White Angel escrita por Malina Endou


Capítulo 12
Capítulo 12- Primeiro dia.


Notas iniciais do capítulo

Yo!!

Sei demorei algum tempo na atualização, mas aqui está o capítulo 12 de White Angel! O capítulo é pequeno em termos de conteúdo, porque foi só mesmo para avançar na história!

Boa leitura!



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Meiko

Ouvi o meu irmão descer as escadas enquanto resmungava algo entre dentes. Teria dormido mal ou estava com dores? Corri até ele para ver o que se passava, vendo-o tirar a t-shirt azul, volta-la para o lado certo - ao que parecia tinha-a vestido do lado errado -, para a tornar a pôr em cima do corpo. Fiquei aliviada por saber que estava bem.

—Atsushi? O que se passa?

—Estou com tanto sono que nem consegui ver como está a minha roupa. Até as calças já vesti ao contrário.- Ri-me ainda que tivesse logo revirado os olhos. Ele por vezes conseguia ser um grande exagerado.

—Vem mas é comer. A tia já nos fez o pequeno-almoço.- Terminou de descer as escadas antes de se sentar à minha frente. Olhou à sua volta antes de me encarar.

—Onde é que ela foi?

—Foi ao correio buscar a encomenda que os avós nos enviaram de França.

Durante a madrugada - e uma das razões para as queixas do Atsushi - os nossos avós maternos ligaram. Em Paris ainda era de tarde enquanto aqui estávamos a meio da noite. Apesar de ter vivido aqui durante a adolescência da minha tia, os horários deles estavam todos trocados e acabaram a pedir-nos imensas desculpas por nos acordarem. A tia voltou a dormir enquanto nós falávamos com eles, antes de ser obrigada a pegar no meu irmão e a leva-lo para a cama após o fim da chamada. Era verdade que podíamos sempre viver com eles, já nos perguntaram se não queríamos ir para França onde estão de momento - há coisa de um ano estavam na Alemanha -, mas o trabalho do nosso avô implica estarmos sempre em viagem, e a nossa avó segue-o já que não tem nada que a prenda aqui.

Só que não queria viver fora do Japão, fora de Inazuma e longe da Raimon. Esperei muito até poder entrar naquela escola e principalmente no clube de futebol, não iria desistir só para conhecer lugares novos ou viver fora do país! Além disso... Já mais pensaria abandonar a minha mãe. Acrescentando ao facto de que o nosso avô paterno não nos iria deixar devido ao Atsushi, assim como os nossos tios - ainda que sejam primos, e nem são familiares de sangue -, e também nós precisaríamos de uma autorização do nosso pai para tal. Tudo a complicar, mas de qualquer maneira nunca pensei em abandonar a cidade. A parte boa é que eles enviam sempre presentes do lugar onde estão! E desta vez tinham sido roupas! Diretamente de Paris! Pelo menos para mim. O meu irmão preferiu cópias de quadros famosos e livros. Por vezes perguntava-me quem era o mais velho.

—Já? Mas ainda é tão cedo. Os correios ainda nem abriram.

—Eu sei.- Engoli uma torrada meio queimada, deitando de seguida a língua de fora. Aquilo sabia tão mal. O meu irmão, pelo contrário, parecia adorar. Sentia-me o alien da família- Será que o tio também enviou alguma coisa? Ouvi-a a falar com ele ao telefone esta manhã e parecia bastante alegre.

—Talvez...

Terminamos de comer e saímos novamente juntos, deixei o meu irmão entregue aos colegas e segui o meu caminho, encontrando a meio o Tenma e o Shinzuke que passavam à mesma hora no campo junto ao rio. Fomos a conversar no trajeto para a escola sobre como seria daquele dia em diante. Estava nervosa só de saber que iria jogar diante de imensas pessoas. Não que seja uma pessoa tímida ou algo parecido, apenas... É enervante. Dava tudo para que o meu tio estivesse em casa para me poder aconselhar sobre o que fazer, para poder treinar um pouco com ele e aprender mais sobre o futebol. Infelizmente, segunda a minha tia, ele só voltaria dentro de algumas semanas, até lá, eu mesma tinha de me esforçar para lhe mostrar todo o meu progresso!
E foi só isso que consegui pensar durante o resto da aula de matemática, à qual tentei prestar atenção. Felizmente, a aula passou a correr, despedimo-nos da professor antes de começarmos todos a arrumar e de ser surpreendida pelo Tenma e o Shinzuke a aparecerem à minha frente.

