Uma semana havia se passado desde o dia que Regina havia se mudado para o quarto de Marian. Enquanto o quarto da casa principal havia durante muitas vezes funcionado como refugio para morena, o quarto do chalé surtia efeito contrario nela. Regina o evitava o máximo possível, uma vez que assim evitava também Marian, que nos últimos dias havia feito dos mínimos detalhes motivo para rondar Regina. 

Durante duas noites a morena tentou ficar até tarde na casa principal com falsos pretextos a fim de conseguir um momento a sós com Robin, uma vez que desde a noite de Valentines’ Day eles não se viam e dizer que ela estava com saudade das conversas e do beijos entre eles era um completo eufemismo. Em uma das noites, a morena simplesmente não conseguiu esperar muito, estava exausta, e quando percebeu que estava quase cochilando na mesa da cozinha ela se obrigou a voltar para o chalé, na segunda noite, parecendo perceber quais era as intenções da morena, Marian disse que faria companhia a ela, assim Regina não precisaria atravessar a distancia entre a casa principal e os chalés tarde da noite sozinha. No fim, tanto Regina quanto Robin acabaram aceitando que tudo que restava a eles eram as mensagens de texto.

“Eu preciso te ver.” O celular da morena vibrou anunciando uma nova mensagem e ela não conseguiu parar o sorriso que se espalhou em seu rosto ao ler o conteúdo dela.

“Eu estou com saudade.” Ela respondeu rapidamente.

“Você não esta fazendo essa situação ficar mais fácil.”

“Ela sabe de algo Robin, ou desconfia, sei lá. Não dá para nós nos encontramos, não com ela me cercando.”

“Eu preciso sentir seu cheiro, eu preciso te ter de novo em meus braços, eu preciso sentir seu gosto de novo, preciso dos seus lábios no meu.”

“Robin...” Enquanto lia a mensagem a morena sentiu uma onda de calor varre-lhe o corpo. Lembranças das caricias e beijos compartilhados invadiram a mente dela.

“Hoje à noite. Nós precisamos nos ver hoje a noite.”

“Não dá.”

“Sim dá. Hoje é dia de prova, Marian vai estar exausta no fim do dia, quando ela dormir você me envia uma mensagem e eu vou te buscar.”

“Robin é arriscado.”

“Regina, hoje à noite.”

“Tudo bem.”

A confirmação do encontro naquela noite fez o coração de Regina acelerar, finalmente o veria da forma que desejava. A antecipação e excitação pelo encontro corriam pelas veias da morena, fazendo com que um sorriso cheio de esperança lhe tomasse as feições.

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Era o inicio da tarde quando acompanhada dos outros competidores Regina caminhou em direção à tenda para mais um dia de prova. O tempo havia esquentado e tudo o que a morena mais desejava naquele momento era se esconder debaixo da tenda, buscando algum tipo de alivio. Essa era a primeira vez que ela fazia o caminho em direção ao local da prova sem apreciar o ambiente a sua volta.

A primeira coisa que a morena reparou ao chegar à tenda foi o espaço. Sim, espaço. Sempre que dois competidores eram eliminados da competição a produção retirava as bancadas, liberando assim mais espaço para os competidores que restavam e naquela tarde superficialmente Regina conseguiu contar apenas seis bancadas, o final da competição estava mais próximo a cada semana.

Regina deixou o olhar correr por entre aqueles que há algum tempo deixaram de ser completos estranhos para ela, e  que havia se tornaram algo mais do que apenas concorrentes naquele jogo. Ariel uma das pessoas que mais haviam encantado e surpreendido Regina ao longo da competição, havia sido eliminada na semana anterior, e agora restavam apenas Regina e mais quatro competidores, o que implicitamente deixava claro que mais duas bancadas deixariam o ambiente naquele dia.

Quinze minutos depois de terem chegado a tenda, os participantes observaram os jurados se aproximarem, eles vinha conversando e vez ou outra um deles se entregava a risadas, permitindo assim que os competidores acreditassem que estavam de bom humor, e isso fez com que de certa forma a tensão que se espalhava pelo ambiente se atenuasse um pouco.

