Os nossos lábios ficaram colados durante algum tempo. Aquele beijo era viciante, eu não queria que terminasse… Quando nos separamos eu já sentia falta de alguma coisa. Era tudo muito novo, muito estranho.

Eu não sabia o que havia de dizer, nem ele, portanto desta vez fui eu a puxá-lo para um outro beijo. O violinista ia tocando cada vez mais alto, e os pares que saiam do restaurante dançavam alegres. Quando nos separamos o Jared levantou-se, pediu-me a mão e levou-me para o centro daquele local. Era como se eu estivesse num conto de fadas! E eu reconhecia a música, e cantava-a na minha cabeça:

Dancing bears, painted wings

Things I almost remember

And a song someone sings

Once upon a December

Ele movia-se agilmente, cada passo me transmitia segurança, calor, amor…

Someone holds me safe and warm

Horses prance through a silver storm

Figures dancing gracefully

Across my memory

O som era cada vez mais impossível de ignorar! Eu conhecia aquela musica praticamente desde que nasci. Era linda, a minha favorita!

Far away, long ago

Glowing dim as an ember

Things my heart used to know

Things it yearns to remember

Toda a minha vida foi de uma perdedora! No teatro, na dança, na natação! O que eu me esforcei para encontrar algo em que fosse boa, portanto, quando tive a oportunidade de ir trabalhar mais cedo agarrei-a com unhas e dentes.

Someone holds me safe and warm

Horses prance through a silver storm

Figures dancing gracefully

Across my memory

Por momentos imaginei-me num verdadeiro castelo, igualzinho ao da Snow White, num baile, no meu baile, a dançar com o meu par.

Far away, long ago

Glowing dim as an ember

Things my heart used to know

Things it yearns to remember

E a música estava a terminar… ele levantou-me e rodou-me. Eu não me sabia capaz de dançar assim tão bem, mas com o Jared tudo era diferente! Era como se tudo em que eu costumava falhar se reajustasse.

And a song someone sings

Once upon a December

Quando soou a última nota nós paramos e ele beijou-me outra vez. E nesse momento eu senti que queria mais… eu queria nunca sair dos seus braços, queria desvendar os segredos por detrás daqueles misteriosos olhos. Todos seguiram as suas vidas, e eu acordei do meu conto de fadas. Às vezes desejava que todas aquelas histórias da Disney fossem reais. Seria tão fantástico poder viver num mundo de magia… mesmo sabendo que a minha vida não iria ser perfeita (porque nenhuma é), eu queria fazer parte daqueles mundos. Talvez seja por isso que me dedico tanto a escrever, porque posso criar o que eu quiser com o papel e o lápis! Não há nada melhor do que escrever, ao som de uma boa banda sonora e acompanhada de um copo de coca-cola.

Nós despedimo-nos do Samuel, ele parecia muito contente por nos ver juntos, embora mal me conhecesse. Eu estava realmente curiosa por saber a relação dele com o Jared, mas essas perguntas poderiam ficar para outro dia, aliás, todas podiam.

Nós fomos de scooter até ao hotel, iluminados pelas luzes de Nova Iorque. Ele deixou-me à porta, como um autêntico cavalheiro! Eu estava a tentar ganhar coragem para o convidar a subir, mas como lhe dizer. Será que ele me ter salvo de um atropelamento, uma manhã inteira a guiar-me pela cidade e um jantar recheado de beijos e dança, eram suficiente para eu fazer isso? Sim, porque eu sei o que é que vai acontecer se ele subir… foda-se! Estou farta de pensar, talvez seja esse o meu mal!

—Queres subir?

POV. Jared

Eu continuava ali parado, à espera de não sei o quê. Eu queria que ela me convidasse para subir, mas será que queria mesmo? Comigo só aconteceu uma vez, e foi o pior erro da minha vida, e pior… foi com alguém que eu não queria que tivesse sido: a Olivia. Eu fui muito estúpido e imaturo, e agora ela anda sempre atrás de mim. Não que eu não goste dela, eu gosto, mas como amiga e companheira de trabalho (as cenas com ela em estúdio são as piores para mim). Mas com a Anastasia, com ela era diferente. Aqueles cabelos ruivos desarrumados, os olhos azuis, a roupa desalinhada... Tudo nela me transmitia um certo encanto, como se ela fosse a minha princesa, o meu amor verdadeiro! Sei que parece piroso, mas eu sempre fui o tipo de rapaz que ficava horas a assistir os filmes da Disney e a criar universos alternativos na minha mente para os personagens e especialmente para os vilões! Era tudo tão mágico, tão diferente! Uma alternativa à merda que o mundo real às vezes é.

