Você é meu mundo escrita por Blue Butterfly


Capítulo 16
E em todos os mundos havia um KuroFay


Notas iniciais do capítulo

Epílogo - parte final



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—Fay, eu tenho certeza absoluta que você vai descobrir o…

—Eu não consigo mais escrever – o loiro choramingou derramando o corpo magro sobre a imensidão de papéis que rodeavam a mesa.

Yukito segurou uma risada, vendo o loiro se desfazer em lamentações.

—Agora, não precisamos ficar tão deprimidos, nós já passamos por isso antes e tudo sempre dá certo no fim – o cheff garantiu indo até o escritor e dando tapinhas em suas costas, buscando confortá-lo.

—Kinomoto vai comer meu rim. Eu sei que ele vai – Fay soluçou teatralmente.

—Shh, tenho certeza que o Touya vai entender. Aqui, tome mais um chocolate quente, você quer um pedaço de bolo?

—Porque ela não vem mais para cá? – Fay continuou ignorando as tentativas de Yukito – Os biscoitos de cereja são ótimos, e o chá gelado de limão e mel também.

—Ela pode estar viajando, ou doente. Talvez ela apareça amanhã.

—Eu preciso dela agora – Fay gritou sem se importar com os poucos clientes que estavam no café, o movimento era sempre mais baixo às quintas a tarde – Yuki, eu não posso continuar sem ela, o que eu tenho que fazer para ela voltar? Eu faço qualquer coisa! Juro que faço…

Yukito riu de leve, sentando ao lado do loiro e lendo a última parte do manuscrito que Fay escrevera.  O loiro continuou lamentando sua sorte, mas ele tomou o chocolate quente e comeu o pedaço de bolo que Sakura trouxera, então Yukito não estava realmente preocupado. Além disso, se as coisas saíssem do controle, agora ele tinha para quem ligar e pedir ajuda.

—Como está Yui? – o cheff pediu adicionando algumas vírgulas que Fay tinha esquecido na sua pressa para escrever.

—Bem – o escritor respondeu mais calmo – Ele talvez passe o Natal conosco esse ano.

—E seu casamento com Ashura?

—Daquele mesmo jeito. Eles se amam, eles se odeiam, alguns dias eles dividem tudo, no outro mal podem se ver sem tentar se matar…

—Como sempre foi – Yukito notou com um sorriso suave.

—Sim. Céus, a relação deles é totalmente desequilibrada.

—Nisso você se saiu melhor que seu irmão.

E finalmente Fay sorriu. O cheff relaxou, ele odiava ver seu melhor amigo sofrendo, mesmo que fosse a dor de não ver uma garotinha de cinco anos que viera algumas semanas regularmente e Fay decidira ser perfeita para protagonizar sua nova história.

—Bem melhor. Ele é um cara realmente decente, sabe – Fay compartilhou com orgulho – Do tipo esforçado, realmente lutando pelo que quer. E absurdamente sincero.

Como se soubesse que era dele que estavam falando, um homem enorme entrou na cafeteria, os cabelos molhados com a chuva fina que caía do lado de fora, uma capa de chuva preta cobrindo seu corpo. Ele retirou a capa e a entregou para Sakura, a garçonete sorriu amplamente já estendendo uma toalha seca. O homem se aproximou, seus ombros largos rígidos e seu rosto feroz.

—Hey – ele chamou a atenção do escritor sentando ao seu lado – Yukito.

O cheff sorriu e devolveu o cumprimento, saindo da mesa para assar mais alguns biscoitos. Fay deu um leve beijo na bochecha do recém chegado, afastando seus papéis para que Kurogane não os molhasse.

—Veio mais cedo hoje. Aconteceu alguma coisa? – o escritor pediu guardando algumas folhas e enumerando outras.

—Temos um campeonato importante amanhã, o treinador nos mandou ir para casa e relaxar.

—Quer ir para casa já?

Fay não tinha nada contra aquela ideia, normalmente ele ficava até as oito no café todos os dias, vinha bem cedo quando Yukito ainda estava assando os primeiros bolos, acompanhando Kurogane para o ginásio, ficava para o almoço e só saia de noite quando o moreno chegava do treino. Às vezes ele saia para almoçar com Kurogane, porém só quando ele não tinha aulas de kendo para ministrar, o que estava cada vez mais raro nos dias atuais. Em contrapartida, os fins de semana eram sempre gastos com os dois, a menos que houvesse algum campeonato ou a entrega de algum prêmio literário.

—Podemos ficar um pouco mais, se quiser – Kurogane sugeriu.

—Não, tudo bem. A garota que eu quero não vem mesmo – o loiro provocou com um sorriso levado.

—Sério Fay? – Kurogane pediu já acostumado com as pequenas obsessões de Fay com os clientes do café.

