Renascer escrita por Luna


Capítulo 11
Conhecendo a Arte das Trevas


Notas iniciais do capítulo

Alguns avisos importantes:
1. A ideia do escritório na Câmara Secreta e toda a teoria de magia da luz e magia das trevas eu peguei da May Chagas, ela tem fics muito boas (perfeitas), se você ainda não leu corre lá que ta perdendo a chance. Se chamam: Harry Potter e a Serpente de Cristal, HP e o Mentor das Trevas e HP e a Ascensão do Príncipe. É uma trilogia e é maravilhosa, garanto que vocês não vão se arrepender.
Eu pedi autorização e ela deixou, como a flor maravilhosa que é.

2. As magias aqui utilizadas foram pegas no blog Viciados em HP, não dá p colocar o link aqui por motivo que o Spirit não deixa, mas é só botar o nome no google que acha facinho.

No mais, espero que vocês gostem e me digam o que acharam. Eu gostei especialmente desse capítulo e se tivermos bons comentários talvez o próximo capítulo não demore a sair.
Beijooos!!!



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Ele acompanhava a mulher pelos corredores da mansão, Pansy os havia deixado instantes atrás e dito que voltaria depois para busca-lo. Quando ele chegou até o lugar pensou que encontraria Draco, Lucius ou até mesmo Narcisa. Astória passava tanta paz, não a imaginava mexendo com algo tão bruto como magia das trevas.

— Esse é o melhor local da casa. – Eles haviam chegado à biblioteca. – Aqui nós poderemos testar os feitiços e ali poderemos estudar. Temos que tomar cuidado, é claro. Há livros mais velhos que nossos avós nesse lugar e meus sogros me envenenariam se maculássemos tantas preciosidades.

— Eu pensei que os livros de magia negra tivessem sido recolhidos pelo Ministério depois da Guerra. – Harry falou atrás dela.

Astória voltou-se para ele e pareceu pensar por um momento antes de falar.

— Bem, sim. – Ela deu um sorriso de canto. – Na verdade aqueles eram cópias. Muitas famílias fizeram isso, vocês são tolos se acharam realmente que abriríamos mãos de nossos tesouros.

Harry tentou não se sentir ofendido.

— Você sabe que posso muito bem relatar isso da próxima vez que vir o Ministro, certo? – Ele tentou fazer a ameaça soar sério, mas o sorriso dela apenas aumentou.

— Querido Harry, há um motivo para você estar aqui e tenho certeza que é porque não quer que seus amiguinhos saibam do que você quer brincar. – Astória parou bem próxima a ele e Harry se tornou bem consciente do corpo dela.

Ele engoliu em seco e sabia que no jogo de ameaças jamais poderia ganhar de um sonserino.

— Você aceitou muito fácil me ajudar. Posso perguntar o motivo?

Ela agora andava pelas estantes balançando a varinha e fazendo com que alguns livros fossem parar em uma mesa próxima. Acharia que ela não tinha escutado a pergunta se não tivesse visto o seu rosto se movimentar em sua direção.

— Pansy pediu.

— Mas...

— Não importa realmente o motivo. – Ela se virou para Harry. – Pansy os tem e isso é o suficiente.

— Confiar tão cegamente assim não é tão pouco sonserino? – Harry zombou, mas se arrependeu quando viu a postura de Astória mudar.

— Você não tem a menor ideia do que é ser sonserino, Potter. Você e todos aqueles acéfalos preconceituosos apenas enxergam o que querem. – Ela vociferou. – Leia o primeiro livro, voltarei em algumas horas.

Harry sentiu vontade de bater na própria cabeça pela sua estupidez. Não queria irritá-la, apenas se acostumou a sempre estar na defensiva quando se tratava de Sonserinos. Eles eram perversos e cruéis e sempre estavam prontos para atacar primeiro e ali ele estava no antro de serpentes e por mais que Draco ou Lucius não estivessem presentes ele não se sentia seguro. Poderia apenas fazer o mesmo que Astória e confiar em Pansy.

