Anjo da Guarda escrita por Astus Iago


Capítulo 1
Anjo da Guarda




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O pai disse-lhe que um anjo sempre o iria proteger, um anjo da guarda por ele contratado. Ele cuidaria do rapazito, olharia por ele todos os momentos sem cessar. No princípio, o menino não acreditou. Mas o anjo, esse, ouviu as preces do progenitor.

Todas as noites, quando o rapaz não conseguia dormir por temer o escuro, ele dava-lhe a mão. E o rapaz dormia melhor.

Quando ele foi pela primeira vez à escola, deixando ao portão a mamã e o papá, o anjo consolou-o e incentivou-o a continuar corajoso como era. E o rapaz ultrapassou os seus medos.

Quando, um dia, os rufiões mais velhos se meteram com ele e os seus amigos o deixaram, amedrontados, o anjo apareceu e afugentou os malfeitores. E o rapaz abraçou-o, chorando.

Sempre que ele passava uma passadeira, o anjo observava os carros, preocupado. Nunca a criança foi vítima de acidente. Os poderes do anjo certificaram-se disso.

Quando o garoto teve de participar num teatro perante toda a comunidade escolar e os seus pais não puderam estar presentes, o anjo estava lá, bem escondido, apoiando o seu protegido. O rapaz viu-o e acenou-lhe, chegando a pular de alegria. Encheu o peito de bravura e seguiu em frente sem nunca desistir. A peça foi um êxito.

Houve um dia em que o pai se atrasou no trabalho e demorou mais do que o habitual a ir buscá-lo à escola. Vendo-o ali sozinho, um homem, um velho com más intenções, tentou atraí-lo com guloseimas. O anjo correu a salvar o menino antes que acontecesse o pior.

O jovem falava aos pais do seu anjo da guarda, espírito benigno que vivia para o proteger, salvaguardando-o de tudo e todos. Mas os pais não acreditavam. Pensavam tratar-se de um amigo imaginário, comum nas crianças daquela idade. O menino adorava o seu anjo. Era sem dúvida o seu melhor amigo e confidente.

Costumavam conversar sobre tudo, ele e o espírito fugidio. Numa dada altura, sugeriu ao anjo que se apresentasse ao papá. Mas o anjo tinha medo disso. Disse-lhe que queria muito conhecer a sua família mas temia que não gostassem dele. O rapaz argumentou que não tinham razões para não gostar dele. Era o seu melhor amigo, protegia-o e amava-o tal como os seus pais. De certeza que o iriam aceitar. Pediu ao anjo que confiasse nele. O anjo confiou nele, confiava-lhe a sua existência. No dia seguinte, quando o papá chegasse a casa, far-lhe-iam  uma surpresa.

Chegou o dia prometido. O pai colocou as chaves na fechadura e abriu a porta. Gritou "filho, cheguei a casa". Mas não foi o seu amável filho a saudá-lo. Foi uma criatura enorme, de pele negra e desfigurada. Suas pernas curvavam-se como as de uma cabra. Era portador de um conjunto de garras ameaçadoras e reluzentes. Só possuía um olho, um único olho verde, e asas como as de um corvo saiam-lhe das costas. O homem gritou e correu para a cozinha. Na gaveta escondia uma arma. Era só o monstro aproximar-se e...

A besta aproximou-se. Tiros, múltiplos, foram disparados. Ferida, morrendo, a abominação cedeu, caindo por terra. Nesse momento, o rapaz apareceu. Levou as mãos à boca, lágrimas nos olhos. Sua mãozinha encontrou as enormes mãos negras do seu anjo. E foi só aí, nesse instante, que o pai percebeu o erro que havia cometido.


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