—Ela é tão bonita – Fay continuou rindo por dentro – Tem aqueles olhos chocolates e um sorriso encantador. Você deveria tomar cuidado, se ela não tivesse idade para ser nossa filha e ela não morresse na minha história, eu ficaria preocupado. Posso acabar te deixando para ficar com ela.

—Acredite em mim, eu estou muito preocupado.

Mas o olhar predador que Kurogane tinha não revelava um pingo de preocupação. O loiro sentiu seu rosto esquentar, seu sangue correr pelas veias com violência enquanto seu coração lutava para bombear todo o sangue que era exigido.

—Casa ou quer ficar aqui esperando sua garotinha?

Sem um segundo pensamento Fay jogou todos os papéis restantes na bolsa, puxando o moreno pela mão e correndo em direção a porta.

—Tchau Yuki – lembrou de gritar enquanto Sakura trazia a capa do moreno – Eu volto amanhã.

Yukito surgiu da cozinha, um pouco de trigo manchando sua face e lhe dando um olhar adorável. O cheff riu da pressa de seu melhor amigo, vendo os dois homens saírem enquanto Fay, como um cachorro desesperado para dar uma volta, puxava Kurogane pela mão.

—Yukito-san, Fay-san esqueceu essa folha – Sakura informou estendendo uma folha lotada da caligrafia delicada e bem feita do escritor.

Com um sorriso ele dispensou a garçonete e voltou para a cozinha, lendo a folha com atenção.

—Muitos valorizam demais a vida – a Morte anunciou um tanto chateada.

A garotinha sentou ao lado da Morte, seu coração bondoso compadecido com seu sofrimento.

—É que viver é tão bom – ela explicou – A sensação do sol na pele da gente, o cheiro das flores na primavera, o sabor de uma laranja, ter alguém cuidando da gente e amando a gente… Viver é bom. Às vezes é difícil, como quando a gente fica triste ou alguém que a gente ama fica triste, mas não deixa de ser bom. Quando a gente morre… Ninguém sabe direito o que vai acontecer, mesmo quando a gente acredita que vai para o céu ou para o inferno, a gente não tem certeza, certeza. Sabe, é como um segredo, a gente não sabe se vai ser bom ou ruim, mas a gente sabe que viver é bom.

—Mas morrer também é – a Morte garantiu – É tão tranquilo, sem barulho, sem medo, sem dor. No meu reino ninguém se machuca, ninguém é traído, não há separação. Apenas um sono tranquilo. Não há desafios ou missões, você não precisará enfrentar nada, nem a si mesma. Não há nada ruim lhe aguardando no meu reino, você finalmente poderá descansar das coisas ruins e tristes que o mundo lhe ofertou.

A garotinha balançou os pés, pensando em cada palavra que a Morte disse.

—Eu acredito em você – ela sussurrou olhando para seus sapatos – Então acredite em mim, viver é bom.

E tinha terminado assim. Yukito não sorriu, ao invés disso ele segurou a folha de caderno contra seu peito, sentindo o calor daquelas palavras aquecer seu coração.

—Sim Fay, viver é bom.

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Fay riu suavemente, ele não tinha conversado muito com Yukito nas vezes que eles estiveram em Clow Koku, o antigo conselheiro do rei e atual consorte levava suas responsabilidades a sério e sempre estava ocupado com alguma coisa, nas poucas vezes que se viram, entretanto, tinha sido muito agradável. Seria fácil se tornarem amigos se pudessem conviver por mais tempo.

—Viver é bom – ele repetiu aquelas palavras com cuidado, palavras eram importantes, elas tinham mais poder do que a maior parte das pessoas sabia.

Tocou seu olho esquerdo, o olho que tinha sido arrancado e devorado pelo clone de Shoran, uma inundação de memórias tomando sua mente.

—Viver é bom – repetiu suavemente, um sorriso tranquilo no rosto e o coração mais leve do que nunca.

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—Então é hoje? – Touya perguntou, um sorriso malicioso brincando em seus lábios finos.

—Que merda Kinomoto, quer me matar do coração?

Kurogane estava tão nervoso e distraído que a chegada do outro combatente o pegara desprevenido.

—Não era a intenção. Afinal, teria que ser muito cruel para o matar no dia em que você vai perder suas doces orelhinhas – e sem avisar acariciou as orelhas negras.

—Eu odeio você – Kurogane jurou batendo a mão do combatente para longe.

Touya apenas riu se jogando na poltrona mais perto e cruzando as pernas longas sobre a mesinha de centro.

—E como é que você sabe disso? – Kurogane exigiu revoltado.

—O seu sacrifício contou para o meu sacrifício, o sacrifício da Sakura acabou pegando parte da conversa e contou para a Sakura e minha irmã contou para mim.

—É uma verdadeira rede de fofocas – Kurogane resmungou bravo – Sério, eu não sei quem é o mais fofoqueiro, o pirralho ou o seu sacrifício.

