A Triste Felicidade escrita por Um Sentimento


Capítulo 15
Capítulo 15:A triste veracidade


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Alan e os outros são suas assinaturas para assim irem ao acampamento. Além de uma forte revelação que Alan recebe.



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Alan acordou, sua porta ainda estava fechada e chaveada, vários barulhos vinham do lado de fora da da porta. Vagarosamente, Alan pegou seu celular e se dirigiu até a porta, ficou com o ouvido encostado na porta, ele só ouvia os mesmos barulhos. Alan segurou a chave, suas mãos tremiam, ele girou a chave, abriu a fechadura e saiu pela porta. Anelice estava de costas, ela não se virou um momento se quer, prestava atenção no almoço que estava fazendo, Alan foi ao banheiro e quando voltou, um prato de comida estava sobre a mesa, Anelice continuava de costas, não disse uma palavra. Alan comeu, escovou os dentes e esperou, no horário de sempre saiu pela porta, ele não disse nada e ela também não.

Ao sair pela porta, Alan se questionava qual era o grandioso motivo que havia afetado de tal forma o humor de Anelice. Alan pensava nisso fixamente, foi aí que Cat passou em frente a sua casa, Alan foi atrás dela, a mesma parecia não ouvir, foi aí que ele percebeu, ela estava com seus fones, porém, a parte onde saiam fofas orelhas de gato estavam arrancadas e pintadas por algo preto. Alan percebia mais que cada vez alguém em seu redor tinha uma estranha mudança no comportamento, já passava por sua cabeça que tudo era sua culpa, pressentia que estava provocando um novo acidente, mas temia não sair vivo dessa vez. 

Logo após dispersar esses pensamentos, Alan percebeu que Cat parou poucos metros em frente dele, ela esperava na esquina. Ele não acreditava que Cat estava parando por sua causa, mas conforme Alan foi andando a garota não andou um metro á frente, ele já se preparava para dizer um "oi" ou qualquer coisa do tipo, mas antes que pudesse abrir a boca, o garoto o qual tinha visto andando com Cat no dia anterior a agarrou pela cintura e a beijou, Cat ria beijando-o de volta. Alan não gostava disso, lembrava de quando os três estavam juntos, sentia falta de Cat, achava que ela poderia estar só fingindo, apenas fazendo ciúme, mas a convicção que ela expressava em suas palavras, a vontade que exercia enquanto beijava o garoto era como se ela realmente quisesse isso, o que arrasava Alan de uma forma, inexplicável.

Deixando seus sentimentos comandar, Alan ficou paralisado em frente aos dois, enquanto se perdia nas ideias e Cat e Nathan foram a escola, deixando Alan alí parado. Quando voltou a prestar atenção na situação, via o casal logo a frente, entrando na escola, pensando que estava atrasado, ele fez o mesmo.

Ao entrar na escola, Mike esperava ao portão, enquanto o casal passava, Mike expressava nojo em sua face, mas tudo mudou quando Alan chegou, seu namorado ficou até mais feliz, ele parecia aflito com algo a contar. Mike se aproximou e disse:

—Oi Alan -Deu um celinho- Será que eu poderia ir a sua casa hoje? Estive pensando, que da mesma forma que você conheceu a minha mãe, eu fiquei pensando em conhecer sua tutora, o que acha?

—Mike, isso simplesmente não dá! Ela tem sido estranha comigo, desde que chegou ontem a tarde!

—Acha que... ela tem preconceito em você ser, gay?

—Eu não tinha... pensado nisso, mas, como ela saberia de nós dois? Será que ela está me rejeitando?

—Gente preconceituosa, como lidar? O tanto de homofobia que eu já presenciei, apenas tento dar a volta por cima, mas não é nada fácil! -Mike olhou pra baixo tentando esquecer, seus olhos encheram de lágrimas, mas uma se quer não escorreu.

—Eu prefiro acreditar que... não, Anelice não seria assim, ela me apoiaria, como sempre apoiou, mas por que disso agora? -Alan pensava positivamente que Anelice não estaria sendo assim, mas esse foi um pensamento que mexeu em seu psicológico-

Triiiiiiim- o sinal de entrada bateu, Mike segurou Alan pela mão e os dois entraram juntas em sala, o coordenador Leonardo conversava com a professora, ele esperou até que todos estivessem sentados, então retirou uma urna do chão e disse:

—Olá a todos, desculpem-me, mas não pude estar presente na  sexta passada, então venho aqui hoje, para pedir que todos aqueles com a assinatura dos responsáveis, que se levantem de seus lugares e ponham seus bilhetes nesta urna! 