—Vamos!

—Depressa, Meiko!

—S-sim.- Atirei o estojo para dentro da mala antes de sair a correr com eles.

Era impressionante como estavam sempre cheios de pressa para tudo. A Aoi também não parecia muito feliz, corria atrás de nós enquanto nos tentava alcançar e eu desejava ter uns ténis como deve ser e não uns sapatos de escola. Entramos no clube a toda à pressa, com o Tenma sempre à frente, que quando chegou à sala do clube, cumprimentou-os a todos... Ou pelo menos era esse o objetivo.

—Parece que ainda não chegaram.- Suspirei. Claro que ainda não. Tínhamos saído a correr, eles com certeza não vinha da mesma forma.

—Chegaram cedo!- assustei-me com a voz de um dos senpais e afastei-me logo. Repreendi-me ao vê-los chegar. Também teriam corrido?

—Sejam bem vindos.- Inclinamo-nos, cumprimentando-os.

—Desculpem, não sei se será preciso fazer alguma coisa antes do treino, preparar algo... Mas digam-me e farei.- Olhei de lado para o Tenma. Mas ele era o quê? Jogador ou ajudante? Nesse mesmo instante, escutei passos do outro lado antes de olhar a porta e ver o capitão entrar.

—Seja bem vindo, capitão.- Inclinamo-nos também para o saudar, ainda que tenha agradecido com muita pouca vontade.

Entretanto o treinador e a Haruna também chegaram, cumprimentaram-nos, com atitudes diferentes, obviamente, antes de chegarem também a Midori e uma outra rapariga mais velha. Viriam para se candidatar ao lugar de ajudantes ou jogadoras? Não queria nada ter de passar por uma prova novamente. Os organizadores do torneio só permitem uma rapariga por equipa, e são raras as que têm. Após observarem que estávamos todos, o treinador mando-nos ir para a frente da grande tela que existia na sala, virados para os senpais, todos a olharem para nós.

—Bem, primeiro vamos começar pelos novos membros do clube.

—Está bem.- A Midori foi logo a primeira a responder, dando uma enorme palmada nas costas do Tenma- Vamos! Começa tu! Com muita energia!

—E quem és tu?- era normal a Haruna estar um pouco confusa. Ele chegou ali e nem disse nada a ninguém.

—Quem eu?

—Por acaso seres ser ajudante?

—O quê? Não, não quero fazer coisas assim tão chatas.- Segurei-me para não rir- Como posso explicar...- de seguida colocou a mão sobre a cabeça do Tenma e depois na minha- Vou ser a animadora particular destes dois!- porquê eu?- Mas não se preocupem comigo.- Ninguém disse absolutamente nada- Vamos!- e tornou a empurrar a Tenma.

—Chamo-me Matsukaze Tenma e estou no primeiro ano!- depois de tanto hesitação finalmente se apresentou... A gritar! Notava-se logo que estava nervoso- Bem... Isto é...- porém, mal o Shinzuke o chamou lhe deu animados, pareceu acalmar-se um pouco mais- Enfim... E gosto muito de futebol!- e curvou-se- E estou feliz de estar aqui.

—Muito bem! Nós também estamos felizes!- o goleiro parecia bem mais simpático fora do campo.

—Seguinte.- Mal o capitão chamou, o Shinzuke deu um passo em frente. Se ele queria ir primeiro quem era eu para o impedir?

—Chamo-me Noshizono Shinzuke. Sou do primeiro ano, e na primária jogava como defesa. Estou muito feliz de estar aqui e penso esforçar-me muito.- Inclinou-se e voltou ao seu lugar. Eu e o Tenma entreolhamo-nos antes de olharmos para ele- O que se passa?

—Não... Não é nada.- Murmurei. Como assim ele jogava de defesa e não nos dizia?

—Seguinte.- Só sobrava eu. Suspirei e dei um passo em frente.

—Chamo-me Goenji Meiko. Sou do primeiro ano e...- nem sabia exatamente o que dizer- Vou esforçar-me ao máximo.- Inclinei-me e voltei para trás.