Se fosse outra pessoa Touya defenderia Yukito. Ali, ele apenas riu, concordando internamente e ponderando quem seria a maior fonte de informações.

—Ah, mas isso é porque seu sacrifício praticamente não fala, ainda mais quando outro combatente está por perto. Sério, eu nunca ouvi o Fay falar fora do campo de batalha, nem quando só estamos nós quatro juntos. Até o Yuki diz que às vezes ele tem dificuldade de fazer seu sacrifício falar.

—Fay sempre foi quieto – Kurogane respondeu, ocupado demais escolhendo uma roupa decente para notar o que estava dizendo – Ele nunca teve uma boa relação com seus pais, até onde eu sei ele apanhava muito até o dez anos e sofreu negligência por um longo tempo, sua saúde fraca também é devido à isso. Quando ele veio para a academia as coisas melhoraram um pouco, mas o problema com a fala continuou. Ele só fala quando se sente totalmente seguro, outros combatentes o deixam nervoso, pois seu pai era um combatente e foi quem mais batia nele, o campo de batalha é onde ele se permite relaxar, pois ele sabe que eu estou na frente, o defendendo.  Ah, ele também relaxa quando está com pessoas normais. E comigo, é claro.

O silêncio de Touya foi o que avisou o moreno que ele tinha dito coisas demais.

—Merda – Kurogane praguejou socando a porta do guarda-roupa – Olha, esquece o que eu disse, tá bem. Fay está melhor, a última coisa que ele precisa agora é alguém trazendo seu passado à tona.

—Ele teve um passado de merda – Touya soltou, completamente chocado com o que tinha ouvido.

—E você acha que eu não sei?

Suspirando profundamente, Kurogane sentou ao lado do amigo e enterrou a cabeça entre as mãos.

—Os pais dele… Ele ainda tem contato com eles?

—Não desde que veio para cá. No ano retrasado sua família tentou tirá-lo da academia, mas não chegou a entrar em contato com ele.

—Foi o ano em que você o adotou – Touya lembrou, compreendendo coisas que na época o tinham deixado confuso.

—Sim, Yukko foi quem mais ajudou com a papelada e a parte legal, eu tinha que tirá-lo do poder de seus pais. Parecia meio loucura um jovem se tornar o responsável legal de outro, mas foi o único jeito que encontrei de protegê-lo sem precisar tirar a vida de seus pais.

—Você os mataria – Touya percebeu com tranquilidade, se alguém fizesse com Yukito o que tinha sido feito com Fay ele não tinha certeza se assassinato pareceria tão repugnante como solução.

—Às vezes eu ainda quero – Kurogane revelou com cansaço – Quero destruir tudo o que o machuca, tudo o que o faz ter pesadelos e acordar gritando.

—Ele sabe disso?

—Sim. Conversamos sobre isso, você pode até duvidar, mas nunca tivemos problemas para conversar, quando estamos juntos Fay sempre diz o que pensa e o que quer. Ele sabe que eu mataria se isso significa que ele vai se sentir protegido.

—Bem, se um dia precisar de um cúmplice pode me procurar.

O tom era de brincadeira, mas os dois combatentes sabiam a linha de cada um, tocar seu sacrifício estava bem longe da linha do que eles podiam aceitar.

—Tem certeza que não quer tirar uma foto de suas adoráveis orelhinhas? É sua última chance – Touya provocou tentando melhorar o clima.

—Vá a merda Kinomoto.

E lutaram de brincadeira.

Dentro do guarda-roupa do combatente havia um álbum enorme contendo várias fotos de um sacrifício loiro e magro com brilhantes olhos azuis e as orelhas mais adoráveis do mundo. Elas tinham sido tiradas desde que o sacrifício tinha dez anos, em algumas um combatente estava presente, mas a maioria era apenas do loiro. A última foto ainda não havia sido colocada e fora tirada naquela manhã, mostrando o garoto loiro vestindo pijamas azuis, os cabelos bagunçados de quem acabara de acordar, suas orelhas praticamente desaparecidas na massa de fios dourados, seu rabo macio enrolado no rabo preto do combatente deitado ao seu lado, ambos de mãos dadas olhando com um sorriso bobo para a câmera. Amanhã haveria uma foto semelhante e totalmente diferente. Os dois estariam deitados lado a lado, com um sorriso bobo e de mãos dadas, mas as orelhas e o rabo não estariam mais presentes.

Um novo álbum de recordações começaria e mesmo ansioso e tremendo por dentro, Kurogane não podia esperar a hora de começá-lo. Assim como fora cada dia ao lado de Fay, o seu sacrifício.

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—Kuro-cão!!! Ou Kuro-cat seria melhor? Nah…

Fay pulou incapaz de aguentar toda sua agitação, Kurogane com orelhas e um rabo era tão…

—Kuro-cão é absolutamente mordível – ele constatou vendo o combatente rolar pelo chão após um chute bem dado no estômago de Touya – E eu aposto que o Fay gatinho também é sexy! Porque eu sou sexyyyy!

