Living in the North escrita por Saulo Poliseli


Capítulo 3
Capítulo 03 - Mark Phillips


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo com ponto de vista de um personagem, e iremos começar com o Mark, personagem amado e odiado pelos leitores. Quer dizer, eu não sei se isso é exatamente um POV. Mas eu vou chamar esses capítulos focados em apenas um personagem de "capítulos com ponto de vista" ou "POV".

Enfim... Boa leitura!



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Mark cavalgava em um cavalo da raça garanhão com a pelagem negra, ambas suas mãos segurando firme nas rédeas de couro enquanto guiava o cavalo pelas ruas de North Hopeville. Nos primeiros dias na cidade, ele, Mark, achou estranho uma cidade que tinha pouquíssimos carros, motos e outros tipos de automóveis circulando pelas ruas, mas com o tempo acabou acostumando e achando até melhor.

North Hopeville tinha conseguido produzir pouquíssimo combustível para os automóveis, e por isso a principal forma de se locomover pela cidade era à cavalo, cavalgando como Mark fazia, ou de carruagem. O prefeito estabeleceu que os caminhões eram usados para transportar mercadorias e produtos para as lojas e estabelecimentos por toda a cidade, os policiais usavam motos para fazerem a patrulha pela cidade enquanto os guardas/observadores usavam cavalos, e a população tinha permissão para usar carros para emergências, como por exemplo: uma gestante que teve a bolsa estourada enquanto estava em casa, longe de um hospital; um acidente em casa, com facas ou queimaduras; qualquer tipo de problema que iria precisar de uma ambulância, a população usava carros para dirigir até o hospital, e em caso de uma pessoa morar sozinha ou não puder dirigir por causa do acidente ou imprevisto, os vizinhos ajudavam. Portanto, não sobrava nenhum automóvel para os habitantes usarem como meio de transporte.

— Cocheiro – ouviu-se uma voz feminina. Mark virou a cabeça e viu uma mulher com um braço esticado para chamar um homem que cavalgava em um corcel de pelagem branca que puxava uma carruagem. – Obrigada... Me leve até o supermercado mais próximo, por favor.

Quando uma pessoa não possuía um cavalo, ela tinha que pedir para um cocheiro levá-la até o local desejado, como se fosse um táxi. Mas diferentemente dos táxis, os passageiros não eram obrigados a dar dinheiro para o cocheiro após chegar ao destino, pois o mesmo recebia do governo. Porém, algumas pessoas bondosas davam gorjetas para o cocheiro.

Mark continuava cavalgando pelas ruas de North Hopeville. Ele trabalhava como guarda/observador dos muros e também costumava fazer patrulhas nas ruas. Suas vestes eram azul-escuro e os detalhes eram branco e preto, usava um distintivo prateado no peito esquerdo, que era feito de aço derretido igual as moedas da cidade, e este distintivo tinha uma insígnia com as letras NHW (North Hopeville Wachter).

Há dois anos e meio que Mark tinha esse emprego. Logo na primeira semana em que chegara a cidade, ele procurou os sindicatos e logo ocupou vaga no muro. Mark combateu vários mortos-vivos do lado de fora do muro e também prendeu vários bandidos dentro da cidade, e estas ações rendeu a ele muita gratidão do prefeito e dos outros políticos, além de medalhas de honra e o cargo de ser um dos capitães dos guardas/observadores.

Antes de se tornar capitão, Mark se lembrava da dificuldade que teve no trabalho e dos abusos que sofria de seus superiores. Apesar disso, Mark nunca desobedeceu seus superiores nem criou confusão no seu ambiente de trabalho, pois sabia se fizesse isso iria perder o emprego e iria ficar marcado por isso, além de ser motivos de piadas para outros guardas/observadores que continuariam trabalhando nos muros.

Na época em que Mark tinha a patente baixa, nenhum reconhecimento dos superiores e amigos no trabalho, ele passava a maior parte do tempo do lado de fora da cidade, matando os infectados que se encontravam vagando próximos aos muros. Ele também encontrou alguns vivos do lado de fora e os trouxe para o lado de dentro. Teve esse cargo por exatos oito meses, e durante esses oito meses Mark se lembrava de como era viver lá fora e também se lembrava dos acontecimentos ocorridos com seu grupo, a longa jornada desde a madeireira até chegar em North Hopeville. Então, depois de oito meses, chegou o dia dele ser promovido pra sargento, depois pra aspirante e então pra capitão. A primeira promoção de Mark foi a mais demorada, pois não demorou muito tempo pra ele ser promovido de sargento pra aspirante, e de aspirante pra capitão.

— Sr. Phillips! – chamou um garoto de vinte anos que também usava o uniforme azul-escuro com detalhes em branco e preto, à frente do cavalo negro de Mark. – O Sr. MacPoller está chamando o senhor pra ir até a torre número doze...