“Ok! – Raph um dos responsáveis pela filmagem gritou, ganhando assim a atenção de todos.- Em três, dois, um” Ele disse gesticulando com os dedos a contagem e quando terminou, todos sabiam que as gravações daquele dia haviam começado.

“Boa tarde competidores” Giuseppe disse cumprimentando os participantes.

“Boa tarde chefe!” Os competidores disseram em uma quase harmonia.

“Eu arriscaria dizer que hoje é um dos dias mais importantes desde que iniciamos essa competição, uma vez que além de determinar quem serão os quatro finalistas na prova de hoje nós iremos trabalhar com um dos alimentos mais importantes e mais usados no universo da confeitaria.” Giuseppe iniciou o discurso daquela tarde, e quase soltou uma risada quando percebeu aos poucos a compreensão sobre qual ingrediente ele estava falando.

“Pelo semblante de vocês, eu sei que vocês já identificaram de qual ingrediente o Giuseppe esta falando.” Paula disse com uma curta risada. “O chocolate surgiu séculos atrás como uma das bebidas preferidas dos deuses, tempos mais tarde ele tornou-se moeda de troca para os astecas. Foi somente no século 17 que ele começou a ser democratizado aparecendo assim em ‘casa de chocolate’ em Londres, rivalizando fortemente com os cafés. Surgido a aproximadamente três mil e quinhentos anos o chocolate que é feito à base de cacau já se reinventou de inúmeras formas, cores e sabores, do ao leite ao amargo, do preto ao branco. A polivalência desse ingrediente é tão grande que em 2009 a sociedade foi apresentada a sua versão inalável. Então competidores, preparem-se, pois a prova de hoje é sobre o Chocolate.”

“Como essa prova definira os nossos quatros finalistas, novamente elas serão feitas individualmente. Na primeira parte nos exploraremos de forma mais enfática os conhecimentos técnicos de vocês, na segunda parte nos exploraremos mais a criatividade de vocês. Portanto o primeiro desafio de vocês será nos entregar um Entremet de chocolate, nós daremos a receita vocês, e é pré-requisito para essa prova que todos vocês sigam essa receita, mas isso não impede que vocês deem toques que marquem a identidade de vocês nessa receita e muito menos que nos surpreendam.” Robin disse e suas feições eram nulas não permitindo assim que os competidores julgassem seu humor.

“Competidores, a prova começa AGORA!”  Giuseppe e logo em seguida já era possível ver os participantes correndo por entre as bancadas atrás de vasilhames e ingredientes.

O Entremet que significa ‘entre pratos’ é uma receita francesa que recebeu esse nome por ser um prato servido entre os pratos principais dos banquetes medievais. A sobremesa é composta por multicamadas que variam entre mousses cremosos de diferente sabores, bolo e texturas diversas. Mesmo a culinária francesa não sendo a preferida de Regina, a morena sempre apresentou uma facilidade muito grande para lidar com ela, por isso extremamente focada e determinada a ganhar a competição ela lembrou-se de um conselho de um dos seus professores favoritos em relação a cozinha francesa. Pese tudo com atenção, sempre!

Regina caminhou até sua bancada com a balança de cozinha e começou a separar os ingrediente para o que seria a primeira camada do seu Entremet. Em uma panela ela derreteu a manteiga e logo em seguida adicionou o cacau e o chocolate. Numa vasilha de vidro a morena misturou o açúcar e os ovos. Após isso ela juntou os dois conteúdos e acrescentou a farinha e o sal. Com sua massa pronta ela o colocou em um tabuleiro e levou ao forno.

Em quanto o Brownie assava Regina pulou para a próxima receita, o Cremeux. E num ritmo alucinante ela foi pulando de uma receita para outra. Perdida no tempo e no espaço, a morena se assustou quando percebeu que o faltavam pouco menos de vinte e cinco minutos para o fim da prova ela ainda tinha uma massa no forno e precisava montar seu Entremet.