E dançou pela sala cantarolando. Ele podia se prender a parte difícil do mundo, a parte em que sua versão tinha apanhado quando criança e decidira lidar com aquilo através do silêncio. Ou ele poderia agradecer porque alguém… Não, ele estava cuidado do Fay gatinho.

E Fay ficaria com a segunda opção.

—Ok, próximo mundo porque acho que nesse as coisas vão ficar particulares demais e eu não sou um exibicionista. Pelo menos não tanto assim.

E a imagem se desfez dando espaço para outra.

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—Yoou… e Yui – o garotinho loiro soletrou com a língua para fora, desenhando as letras na cartolina com todo o cuidado – Pronto.

Yoou enrubesceu quando Yui sorriu para ele, o vermelho aparecendo na sua pele morena, um terceiro garoto estava sentado perto deles, ele tinha os cabelos tão longos quanto os de uma menina, cada fio mais branco que o outro, e era o melhor amigo de Yui e Yoou, e por coincidência seu nome era parecido com o dos garotos.

—Ficou bom – Yue elogiou num tom que sempre soava frio.

—O que acha Yo-chi? – Yui pediu com os olhos azuis brilhando.

—Fi… Ficou bom – o garoto moreno gaguejou totalmente sem jeito.

Yui riu e voltou a desenhar numa nova cartolina, o primeiro desenho jogado cuidadosamente na direção de Yoou. Yue analisava os dois amigos com frieza, seus olhos notando cada mínimo gesto de Yui e guardando o garoto loiro com ferocidade. Quando os conheceu, logo após entrar no colégio interno, Yoou teve medo de Yue, seu olhar frio e sua atitude não eram amigáveis e levou um bom tempo para ele se acostumar à presença do garoto de cabelo longos sem tremer de medo. Já Yui tinha sido quente e bom desde o começo, ele arrastava Yoou para cima e para baixo, sempre sabia uma brincadeira divertida que os três pudessem fazer além de desenhar as coisas mais bonitas; e por algum motivo que Yoou não sabia explicar, sempre que Yui sorria para ele, Yoou corava.

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—Eu… não entendo – Fay murmurou confuso – Em todos os outros mundos… Nunca foi Yui. Sempre foi… Mesmo que eu na verdade me chame Yui, nunca foi Yui. Que mundo é esse? E quem são esses dois?

Com um gesto Fay fez o tempo progredir, tentando ver lógica daquele lugar.

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—Acorda Yui – uma voz firme e gélida chamou sem emoção.

—Hum… Yo-chi – o adolescente murmurou sorrindo tolamente para seu travesseiro.

—Não, é o Yue. Vamos lá, Yui seus pais logo vão estar aqui. Acorde!

O garoto abriu os olhos azuis assustado com o quase grito de Yue, ainda sonolento ele se sentou no colchão, totalmente perdido e sem saber onde estava, quem ele era e por que ele estava acordado. Piscou algumas vezes, bocejando e se espreguiçando. Se Yue sorrisse, ele estaria sorrindo com a visão descabelada e amanhecida do loiro, ele não podia culpar Yoou quando o outro garoto se recusava a acordar Yui, considerando que ele mal podia ver o loiro sorrir sem fazer um tolo de si mesmo, se ele visse Yui acordar provavelmente ele não sobreviveria para o café da manhã.

—Yue? O que você está fazendo aqui? –Yui pediu com uma careta, coçando os cabelos loiros e os bagunçando ainda mais.

—É Natal e esse ano nós decidimos pela primeira vez ficar aqui. Seus pais e Yukito-san estão vindo.

—Sim! Vamos fazer companhia para o Yo-chi – Yui lembrou saltando da cama e correndo em direção para o seu armário – Eu cheguei a comprar um presente para ele e tudo o mais. Também comprei um para você, você viu? Deixei ontem a noite na sua cama quando você estava tomando banho – e uma cabeça loira surgiu na porta do guarda-roupa, uma camiseta cheirando a sono sendo lançada no ar.

—Sim. Eu não tenho ideia de quando vou usar uma capa branca, mas agradeço a intenção.

—Eu dou os melhores presentes ever— Yui proclamou feliz – Pelo menos os mais originais.

—Com isso eu não posso discordar – Yue confessou relembrando os presentes que tinha recebido até ali.

—Hey, você vai dar o que para o tio? Eu fiz um desenho de você, ficou muito bom e eu sei que ele vai gostar.

