Desespero escrita por BiahMulinPotter


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Então, eu ia postar uma one +18 de No. 6 essa semana, mas acabei escrevendo isso hahhahaahah
Essa fic foi meio que uma loucura minha, porque eu escrevi em 20 minutos. Sério, acho que nunca fiz algo tão rápido e tão maluco.
Anyway, me perdoem por isso...
Se estiver muito ruim, lembrem-se que foi um momento de loucura...
Boa leitura!

PS: Usei o nome Tepa na outra fic, e é o nome da gata da Yulia.



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  Um silêncio mórbido machucava seus ouvidos enquanto esperava naquele corredor. Ninguém se atrevia a falar, todos imensamente preocupados e ansiosos por notícias. Mesmo Otabek não sendo a pessoa mais sociável do mundo, seu coração estava repleto de gratidão pela presença dos outros: Yakov Feltsman, Lilia Baranovskaya, Mila Babicheva, Georgi Popovich, Viktor Nikiforov e Yuuri Katsuki. Estavam todos lá, sofrendo com a falta de informação. 

  Otabek não conseguia se concentrar em nada. Percebia a movimentação do hospital, enfermeiras correndo, médicos conversando, pacientes sendo levados de um lado para outro, mas não dava nenhuma atenção. Só queria saber dele.

  Horas se passaram, e nada. Seriam horas? Ou apenas minutos? Não saberia dizer, mas, para ele, era uma eternidade. Queria estar com Yuri... Por que essa demora?

  Todos se levantaram rapidamente quando um dos médicos se aproximou. O coração do moreno batia muito rápido, suas mãos suavam, a respiração teimava em não sair.

(...)

  Yuri sabia que não deveria estar daquele jeito. Ok, sua gata morrera, mas aquilo era um exagero! Há dois dias não saía do quarto, nem parava de chorar. Não queria comer, ver televisão ou fazer qualquer coisa. Faltara os treinos e, o pior de tudo, importunara Otabek.

  Ele simplesmente não conseguia se sentir melhor. Estava miseravelmente triste, e nada que as pessoas dissessem fazia efeito. Sabia que era ridículo, que Tepa era velhinha e não poderia viver por muito mais tempo, mas... Não havia explicação, ele só não superava.

  Otabek podia ver que o mais novo estava no fundo do poço. Naquele momento, abraçava um Yuri melancólico e choroso. Lágrimas escorriam por suas bochechas e molhavam a camisa do moreno, mas ele não se importava. Nunca tinha visto Yuri tão triste. Aquilo partia seu coração. Afagava seus cabelos macios e sussurrava palavras de conforto.

  - Beka... – O jovem finalmente ergueu os olhos, que estavam vermelhos e inchados.

  - O que foi? – Perguntou gentilmente.

  - Eu acho melhor... Você ir para casa. – Yuri sussurrou, a voz falhando.

  - O quê? Por quê? – O mais velho estava surpreso com o pedido, sentiu um aperto no peito.

  - Eu só... – O russo engoliu. – Só quero ficar sozinho, está bem?

  - Tem certeza? – Perguntou, e o mais novo assentiu sem dizer uma palavra.

  Otabek, então, suspirou e beijou sua testa, demorando tempo demais para sair. Talvez ele mudasse de ideia. Mas, no fim das contas, não aconteceu. Não conseguindo se controlar, o moreno enviou uma mensagem assim que deixou o apartamento do outro.

  “Qualquer coisa, pode me chamar.”

  “Ok”, foi a resposta do russo. Duas letras, mais nada. Otabek franziu as sobrancelhas, preocupado. Não sabia se fizera o certo deixando Yuri sozinho.

  No dia seguinte, o jovem apareceu para treinar. Já não chorava. No entanto, parecia muito mais pálido que no dia anterior. Os olhos, geralmente determinados, estavam distraídos e infelizes.

