Meiko

—Tens sempre de te armar em louco. - Sentei-me no banco bem longe do Tenma e da Aoi– E tu também!

Olhei para o tornozelo, tenta escapar ao olhar da nossa ajudante. Baixei a meia e estava inchado e um pouco negro, mas nada muito preocupante, doía apenas por fora. Ia me levantar para ir buscar gelo, quando vi um saco com ele ser colocado em cima da minha pele. Levantei a cabeça e vi o meu tio sorrir para mim. Apesar de ser o meu treinador, ainda éramos família.

—A mim pareceu que estavam ambos muito bem. Continuem assim!

—Midori! Deixa de lhes dizer essas coisas! Ainda por cima estás a incentiva-los.

Todos no rimos. Sabia bem que a Aoi apenas fazia o trabalho dela e se preocupava connosco, mas era algo que podia acontecer por muito que tentássemos evitar.

—Nesta situação, entrares no segundo tempo, será uma loucura. - A meu lado estava um Kirino-senpai com o pé da mesma forma que o meu, ainda que pior – Lamento muito, Kirino.

—Não te preocupes, Shindou. Não foi culpa tua.

—Shindou. - Olhei para a frente e vê os veteranos todos reunidos. Não vinha daqui coisa boa – Vais continuar com o mesmo na segunda parte? - ai sim, ganharam a atenção de todos nós – Se queres, continua por tua conta, mas nós já não vamos intervir mais no jogo. - O capitão levantou-se sem dizer uma palavra e assim ficou diante deles.

—Este jogo deixou-nos as coisas claras em relação ao que acontece se nos enfrentamos ao Quinto Setor.

—Era uma loucura desde o principio, o de recuperar o futebol e tudo isso. - Até o Hamano-senpai.

—Mas se continuarmos a vencer, então…

—Cala-te, está bem?! - não gostei nada da forma como o Kurama-senpai falou com o Tenma. Podia ser mais velho, mas não lhe dava esse direito.

—Rapazes, peço desculpa por vos ter envolvido em tudo isto, mas nós continuaremos a lutar de igual forma, ainda que fiquemos só nós os cinco. - Aquilo é que era falar.

No entanto, nenhuma das partes disse nada mais. Olhei para o meu tio e vi a Haruna sussurrar-lhe algo. Ele não pretendia fazer nada? Era o treinador. Iria apenas ficar a olhar?

O intervalo pareceu ter demorado pouquíssimo tempo, mas o suficiente para haver uma pequena confusão entre os veteranos. E assim que entramos em campo, o que eles disseram foi feito. A nossa formação inicial foi desfeita e todos eles se afastaram para as áreas laterais sem pensar duas vezes. Eu e o Tenma tivemos que avançar de posição, e eu fiquei a dar o passe inicial com o capitão.

—Vamos lá. Em frente.

Não pretendia perder este jogo por nada nem por ninguém. Por muito dano que eles nos fizessem, íamos continuar a insistir, independentemente do que eles fizessem. Tínhamos o Tsurugi do nosso lado… Pelo menos eu contava com isso. Ele ajuda-nos na primeira parte e não parecia disposto a fazer o contrário. Eu só esperava que não lhe passasse pela cabeça trair-nos agora.

Assim que o árbitro apitou, o capitão passou-me a bola e comecei a avançar sem pensar duas vezes. Ouvi passos atrás de mim e quando olhei, vi o Tsurugi a meu lado.

—Dá-me a bola. - E era assim? Chegava e dava uma ordem? Só que antes mesmo de ter tempo para responder, ele tira-a dos meus pés.

—Mas o que estás a fazer?! - ele não podia jogar sozinho!

No entanto, mal os jogadores adversários foram para cima dele para o deter, ele conseguiu desviar-se de todos sem nunca perder a bola. Notava-se que tinha tido um treino de excelência. Então aquilo era um SEED de verdade.

—Dá para notar que o Tsurugi é um SEED! É alucinante.

Por muito que o quisesse concordar com o Shinzuke, não me podia deixar iludir. O Tsurugi podia estar connosco agora, mas não deixava de ser o inimigo. Só que neste momento, parecia realmente disposto a ajudar-nos, talvez com os métodos, mas estava.

Já o nosso adversário, principalmente o capitão, não parecia muito preocupado com o avanço do Tsurugi para o seu campo. Estava com um sorriso no rosto, como se tivesse à espera de algo. Concentrei-me rapidamente no nosso novo suposto companheiro, vendo-o já junto da baliza, pronto para rematar, fazendo a Death Sword. Esperava que a bola entrasse e fizéssemos o segundo o golo, mas nada me fazia esperar que o goleiro tivesse uma keshin. Parecia uma espécie de golem feito de metal, com grande braços e duas partes de um escudo em cada ombro, cujo nome era Kikai Hei Galleus. Mal a bola chegou até ele, foi logo detida pelo escudo que a keshin fez. Então ele também era o SEED.

De repente, passou a bola para um companheiro, deixando o próprio Tsurugi surpreso. E quando tentei recuperar a bola, parei de imediato ao ver o adversário evocar uma keshin. Parecia uma espécie de palhaço, assustador, com quatro braços, mas era uma mistura de um mágico, devido ao chapéu e à varinha que tinha na mão. O seu nome era Kijutsuma Purim. Sem pensar duas vezes, da posição onde estava, a sua keshin tirou do chapéu uma caixa rosa e branca, cuja técnica foi nomeada de Magician's Box, para a qual o jogador atirou a bola, em chamas, com um remate para dentro da caixa, a qual se abriu com uma intensa luz roxa, indo em direção à nossa baliza. E eu sabia que ela ia entrar. Tentei correr para tentar detê-la, mas não chegaria a tempo. O Sangoku-senpai começou logo por fazer a sua técnica Burning Catch para a deter, mas não valeu de nada.

Agora estávamos a perder. Ainda por cima, estavas a jogar contra três SEED’s e nós só tínhamos um. Tanto o Shindou-senpai como o Tsurugi tinham keshins, mas elas poderiam ajudar? A do capitão podia ficar instável e o Tsurugi pretendia sequer usar a sua?

—Bem, Tsurugi. Destrói-nos, como dizias. Vamos. Usa o teu autêntico futebol.

Não me importava as palavras que ele utilizava para atingir o Tsurugi, mas sabia que aquilo era um desafio a todos nós, como se mostrasse que não os podíamos derrotar independentemente do que fizéssemos e qual jogador utilizássemos.