Já fazia uma semana desde a primeira vez que ele tinha começado a frequentar a Mansão Malfoy, chegava no mesmo horário, era recepcionado por um elfo e levado até a biblioteca, sabia o que deveria fazer e começava antes de Astória aparecer. Ela vinha algumas horas depois, eles conversavam e ela explicava alguns conceitos que ele não entendia.

Sua percepção estava começando a mudar, ele tinha uma visão muito crua de magia das trevas, mas agora ele começava a perceber como tinha uma ideia errada daquilo. Também entendia agora o que Pansy queria dizer com ela ser sedutora, tinha lido sobre os perigos que a influencia de magia negra em mentes fracas trazia.

— Por que não aprendemos isso na escola? – Harry fechou o livro com força e olhou para Astória que estava sentada algumas cadeiras afastadas.

Ela esperou por esse momento, sabia que ele chegaria alguma hora. Respirou fundo e caminhou até estar próxima a ele.

— Muitas coisas aconteceram, Potter. – Ela disse e ele esperou que ela continuasse. – A história é deturpada por aqueles que a contam, séculos depois a realidade de um momento é vista com ironia e é depreciada para satisfazer as vontades daqueles que tem o poder. Os livros dizem que Sonserina abandonou Hogwarts porque odiava os nascidos trouxas e queria manter a pureza da escola.

— Está dizendo que isso não é verdade? – Harry perguntou.

— Mil anos atrás o mundo era diferente, os bruxos viviam escondidos e com medo, existiam poucas colônias e ainda assim eles não podiam agir de forma aberta. Os trouxas eram cruéis e ameaçavam a vida de cada um que se mostrava diferente, sua religião violenta dava poder aqueles que caçavam bruxas. – Astória olhava para um ponto distante e sua voz era triste. – Os livros trazem de forma engraçada como os bruxos gostavam de brincar com esses trouxas, eles lançavam feitiços nas chamas e gritavam para depois dar gargalhadas da estupidez daquela gente.

Harry se lembrava de ter lido sobre aquilo ainda na escola, ele também havia rido.

— Mas não falavam sobre as crianças, dos jovens que não tinham habilidade para se proteger, pessoas que morreram pelo medo e ignorância. – Ela continuou. – Salazar viu de perto o que a ignorância de trouxas causava a pessoas como nós, ele não odiava nascidos trouxas, ele os temia, temia os pais deles e o perigo que eles representavam. Achava que os levar para Hogwarts era trazer esse perigo para dentro das nossas paredes.

Harry parecia absorver as palavras dela e uma parte si começava a entender.

— Dizem que ele fora muito apaixonado por Howena e ela era mestiça, mas você jamais encontrará isso em livros de qualquer biblioteca. O que você achará é como ele era perverso, praticante de magia negra e como ele criou um terrível monstro para extirpar de Hogwarts os impuros.

— Mas isso é verdade. – Harry falou com urgência. – O monstro na câmara é real.

— Poucos anos depois dos fundadores criarem Hogwarts algo terrível aconteceu. Uma febre começou a assolar o povoado que Salazar tinha crescido, a mãe dele uma bruxa formidável se padeceu daquela gente e ajudou a curá-los. Tempos depois ela foi acusada de bruxaria e morta. – Ela olhava para sua mão e tentava manter a voz controlada, nunca entendeu porque se sentia tão afetada por aquelas histórias. – Dizem que Salazar nunca mais foi o mesmo, ele sempre tinha gostado das artes das trevas, mas depois disso começou a ficar fixado nisso até ser corrompido. A magia negra quebra até mesmo os mais fortes de nós. O monstro na câmara secreta foi algo feito por uma pessoa louca e doente pela dor da perda daquela que ele mais amava, ele foi consumido pelo ódio e desejo de vingança.

Harry se lembrava do escritório na câmara, imaginava se Salazar não tinha construído aquele espaço inicialmente como sendo um grande salão. Um espaço onde ele poderia ficar longe de todos, o escritório era tão ricamente decorado, tão belo. Não imaginava aquele lugar somente como sendo o lar de uma terrível fera.