  - Yuri! – Mila chamou quando o viu. Ela correu até ele e o abraçou. Otabek - que ficara na Rússia treinando com Yakov desde que ele e Yuri começaram a namorar - apenas observou enquanto o mais novo se soltava. Não houve gritos, nem chutes. Estranho. Então, a ruiva disse: - Não se preocupe, vamos comprar outro gatinho para você!

  Yuri arregalou os olhos parecendo chocado e ofendido. Não era culpa da patinadora, Otabek sabia que ela amava o outro como a um irmão, mas realmente... aquela era a pior maneira de se consolar alguém.

  - Yura... Está melhor? – Ele interveio, antes que as coisas ficassem mais estranhas. O russo apenas deu de ombros.

  Foi um treino horrível. Yuri não conseguiu se concentrar um segundo, por isso levou vários tombos. E Otabek não estava muito melhor.

  - Você está bem? Está machucado? – Perguntou enquanto se aproximava do loiro, após uma queda realmente assustadora.

  - Estou ótimo. – Mas ‘ótimo’ era, de longe, a palavra errada para descrevê-lo naquele momento.

  - Por que não vamos embora? Eu te levo em casa... Yakov não vai se importar, não estamos conseguindo fazer nada direito mesmo.

 - Tá...

  Eles não conversaram durante a viagem, e o silêncio incomodava o mais velho. Existia uma barreira entre os dois. Mas talvez fosse apenas sua imaginação...

  Quando chegaram, Yuri despediu-se com um selinho. Não houve “obrigado”, ou “nos vemos mais tarde”. A verdade era que o moreno esperava poder entrar e conversar com o outro, mas o jovem não deu oportunidade.

  Yuri realmente precisava ficar sozinho. Deitou-se na cama e encarou o teto por muito tempo, sem mover um músculo. A noite chegou, mas não se deu ao trabalho de acender as luzes. Quando comera pela última vez? Era estranho comer em casa sem que Tepa tentasse roubar algumas mordidas.

  Tepa... De repente, Yuri se lembrou de como ela entrara em sua vida.

  Ele tinha quatro anos. O cômodo estava cheio de enfeites natalinos, e sua mãe entregava-lhe uma caixa que não parava de se mexer.

  - Abra, Yuratchka! – Ela ria.

  Quando Yuri abriu, lá estava Tepa, uma pequena bolinha de pelos brancos e cinzentos. Ele estava tão feliz que agarrou a gatinha e saiu correndo com ela pela casa enquanto seus pais e seu avô riam.

  O russo enrolou-se como uma bola e começou a chorar. Há quanto tempo não chorava pelos pais? Sentia tanta falta deles... Horas passaram antes que ele conseguisse levantar. O pequeno ligou a televisão, procurando algum tipo de distração. Acabou colocando em um canal de notícias. Aparentemente, uma família tinha morrido com intoxicação por monóxido de carbono. Não era uma novidade naquela época do ano.

  “Morrer assim não deve ser tão ruim”, Yuri pensou. O que estava falando?

  - Grande idiota – Disse em voz alta.

  O treino do dia seguinte não foi melhor. Otabek ficava cada vez mais preocupado, sentia que seu pequeno Yuri estava se isolando. Não podia deixar que isso acontecesse. Tinha que trazê-lo de volta, mas não sabia como.

  - Yura, por que não vem comigo hoje? Pode passar a noite lá em casa. – Ofereceu, dessa vez sem segundas intenções.

  - Claro. – O moreno ficou extremamente surpreso com a resposta do mais novo. Esperava mais resistência. Contudo, não podia se queixar.

  Os dois acabaram tendo uma noite bem agradável. Conversaram bastante, comeram, jogaram, trocaram beijos e carícias mais íntimas. Mas não passaram disso, tinham um combinado de não fazer sexo até que o mais novo estivesse pronto. E aquela, definitivamente, não era a noite certa.

  Quando acordaram, era domingo. Otabek pensou que passariam o dia juntos, mas Yuri preferiu ir para casa. Aquilo fez seu coração voltar a doer, preocupado. Porém, seus protestos de nada adiantaram.