“Regina!” Paula disse se aproximando.

“Chefe!”

“Como estamos?”

“A minha ultima massa ainda esta no forno.”

“Faltam vinte minutos Regina, você precisa começar a montar sua Entremet.”

“Eu sei chefe!”

“Rápido.”

“Sim Chefe!”

Sentido a adrenalina correr em seu corpo Regina mal conseguia respirar enquanto corria de um lado para o outro enquanto tentava montar sua Entremet antes que o tempo esgotasse. Quando Paula pediu para que eles se afastassem da bancada, pois a prova havia chegado ao fim, a morena soltou um suspiro de alivio e sentiu as lagrimas que ameaçavam cair pinicar no canto dos olhos.

O prato de Regina foi o ultimo a ser provado, e quando ela viu os jurados se aproximarem de sua bancada, especialmente Robin, ela sentiu o coração bater descompassado.

“Ni.. Regina, conte-nos sobre o seu prato.” Robin tossiu e rezou silenciosamente para que ninguém tivesse notado que ele quase havia chamado a morena pelo apelido.

“Eu fiz poucas alterações na receita original, visto que o comando da prova era que todo mundo seguisse a mesma receita. Por isso eu acrescentei notas de café a minha receita e utilizei mais chocolate ao leite para que tivesse um bom equilíbrio.”

Os jurados provaram a sobremesa dela em silencio, e quando Paula abriu um largo sorriso para ela, Regina soube que tinha se saído bem. Os jurados se retiraram da tenda para chegar a um denominador comum retornaram dez minutos mais tarde com o veredito.

“De modo geral nós tivemos bons pratos, o que é o mínimo esperado nessa altura da competição, uma vez que estamos cada vez mais próximo da grande final. No entanto dois pratos se destacaram, e quando eu disser o nome dos confeiteiros responsáveis por eles eu peço que vocês deem um passo à frente.” Robin disse de forma séria.

“O vencedor desse primeiro desafio já esta automaticamente salvo, e será um dos quatro finalistas.” Continuou Paula.

“Portanto deem um passo a frente Marian e Regina.”  Robin disse e um breve sorriso se espalhou pelo rosto dele.

Paula ficou encarregada de descreve todos os detalhes positivos e negativos do prato de cada uma das competidoras. No final, fazendo um suspense dramático, digno de qualquer produção hollywoodiana ela deu o resultado. Regina havia ganhado.

Após ser felicitada pelos companheiros pela vitória, Regina se juntou aos jurados enquanto ouvia-os instruir os demais competidores em relação à última prova. Algumas poucas vezes enquanto os jurados se movimentavam entre os competidores tanto para observar quanto para opinar, ela sentia os dedos de Robin roçando nos seus, ela sentia os toques fugazes dele em seus braços. Se seu corpo não tivesse extremamente atento ao dele, ela poderia jurar que os toque não havia passado de pegadinhas da sua mente.

“Então Regina, que você acha que vai se sair melhor nessa prova?” Giuseppe perguntou enquanto ele e os outros dois jurados havia se juntado a presença da morena observando os competidores.

“A minha torcida é para o Daniel - e ao dizer o nome do amigo, ela ouviu a respiração de Robin se tornar mais forte – eu acho que ele é muito tranquilo e tem uma mão boa para o chocolate. Mas a Marian também parece ter um bom domínio em relação ao chocolate, então eu realmente não sei.”

“Eu acho que você tem razão, eu claramente posso ver essa prova ficando entre Daniel e Marian. Ruby é uma excelente cozinheira, mas esta incrivelmente dispersa hoje, e Jones parece não esta se dando muito bem com o chocolate.” Paula comentou.

Cerca de uma hora mais tarde Regina provou esta certa, Daniel ganhou a segunda prova. O eliminado da rodado foi Jones, e antes que conseguisse controlar Regina sentiu as lagrimas rolando em seu rosto. Jones era uma das pessoas que mais gostava dentro da competição, e ter que se despedir dele na reta final fez o coração de Regina se aperta.