Yue não respondeu de imediato, seu coração batendo um pouco mais forte ao saber o presente de Yui. Yue tinha sido adotado quando era bem pequeno após ser separado dos pais quando as autoridades receberam uma denúncia de abuso infantil. Yukito era gentil e oferecera um lar tranquilo e seguro, ele nunca pressionara Yue para falar de seu passado e seus pesadelos; o mais importante, Yukito fez Yue e Yui se conhecerem e pagou o colégio interno para que Yue seguisse Yui assim como Yukito tinha seguido seu melhor amigo no passado. Yui era alegre e barulhento, corajoso e cheio de expressões, com um coração enorme e uma mente brilhante, era como um sol atraindo todos para si, e mesmo que o casamento de seus pais fosse tão frio quanto o olhar de Yue, Yui transbordava amor e aquecia todos a sua volta com carinho e ternura.

—Eu comprei um livro – Yue respondeu dobrando as roupas que Yui jogava – E para Yoou, o que você vai dar?

Yui saiu de trás da porta do guarda-roupa, um laço vermelho ao redor de seu pescoço de gesso.

—Eu! – respondeu com seriedade antes de rir descontroladamente.

—Faça essa brincadeira com ele e Yoou vai direto para a enfermaria – Yue avisou quase rindo da palhaçada do loiro.

Sem avisar, Yui se jogou em direção ao garoto com cabelos compridos, derrubando-o contra cama e deitando sobre ele, as pernas agitando no ar enquanto ele ria e tentava fazer cócegas em Yue. Justamente nesse momento a porta do quarto se abriu e a cabeça de Yoou surgiu, cabelos negros e desgrenhados jogados em todas as direções. O moreno congelou ao ver seus dois melhores amigos naquela posição, mas com um sorriso largo Yui o convenceu a se aproximar perto o suficiente para puxar o outro para a cama também e sem cerimonia se ajeitou sobre os dois garotos, sua cabeça na barriga firme e cheia de músculos de Yoou e suas pernas lançadas sobre Yue, seus pés lutando para atingir o rosto do outro garoto.

Yue olhou brevemente para Yoou, notando seu rubor e o desespero em seus olhos vermelhos. Por um lado ele tinha um pouco de dó, mesmo com o tamanho descomunal e a beleza inegável, Yoou era extremamente tímido e seu coração estava completamente entregue para as mãos de Yui desde o primeiro dia que se conheceram, cada vez que o loiro se aproximava demais, o tocava ou simplesmente prestava toda sua atenção nele, o moreno parecia prestes a entrar em combustão espontânea. Não que Yui fosse inerte aqueles sentimentos, Yue não seria enganado pelo tom de brincadeira do loiro, ainda mais quando o mesmo loiro estava olhando tão suavemente para Yoou enquanto ele fingia prestar atenção ao ataque no rosto de Yue.

—Temos que descer, estamos atrasados – Yue mandou olhando o relógio com preocupação – E você tem que entregar seus presentes – acrescentou antes que o loiro protestasse.

Eram as palavras certas, num pulo gracioso Yui correu pelo quarto reunindo alguns embrulhos numa enorme sacola vermelha, ele até mesmo havia comprado um gorro vermelho para a ocasião.

—Vamos lá, minhas pequenas e bonitas renas, o natal nos espera – o loiro anunciou jogando o saco no ombro e rindo cheio de energia.

—Se você deixar ele exceder a quantidade de doces usual, você vai ser o único a lidar com ele – Yue avisou para Yoou já prevendo toda a energia que seria necessária para acompanhar Yui durante aquele dia.

Yoou sorriu com culpa, ele nunca conseguia dizer não para Yui, ainda mais quando ele tinha aquele sorriso tão bonito no rosto.

Os três garotos se dirigiram para o pátio do colégio onde os pais e responsáveis se encontrariam com os alunos, era a primeira vez que o loiro e Yue passavam os feriados de fim de ano no colégio, a maior parte das crianças ia para casa nessa ocasião. Yoou sempre tinha ficado, até onde eles sabiam a situação na casa do moreno nunca tinha sido a melhor, seus pais viviam brigando e muitas vezes seus avós tinham que intervir. Na verdade, Yue tinha a impressão que os pais do moreno só estavam ainda casados porque os avós de Yoou jamais deixariam o divórcio acontecer, algo a ver com a honra e o nome da família.

—Daddy, mom.

Yui gritou correndo como uma criança em direção ao casal de loiros parados ali perto, Yukito estava ao lado deles, olhando com carinho o garoto de cabelos brancos e longos que vinha andando como uma pessoa normal deveria fazer. Até que os olhos de âmbar caíram sobre Yoou e o sorriso se desfez. Mais pálido do que já era, Yukito deu uma forte cotovelada em Fay, chamando a atenção do homem loiro e encarando Yoou com uma mistura de pavor e terror que Yue não compreendeu, ainda mais quando Fay mostrou o mesmo olhar.

