A cidade estava um caos. Não havia mais nenhum cidadão em Paris e nuvens escuras não deixavam nenhum tipo de iluminação chegar ao solo da cidade. Era o inicio do fim de todo o mundo e o causador de toda aquela situação estava diante dos dois heróis da cidade. Ambos estavam correndo sob diversos telhados de casas com um único ponto de encontro em mente: a famosa Torre Eiffel. A poucos metros de distância de onde encontraria o seu fim, a garota pousou em um telhado e observou o ambiente em seu redor. Tudo estava diferente agora. Estava com medo e sentia que seu parceiro também. Estava frio e não tinha mais ninguém ao seu lado para aquecê-la. Todos se foram e só uma Dupain-Cheng restou. Uma Dupain-Cheng que logo se juntaria a sua família e todos os amigos que tinham ido embora.

Somos jovens, somos ouro.

Tentando coisas que não conhecíamos.

Olhando para o céu

Vê-lo ganhar vida

— Ladybug... – ouviu seu parceiro lhe chamar, mas continuou a encarar o horizonte calada. – Eu preciso te dizer uma coisa.

— Estou ouvindo Chat. – a joaninha respondeu rapidamente.

— Se essa for a nossa última luta juntos e se nós nunca mais nos encontrarmos, independente do que aconteça eu quero que você saiba que eu te amo. – Chat Noir revelou tocando o ombro da parceira. Seu coração estava aos pulos e agora que havia começado precisava terminar. – Desde o primeiro dia que te conheci eu jurei amar a garota por trás dessa máscara, não me importando quem ela seria. Hoje eu descobri quem você é. Sem dúvida nenhuma você é a garota mais incrível, justa, corajosa e mais bela de todas as outras que eu já conheci em toda a minha vida. Você é a melhor parceira que alguém poderia ter... – terminou dando um sorriso sem graça. – Mesmo que não goste do lindo garoto de uniforme apertado com trocadilhos horríveis.

O loiro encarava a dona de seu coração ansioso com o que a mesma diria de sua piada inapropriada, mas se surpreendeu quando a mesma se virou para si e afundou seu rosto em seu peito, molhando o mesmo com poucas lágrimas que insistiam em escapar de seus olhos. Mesmo sem dizer nada, Adrien entendeu tudo o que a morena não conseguia expressar apenas a apertando em um abraço. Um abraço que dizia tudo o que a garota sentia. Um abraço reconfortante. Um abraço que era um verdadeiro refúgio de tudo e de todos. Um abraço que foi o suficiente para confirmar o sentimento que Marinette teimava em não admitir que sentia.

— Eu também te amo Chat. – sussurrou ainda nos braços do rapaz.

Sentiu o rosto corar quando as batidas de seu coração aceleraram abaixo de sua cabeça e enxugou o rosto molhado, encarando-o a poucos centímetros distantes de si. Dando uma pequena gargalhada da mistura de confusão e rubor no rosto do gatuno, Ladybug selou o espaço entre ambos e depositou um beijo em seus lábios, segurando o rosto do loiro com as mãos fortemente.

Todos os nossos medos se tornam nossas esperanças

Pulamos para fora de todas as janelas trancadas

Montamos na juba dos leões e caímos sobre chuva

Nós podemos alcançar as constelações

Confie em mim, todos os nossos sonhos estão se realizando

Não demorou muito para que Chat Noir aproveitasse aquele momento. Agarrando-lhe a cintura e aprofundando mais o tão esperado beijo de Sua Lady, o garoto se sentiu nas nuvens ao perceber que, finalmente, havia conquistado o coração da garota mais perfeita de todas as outras da cidade. Era o momento mais importante de sua vida e jamais se esqueceria daquele momento. Era como se ambos pudessem fazer qualquer coisa. Como se pudessem alcançar o céu e que tudo acabaria bem no final. Era como se não existisse mais nada ao seu redor e que o amor fosse maior do que todas as coisas que haviam acontecido por toda Paris.

— Eu estou com medo Chat. – a joaninha revelou após se separar do mesmo. – Eu tenho a impressão que essa será a nossa última luta juntos.

— Ei. – o garoto disse segurando levemente o queixo de sua parceira e olhando no fundo de seus olhos. – Não importa o que aconteça, não tenha medo. Eu sempre estarei ao seu lado My Lady e nunca, nunca mesmo, vou te deixar sozinha.

— Como você pode ter tanta certeza que tudo vai voltar ao normal quando tudo isso terminar? – Ladybug rebateu esperançosa.

— Somos super-heróis, o que pode acontecer? – respondeu convencido de sua pergunta retórica.

Não, nós nunca vamos virar poeira

Tudo o que sempre precisamos é de nos mesmos

Não tenha medo ou feche os olhos

Não, nós nunca vamos morrer

Nós seremos as estrelas

Uma explosão fez com que os dois voltassem a realidade e fossem jogados próximos da Torre Eiffel.

Aquela era a luta final.

A luta que Ladybug e Chat Noir há tanto esperavam e temiam contra seu único inimigo. Hawk Moth.

— Finalmente! – exclamou com um sorriso quase invisível em seu rosto coberto por uma máscara roxa escura. Suas palavras cortavam o ar como um canivete e atingia ambos como uma bala disparada por um revólver.  – Ladybug e Chat Noir.Nunca imaginei que um dia vocês realmente ficariam juntos. Satisfeitos com a sua preciosa cidade?

