesmos, em meses.

 

Sabiam como a mãe dela era. Estavam impressionados por ela não ter tentado levar a filha em algum TalkShow.

 

— Você pode trabalhar lá! Comigo!

— Como sua empregada?

— Minha Sócia! A gente divide tudo, você cuida da cozinha, eu cuido.... É....

— Do resto? – Disse Sadie, em meio a risos.

— Isso, do resto! E a gente pode comprar um chafariz!

— Um chafariz?

— É, para fora. Para animar quando os clientes passarem. E filhotes. Têm que ter filhotes.

— O quê, filhotes? Num restaurante?

— São as mascotes, ué.

 

Ela não conseguiu segurar mais o riso.

Gargalharam juntos, em uníssono.

Adora quando ele fazia isso.

 

Tão meigo, tão cheio de vida.

Tão Steven.

 

Quando percebeu, eles seguravam a mão um do outro.

Ela deixou que um impulso lhe corresse o corpo.

Terminou com um beijo no rosto.

E deixou que aquilo crescesse.

Um beijo. Depois outro. Quando deram por si, estavam abraçados, deitados, como se o resto do mundo deixasse de existir.

 

Crepúsculo.

 

Agora o céu estava num tom alaranjado perfeito. Ainda estavam abraçados, e Steven se recusava a se soltar.

 

— Podemos ficar aqui mais um pouco? Assim.

Sadie sorriu e respondeu com mais um beijo.

— O tempo que você precisar.

 

Abraçados, dormiram até que o fim de tarde se tornasse uma noite de lua crescente.

 

...

 

Praça de Beach City

 

 

As Gems saíram em busca de Steven, mas quando o encontraram, decidiram que seria melhor não interromper, seja lá o que fosse que estivesse acontecendo.

Se sentaram por uns minutos num dos bancos da praça.

 

— É, parece que ele já superou, – disse Ametista – e nem levou tanto tempo.

Pérola e Garnet nada responderam.

— Bom pra ele – Completou.

 

...

 

— Será que eles já.... Vocês sabem...

 

— Ametista!

— O quê? Eu ia dizer “se beijaram”. Hey, sem estresse.

 

Ametista jogou os cabelos para trás e sorria maliciosamente. Pérola a conhecia o suficiente para saber que isso não levaria a nada bom.

 

— Por mim ele pode ficar com que ele quiser.

Quem você acha que vai ser, Garnet?

 

 

A ênfase visivelmente forçada no final da frase revelava as intenções da Gem.

 

Mesmo que não admitisse em voz alta, até Pérola parecia interessa na resposta da amiga.

Garnet normalmente não olhava para o futuro, a menos que fosse necessário.

Principalmente quando dizia respeito a outras pessoas. Ela considerava uma invasão de privacidade.

 

...

 

Entretanto, deixou por um momento que sua curiosidade aflorasse.

 

 

Inúmeros futuros.

Inúmeras possibilidades.

 

 

 Via Steven, um Steven adulto, deitado numa cama.

A fresta de luz que atravessara a janela, fina mas persistente, revelava uma segunda pessoa na cama.

 

Connie abrira os olhos e se aproximara do rapaz.

Estavam prestes a retomar o que haviam começado na noite anterior.

 

A visão se multiplicou, numa torrente rápida e impetuosa.

 

Não era mais Connie que estava na cama, cobrindo a boca dele na dela.

 

Sadie.

 

Não, Connie. Estava claro.

 

Sadie novamente.

 

Explosões de pensamentos insurgiram do nada.

 

Connie.

 

Sadie.

 

Lazuli.

 

Pérola.

 

Ametista.

 

Peridot.

 

 

Ruby... e Sapphire?

 

A última visão a arremessara de volta a realidade.

Havia visto coisas demais. Muito pessoais.

 

Muitas coisas.

 

E bem detalhadas, por sinal.

 

Garnet estava tremendo. Tentou se levantar mais quase caiu, sendo amparada por Pérola.

 

— Você está bem – Ela perguntou – Tá ficando vermelha.

— Eu.... Eu...

A Gem tentava responder, mas não conseguia fazer com que os lábios se mexessem.

 

— O que você viu? O que você viu? Anda, fala!

Ametista pulava no banco, não se aguentando de curiosidade pela resposta.

 

— Eu.... Preciso me sentar agora.

Ela se sentou, com as duas amigas ainda de pé.

Ainda tremendo, ela fez um grande esforço para realinhar os óculos no rosto.

 

— E entãaaaao? Você viu, não viu?

— .... Preciso ficar um tempo sem ver o futuro.

 

Disto isto, ela se levantou, colocou um pé na frente do outro e rumou para o templo.

Pérola e Ametista se entreolharam e partiram logo atrás.

...

 

Um bom tempo mesmo, Garnet pensou.

 

 


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