Além dos muros terem seis metros de altura (a população aumentara mais dois metros desde que Mark chegara na cidade), eles tinham dois metros de largura e por isso existiam torres de vigilância em vários pontos. As torres eram compostas por: camas, para os guardas/observadores dormirem lá e fazerem turnos diferentes com seus companheiros, pois as vigias eram feitas vinte e quatro horas por dia; guarda-roupas, que os guardas/observadores usavam para trocar suas roupas casuais para o uniforme de trabalho; pequenos frigobares, usados para armazenar água e comida; e por estantes, onde se encontravam as armas dos guardas/observadores.

— O que ele quer comigo? – perguntou Mark.

— Ele não me disse, senhor... – respondeu o garoto, com a voz baixa e tímida.

— Certo. Obrigado, Eddie.

Mark mudou o seu curso para a torre número doze. Ao chegar no pé da torre, deixou o cavalo preso ali e subiu as escadas até o topo, caminhou sobre topo do muro de dois metros de largura e entrou em um quarto pequeno. Agachado em um canto, estava um homem organizando algumas coisas.

— Phillips – disse ele, se virando para olhar Mark.

— O que o senhor quer? – perguntou com rispidez.

— Tenho boas notícias para você, Phillips – respondeu. – Aqui... tome – MacPoller se levantou, tirou um pedaço de papel do bolso e estendeu o braço para Mark.

Mark pegou o papel, leu as palavras que estavam escritas e logo seus olhos se encheram de lágrimas. Era uma carta dizendo que sua esposa, Sarah, acabara de ter um filho no Hospital St. Hartwarry. O rapaz ficou paralisado com o papel esmagado em sua mão sem acreditar no que acabara de ler, e depois de alguns segundos sem se mexer, Mark limpou seus olhos e também seu rosto com o antebraço e abriu um sorriso.

— Vá, Phillips – disse MacPoller. – Você tem que estar junto com a sua mulher nesse momento... Então vá. Tire o resto do dia de folga.

E sem questionar, Mark assentiu com a cabeça, murmurou um "Obrigado, Coronel" e se retirou da torre rapidamente, desceu as escadas pulando três degraus de cada vez e montou em seu garanhão negro novamente. Em menos de quinze minutos, Mark avistou o hospital e logo adentrou o mesmo correndo até a recepção, pedindo informações sobre o quarto em que sua esposa estava.

— Sarah! Querida... – disse ofegante, abrindo a porta. – Ah, meu amor... Tudo bem? Cadê o nosso filho?

— Está aqui, querido... – respondeu a mulher, abaixando o olhar para os seus braços, onde estava o bebê recém-nascido. – Eu estou bem, amor, o parto foi perfeitamente bem. Vem cá, segure ele.

Mark se aproximou lentamente, ainda respirando ofegante. Ele sentou-se em uma cadeira bem ao lado da cama que sua esposa estava, esticou os braços e pegou o seu filho dos braços de Sarah. Os olhos do rapaz voltaram a se encher de lágrimas e elas escorreram pelo rosto, que tinha um enorme sorriso.

— Ele é lindo, não é? – perguntou Sarah, também nitidamente emocionada e feliz.

— Sim... ele é... muito lindo! – o sorriso de Mark ficou ainda maior.

— Então, escolheu o nome pra ele?

— Freddie Harrison Phillips.

Este era o segundo filho do casal. Quando Mark conheceu Sarah, há quase dois anos atrás, ela já tinha uma filha de um ano de idade na época, chamada Marie. A garota nunca conheceu o seu pai biológico, pois Sarah chegou em North Hopeville grávida e o marido dela havia morrido enquanto eles vagavam pelo mundo do lado de fora dos muros. Contudo, Marie chamava Mark de papai.

Mark batizou o seu filho com esse nome para homenagear duas pessoas que ele admirava. Freddie era o nome de seu tio, aquele com que ele viveu por anos e o considerava como pai. Harrison era para homenagear Harry, porém, Mark pensou que Freddie Harry seria um nome estranho e por isso optou por Harrison.

— Ah, olha só... o pequeno Fred conhece o seu pai – disse Sarah, olhando o bebê esticar os seus bracinhos e colocar suas mãozinhas no rosto de Mark.

Cinco minutos depois, um médico entrou no quarto cumprimentando o casal, em seguida informou que o bebê estava saudável e podia ir para casa sem problemas. Também disse que eles tinham que ir para um cartório para registrar a criança nas documentações da cidade, receber a certidão de nascimento, etc. Então, depois de algumas horas de repouso, Sarah disse:

— Vamos pra casa, querido. Marie deve estar com saudade.

Sarah deixara a sua filha com a vizinha, Sra. Brown, quando teve a bolsa estourada e fortes contrações na barriga, e disparou para o hospital com a ajuda do Sr. Brown.

Quando o casal, o Sr. Brown e o pequeno Fred chegaram na casa dos Brown, Marie explodiu em alegria e chorou de felicidade ao ver o seu irmãozinho no colo da sua mãe.


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Notas finais do capítulo

E esse foi o capítulo do Mark.
Gostaram? Acharam que ele iria encontrar com a Ariel antes de se casar novamente? O que acham que vai acontecer caso a Ariel encontre com o Mark?



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