Vários alunos se levantaram, Mike e Alan também, entregaram seus bilhetes juntos e voltaram aos seus lugares. Ao se sentar, Alan observava que após todos aqueles que entregaram seus bilhetes se sentarem, Cat se levantou e foi a urna também, colocou um bilhete dentro e voltou ao seu lugar, a primeira vista, Alan desconfiou de Cat, pensava como ela conseguira o bilhete, mas estava feliz em saber que ela iria.

Após todos se sentarem, o coordenador agradeceu e foi embora, assim as aulas começaram novamente. Alan então, começou a prestar nas pessoas em sua classe, ele nunca havia se importado com o preconceito, mas pouco a pouco, deixava esse sentimento ser alimentado por pensamentos que ecoavam em sua cabeça, não demorou muito para ele reparar nos cochichos e dedos sendo apontados para ele e Mike, essas eram as mesmas pessoas que sempre fizeram isso, desde que eles começaram a se aproximar, mas Alan nunca ligou, nunca chegou a perceber o que eles faziam, ele não se importava, mas com esse alerta, ele começou a se preocupar, ele tinha medo do que aquelas pessoas poderiam fazer, ele tinha medo do que Anelice podia fazer, e ao se deixar levar por seus pensamentos​ novamente, o tempo passou, e o sinal do intervalo tocou.

Ele e Mike sentaram-se em um banco, Alan ficou calado, ficou imobilizado, percebendo isso Mike resolveu perguntar:

—Ei, tá... Tudo bem? -perguntou de forma preocupada-

—Como? As pessoas podem ser tão ruins?

—Do que você tá falando?

—Qual o problema em ter uma opção sexual diferente do que eles consideram "normal"? Por que eles nos julgam de tantas formas diferentes, ninguém parece se preocupar com as consequências disso, ninguém se importa com... os sentimentos das outras pessoas....

—Preconceito. Não é nada fácil lidar com isso. Eu mesmo, já passei por isso, mas saiba Alan, que estamos juntos e somos melhores que qualquer um deles. Você não precisa temer, enquanto eu estiver aqui -Mike segurou as mãos de Alan- estamos juntos, e não importa quantas pessoas​ acharem isso errado, nos vamos continuar nos amando!- uma lágrima escorreu do olho de Mike-

Os dois se encararam por um tempo, e levemente Alan foi se aproximando, eles se olharam nos olhos, trocavam sentimentos, Mike confortava Alan com apenas um olhar, e assim eles se beijaram por um longo e carinhoso momento, algumas lágrimas escorreram dos olhos de ambos, a felicidade que revigorada​ em Alan foi crescendo​ junto com a sua confiança, ele parecia se recompor:

—Mas, e se Anelice for assim? Preconceituosa?

—Ela não poderá fazer nada contra você, caso contrário eu irei contigo a polícia.

—obrigado, muito obrigado!

Foi a única coisa que pode dizer, Alan se sentia tão agradecido, que o medo e os sentimentos ruins que sobrevoavam sua cabeça, pouco a pouco iam se esvaindo.

Alan passou o resto do intervalo de olho em Cat, ela conversava com Martin sozinha, isso deixava ele um tanto curioso, mas logo, Helena e Nathan desceram as escadas que levavam aos banheiros, os dois aparentavam ter passado boa parte do intervalo lá em cima sozinho, Alan​ achou isso intrigante, mas antes que pudesse prestar mais atenção na cena, o sinal bateu novamente.

Centrado e confiante, Alan pode prestar atenção total nas aulas sem que nada o atrapalhasse. O tempo até se passava mais rápido, e na hora da saída, Mike e ele se despediram com um beijo, e Alan sozinho voltou para sua casa. 

Conforme o caminho, Alan ia pensando nas palavras que diria a Anelice, iria lhe contar toda a verdade sem se importar com a opinião dela sobre isso, ao se aproximar, cada vez mais um frio em sua barriga ia crescendo, mas quando lembrava do que Mike disse, a sensação ruim simplesmente sumia, e quando se sentia totalmente preparado, ele já estava na porta de sua casa.