O adolescente moreno parou de andar, pego de surpresa com aquela reação. Era a primeira vez que via os pais de Yui e o responsável de Yue, não havia porque os adultos mostrarem aquela reação com sua aparição. Alheio a troca de olhares, Yui já corria em direção aos dois adolescentes, seu enorme saco de presentes caído aos pés de sua mãe e seu gorro sacudindo de um lado para o outro, quase caindo de sua cabeça. Sem hesitar ele se jogou na direção de seus amigos, agarrando cada um deles num abraço apertado e sorrindo abertamente.

—Hey, aqueles não são seus pais? – Yui perguntou apontando um casal que se aproximava, o homem também tinha cabelos pretos espetado em várias direções e olhos vermelhos ensanguentados.

Ouvindo o que o filho dissera, Fay olhou na direção que o garoto apontava, seu coração perdendo uma batida. Mas foi Yukito quem disse o nome que não parava de girar na cabeça do loiro ao seu lado.

—Kurogane.

Os adultos se encararam, medo, raiva, ódio, saudade, decepção, surpresa, ciúmes, dor… Tantas coisas foram compartilhadas naquele olhar que Yue mal conseguiu decifrar todas elas, um sentimento estranho apertou seu coração e quase sem pensar ele abraçou Yui um pouco mais, garantindo que o menino ao seu lado estava bem, Yue nunca tentaria adivinhar o destino, mas naquela troca de olhares ele soube que dias turbulentos estariam vindo e Yui e Yoou estariam bem no meio daquela tempestade.

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—Hyuu – Fay murmurou chocado com a imagem na bacia.

O adolescente Yui era ele, Fay sabia que era, o cabelo bagunçado, o sorriso largo, a aptidão para desenhar, tudo gritava a adolescência do loiro passada no castelo de Ashura. Já o Fay adulto parecia muito com ele, mas ao mesmo tempo não era. Fay não tinha certeza do que havia de tão diferente, alguma coisa nos olhos, no formato do nariz… Era difícil dizer. Mas a mãe de Yui…

—Mãe – Fay murmurou congelando a imagem na mulher, seu coração tremendo.

Seus dedos deslizaram pelo líquido, fazendo o tempo correr.

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—Você não vai fazer isso, Yoou Suwa!

—Não? Espere para ver – o garoto berrou batendo o punho na mesa.

Seu avô vibrou com raiva, aquele garoto impertinente o estava desafiando e ele não aceitaria nada daquilo. Tinha passado o mesmo com seu filho e dobrara o garoto até que Kurogane fizesse sua vontade e aceitasse se casar, se seu neto achava que tinha qualquer vantagem sobre a vontade de seu avô, o velho não hesitaria em mostrar o quão errado ele estava.

—Você não vai arruinar o nome dessa família se unindo a um Fluorita – o avô afirmou com autoridade – Não enquanto eu viver.

—Você não pode decidir isso. É a minha vida!

Yoou estava tremendo por dentro, ele nunca tinha erguido a voz, nunca contradisse as ordens de seu avô, jamais desafiara a vontade do patriarca da família, durante toda sua vida ele vira seu pai baixar a cabeça e aceitar todas as exigências do avô, toda sua vida era para agradar seu avô e até certo ponto Yoou viveu da mesma forma. Dois anos atrás, quando seus pais e os pais de Yui se encontraram, o mundo simplesmente virou de cabeça para baixo, de repente havia um passado de seu pai que ele nunca soubera, um em que ele quase desafiara a vontade do avô de Yoou para ficar com o pai de Yui.

Era tão confuso, ele jamais diria que seu oto-san e o daddy de Yui teriam um passado em comum, muito menos que ele guardava por Yui os mesmo sentimentos que seu oto-san guardara por Fay. Havia uma parte da história ainda mais confusa, mas que não envolvia Yui e sim o responsável legal de Yue, Yukito, algo sobre um velho amor de infância que ele nunca esquecera e que com toda aquela confusão Yukito decidira correr atrás. Até onde as notícias iam, Yukito estava conseguindo bons resultados.

—Não ouse me desobedecer, garoto – seu avô gritou furioso.

—Eu não vou me casar com aquela garota. Inferno, eu nem sei quem é aquela garota – Yoou declarou respirando profundamente.

Toda a família estava reunida, seus pais a sua direita, sua mãe soluçando baixinho e seu pai com a cabeça baixa, calado como uma pedra, seus tios estavam do outro lado, todos mudos e horrorizados com a atitude de Yoou. Somente seus avós estavam a sua frente, sua avó completamente chocada e seu avô transbordando raiva. A garota em questão estava lá também acompanhada por seus pais, tão calada quanto os outros.