— Tivemos muitos outros bruxos das trevas se perdendo para sua magia, nas últimas décadas tivemos Grindewald e por último Você-sabe-quem. Vamos dizer que nossos representantes não foram bem vistos pela sociedade e depois de um tempo praticar magia negra era visto como um crime e nós fomos rechaçados como escória. Depois da derrota de Grindewald houve uma comoção da população, o então Ministro não tinha feito nada para deter o bruxo das trevas e o poder dele se alastrou feito praga, muitas vítimas foram feitas e o ódio contra a magia negra apenas aumentou. A população queria uma resposta, eles estavam aterrorizados pela magia negra e queriam expurga-la de nosso mundo. As leis ficaram mais rigorosas para aqueles que a praticavam e começou a haver ataques contra esses bruxos, os bruxos da luz que os atacava... bem, o Ministério fez vista grossa para isso. A magia negra passou a ser vista como algo horrível e abominável, seu ensino passou a ser muito restrito. Por isso você não encontra nada disso em Hogwarts, por isso nenhum professor fala sobre ela. Apenas aprendemos a nos defender de Artes das Trevas como se ela fosse essencialmente ruim. Tivemos que esconder nossa natureza para sermos aceitos em um mundo que não nos entendia, nossas práticas tiveram que ser remanejadas para dentro de nossos lares e tivemos que nos proteger de qualquer um de fora, principalmente de nascidos trouxas.

— Não para manter o sangue puro? – Ele perguntou com genuína curiosidade.

Astória deu um riso nervoso, fazê-lo entender aquilo seria tão complicado. Ela mesma não entendia muito bem onde havia começado aquele ódio todo.

— Você leu sobre condicionamento da magia. – Ela começou. – Isso foi uma ideia criada há alguns séculos por um nascido trouxa.

— Para falar a verdade eu não entendi muito bem isso. Como a magia pode ser condicionada?

— Magia das trevas, magia da luz, é tudo igual para nós. É apenas magia, mas para alguns bruxos a única magia aceitável é a magia da luz, eles acham que magos das trevas tem que ser temidos e aprisionados por conta de sua natureza nociva. Quando somos crianças nossa magia ainda não está tendenciosa, ela é influenciada por nossa carga genética, mas também pode ser influenciada pelo meio que somos criados, assim ele acreditou que uma criança das trevas poderia vir a ser educado para ser um adulto da luz.

— E isso é tão ruim assim?

Astória bufou.

— Por que deveríamos mudar nossa natureza? Por que alterar a energia natural de um bruxo? Eu sou uma bruxa das trevas, porque meus pais foram bruxos das trevas e seus avós e os avós deles. Eu não deveria ter que mudar, Harry.

— Então você pratica arte das trevas? – Ele perguntou confuso.

Astória revirou os olhos e se questionou se tinha perdido tempo o fazendo ler todos aqueles livros durante essa semana.

— Magia é magia, Harry. Ela não é boa ou ruim, é apenas magia, é a índole do bruxo que prevalece. Um bruxo pode praticar magia das trevas e magia da luz, como ela funcionará vai depender do seu núcleo mágico. Por exemplo, eu demorei muito até conseguir conjurar um patrono que é uma magia da luz. Até hoje eu não consigo lançar um Bombarda que seja apropriado. Isso também acontece com magos da luz, quando eles tentam fazer magia das trevas ela pode se rebelar, não agir da maneira correta ou até mesmo nada acontecer.

— Então eu sou um bruxo da luz?

Astória riu.

— Com toda a certeza. Nós sempre tivemos dúvida, sabia? Mas então você conseguiu produzir um patrono corpóreo com tão pouca idade e depois apenas pareceu óbvio que somente um bruxo da luz poderia ter poder suficiente para derrotar um bruxo das trevas como Você-sabe-quem.

— Mas isso ainda não explica porque todo o ódio contra nascidos trouxas.