—Por acaso és familiar do Goenji Shuya? O lendário atacante da Raimon?- o ta defesa de pele escura, parecia bastante feliz ao perguntar-me tal coisa.

—Sim. Sou filha dele.- Todos ficaram um pouco admirados. Não sabia exatamente porque razão. Não viram na prova o quão má sou a jogar?

—A sério?! E achas que o podias trazer aqui?!- fiquei espantada com a pergunta dele- E à tua mãe também! É a Endou Malina, não é?

—S-Sim, mas...

—Já chega, Hamano.- Pela primeira vez, o treinador foi a minha salvação. O tal Hamano não pareceu ficar muito feliz- Continua, Shindou.- O mesmo assentiu.

—Seguinte.- Só nesse momento percebi... O seguinte era ele.

—Ele "seguinte". Não ouviste?- olhei para trás e vi aquele idiota a rir.

—Chamo-me Tsurugi Kyousuke.- Então era assim que se chamava. Custava admitir, mas até o nome já lhe dava uma certa força, certa imponência. Só me fazia odeia-lo mais.

—Bem! E agora as ajudantes!- a Haruna parecia entusiasmada com isso.

—Chamo-me Sorano Aoi e sou do primeiro ano.- Curvou-se- Encantada de estar aqui.

—Sou Yamana Akane. Sou do segundo.- De seguida tirou uma fotografia a eles. Então chamava-se Akane.

—E eu chamo-me Seto Midori. Também sou do segundo ano. Encantada.

—Agora é a nossa vez de nos apresentarmos!- sim, sem dúvida que o goleiro era simpático.

—Do terceiro ano são Sangoku Taichi, goleiro. Minamisawa Atsushi.- Tinha o mesmo nome que o meu irmão- Kuramada Gouichi. E Amagi Daichi.

—Encantados.- Claro que tinha de ser o Sangoku-senpai a responder.

—Encantados de os conhecer.- Todos nos curvamos para os cumprimentar.

—E nós somos do segundo ano. Kurama Norihito. Kirino Ranmaru. Hayami Tsurumasa. Hamano Kaiji. E eu, o capitão Shindou Takuto.

—Eu sou Otonashi Haruna, a tutora do clube de futebol. E ele é o treinador, Kudou Michiya.

—Encantados de os conhecer.- De seguida, a Haruna começou a aproximar-se com algo em mãos.

—E aqui está o equipamento.- Todos pegamos no nosso, e quando desdobrei o meu fiquei encantada.

—Mas este não é o equipamento da equipa principal?- o Tenma não podia simplesmente aproveitar o momento?

—Normalmente vocês começariam na equipa B, mas todos os que lá estavam foram embora.- Após o Kirino-senpai falar é que me lembrei. Nós até assistimos a isso.

—Têm a certeza?- Tenma!

—Mas isso não significa que já formam parte da equipa.- O Kurumada-senpai era realmente simpático. Ainda assim não impediu o tonto do meu amigo de sorrir.

—Trabalharei muito!

Ergui o equipamento em frente à minha face e admirei-o. Estava um pouco diferente daquilo que vira nas fotografias e vídeos de quando os meus pais, tio e amigos jogavam na Raimon, mas ainda assim era imponente! Era o equipamento mais belo que já vira! E era meu! Era a prova de como fazia parte do clube de futebol da Raimon!

—Troquem-se e vamos treinador. Goenji, podes ir mudar-te para o outro balneário.

—É Meiko.- Murmurei. Odiava ser chamada pelo sobrenome.

Os rapazes dirigiram-se todos até aos cacifos para retirarem o equipamento enquanto eu dobrava novamente o meu para sair e ir até ao tal outro balneário. Claro que precisava perguntar primeiro onde era.

—Meiko.- Voltei-me para trás vendo o treinador Kudou aproximar-se.

—Sim?- parou diante de mim, sério como sempre, juntando-se a nós a Haruna.

—Como está a tua mãe? Já deu algum sinal de querer acordar?

Fiquei espantada com a pergunta. A noticia do acidente foi falada durante algum tempo, pelo menos nos primeiro ano e depois recordaram-no no segundo, no terceiro já o acidente havia caído no esquecimento. Os mais novos costumam pensar que a minha mãe se aposentou para cuidar dos filhos, mas não faziam ideia da verdade. Creio que foi por isso que o Hamano-senpai me pediu uma coisa daquelas. Honestamente não deveria ficar surpresa pela pergunta do treinador e muito menos pelo facto dele saber, afinal, foi treinador dela e, é claro, também sabe o que realmente lhe aconteceu.