Logo atrás de Yoou, Yui e Yue estavam lado a lado, aguardando o fim da discussão e servindo como apoio para a decisão de Yoou, alguns dias atrás eles tiveram uma conversa semelhante, mas mil vezes mais pacífica com a família Fluorita e tudo saíra quase bem. Fay ainda não queria seu filho envolvido com um Suwa, porém cedera ao ver Yoou gaguejando e tremendo da cabeça aos pés enquanto conversava com Fay, e ainda sim, se mantendo firme em sua decisão. Fay não o achara forte ou corajoso como um dia ele tinha decidido que Kurogane era, Yoou tinha outro tipo de coragem e por isso o Fluorita mais velho deu a benção que os garotos estavam procurando.

—Você é jovem demais para tomar essa decisão, assim como seu pai era e eu tive que guia-lo.

—E ele odeia minha mãe tanto quanto ela o odeia – Yoou revelou exausto daquela discussão.

O grito feminino de sua mãe foi o único som na sala após aquelas palavras, sua avó estremeceu e a verdade que todos na sala sabiam, mas faziam questão de ignorar, foi jogada nua e crua.

—Eles se odeiam. Eles não dormem juntos, eles nem se quer falam um com o outro. Você errou ao obrigar meu pai a se casar e está errando de novo. Só que eu não vou aceitar. Eu amo minha família, o senhor sabe disso, mas não vou ser infeliz por vocês.

—Se você não aceitar o que eu estou mandando, você pode sair daqui e nunca mais voltar – seu avô cuspiu tremendo de ódio.

—Chega!

Dessa vez foi Yui quem quebrou o silêncio, o loiro estava preocupado, Yoou estava sofrendo muito, mesmo que ele se mantivesse de pé era nítida a tensão sobre seus ombros e a dor em sua voz. Sem hesitar ele ficou ao lado de Yui, o garoto era pequeno comparado ao moreno ao seu lado, mal batia em seu ombro e desde que deixara os cabelos crescer como Yue sua figura ficou ainda mais delicada.

—Qual é o seu problema? – ele perguntou para o avô de Yoou – Você consegue amar alguém além de si mesmo e seu orgulho estúpido?

—Não se atreva… – o patriarca dos Suwa começou.

—A te enfrentar? A ficar do lado de Yoou como meu pai devia ter ficado ao lado do seu filho? A não ficar de fora jogado num quarto qualquer enquanto eu vejo Yoou cometer o maior erro de sua vida? A não deixar que sua vontade seja maior do que a minha? Nunca. Você pode determinar o destino de seus filhos e netos, pode criar uma família perfeita em sua cabeça, mas não na vida real. Não pode tirar o direito de escolha das pessoas na vida real. Não vou permitir que faça isso com Yoou e muito menos comigo.

E com possessividade Yui segurou a mão de Yoou, olhando desafiadoramente para todos os Suwa presentes na sala e para a garota com seus familiares.

—Ele é meu!

E marchou para fora arrastando Yoou sem dar tempo para que alguém os impedisse. Yue chegou a se virar para acompanha-los quando mudou de ideia e decidiu dar o último recado:

—Dessa vez, vocês mexeram com o Fluorita errado – e olhando com um misto de pena e nojo para Kurogane, acrescentou – E com o Suwa errado também.

E seguiu seus amigos. Chovia do lado de fora e quando ele os avistou seus melhores amigos estavam presos nos braços um do outro, deixando a chuva lavar seus medos e as lembranças terríveis que ficaram daquele encontro. Yue sorriu pela primeira vez na vida, olhando o céu com desafio.

—Vocês nunca serão capazes de separar Yoou e Yui. Não importa em que mundo seja.

E correu para o carro que os esperava, ordenando para que os dois amantes fizessem o mesmo antes que pegassem um resfriado ou coisa do tipo. Yui riu e empurrou Yoou no banco de trás, se jogando em cima do moreno e de alguma forma conseguindo fechar a porta com o pé.

—Para onde? – Yue pediu girando a chave e mudando de marcha.

Olhos vermelhos encontraram olhos azuis, o rubor se intensificando na pele morena.

—Para qualquer lugar – Yoou mandou abraçando Yui com força.

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—Fay?

O mago ergueu a cabeça da bacia, sua atenção totalmente presa na história que se desenrolava, tão atento que foi uma surpresa ver seu Kurogane parado na porta, olhando com desconfiança a bacia e a luz fraca que ela emitia.

—Kuro… – Fay devolveu num tom incerto, sua mente confusa girando vertiginosamente – Yoou?

Kurogane arregalou os olhos, pego totalmente desprevenido.

—Há muito tempo não me chamam assim – ele murmurou atordoado – Como você… O que você estava fazendo enquanto estivemos atrás da pena?

Fay não respondeu de imediato, uma lágrima solitária correu por seu rosto e ele não se deu ao trabalho de limpar, ao invés disso ele voltou à imagem na bacia, vendo Yui se aconchegar entre as pernas de Yoou e sorrir com confiança.

—Seu pai… Ele era impossivelmente parecido com você – Fay murmurou tocando a imagem com carinho antes que ela sumisse de vez e a água voltasse a ser apenas água.