— Foi apenas uma reação. – Astória falou como se fosse simples. – Os nascidos trouxas entram em nosso mundo sem qualquer conhecimento do que somos e logo absorvem que magia negra é algo ruim, nós apenas tivemos que nos proteger daqueles que nos atacavam. Quando a teoria do condicionamento veio a tona a fúria dos bruxos foram tanta que eles se fecharam em um pequeno grupo que visava a proteção de nossa magia, de nossas tradições. Os casamentos começaram a ser arranjados para que a magia negra não se perdesse e nossos ensinamentos fossem perpetuados. Com o passar dos anos restou apenas o ódio por aqueles que não partilham de nossa magia, por isso nascidos trouxas são tratados com desprezo, algumas pessoas nem sabem o porquê de odiá-los, apenas o fazem porque foi assim que eles foram educados.

Um novo mês já nascia e Harry já entendia bem melhor toda aquela magia, não a temia mais ou a desprezava, entendia como ela funcionava e mesmo que ainda não tivesse ido para a prática conseguia perceber beleza nas trevas. Entendia porque Tom era tão apaixonado por ela e o desejo que ele tinha de voltar a Câmara desde a primeira vez que a viu em suas memórias apenas aumentava depois desse tempo.

A convivência com Astória estava bem melhor, ele não tentava mais irritá-la e ela por sua vez já tinha parado de trata-lo com deboche. A companhia dela passou a ser tão agradável quanto a de Pansy, embora ele sentisse saudade de passar algumas horas com a sonserina de olhos azuis. Já fazia alguns dias que eles não se encontravam, ela entendia que ele estava motivado a encontrar respostas e por isso passava tanto tempo na Mansão.

Até aquele momento apenas Astória sabia das visitas de Harry, o moreno sempre ia embora antes de Draco chegar e confiava em Astória o suficiente para saber que ela não tinha falado nada ao marido. Um favor feito exclusivamente para Pansy, a mulher tinha deixado bem claro.

Mas isso não os impedia de discutir vez ou outra, especialmente quando Harry estava com um terrível humor, ocasionado por alguma discussão com Hermione e dor de cabeça pela enxurrada de memórias que teve no seu tempo com os inomináveis.

— Você é absurdo, Potter. – Astória jogou.

Ele estreitou os olhos para ela, já fazia um tempo que ela não lhe chamava pelo sobrenome e ele vinha fazendo o mesmo, mas sabia que sempre que ela o fazia era porque ele estava ultrapassando algum limite. Ele deveria ter voltado para casa e ter ido à Mansão apenas no dia seguinte, se sentia frustrado e com uma crescente dor de cabeça e ter Astória ali o olhando como se ele fosse idiota não ajudava sua paciência.

— Vocês andavam pela escola como se fossem donos do lugar. Aterrorizando todos os alunos e declarando que eram os melhores.

— Você criou um clubinho e nem ao menos pensou em nos chamar e nós nos achamos melhores? – Ela ergueu uma sobrancelha.

— Como se eu pudesse arriscar a ter uma serpente no nosso meio. Vocês iriam correndo contar a sapa rosa no momento que soubessem da Armada.

— E, no entanto quem os delatou foi uma boa e carismática corvinal. – Ela sorria em zombaria.

— Me poupe, Malfoy. – Ele cuspiu o nome que ele tinha aprendido a detestar. – Como se qualquer um de vocês fosse se erguer contra seu Lorde.

— Ele não era nosso Lorde.

— Pansy até mesmo quis me entregar a ele. Lembra-se?

Harry se arrependeu de suas palavras no momento que as disse. Ele nunca tinha falado sobre aquilo com Pansy, embora a memória ainda remoesse, principalmente por que Hermione tinha jogado essa verdade em seu rosto algumas discussões passadas, ele não pensava muito nisso. Ele não a culpava, ela provavelmente estava certa em querer entrega-lo. O que era a vida dele comparada a de todos os outros?