  Chegando em casa, Yuri atirou-se sobre o sofá, sem querer se mover. Tivera uma ótima noite, mas, não sabia o porquê, ficara ansioso para voltar.

  Lembrou-se, mais uma vez, dos pais e de como sentiu-se desamparado quando partiram. “Tudo bem”, costumava repetir o jovem russo, “Vou ficar bem. Eu tenho o vovô e...

  Yuri sentou-se com um salto, os olhos arregalados. Tinha sido como um estalo.

  - E a Tepa. – Completou o pensamento.

  As lágrimas voltaram aos seus olhos. Tepa partira. E o seu avô... estava doente, e velho. Logo ele o deixaria também. E ficaria sozinho. Não. Começou a soluçar. Chorava tão alto, parecia sentir uma dor horrível. E sentia. Estava sentindo o peso da solidão.

  “Eu não posso ficar sozinho! Não quero!”, pensava desesperado, “Não posso. Não posso. Não posso. Não posso. Não posso.”

  Ele chorava, esperneava, gritava. Sabia que estava enlouquecendo, mas o que podia fazer? Estava com medo, com muito medo! Tudo de ruim que sentira durante a vida parecia despejar sobre ele. Ele não entendia, não suportava... 

  Nem a patinação, que sempre fora um pilar em sua vida, parecia confortá-lo. Afinal, tivera uma derrota humilhante no mundial daquele ano. Decepcionara sua nação, seu avô, sua equipe... 

  O que podia fazer...

  Lembrou-se da família que morrera com monóxido de carbono.

  Seu avô entenderia, não é mesmo? Otabek também... Afinal, ele era Yuri Plisetsky, mal-educado, grosso e impertinente. Não esperava que o moreno fosse ficar ao seu lado por muito tempo. Ele só... não podia.

  E, num momento de desespero, Yuri tomou uma decisão da qual se arrependeria amargamente.

  (...)

  Na noite de domingo, Otabek estava inquieto. Era como se algo muito ruim fosse acontecer. Ele não sabia o quê, mas não parava de pensar em Yuri. Por fim, decidiu ir até o apartamento do outro, e não deixaria que o jovem o expulsasse, ficaria lá até ter certeza de que estava tudo bem.

  Logo que chegou, notou algo errado. Bateu e não obteve resposta. Sabia que a chave estava debaixo do tapete, então não teve problemas para entrar.

  Chamou pelo mais novo, mas não ouviu barulho algum. “Talvez ele tenha ido ao mercado”, pensou. Então, viu a porta de seu quarto fechada. Estranho. Ele nunca fechava aquela porta. Não fazia sentido, já que morava sozinho. Otabek correu até lá, o coração saindo pela boca. Algo estava muito errado.

  Escancarou a porta. Com a visão periférica, percebeu as toalhas tapando todas as possíveis frechas das janelas, e a parte de baixo da porta. Mas então o viu.

  - YURI! – Gritou. O pânico tomando conta de seu corpo.

(...)

  Yuri piscou. Onde estava? Podia sentir algo em seu rosto. Fez um movimento para retirar o que quer que fosse, mas foi impedido por uma mão.

  - Não faça isso – Advertiu Otabek. A voz suave, mas um pouco trêmula. Segurou a mão pálida do mais novo e a levou até os lábios. Yuri suspirou com o toque, o que foi engraçado, por causa da máscara de oxigênio. Máscara de oxigênio?

  A realidade o acertou em cheio. O que tinha feito? Droga! Otabek deve ter percebido sua mudança, pois chegou mais perto e acariciou seu rosto. Os olhos arregalados do russo querendo dizer mil coisas.

  - Por que fez isso, Yuri? – Perguntou, triste. O mais novo queria responder. Pedir mil desculpas, explicar como estava desesperado e como fora egoísta. Mas não pôde. – Eu pensei que o tinha perdido.