—Sim. Eu sou praticamente a versão dele mais nova. Bem, não mais, acho que a última vez que o vi ele tinha a mesma idade que tenho agora. Como soube dessas coisas? Andou falando com Tomoyo?

—Não – e de repente ele não podia segurar mais as lágrimas.

Assustado com a reação do loiro, Kurogane se aproximou com cuidado, sem entender nada do que estava acontecendo. De repente uma ideia veio até ele e ele tentou:

—Yui?

O loiro o encarou, as lágrimas corriam por seu rosto de gesso e ainda assim era a coisa mais linda que Kurogane já tinha visto.

—Eu estava entediado… Há um feitiço… É parecido com a viagem entre os mundos, só que ao invés de viajar eu posso observar o que acontece nos mundos. Eu nunca tinha feito nada parecido antes, então resolvi tentar.

O loiro se calou, respirando fundo tentando se acalmar. O moreno ergueu o braço de metal até que pudesse tocar os fios loiros com carinho enquanto sua mão humana secava as poucas lágrimas que ainda rolavam.

—O que você viu?

—Em todos os mundos havia um Fay apaixonado por um Kurogane. E um Kurogane para cuidar de um Fay – e sorriu, os lábios trêmulos e o coração acelerado.

—Idiota, não tinha que fazer um feitiço para descobrir isso. Eu sempre vou cuidar de você – Kurogane resmungou ficando sem graça.

—Eu sei, Kuro-chi. Mas havia um mundo, o último mundo… Nele, havia um Fay e um Kurogane, mas eles não estavam juntos.

O moreno suspirou, entendendo a reação do loiro. Ele nunca tinha pensado naquela hipótese, mesmo que na viagem entre os diversos mundos eles corressem o risco de em algum momento encontrarem suas versões, até aquele mundo nunca tinham visto outra versão do ninja e do mago, apenas das crianças e fora em pouquíssimas vezes. Saber que em um mundo eles não ficavam juntos devia ter enfraquecido a confiança que Fay tinha neles, uma confiança que tinha sido difícil de estabelecer e que levara muito tempo e muitos mundos para se firmar.

—Idiota. Não é porque em um mundo as coisas dão errado que as coisas vão dar errado com a gente.

—Você não entende, não deu errado – o loiro respondeu, os olhos brilhando.

—Mas você disse…

—Nesse mundo havia um Yoou – o mago interrompeu calando o outro – E havia um Yui.

—E eles ficaram juntos – o ninja completou entendendo a situação.

O loiro concordou agitando a cabeça, um sorriso trêmulo brincando em seus lábios.

—Yui – o ninja sussurrou tomando o rosto a sua frente com cuidado.

—Yoou – e o sorriso ficou um pouco maior.

—Eu jurei entregar a você minha vida, meu coração e meu braço. Mas não o meu nome, porque ele pode mudar. Mas não o que eu sinto. Idiota.

—Então tudo bem se eu te chamar de Kuro-chan? Kuro-chi? Kuro-puu, Kuro-yay, Kuro-pi, Kuro-dog, Kuro-meow, Kuro-wan, Kuro-pon, Kuro-chu, Kuro-bad, Kuro-pet, Kuro-wolf, Kuro-tan?

Era brincadeira, os dois sabiam e ao invés de cair no jogo e ficar irritado, o ninja calou o loiro com um suave beijo.

—Ou Yoou – ele completou aproveitando o momentâneo silêncio – Se eu puder te chamar de Yui.

O mago pensou na proposta, Yui não parecia pertencer a sua vida mais, ele tinha passado por tantas coisas, sentindo tantos sentimentos e conhecido tantos mundos como Fay…

Yui era seu passado.

Mas também era o eu do passado que tinha um irmão gêmeo que ele amava, um eu do passado que se lembrava do sorriso doce de sua mãe, o eu do passado que tinha sofrido muito e mesmo assim sobrevivido. Ele tinha orgulho de Yui.

—Tudo bem.

E sem esperar mais um segundo Yoou Suwa selou seus lábios com os lábios de Yui Fluorita num beijo casto e tranquilo. Dias atrás os dois homens tinham sentado para discutir o futuro e ambos decidiram que quando achassem todas as penas, eles voltariam para o mundo do ninja, mas não ficariam em Nihon, e sim tentariam reerguer Suwa, expulsando todos os demônios que ainda estivessem por lá. Era o futuro que o mago prometera entregar num dia quente em Nihon, juntamente com sua magia e sua alma. Ali, enquanto eles olhavam um para o outro e após ver todos aqueles mundos, o loiro se sentiu confortável o bastante para entregar o último item.

—Eu descobri uma coisa vendo todos aqueles mundos.

—O que?

—Você é meu mundo. Em qualquer mundo.


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Notas finais do capítulo

É isso.
Obrigada por aqueles que me acompanharam até aqui. Nos vemos na próxima.



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