Regina, Daniel, Marian e Ruby eram os quatro finalistas do Sweet Desire, e a percepção disso fez o coração da morena falhar algumas batidas.

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Deitada sob as cobertas, a morena tentava controlar a respiração, mantendo-a em um ritmo que pudesse ser interpretado como a respiração de alguém que estava dormindo. Manter-se quieta, provou ser uma tarefa tão árdua quanto às provas que a morena havia enfrentado desde que a competição havia se iniciado. A ansiedade parecia corroê-la lentamente, queria levantar, pular gritar! Mas sabia que não podia fazer nada disso, pois seus ouvidos extremamente atentos, capitavam sons que deixavam claro que Marian ainda não havia dormido.

Sobressaltada a morena acordou com o celular vibrando debaixo do travesseiro, sem perceber enquanto esperava Marian dormir, ela acabou cochilando. Ao pegar o celular ela percebeu que era uma mensagem de Robin, sorrindo ela o respondeu imediatamente dizendo que ele podia vir ao encontro dela.

“Estou na sua porta baby.” A mensagem apareceu na tela do celular da morena, minutos mais tarde.

Delicadamente, ela escapou das cobertas e agarrando um grosso casaco de moletom, ela caminhou até a porta. Antes mesmo que ela conseguisse processar o que estava acontecendo, os lábios de Robin já estava sob os dela, beijando-a como se sua vida dependesse daquilo. Ofegante eles se separaram minutos mais tarde.

“Vem, caminha comigo!” Ele disse estendendo a mão na direção dela que logo aceitou o convite entrelaçando seus dedos aos dele.

Mesmo que o dia fosse quente, na madrugada a temperatura sempre caia consideravelmente, a brisa noturna que serpenteava no ambiente fazia com que calafrios percorressem o corpo da morena vez ou outra.

Quando achou que estavam a uma distancia segura, Robin interrompeu a caminhada e virou Regina em seus braços fazendo com ela ficasse de frente para ele. Os dois se olharam durante um longo período dizendo apenas com o olhar coisas que nenhuma palavra no mundo seria capaz de expressar. Logo em seguida eles se beijaram novamente, dessa vez sem pressa. O beijo era calmo e repleto de carinho.

Entre carinhos, abraços e vários outros beijos, os dois conversaram sobre tudo o que havia acontecido com eles naquela semana que passaram distantes. Robin contou a ela que sua irmã havia feito a primeira ultrassonografia naquela semana, e que ao invés de um ela havia ouvido dois corações batendo dentro dela. O olhar de carinho e de devoção que estampara o rosto do loiro enquanto ele contava, fez o coração de Regina se expandir, era como se ele pudesse explodir a qualquer momento.  Regina contou que como na próxima semana o programa teria sua estreia nacional, ela provavelmente ficaria sem conseguir se comunicar com os pais todos os dias, como vinha fazendo desde o inicio e isso a deixava triste. Robin tentou tranquiliza-la da melhor maneira que pode, e em seguida roubou-lhe um beijo como uma estratégia de distração.

Quanto mais a hora avançava, mais fresco o ambiente ficava e por unas duas vezes Robin sentiu Regina tremendo em seus braços. Por mais que quisesse ficar mais, sabia que não dava era melhor eles voltarem para casa. Em silencio e de mãos dadas eles caminharam em direção ao chalé da morena. Poucos metros antes de chegarem ao destino final Robin interrompeu a caminhada, parando de frente para a morena ele levou a mão até o queixo dela e o levantou fazendo com que os olhos dela se prendessem aos dele.

“Regina, eu preciso te dizer algo.” Ele disse extremamente serio.

“Sim.” Ela concordou incentivando-o a continuar.

“Eu estou apaixonado por você.” Ele disse simplesmente com sorriso enorme no rosto.

“Eu também estou apaixonada por você.” A morena respondeu e logo sentiu lagrimas se acumularem no canto de seus olhos.

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