— A única pessoa satisfeita com toda essa destruição é você Hawk Moth. – o herói gatuno respondeu girando seu bastão nervosamente em suas mãos. – Você é o culpado por tudo isso.  

— Porque você quer tanto os nossos miraculous? Já não basta ter tirado tudo aquilo que nos é mais importante? Nossos amigos, nossa casa, nossa família? – Ladybug indagou com a voz embargada e misturada com raiva do inimigo. – Já não basta ter destruído a nossa vida?

— Vocês poderão acabar com tudo isso se me entregarem os seus miraculous. – o vilão disse se apoiando em seu bastão com seriedade. – A escolha do futuro do mundo está nas mãos de vocês Ladybug.  

— Eu tenho uma ideia melhor. – a garota rebateu girando seu ioiô e se aproximando ainda mais de onde seu parceiro estava. – Porque você não nos entrega o seu miraculous Hawk Moth? Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil. Porque você não escolhe?

Oh, não, nós nunca vamos longe demais

Sim, nós estamos sendo quem somos

Quando chegar a hora de fechar os olhos

Eles vão nos ver no céu

Nós seremos as estrelas

Uma gargalhada maligna ecoou por toda a cidade e fez ambos heróis se arrepiarem da cabeça aos pés. Todos sabiam que aquela luta seria difícil e nenhuma conversa mudaria isso.

Com um movimento rápido, o vilão pegou sua bengala e milhões de borboletas negras surgiram e avançaram para cima dos vilões, vindo de todos os lugares da cidade como se já soubessem o que iria acontecer em seguida. Com movimentos rápidos, Ladybug usou seu ioiô para afastar a pequena distração que Hawk Moth havia criado e logo o enxame de akumas desapareceu, revelando Chat Noir tentando acertar vários chutes e socos no inimigo de terno roxo. Usando sua bengala, o mesmo bloqueou todos os movimentos que os heróis faziam e revelou uma pequena adaga presa em sua ponta, cortando profundamente um dos braços da morena. Mas Ladybug não ligou para o machucado, se preocupando em jogar o adversário de um lado para o outro com seu ioiô e afastá-lo de Chat Noir, que havia acabado de levar um golpe e cair no chão. Sentindo muitas dores na barriga e nas costas, o garoto não viu quando a joaninha parou ao seu lado para socorrê-lo e não percebeu a aproximação repentina do mesmo pelas costas de sua amada.  

— Não! – berrou quando viu as intenções do mesmo e fazendo a morena virar no mesmo instante.

O barulho de uma arma atravessando o tecido humano diante de seus olhos fez com que a dor sumisse repentinamente de Chat Noir. Ela havia sido golpeada em seu lugar.

Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh

Nós seremos as estrelas

Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh

Nós seremos as estrelas

Oh, oh, oh, oh, oh, oh, oh

Nós seremos as estrelas

— Não! Não, não, não, não... – o loiro repetia milhares de vezes colocando a amada sobre seus joelhos. Lágrimas escorriam por todo o seu rosto e molhavam a máscara de Ladybug a sua frente. A garota sorria para ele como se fosse a primeira vez que o via, mas nada tirava o desespero do olhar de Adrien. – My Lady respire... Respire, p-por favor... Não me deixe...

— Não chore Chaton. – a heroína pediu com a voz se tornando arrastada. – Como você me disse há alguns segundos atrás... N-não importa o que aconteça eu sempre vou estar com você... Sempre estarei aqui dentro... – tocou o coração do parceiro inundando os olhos como nunca pensara que aconteceria algum dia.

— Não My Lady... Fique aqui comigo... N-não se vá Ladybug... – Chat Noir pediu com as palavras mal saindo de sua boca. A mestiça sentia os olhos começarem a pesar lentamente. Queria dormir. – Não feche os olhos My Lady... Não feche os olhos!

— Seja forte e corajoso... E-e... Tome conta de Paris por mim... Me prometa que fará isso... – Ladybug pediu segurando a mão do garoto e beijando levemente as suas costas. Antes de fechar os olhos totalmente apenas sussurrou: -  Me abrace com força... Gatinho bobo...

Então Adrien acordou.

Se levantou da cama onde estava deitado e olhou ao redor, ofegante com o pesadelo que acabara de ter. Tudo ainda estava em seu lugar no quarto de Marinette: as paredes em tom de rosa, as prateleiras com suas fotos com Alya e com sua família e, principalmente, os recortes de revistas com a sua cara estampada nelas. Na cabeceira da cama e sobre uma almofada qualquer estavam os dois kwamis, dormindo como se nada estivesse acontecendo. Olhou para Marinette. A garota dormia como um anjo ao seu lado, totalmente tranquila e segura diante de seus olhos. Não sabia o que faria se a perdesse novamente. Não suportaria mais uma tragédia depois da morte de Hawk Moth e o desaparecimento de seu pai. Suspirou pesadamente e se deitou novamente na cama, abraçando a namorada como se não a vesse há anos. Fechou os olhos tentando esquecer das lembranças que dominavam sua mente e deu um pequeno sorriso quando a morena se confortou entre seus braços.

— Boa noite Chaton.  – Marinette desejou abraçando o loiro.

— Boa noite My Lady. – respondeu apagando a luz novamente e dando um beijo estalado em sua testa.

Na escuridão da mente de ambos eles eram as estrelas que brilhavam no céu.