A Primeira Neve escrita por Sakure


Capítulo 9
Capitulo 9




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Depois de horas contando as novidades a Hyo e respondendo a milhares de perguntas que ela me fez, nós chegamos a uma conclusão, eu estava participando de um reality, apesar de parecer absurdo, o mais irracional era imaginar que tudo aquilo tinha acontecido comigo por um acaso do destino, e achei mais extraordinário ainda quando Hyo me contou sobre as pessoas que eu havia visto naquela casa, sobre o quanto os grupos eram famosos, então ela sugeriu que fossemos a casa de Taehyung para colocarmos ele contra a parede, isso no sentido literal se fosse preciso, pois alguma explicação deveria ter para tudo isso.

Decidimos ir lá pela tarde, já que o restaurante não era aberto nesse horário e estariam todos em casa, nesse dia estava fazendo muito frio e tive que me agasalhar bastante, decidimos ir de metrô já que não ficava longe de onde estávamos, enquanto andávamos pelas ruas, Hyo aproveitou para me mostrar os vários banners que tinham espalhados pela cidade com os envolvidos nessa minha história, o que antes nunca reparei muito, eu não sou uma pessoa alienada do mundo não é isso, até ouvia as músicas e tal, mas nunca fui de associar rostos as músicas.

Depois de desbravarmos esse frio de doer os ossos nós conseguimos chegar à casa de Hyung, como sempre somos muito bem recebidas, quando entro na casa sinto até um alivio por estar bem quentinha, sentamos no sofá e jogamos conversa fora para passar o tempo e não sermos tão diretas quanto ao assunto que viemos tratar, até que resolvemos perguntar por Hyung.

― Tia, TaeHyung está em casa? – Pergunta Hyo.

― Está sim, como acabaram os principais eventos do mês, ele recebeu permissão para passar uns dias em casa.

A gente já sabia disso por que antes de irmos até a casa dele Hyo perguntou aos contatos dela, que era um antigo namorado que trabalhava na Big Hit, então ele disse a ela que eles estariam em casa esses dias.

― Posso falar com ele? – Pergunta ela.

― Claro que sim querida vou chama-lo.

A mãe dele sai para chama-lo e fico me perguntando o que de fato estou fazendo ali, por que me interessaria saber o que estava acontecendo? Isso mudaria algo na minha vida? Será que eu queria mudar algo? Estava finalmente com minha vida normal, minha mente despreocupada de qualquer coisa e de repente surge toda essa história de ídols e esses acontecimentos estranhos.

Enquanto estou vagando em meus pensamentos o TaeHyung aparece na sala, nos cumprimenta como sempre muito amigável e fofo, se fosse para escolher um irmão escolheria ele, era muito apegado a família e um amor de pessoa, como a tia de Hyo não voltou para a sala aproveitamos para interroga-lo.

― Tae você precisa nos contar o que está acontecendo. – Diz Hyo se sentando perto dele no sofá e lançando um olhar fuzilante de quem não sairia dali sem respostas.

― Você está falando sobre o que? – Diz ele.

― Você não achou estranho a Liz na casa do Exo? Não quis saber o por que dela estar lá?

― Claro que achei estranho, logo que a nonna não é muito ligada nessas coisas.

― Vocês não esqueçam que eu estou aqui. – Falo levantando minha mão, por que eles falavam como se eu estivesse ausente do lugar.

― Então o que você sabe sobre tudo isso? – Pergunta Hyo a ele.

― Por que eu deveria saber de algo?

― Eu lhe conheço muito bem e você assim como eu é muito curioso sobre as coisas, com certeza foi atrás de saber, não tente me enganar. – diz ela.

― O que eu sei é que houve uma história ai em que a Liz se encontrou com o Suho e ele ficou doente e por isso levaram para cuidar dele. – diz Hyung.

― Disso eu sei, ele mesmo me falou isso. – digo

― Mas pelo o que o Baek me disse, ele a acha familiar de alguma forma, como se a conhecesse de algum lugar, por isso fica tentado a vê-la. - Diz Hyung.

― Então é por isso que querem que eu vá estagiar lá?

― Isso não, pelo que sei essa ideia foi da Manager Park Jan, por que ela quer tirar férias. – diz Hyung.

― Tem certeza que você só sabe disso? – Pergunta Hyo a ele, e ele faz que sim com a cabeça.

Depois de mais um tempo na casa de TaeHyung nós resolvemos voltar para o campus, e na volta comecei a pensar em tudo que tinha passado aqueles dias, em tudo que Hyung tinha dito e notei que sentia o mesmo que o Suho, desde que o vi a primeira vez tinha uma estranha sensação de conhecimento, apesar de saber que nunca o tinha visto antes eu tinha essa sensação, então tomei minha decisão.

― Hyo já sei o que vou fazer, vou aceitar o convite de Park Jan para ficar no lugar dela esses dias, é uma ótima oportunidade para meu currículo, vou ganhar um bom dinheiro e também é uma chance de descobrir o porque dessa sensação em relação a ele.