—Queres subir? – perguntou ela, algo envergonhada.

Eu hesitei, mas eu gosto dela, eu gosto de tudo nela… e quero-a.

—Sim princesa – assenti eu, com sinceridade.

—Estou mais para duquesa – respondeu ela em tom de brincadeira, fazendo referência à Anastasia Romanov, filha do czar russo.

E eu ri, ela encantava-me cada vez mais

POV. Anastasia

Eu abri a porta do quarto, com as mãos trémulas. Eu não sei porque estava tão nervosa, não era a minha primeira vez, nem a segunda… Eu fui criada numa família de mente MUITO aberta, e, portanto, o sexo nunca foi um grande tabu. Mas desta vez eu sentia-me mesmo nervosa, mais do que na 1ª vez! Desta vez eu queria que tudo fosse perfeito!

Pousei a carteira no sofá do quarto e comecei a desabotoar a camisa, mas as minhas mãos trémulas não me permitiam. Ele apercebeu-se disso, e ajudou-me, muito calmamente, enquanto me beijava o pescoço e a boca.

POV. Jared

Quando lhe segurei as mãos, deu-me a sensação de lhe ter transmitido segurança, pois ela deixou de tremer. Quando me aproximei mais, senti o seu maravilhoso cheiro a maças (que grande coincidência, são sempre maças). Também eu despi a parte de cima, e acariciei-lhe o corpo. As suas curvas eram sublimes, a cor do seu corpo fez-me lembrar o chocolate de leite. Tudo nela era perfeito.

POV. Anastasia

Dei-lhe carta branca para me tirar o sutiã, conduzindo as suas mãos até às minhas costas. Ele assim fez, sem medo, e eu consegui perceber que ele era “experiente”. Senti um certo alívio, pois não gosto de me deitar com pessoas novatas, nem gosto de ter o controlo a 100% da coisa.

Quando já estávamos quase sem roupa nenhuma, ele deitou-me na cama, prendendo-me os pulsos, mas de maneira delicada. Os seus beijos eram como droga! E mais viciantes ainda quando ele os desceu até à minha intimidade. Eu ia gemendo aos poucos, até que o rodei, ficando por cima. E agora fui eu a tomar o controlo da situação, e parece que ele gostou. Eu ia-me movendo lentamente para ganhar um pouco de confiança. Tinha de estar tudo equilibrado entre nós.

POV. Jared

A cada minuto nós estávamos cada vez mais próximos, em mais sintonia, até que, depois de muito tempo de beijos e brincadeiras, eu me senti com coragem suficiente para lhe perguntar:

—Queres?

—Sim... – respondeu ela, prazerosa.

Eu voltei a ficar por cima, e estupidamente hesitei. Merda, ela percebeu!

—Ei calma…não precisas de ficar nervoso – disse ela carinhosamente, e beijando-me a seguir, deixando-me ainda com mais tesão.

E nesse momento, toda aquela 1ª vez com a Olivia deixou de me atormentar, porque eu percebi o quão diferentes elas eram, e o quão bem a Anastasia me fazia. E eu amei-a, e nós os dois sentimos um prazer imenso, espelhado nos nossos sons…

—Eu amo-te Jared... - disse ela, quando recuperou a capacidade de falar normalmente.

—E eu a ti Anastasia. – completei, muito satisfeito com o que tinha acontecido entre nós.

POV. Anastasia

Foi a melhor noite da minha vida! Foi tudo tão intenso, tão maravilhoso. Quando terminamos estávamos ambos cansados, mas felizes. E fiquei ainda mais contente por saber que não foi a primeira vez de nenhum dos dois, porque, sejamos sinceros, embora não seja tão marcante, a primeira vez é sempre a pior! Ele foi o primeiro a adormecer, nos meus longos braços morenos. E eu sorria tanto, que desconfio que cai no sono com essa felicidade estampada nos lábios.