Astória levantou da mesa furiosa deixando um pesado livro cair no chão atrapalhando o estranho silêncio que tinha se fixado. Ela saiu andando com passos pesados até a porta e parou com a mão na maçaneta. Harry viu como os ombros dela pareciam tensos e sabia que se ela quisesse azará-lo ali não levantaria a varinha para se defender, mereceria cada feitiço.

Ela voltou para a mesa que estava sentada e puxou a cadeira de forma a ficar de frente para ele, seu semblante estava sombrio e o que quer que estivesse em sua mente parecia entristece-la terrivelmente.

— Astória, me desculpe. Eu não...

— Pansy tinha um irmão, você sabia? – Ela o interrompeu, ele balançou a cabeça negando. – Ele se chamava Adam, eles eram muito parecidos, ele tinha os mesmos olhos azuis e afiados, cabelos escuros e curtos e era a pessoa que ela mais amava, ela não conseguia esconder isso. Ele já estava trabalhando na empresa da família e estava fazendo um bom trabalho, então Você-sabe-quem voltou e ele virou um comensal. Pansy mudou muito depois disso, Adam também mudou e eles se distanciaram, mas ela não passou a amá-lo menos.

— Por que está me dizendo isso? – Harry sabia que era algo muito pessoal e que Pansy ficaria raivosa se soubesse o que ela estava lhe contando.

— Porque você precisa entender. Algumas semanas antes da Batalha de Hogawtas Adam foi a uma missão para o ele e falhou. Foi ao seu encontro depois para relatar sua falha e nunca mais foi visto.

— Voldemort o matou? – Harry perguntou perplexo.

— Não sei se o Lorde se daria ao trabalho de fazer isso com suas próprias mãos, mas ele tinha mãos suficientes para fazer por ele. – Astória falou sombria. – Isso a destruiu, entende? Ela nem mesmo pode se despedir, a última vez que tinham se falado brigaram e ela acredita que ele morreu achando que ela o odiava.

— Eu não fazia ideia...

— Nenhum de vocês fazia ideia de nada, Harry. Foi realmente lindo quando as pessoas se levantaram para defendê-lo, para proteger o Castelo. Mas eu lembro-me também de Dafne segurando meu braço com tanta força que seus dedos ficaram gravados na minha pele, lembro-me da minha irmã amparando uma Pansy tremula e minhas amigas tão pálidas que pareciam a ponto de desmaiarem. Os outros apenas escutavam os rumores, sabiam que ele e seus comensais eram horríveis assassinos, mas nós, nós sabíamos o quão ruim ele podia ser. Pansy se ergueu porque foi a primeira a voltar a si, ela sabia, como nós sabíamos que o Lorde mataria todos naquele castelo apenas para chegar até você. Ele torturaria cada criança, cada jovem se assim pudesse tê-lo. Você pode mesmo julgar Pansy por ela ter feito aquilo?

— Eu nunca imaginei...

— Não, você e seus amigos apenas nos odiavam por sermos Sonserinos. Toda a escola nos repudiava porque erámos amantes das trevas e nós aprendemos desde nossa primeira noite naquela escola que deveríamos nos proteger contra qualquer um que não fosse da nossa casa e fizemos isso, Harry. Nós erámos uma família, porque enquanto você tinha seus amigos da Lufa-Lufa e Corvinal, nós só tínhamos a nós mesmos.

Astória tinha dito que ele finalmente estava pronto para tentar alguns feitiços, ela estaria sempre por perto para o caso dele fazer alguma estupidez, palavras dela. Mas assim que ele tinha chegado ela tinha sido chamada por um elfo e isso já fazia bons minutos. Harry nunca foi conhecido como uma pessoa paciente e folheava um livro até seus olhos pararem em um feitiço que ele achava que era simples e por isso não apresentava perigo algum.

Ele se levantou e leu o feitiço e o que deveria fazer para ele funcionar.

Scutum Desparatis! — Sua voz soou e de repente uma rede de linhas roxas e acobreadas se formou ao seu redor. A magia era forte e resistente e por um instante ele sentiu vontade de ter um dementador por perto apenas para testar se seu escudo de magia negra conseguia segurá-los tão bem quanto seu cervo prateado fazia.

