— O que há com você hoje, Thor? — Aidren perguntou, parecendo estar realmente irritada com o deus, que estava deitado ao seu lado na cama, encarando-a, praticamente sem piscar. — Está aí há mais de meia hora, me encarando como se fosse uma criança que acabou com seu doce e está olhando para o do colega mas tem vergonha de pedir. — Reclamou, fechando o livro que estava lendo e colocando-o no criado-mudo ao lado da cama e virou-se para seu namorado, encarando-o com a sobrancelha arqueada.

— Estava conversando com Stark hoje e ele me disse que amanhã é dia de São Valentim, uma espécie de data para os casais comemorarem. — Ele disse, como se acabasse de descobrir a cura do câncer. Animado, inquieto. Um sorriso imenso e os olhos azuis brilhando.

— Ele esqueceu de te dizer, docinho, que o dia de São Valentim foi transformado para idiotas apaixonados gastarem a grana que eles não têm só para levar um pé na bunda da namorada ou, na melhor das opções, ganhar uma boa foda. Resumindo, é um truque comercial, para ganhar dinheiro.

— Você não gosta dessa data? — Thor perguntou, com um beicinho lindo, que Aidren teve que segurar para não morder.

Suspirou, colocando as duas mãos no rosto dele, uma de cada lado, e sorriu minimamente.

— Não é a minha data favorita, Thor. Mas se estiver planejando algo para amanhã, posso te garantir a parte da boa foda, querido. — Falou brincando, colando seus lábios aos dele, dando um beijo casto. — Você está planejando algo, não é?

Ele sorriu e colocou suas mãos na cintura de Aidren.

— Talvez eu esteja.

— Você sabe que não tem que fazer isso apenas por que amanhã é dia de São Valentim, não é? Qualquer dia é dia de São Valentim, só que nesse dia os comerciantes cobram mais caro por um buquê de flores e chocolate. Nós podemos comemorar sempre, mesmo sem motivo.

— É, você realmente não gosta do dia de São Valentim. — Thor franziu o cenho, colando sua testa a da namorada. — Quer me contar o porque?

Aidren bufou, descolando sua testa da de Thor e escondendo seu rosto na curva do pescoço dele.

— Quando eu tinha 16 anos, meu namorado na época terminou comigo. Só porque entreguei um cartão para ele no dia de São Valentim. Ele disse que eu era muito infantil. Depois que ele disse isso, eu meti o cartão na goela dele e mandei ele vomitar pelo cu. Isso tudo no pátio da escola. Desde então, o tão famoso Dia de São Valentim, — falou as últimas palavras com ironia — é apenas uma data para fazer você gastar cinco dólares com um cartão, para no fim ter que voltar para casa com um coração partido e a fama de esquentadinha da escola.

Thor ficou em silêncio por um bom tempo, apenas acariciando o cabelo de Aidren. E, se não fosse pelo cafuné que estava recebendo, ela acharia que o deus do trovão acabou dormindo no meio de seu monólogo.

— Se você me der um cartão, eu não a chamarei de infantil. — Thor falou, baixo. Sua voz suave, fazendo os pelinhos da nuca de Aidren arrepiarem. — E se me disser o nome desse garoto que fez isso com você, posso trazê-lo para se desculpar. Ou apenas fazer ele se arrepender amargamente de ter dispensado uma mulher tão linda quanto você, minha jóia.

— Você é tão perfeito! — Aidren falou exasperada. — Eu devo ter feito muita coisa boa nessa vida pra ganhar um namorado como você.

— Você que é perfeita, Aidren. Perfeita para mim. E eu amo você.

Aidren levantou seu rosto da curva do pescoço de Thor e o encarou, um sorriso singelo em seus lábios e um olhar carinhoso. Colocou as mãos novamente ao redor do rosto dele e o beijou.

Lento e cheio de emoções.

Aidren podia afirmar de boca cheia, que depois que conheceu Thor na loja de Shawarma de sua família, sua vida mudou totalmente. Ficou de cabeça para baixo, deu um giro de 360°. Mas, mesmo assim ela não se importava.

Não se importava que seu namorado fosse um deus de Asgard, um cara que, até então, ela só tinha ouvido falar nos livros de história e mitologias. Não se importava que ele tivesse que sumir por uns dias - na verdade, se importava sim. Mas relevava porque ele estava salvando o mundo. Não se importava que ele tivesse um cabelo loiro, comprido e sedoso, digno de comercial de creme para cabelo - por que, afinal, o cabelo dele era um espetáculo.

No final de tudo, ele era dela e ela era dele. Não precisavam de nenhum Dia de São Valentim para que comemorassem isso - eles comemoravam todos os dias, se quer saber. Numa festa particular, longe de olhos curiosos.

Por que, mesmo que tenha acontecido de uma maneira abrupta e caótica, eles eram perfeitos um para o outro.

— Eu amo você, barbie. — Aidren falou depois do beijo, com um sorriso imenso nos lábios e a respiração entrecortada.

E claro, por que Aidren amava ele, no fim das contas.