― Tem certeza amiga dessa sua decisão? – Hyo me pergunta.

― Tenho sim. – digo a ela já pegando meu celular para ligar para Park Jan e confirmar o convite.

Liguei para a Manager e acertei com ela os detalhes, combinamos que eu iria começar no outro dia, ela me levaria a empresa e lá eu assinaria o contrato de estágio e nesses dias eu ficaria acompanhando o trabalho com ela, ficou certo que a gente ia se encontrar na SM logo pela manhã.

E aqui estou eu bem em frente a empresa, não tinha conseguido dormir direito na noite anterior, fiquei pensando no que deveria fazer e falar pois nunca tinha trabalhado aqui na Coréia, estava com medo de não saber falar muito bem, ou fazer alguma besteira, de longe vejo Park Jan acenando com a mão para mim, então começo a caminhar até ela.

― Olá Liz, está preparada? – Ela me pergunta.

 ― Sim, só um pouco nervosa. – digo a ela, mas na verdade estava muito nervosa.

Entramos na empresa e eu apenas a seguia, tudo era muito impressionante por dentro, no caminho Park Jan cumprimentou várias pessoas, algumas dava para perceber que eram ídols, outros eram staffs, resumindo muita gente trabalhava ali.

Ela parou em frente a uma porta então percebi que seria onde nós deveríamos entrar para falar com a pessoa que me contrataria, nós entramos na sala e lá tinha um homem de meia idade sentado em uma cadeira, nós o saudamos e sentamos nas cadeiras em frente a mesa dele, ele me explicou como seria o trabalho o que eu deveria fazer, o quanto ganharia e frisou várias vezes que eu deveria ser muito discreta, pois estava cuidando de um dos grupos mais lucrativos e famosos da empresa e me entregou alguns papeis com muitas instruções e regras do que eu deveria ou não fazer, enfim me senti fazendo uma entrevista para me alistar no exercito.

Ao fim da reunião eu assinei os papeis do contrato e nos despedimos dele, então Park Jan foi me mostrar a empresa, onde os meninos ensaiavam, lugares como refeitório, dormitório e etc.

Ela me disse que hoje eu ficaria por lá só observando e a auxiliando em algo, então nós entramos em uma sala bem grande, com muitos espelhos, muito parecida com a que tinha visto na casa do Suho, mas essa era bem maior e tinha vários rapazes, pelo que percebi eram os mesmos que estavam na casa no outro dia, então Park Jan fez minha apresentação a eles.

— Olá meninos, vocês já a devem ter visto, mas vou apresenta-la formalmente para vocês, essa é a senhorita Eliza Lins, ela vai ficar conosco por um tempo, espero que vocês a ajudem no que for preciso. – Park Jan fala.

Todos eles me cumprimentam e logo em seguida voltam ao que estavam fazendo, estávamos no segundo semestre do ano então eles estavam em um ritmo de ensaios muito grande, pois de acordo com Park Jan nessa época havia muitas premiações e eventos onde eles se apresentavam, também estavam se preparando para sua turnê intitulada “The EXO’luXion”, ao saber disso fiquei bem mais nervosa, imagina se der algo errado, apesar de que eles não tinham só a mim, existiam vários staffs, eu era apenas mais uma, porém a que era responsável por organizar a agenda deles e assegurar que estariam nos locais e horários marcados.

Enquanto ela me falava isso eles ensaiavam uma coreografia de uma música bem dançante, comecei a ficar bem entusiasmada com o trabalho, ver todos aqueles homens dançando várias vezes não parecia algo ruim, mas sou interrompida por alguém que entra na sala chamando o Suho.

― Suho, o sr. Kim está no telefone e quer falar com você. – diz um rapaz se referindo ao Suho, que sai da sala imediatamente.

― Quem é o sr. Kim? – Pergunto a Park Jan.

― É o pai dele, a família dele é bem rica, mas desde que o filho mais velho sofreu um acidente a quase dois anos eles se mudaram para Paris a fim de tratar da doença do filho.

― Nossa que triste, deve ser muito difícil para o Suho lidar com toda essa situação.

― Quando entramos de férias ele vai a Paris visitar os pais e o irmão, mas ele não toca muito no assunto sobre o estado de saúde do irmão, pois estava com ele no dia do acidente.

― Nossa não imaginava que a vida dele fosse tão conturbada, ele parece ser tão centrado.

― Realmente ele é, soube lidar com toda essa situação e mesmo assim não deixou o grupo de lado.

Enquanto falávamos ele voltou a sala parecia um pouco agitado, então chamou Park Jan e falou algo com ela e após isso saiu da sala, então Park Jan veio até mim.

― Você sabe dirigir? – ela me pergunta.

― Sim. – Confirmo a ela.

― Preciso que você dirija para o Suho. – então entrega umas chaves e me diz onde o carro está.

Eu não estava entendo nada, mas ali não entender alguma coisa parecia o normal, quando cheguei na garagem ele já estava lá me esperando, então entrei no carro e ele sentou no banco do passageiro ao meu lado.

