Lá se vão quase cinco meses desde aquela noite horrível onde em um segundo tudo era perfeito e em outro, você me deixava. Ainda não compreendo, admito. Mas respeito, de verdade. Só que ficou aquele vazio, sabe? Um vazio cheio de muita coisa, e muita coisa cheia de um vazio.

É complicado.

Bem, se não fosse complicado, não seria comigo. Tudo pra mim é assim, nada vem tão fácil ou se vem, pode esperar pela armadilha logo a frente. O problema é que sou ingênua. Sempre acho que uma hora o universo vai ter… pena? Que seja. Pena. Sempre acho que uma hora ou outra algo de bom vai chegar pra ficar. Sonho com isso todos os dias. Mas a maior parte desses sonhos é sobre você.

Você, que chegou de surpresa, quando eu menos imaginaria. Você que chegou de mansinho, com uma fala ensaiada e tímida e não sabia o que fazer com as mãos enquanto me contava uma história. Você que eu achei que saberia lidar, que não iria me apegar. Como eu disse, posso ser muito ingênua.

Há dias que as lembranças torturam pela vivacidade. Em outros dias, torturam porque me escapam quando mais quero lembrar. Lembro pouco da primeira vez que te vi. Mas ainda assim, lembro. E essa vaga memória me faz sorrir, ao passo que me parece uma mão apertando minha garganta, me sufocando. Sinto tanto sua falta.

Aquele sorriso bobo, seu jeito descontraído, seu cheiro, seus olhos… Que ingênua fui de acreditar que eu não me apaixonaria por cada detalhe de você. Que ingênua sou por ainda não conseguir deixar isso de lado.

Mas como eu poderia? A cada passo que dou, algo me faz lembrar você. As pessoas continuam me dizendo que vai passar, que vou esquecer, que tenho que tentar, pois parece que eu não tento. Já tentei sim. Mas dói. E percebi que não quero. E não tem por que.

Mas mesmo que eu quisesse muito mesmo, não ia rolar. A cada pagina que visito, um nome vai sempre me chamar a atenção, porque é o mesmo que o seu. A cada postagem aleatória no facebook, uma música que você cantou. A cada música aleatória, uma que você já chegou a dizer que te fazia lembrar de mim. Ou então, qualquer música que fale de um amor que não pode acontecer, qualquer música que se questiona onde está a pessoa amada. Tudo me faz pensar em você.

Que saudades eu tenho do pouco tempo que passamos juntos. Que saudades das noites conversando por whatsapp, facebook ou Skype, pra matar as saudades e fazer planos… Planos que você mesmo veio a quebrar quando decidiu que seria melhor o fim.

Eu sei que relacionamentos a distancia são complicados. Mas faltava tão pouco… E você desistiu. Aquilo acabou comigo, e olha que não sou de me deixar abalar assim. Costumava brincar que tinha o coração blindado. Mas de alguma forma, você conseguiu ultrapassar essa blindagem com um sorriso lindo, um carinho e uma audácia que eu nunca conheci.

Fico tentando recapitular nossas conversas, nossos toques, nossos silêncios. Nem tudo vem a tona quando quero, e isso acaba abrindo espaço para momentos em que uma simples palavra, pode me fazer reviver alguma lembrança.

Não estou livre nem em minha conta do youtube. Aquele bendito vídeo seu já fica a espreita na pagina inicial esperando para que eu assista novamente. E raramente eu rejeito. Assisto, assisto de novo. Pra tentar lembrar um pouco da tua voz, e como ela acariciava meu ouvido quando você me abraçava.

Você me disse que queria continuar falando comigo, porque você não queria desaparecer da minha vida, já que queria voltar a me ver um dia. E mesmo assim, você mesmo me disse que achava que deveria parar de falar comigo por estar me prendendo a você.

Você nunca vai me prender. Assim como eu espero não te prender. Mas não espere que eu simplesmente vá deixar de lado o cara que conseguiu quebrar a blindagem que eu cultivava firmemente. E mesmo assim… Você não me respondeu mais. E eu não tentei mais falar contigo. Por quê? Medo. Simples assim. Medo de piorar a situação e perder a mínima possibilidade de voltar a te ver um dia.

Eu te amo. E acho que sempre vou amar. Sinto sua falta. E acho que sempre vou sentir, enquanto não estiver com você.

We will see each other again one day. Deal? Deal.

— Gabriela Pedroso.