— Desculpa. – Falei rapidamente me levantando.- Me empolguei demais, amo essa música, agi sem pensar. – Falei nervosa agitando rapidamente os braços.

— Porque desculpas? – Puxou levemente meu braço. – Não sei o que acontece comigo, mas sinto como se uma força nos atraísse e isso é tão diferente pra mim. – Falou acariciando meu rosto.

— Foi impulso só isso, você se assustou. – Falei nervosa. – Não tem nada que nos atraí, ta maluco?

— Obrigado pelo abraço, estava realmente precisando. – Falou um pouco mais perto de mim ignorando completamente o que eu havia falado antes, seu hálito quente facilmente sentido por mim pela pouca distância que nos separava.

— Pensei que estivesse dormindo. – Afastei-me, mas fui facilmente presa pelo braço. – Não foge de mim por favor, você é tão incrível. – Sussurrou isso e me beijou, um beijo doce, terno e simples. Borboletas rodavam em minha barriga, uma sensação ao qual nunca havia sentido antes, claro que já havia namorado antes, mas nunca aconteceu algo parecido depois ele me puxou pra um abraço longo, carinhoso e logo estávamos conversando e cantando músicas aleatórias, outra vez fomos interrompidos pelo toque baixo do celular do Gustavo o nome MEU AMOR piscava insistentemente, logo me trazendo para a realidade na qual eu nunca seria alguém importante para ele, esqueci por um momento da sua noiva que agora apareceu drasticamente me trazendo à realidade de empregada que era, tentei disfarça o bolo em minha garganta, a culpa e a vergonha que exalavam de mim em quanto o mesmo se desculpava e pedia que eu esperasse.

~ Ligação On ~

— Oi Nicole, ligando essa hora aconteceu alguma coisa? – Falei tentando conter as emoções depois de ver o rosto indignado da Cecília.

— Estou com Saudades Gustavo, você nem mandou sinal de vida.

— A Dulce está meio adoentada, tive alguns imprevistos... Desculpa.

— Já conversamos sobre isso, é tudo manha da sua filha mimada, a empregadinha estava aí com ela pra que tanta preocupação? – Falou ríspida.

 - Não fala assim Nicole à filha é minha, a Cecília não pode ficar aqui toda hora, também tem suas obrigações e família. – Suspirou. - Você tem que entender e começar a aceitar a Dulce como sua filha, afinal vamos nos casar.

— Já estou farta de tudo.

— Depois a gente conversa.

~ Ligação Off ~

Cecília Pov— Escutei até a parte do imprevisto que no caso séria a filha dele e eu, o Gustavo nunca iria mudar esse jeito egoísta, a filha não tinha opção de escolher. A Nicole já fazia parte da vida deles e ela teria que aprender a sobreviver com a realidade, passei no quarto da pequena beijando sua testa em seguida, deixando aquela casa com um peso maior que eu, a cabeça girava e as borboletas que antes agitavam meu estômago de felicidade agora pareciam querer sair a todo custo, peguei um táxi até em casa tentando relaxar e esquecer tudo o que vivi aquela noite.

Gustavo Pov — Cheguei à sala minutos depois, a mesma que estive minutos atrás com breves momentos de felicidade, mas que agora parecia tão vazia e como esperado ela já havia ido embora da pior maneira possível, afinal ela não merecia que esse tipo de situação acontecesse. A culpa invadia meu ser, amava a Nicole sabia disso, mas a sensação de paz que a Cecília emanava era tão diferente da dela que me faz querer tê-la toda hora comigo. – Suspirei derrotado, pegando o celular em seguida procurando o número da Cecília em minha agenda. - Desculpa pela situação a qual te coloquei, estou me sentindo tão culpado isso jamais deveria ter acontecido... – Digitei um rosto triste, esperando ansioso pela resposta que não veio.

Cecília Pov— Cheguei em casa me arrumei pra dormir, mas um peso me impedia, o celular já havia apitado minutos antes de sair do banho, mas nem sequer quis ver, sabendo lá no fundo que seria o Gustavo, agora depois de rodar a cama praticamente sem conseguir dormir peguei o celular chateada pensando numa resposta à altura... – Não se sinta e também tão pouco venha com aquela velha história de que foi um erro, não precisa me passar na cara uma atitude insensata de nossa parte, prometo que nosso assunto será restrito à Dulce, que será a coisa que teremos em comum como deveria ter sido desde que pisei pela primeira vez em sua residência, não vou pedir desculpas, já somos adultos demais para assumir nossos erros, apenas desejo que sejas feliz, mas que procure também a felicidade daquela menina que anseia por atenção, pois faço meu trabalho, mas ela precisa de “vocês” também. – Digitei rapidamente, chorando e me encolhendo em seguida deixando de lado o celular sem resposta, “MENSAGEM ENVIADA” já aparecia em minha tela e agora não poderia ter espaço para arrependimentos pelas palavras rudes que havia escrito.