Ao entrar pela porta, via Anelice sentada na cadeira da mesa de jantar, ela usava um óculos e lia um documento que segurava, ela disse:

—Alan, sente-se aqui!-suspirou e olhou nos olhos do tutelado- Precisamos conversar!

—Sobre o que exatamente?

—Minha viagem.

Alan se aliviou ao ouvir isso, começava a ficar feliz, mas brevemente seus sentimentos iriam cair com uma força bem maior:

—Eu quero que saiba, que todas as... decisões que eu tomei, foram somente para o seu bem!

—Decisões? -Alan levantou as sobrancelhas surpreso-

—Eu vendi a Cotton, isso é verdade, mas, eu estou precisando de dinheiro!

—Eu posso te dar os 300 que sobraram.

—Não, fique com esse dinheiro para si- suspirou- Eu... Eu estou doente, Alan!

—Doente?- a expressão de Alan foi ficando mais surpresa a cada palavra que ela dizia- quão doente você está? O que você tem?

—Eu, eu estou muito doente. Precisei passar por um tratamento enquanto estive nos Estados Unidos, foi um tratamento caro e eu precisei vender a Cotton, para pagar os remédios que vinham após o tratamento... pode assinar o documento? -disse ela passando o documento há Alan-

Mais surpreso do que nunca ele assinou o documento que estava totalmente em inglês, Alan reconhecia algumas palavras, ele assinou o documento e perguntou:

—Para que isso?

—Essa é a parte na qual eu devo lhe contar -respirou fundo- Bem, desde que eu fui demitida, as contas só vem decaindo e... O conselho tutelar vem percebendo isso, eles me... eles me mandaram uma intimação, informando que se eu não desse um jeito, eles iriam tirar você de mim -Alas se assustou- Mas eu dei um jeito, eu consegui contornar essa situação, enquanto estive fora, conheci um casal, ele compraram a Cotton como uma prova de que eles conseguiriam o que queriam, e o que eles queriam era adotar um filho - Alan​ paralisou totalmente, sua boca abriu, ele ficou em choque- e o conselho tutelar aprovou essa ação, disseram que em pouco mais que duas semanas você irá para a casa deles, vai poder ver a Cotton de novo, isso só vai durar pouco tempo, até você completar 18, eu vou estar sozinha, vou me esforçar de toda a forma, espero me curar dessa doença o mais rápido possível, farei todo o tipo de tratamento possível. Mas Alan, não se preocupe, antes que você vá para lá, eu te libero para tudo, você pode fazer tudo que quiser, gaste esses 300 reais a vontade, está tudo liberado!

Alan não teve reação, isso foi horrível de tantas formas, foi algo que ele não pode nem esperar, Anelice escondeu isso dele, e depois jogou isso em sua cara, tudo de uma vez, ela tomou uma atitude por ele, isso fez todos seus sentimentos desabarem em cima dele, ele se sentia triste e com raiva, ou até algo mais Além​ disso, a única coisa que ele conseguiu dizer foi:

—Você me vendeu -sussurrou-

— o que?

—VOCÊ ME VENDEU! VOCÊ ME VENDEU, DA MESMA FORMA QUE VENDEU A CADELA. VOCÊ TOMOU UMA DECISÃO POR MIM, VOCÊ VAI ME TIRAR DAQUI DEPOIS DE TUDO? COMO VOCÊ É CAPAZ, COMO VOCÊ PODE ME ABANDONAR DEPOIS DE TUDO? VOCÊ É RIDÍCULA!

Alan gritou de todas as formas possíveis, ele entrou em seu quarto, pegou sua mochila e seus fones de ouvido, ele saiu pela porta da frente batendo-a com força, colocou a música no volume mais alto e saiu pelas ruas. Ele adentrou a noite escura sozinho, ele continuou indo sem rumo e sem destino, não olhou para trás uma vez se quer. Quanto mais ele andava, mais se sentia perdido,  o tempo passava rápido, a madrugada ficava cada vez mais escura, sozinho e isolado, ele finalmente achou uma casa familiar.

Alan tocou na campainha, ele foi devidamente atendido, mesmo apesar das horas, aflito Alan perguntou:

—Posso passar a noite aqui?

 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado e espero que tenham gostado!



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