Addicte.d escrita por akb0405


Capítulo 1
Hey, doctor? - Capítulo Único




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Antes de começarmos permita-me pegar um cigarro.

Acho que tenho um vício, doutor.

Cigarros são meu maior problema.

Mas, veja bem, atualmente todos procuramos algo para que possamos nos manter ocupados. Algo que nos afaste das preocupações e dos dias frustrantes pelos quais somos obrigados a passar.
Talvez esse seja o motivo de não fazer do "vício" uma grande questão, quero dizer, temos de ter uma pequena distração, certo? No entanto, logo devo dizer que o vício passou à me incomodar.

Ah, me lembro que certa vez conheci um jovem.

Pele morena e os olhos mais encantadores que já vi em toda minha vida, seu nome era Jongin. Em meados de 74 eu teria ignorado toda cerimônia e simplesmente colocaria minhas mãos imundas nele.

Ora, não me olhe assim, doutor. Eu apenas não consigo entender qual a magia que veem em fazer toda aquela porra de tentar conquistar alguém, sempre fui adepto do modo que era mais cabível na ocasião, sem enrolações. Isso não é algo para se espantar, afinal, quanto mais rápido for, menos sujeira sobra no final.

Não gosto muito de limpar.

Pois bem, Jongin trabalhava em um bar. O lugar era sem dúvidas a maior espelunca que já vi. Prostitutas baratas e com mais DST's que você poderia contrair em toda sua vida. Nojento, não é?
Certo, lá estava ele, o sorriso extrovertido que se recusava a deixar seu rosto enquanto atendia as pessoas em volta do balcão. De certo modo, um riso forçado. Sabe quando você encontra alguém e assim que bate os olhos percebe que tirou a sorte grande? Me senti assim naquela noite, mas devo confessar que de imediato pensei que fosse como qualquer outro, nunca me enganei tanto. Depois de vinte minutos de conversa e quatro shots de tequila mudei minha cabeça.
Você não entenderia se eu explicasse, alguém assim só se encontra uma vez na vida. Tive sorte de ter encontrado duas. Ainda me lembro dos fios ruivos e o sorriso brilhante, assim como o de Jongin, porém, não quero falar dela agora.

Você entende, não é, doutor? Estamos aqui para falar do meu vício. Se não se importa, irei pegar outro cigarro.

Enfim, continuando, conversa vai e conversa vem, ele aceitou tomar um drinque comigo. Escolhemos uma mesa reservada, bem escondidinha. Não me dei conta de quanto tempo se passou, mas só percebemos que era tarde quando avisaram que precisavam fechar.
Jongin era um tanto tímido, ao menos comigo. Não sei lhe dizer se era por conta de minha presença, digo, más línguas comentam que tenho uma presença intimidadora. Você acha isso, doutor?

Não quer me responder? Tudo bem, não tem problema.

Ainda fico surpreendido com o tempo que levei para convencê-lo de aceitar minha carona. Ele era muito desconfiado.

Merda, o cigarro acabou. Acho que consigo terminar minha sessão sem outro maço.

Jongin tinha um aroma maravilhoso, não aquele cheiro rotineiro de perfume barato e roupas lavadas com um sabão qualquer. De fato, tenho certeza até hoje que era medo, dizem que o medo tem um cheiro próprio. Não tenho conhecimento sobre isso, mas é algo para se pensar.
Bom, o levei até sua casa, juro que escutei um suspiro de alívio quando a porta do Maverick se fechou. Talvez ele concluiu que eu fosse algum desses doentes que chamam de estupradores? Vamos lá, sou melhor que isso. Fiz questão de acompanhá-lo até a porta, Jongin estava hesitante, mas me convidou para entrar. Bons modos, imagino. O que seria de mim sem eles?

As quatro horas seguintes não foram tão interessantes, então, vou pular essa parte. Sei que você entende, doutor.
Tenho que admitir, nunca foi tão difícil levar alguém pra cama, ele resistiu até o último minuto.
Deve ter sido todo aquele papo furado de não transar no primeiro encontro. Besteira pura, quem pode garantir que vai haver uma segunda vez? Em todo caso, a demora compensou, fodemos pra caralho. Consigo imaginar perfeitamente o corpo dele, ficou fotografado na memória, cada detalhe. A pele macia e os beijos acalorados, as chupadas e mordidas que assombram minha memória até hoje. Seus dedos finos percorriam minha pele de um jeito curioso, querendo explorar o desconhecido que se encontrava em seus lençóis.
Porra, não nos cansávamos nunca. Era a maior onda de adrenalina que já tinha provado em toda minha existência miserável, Jongin devia compartilhar da mesma experiência pelo olhar em seu rosto. Talvez seja por isso que ele não esboçou reação quando cravei meus dentes em seu braço, na verdade, só percebeu quando encarou meu rosto e o viu coberto de líquido carmesim. É incrível como depois disso não se sentem mais à vontade para transar. Como o encanto se quebra tão facilmente? Nunca vou entender.

Mas, essa é sempre a melhor parte, quando tentam gritar e eu calmamente coloco minha mão cobrindo vossas bocas, o pânico se instala em seu rosto e com o decorrer dos minutos aceitam que estão de encontro marcado com a morte. No final, só rezam para que termine logo.
É um tanto injusto, sabe? Eu proporciono prazer e o mínimo que poderiam fazer em consideração, é me dar a refeição do dia. Egoístas malditos.
Jongin, no entanto, não lutou contra a correnteza, ele se assustou de início, mas pareceu aliviado ao saber que encontraria abrigo no colo de Satan.
Às vezes me pego pensando que se eu não tivesse tirado sua vida, ele mesmo teria feito. De início foi um tanto chocante, normalmente eles choram e tentam gritar, esbarrar com alguém que aceita isso de bom grado é uma enorme surpresa.

Não queria lhe contar os detalhes sórdidos, doutor. Creio que poderia te poupar, mas preciso resolver isso e além do mais, Jongin tem uma parcela de culpa.

Todos os dias eu escolho minuciosamente quem será o sortudo do dia, a carne não me dá mais prazer, o gosto é rançoso e velho desde que encontrei com ele.
Será que deveria ter ido mais devagar? Bem, ao menos entendo agora o que querem dizer com "a gula é um pecado capital", estou pagando por isso.

O tempo corre rápido, parece que nossa sessão chegou ao fim, doutor.

Acabei fugindo do assunto, como ia dizendo, acho que tenho um vício.

Cigarros são meu maior problema. Jongin era fumante, experimentei meu primeiro cigarro com ele. Eu lhe dei prazer e ele me deu esse vício.

Qual o problema, doutor? As amarras estão apertadas? Não se preocupe, já vou soltá-lo. Estou começando a ficar com fome.


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