— Potter! – Astória gritou. – O que... Por Merlin...

Harry olhou para ela culpado e viu ela se aproximando até chegar bem perto de seu escudo. Levantou a mão como se fosse tocá-lo, mas depois pareceu desistir da ideia, como se aquilo fosse uma insensatez.

— Você estava demorando e o feitiço parecia inofensivo. Viu? Não tive muito problema em fazê-lo.

— Desfaça o escudo, Potter. – Ela pediu.

Ele fez o que ela pediu e viu a magia se extinguir. Não entendia porque ela parecia tão preocupada.

— Você está bem? Está cansado?

— O que? Não, estou bem.

Ela o olhou com estranheza e pegou um livro velho de capa verde que ele andava lendo nos últimos dias. Folheou algumas páginas até achar o que procurava.

— Tente esse feitiço, por favor.

Harry leu e ergueu os olhos para ela a vendo conjurar um jarro de planta para próximo a janela.

— Mire corretamente, não quero ter que explicar ao meu marido por que a biblioteca de nossa casa está destruída.

Malus.— Um jato de água se chocou contra a planta e nos primeiros segundos nada aconteceu, até que o jarro começou a se desintegrar. O ácido da água começou a corroer tudo que tinha contato e ele imaginou o que aconteceria se no lugar daquele objeto fosse uma pessoa.

— Incrível. Fique aqui!

Não demorou até que ela voltou com uma caixa e com algo se debatendo lá furiosamente. Harry teve medo de perguntar o que era aquilo. Com o controle da varinha ela fez um pequeno tronquilho sair da caixa de maneira menos furiosa.

— O levite e diga esse feitiço. – Ela mandou.

Harry fez o que ela disse, ainda sem saber o que ela estava querendo com aquilo.

Levicorpus. – O pequeno troquilho ficou de cabeça p baixo e começou a se debater e grunir. – Orbis. – Ele falou em seguida e o animal começou a rodopiar sem parar, Harry ficou apenas observando aquilo por alguns segundos até encerrar o feitiço e o tronquilho caiu no chão com uma gosma arroxeada escorrendo de seus olhos e boca.

— Isso é...

— Eu o matei? – Harry perguntou em um sussurro.

— Por Merlin, Harry. É um tronquilho, o menor da família. Ele morreria de qualquer forma. – Astória falou irritada. Ele às vezes era tão obtuso que não entendia como tinha sobrevivido até ali. – Você não entende o que está acontecendo?

— Hã... Não?

— Orbis é uma magia avançada, Harry e mesmo assim você a fez como se fosse algo casual, você não deveria ter sido capaz de fazer um escudo tão poderoso. Eu duvido que qualquer criatura das trevas conseguisse encontra-lo. Até mesmo um lobisomem a sua frente ficaria desnorteado com um escudo tão forte.

— Era necessário pensamentos tristes, Astória. Não é algo tão surpreendente, pensamentos tristes eu tenho de sobra.

Astória mordeu a língua para não reclamar dele estar sendo uma bebê chorão novamente, porque aquilo não era importante.

— Harry, um mago da luz jamais conseguia fazer um escudo daquela forma logo na primeira tentativa. Assim como um mago da luz não conseguiria matar um tronquilho ou desintegrar um jarro de barro egípcio.

Harry encarou os olhos verdes dela e viu dúvida e medo.

— O que você está querendo dizer? Que eu sou um bruxo das trevas? – Harry perguntou. Ele pensou em Olivia levando biscoitos para ele na noite passada, em seu sorriso bonito e sua voz doce. — Expecto Patronum.

Um cervo apareceu no meio da biblioteca e galopou até Astória baixando a cabeça como se a cumprimentasse para em seguida desaparecer.

Aquilo apenas a assustou ainda mais. Não entendia como isso poderia ser possível. Como um bruxo poderia desenvolver aptidão para duas magias tão diferentes.

— O que você é, Harry Potter?


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