  Um lágrima escapou e deslizou pela bochecha do moreno. Nunca o tinha visto chorando. Aquilo partiu o coração de Yuri.

  - Acha que eu o perdoaria por me deixar? Está errado, eu não perdoaria. Pois eu te amo. E, mesmo que sejamos jovens e estúpidos, tenho certeza que quero passar minha vida inteira ao seu lado!

  “Minha vida inteira...”, a fala ecoou nos ouvidos do russo. Ele quis chorar. Era tão idiota! Por que fizera algo tão estúpido? Estava confuso... Mas aliviado por estar vivo. Droga, o que o avô pensaria? Que dor deve ter causado a Otabek!

  Ignorando os protestos do mais velho, Yuri tirou a máscara. Ele tinha que dizer alguma coisa, ou morreria!

  - Eu sinto muito! – Sussurrou, a voz não saindo direito. Os olhos ainda desesperados e confusos. – Não sei o que deu em mim... Eu estava com tanto medo! Droga, ainda estou com medo...

  - Do quê? – Otabek acariciou sua bochecha, as sobrancelhas franzidas de preocupação.

  Yuri não respondeu de imediato. Era ridículo. Otabek acharia seu motivo estúpido.

  - De ficar sozinho...

  - Ah, Yura... – O moreno suspirou. – Você nunca vai ficar sozinho... Eu estarei do seu lado. E você tem várias pessoas... Estão todos lá fora, esperando você acordar.

  O coração do jovem aqueceu um pouco. Mas, no fundo do seu ser, ainda podia sentir aquela sensação... aquele pânico misturado ao alívio de estar ali.

  - Beka... Eu sinto muito mesmo. – Ele repetiu. As mãos procurando o maior, que as segurou. – Eu não quero morrer. Mas preciso de ajuda... Tenho medo de que isso possa acontecer de novo.

  - Não vai acontecer. – Otabek afirmou. – Vamos procurar ajuda. E eu vou ficar de olho em você 24h por dia.

  Aquilo fez Yuri rir.

 - Isso tudo também foi minha culpa. – O moreno pereceu infeliz. – Eu devia ter percebido...

  - Não foi sua culpa. Não seja idiota. Eu até poderia te chutar por dizer isso. - Otabek sorriu. Era bom ver o outro voltando ao seu normal.

 - Acho melhor você descansar... Tente voltar a dormir. O médico disse que você deu sorte, eu o encontrei bem na hora que desmaiou, então não vai ter nenhuma sequela da intoxicação. – Otabek franzia as sobrancelhas enquanto falava, era difícil para ele.

  - Obrigado... – Yuri sussurrou, com sinceridade. O moreno já estava puxando a máscara do outro para o lugar quando esse o parou. – Ainda não.

  Otabek entendeu a deixa e o beijou. Era tão bom poder tocá-lo, ter certeza de que estava vivo e bem.

  - Pode deixar, eu aviso aos outros que você vai dormir mais um pouco. – Ele garantiu enquanto Yuri adormecia.

  Otabek permaneceu ali, observando o mais jovem, seu peito subindo e descendo. Estava vivo. E continuaria vivo. O moreno faria tudo para protegê-lo.


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Notas finais do capítulo

Então?? Muito louca?? hahahaha Socorro!!
Espero que relevem os erros, pois eu realmente fiz muito rápido esse negócio.
As minhas futuras fics OtaYu serão normais e fofinhas, como a que eu fiz antes. Prometo.
Sorry pelo Yuri OOC, eu geralmente não curto esse tipo de coisa, e procuro não mudar muito a personalidade dos personagens. Mas o Yuri age diferente com o Otabek, na minha cabeça. E, nesse momento, ele só estava frágil.
Espero que vejam que não foi exatamente a morte da gata que fez o Yuri tomar aquela atitude, isso foi só a ponta do iceberg.
Enfim, eu sei que não tem nada a ver com as coisas que eu costumo escrever...
Beijinhos ;)