—Continua na mesma.

—Pobre Malina...- notava-se a tristeza na voz da Haruna. Também ele era amiga da minha mãe.

—A tua mãe é forte.- Levantei a cabeça de imediato, espantada com as palavras do treinador- Ele vai acordar a qualquer momento.Acredita nela.- Sorri com as suas palavras. Também acreditava que sim, que ela acabaria por sair daquele estado, mas por vezes pensava como os médicos... Que ela jamais iria despertar.

Terminei rapidamente de me equipar antes de sair mesmo a tempo de ver todos a irem para o campo. Juntei-me no final com o Tenma e o Shinzuke que estavam radiantes por terem o equipamento vestido. Não que eu tivesse diferente, claro que estava extremamente feliz! Mas preferia guardar o entusiasmo para mim. Chegamos ao campo e começamos logo o aquecimento para depois os senpais começarem logo a mostrar as suas habilidades e o quão bons são naquilo que fazem. Do banco ouvia-se a voz da Midori a mandar-nos correr, controlar bem a bola... Enfim, não se calava.

No final dos bancos, em pé, sozinho, estava o Tsurugi que acabou por cruzar o olhar de desprezo comigo. Ele nem imaginava como o sentimento era mutuo. Felizmente, a minha atenção foi de imediato para o Minamisawa-senpai que, ao chegar perto da baliza, começou a fazer a sua técnica, chamando-lhe Sonic Shoot, um remate onde toda a bola ficava azul, parando por momentos no ar para ganhar potência antes de sair com toda a força na direção da baliza. Porém o goleiro não parecia querer perder, fazendo a Burning Catch, detendo-a, passando-a de seguida. Como os invejava. Eles mostravam as suas grandes técnicas e eu nem sabia como passar um adversário.

*

—Eles têm um grande nível, não é? Viste como o Sagoku-senpai defendeu tão bem?- enquanto ouvia o Shinzuke, acabara por me lembrar que não precisava levar o Atsushi ao hospital. Era sempre os dias em que não ia visitar a minha mãe.

—Mas a verdade é que eu também fiquei impressionado com os dribles do Hamano-senpai. Foram dois jogadores até ele e passou por eles como se não fosse nada!- ri-me vendo-o todo entusiasmado.

—Vocês não deviam emocionar-se tanto. Nós os três mal tocamos na bola durante todo o treino.- Ficaram logo desanimados, mas era a verdade.

—A Meiko tem razão. Se vos tirarem o equipamento da primeira equipa, nem quero saber, percebido?

—A sério que nos podem tirar?

—Talvez.- Não queria desanimar o Shinzuke, mas se a equipa B decidisse voltar, era provável que nós três formássemos parte dela.

—Claro... Dirão que não sabemos fazer nada.- Olhamos todos para trás ao ver o nosso pequeno companheiro desanimado. Por vezes mais valia ficar calada.

—Não te preocupes, Shinzuke! Se nos esforçarmos, tudo ficará bem!

—Sim...- não parecia muito convencido, mas o sorriso não tardou a aparecer- Tens razão! Amanhã teremos que nos esforçar muito mais!

—Sim!

Dei meia volta e continuei a andar. Não via a hora de chegar a casa para ver o que os meus avós tinham enviado e esticar as asas. Sempre que jogava futebol ficava com uma sensação muito estranha nelas. Posei a mão sobre o ombro direito e comecei a roda-lo. Como doía.

—Meiko?- A voz do Shinzuke fez-nos parar novamente e encara-lo. Soltei o ombro sentindo as costas ficarem novamente doridas.

—Diz.- Ficamos algum tempo a encarar-nos até que ele sorriu e começou a andar.

—Se te magoaste nas costas, tem mais cuidado, sim?- não percebi bem o porquê daquela frase.

—Sim... Claro.

Pressentia que não era aquilo que o Shinzuke queria dizer, mas não imaginava o que lhe pudesse estar pela cabeça.


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Notas finais do capítulo

Reviews?!
Kissus!



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