― Estamos indo para onde? – Pergunto a ele, por que percebi que não sabia para onde estávamos indo.

― Apenas dirija, vou lhe dizendo para onde ir.

Passamos praticamente o tempo todo em silencio, ele falava comigo apenas para me dizer onde eu deveria ir, ou em que rua entrar, até que comecei a perceber onde estávamos indo, apesar de ir pouco ali eu já tinha ido, e a medida que nos aproximávamos eu confirmei que estávamos indo para o Parque de Namsan.

Chego ao local e estaciono o carro e ele coloca um boné e uma mascara no rosto a fim de não ser reconhecido, ainda não estava entendendo o que ele fazia ali, mas resolvi apenas segui-lo e ele caminhou por muito tempo até parar em um lugar que aqui na Coréia chamamos de Namsanpalgag ou uma tenda octogonal, seria um lugar onde se abrigar do sol ou da chuva, fica dentro do parque e é cercado por arvores, temos uma vista muito bonita desse lugar, mas ainda não sabia o que ele fazia aqui.

Então ele senta no chão e começa a chorar, diante daquela cena não sei o que fazer se vou até ele e falo algo, ou se fico quieta onde estou, então resolvo me aproximar, me abaixo até ele e coloco minha mão no seu ombro.

― Posso te ajudar em alguma coisa? Você está se sentindo bem? – Pergunto a ele por que não sei o que falar ou o que fazer nessas situações, mas ele não me responde nada e só chora, começo a ficar preocupada e já estava prestes a ligar para Park Jan, quando ele segura na minha mão.

― Você pode ficar aqui um pouco comigo? – ele me diz.

― Claro, posso sim, acho que não tenho nada para fazer. – falo isso para tentar descontrair, então me sento ao lado dele, e ele continuava segurando a minha mão, então começa a falar.

― Sabe minha família nem sempre foi um modelo, sempre vivemos de maneira confortável, no luxo, nunca nos faltou nada, mas o mais importante que era o amor a gente não tinha, por isso eu e meu irmão sempre fomos muito unidos. – Ele fala isso, e percebo que existe uma tristeza em seu tom de voz.

— Park Jan me falou sobre o acidente envolvendo ele, imagino que deve ser difícil para você e sua família. – Digo tentando não ser muito invasiva.

— Estava com ele no dia, mas não consigo lembrar nada desse dia, o médico disse que é uma espécie de trauma, como se eu mesmo bloqueasse, as vezes vejo alguns flashes, mas nada que diga muita coisa, só sei o que me disseram, que eu estava dirigindo no momento do acidente, e de pensar que tudo foi culpa minha me traz uma grande aflição.

— Você não deve se culpar, acidentes ocorrem a todo momento, todos nós estamos sujeitos a isso, o importante é você estar bem. – Sinto que falei algo errado assim que termino de falar, tinha esquecido que o irmão dele não estava tão bem, putz.

— Como posso ficar feliz se meu irmão já está a quase dois anos em um estado crítico? – Ele fala isso e levanta e parece chateado, como sempre eu tinha feito besteira.

— Me desculpa, não foi minha intensão magoar você, sou estupidamente horrível consolando alguém, se você quiser posso ir embora, afinal de contas já está tarde e assim você pode ficar em paz, eu posso pegar um metrô também, pode ficar com o carro. – Falei tão rápido que não sei como ele acompanhou meu raciocínio.

— Se eu te trouxe até aqui comigo é por que tem uma razão, não ia deixar você ir embora sozinha.— Ele dizia isso olhando lá dentro dos meus olhos, que por um momento achei que ele estivesse lendo os meus pensamentos. — Desde que lhe conheci tem sido reconfortante ficar ao seu lado, você não me trata como uma estrela, mas como alguém comum, me sinto à vontade de falar coisas que não falo nem com os meninos do grupo, não sei lhe explicar o porquê, mas quando recebi hoje o telefonema do meu pai me informando que o meu irmão tinha começado a dar os primeiros passos senti que um fardo havia saído das minhas costas e precisava colocar tudo que estava sentindo para fora e a única pessoa que eu conseguia pensar para falar sobre essas coisas era você, pode parecer estranho por sermos estranhos um para o outro, mas me sinto assim, será que você pode fingir que isso é normal apenas por hoje?.

Não sabia o que falar ou fazer, tudo parecia muito confuso, então não disse nada, apenas ficamos ali parados olhando um para o outro durante um tempo, o cenário ao nosso redor era muito bonito, cheio de árvores e com o Pôr do Sol parecia um cenário de filme a qual nunca imaginei fazer parte, então ele estendeu sua mão e ficou esperando que eu segurasse a dele, por um momento hesitei, pois não sabia o que aquele simples gesto poderia significar para a nossas vidas, mas era quase impossível olhar para ele com a mão estendida para mim como um príncipe e eu simplesmente não oferecer a minha também, e assim eu segurei a mão dele e nós caminhamos de mãos dadas em direção ao que eu não sabia, só que a partir dali não teria mais volta.


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