POV DRACO

Acordei cedo me sentindo cansado por ter passado a noite em claro pensando nas palavras da minha mãe. Não quis que ela percebesse que estava ouvindo, não queria demonstrar que estava mais vulnerável do que ja estava. Fiz minha higiene matinal e desci para tomar café; encontrei minha mãe sentada sozinha na grande mesa de jantar. Ao lhe desejar bom dia, reparei que estava com os olhos inchados, provavelmente brigou com o meu pai. Ela sempre fez tudo por ele, não entendia do porque da minha mãe tolerar a forma como o meu pai a tratava. Quando perguntava, ela sempre dizia a mesma coisa, que era coisa de momento, que iria ficar tudo bem e que se amavam. 

Amor... Se existe esse sentimento dentro de mim, era exclusivamente voltado para ela. Nunca entendi muito bem esse sentimento, mas sei que so ela o teria. Quando o silencio ja estava insuportável, resolvi me prenunciar.

— onde estão todos? - com a voz calma me respondeu

— saíram cedo, foram para uma reunião com o lorde. - arregalei os olhos - vão voltar so mais tarde.

— mãe... Preciso conversar com você, não aguento mais guardar pra mim. - por mais inseguro que estivesse, eu precisava desabafar e de alguma forma sabia que ela entenderia. 

— pode falar querido!

— eu não aguento mais mãe, não consigo mais ser aquele garoto que sempre fui. Quando me tornei comensal, confesso que me senti orgulhoso por finalmente estar experimentando a posição de destaque no mundo bruxo. Pela primeira vez, eu me senti importante, fazendo algo importante, mas com o tempo começei a ficar assustado, a realidade passou a ser pesada demais, perto do que chegei a imaginar. No inicio, eu ate me sentia realizado, por achar que estava orgulhando o papei e a familia, mas agora não sei o que esta acontecendo. Não aguento mais esse peso que venho carregando, não aguento mais lembrar das pessoas que tive que  torturar, lembrar dos gritos, do choro, do sangue. - estava sentindo os meus olhos arderem - minha mãe me olhava com a expressão tranquila, ouvia atentamente tudo o que eu dizia - ontem, quando a tia Bella estava torturando a Granger, eu me senti angustiado, queria fazer alguma coisa, mas não podia. Estou me sentindo perdido... Me ajuda. 

Ela ficou um tempo em silêncio para processar tudo o que disse...

— filho, vou te contar uma coisas, que nunca tive a oportunidade de te contar... Talvez nunca imaginei que iria de contar, mas nem sempre fui essa pessoa que mostro ser perante a sociedade. Nem sempre fui essa pessoa fria e intimidadora que acreditam que eu seja. Para você ter uma ideia, quando entrei em Hogwarts quase fui para a Grifinoria como o Sirius - fiquei incrédulo - o chapéu seletor demorou para decidir em que casa eu ficaria; so não fui para a Grifinoria porque o meu lado Sonserino falou mais alto. Ao contrario de Sirius, não era corajosa o suficiente para enfrentar os meus medos, virar as costas para a minha família. Não estava preparada para ouvir todo tipo de humilhação por ser uma Grifinoria. Talvez o chapéu seletor tenha percebido isso. - suspirou - nao me tornei o que sou hoje da noite para o dia, Lucius sempre teve uma forte influencia sobre nos, no seu caso por ser filho, no meu por ser esposa. Eu tinha a obrigação de mostrar a todos que eu era digna de ser uma Malfoy e que éramos uma família modelo, referência para o mundo bruxo. Mesmo amando seu pai, nunca deixei a minha essência de lado, mesmo em silêncio sempre mantive as minhas convicções. 

Nunca concordei com esse regime intolerante que estamos enfrentando. Nunca fui preconceituosa com nascidos - trouxas. O que eu quero que entenda é que cada pessoa é muito mais do que a linhagem familiar ou qual casa pertence em Hogwarts, isso é apenas rótulos. Por ser o ultimo herdeiro dos Malfoy, seu pai sempre exigiu demais de você, sempre se preocupou com a imagem da família para os de fora e se esqueceu de ser apenas um pai. Vou repetir a mesma coisa que disse a ele ontem... Sempre tive medo que você se tornasse um homem com o mesmo temperamento que ele, não faz ideia do quanto estou aliviada por ter um pouco de mim por trás de toda a frieza que Lucius te ensinou durante todos esses anos. 

Não tenha medo de fazer o que acredita ser o melhor para você, seja quem você quiser ser. Eu fiz a minha escolha, embora não aceite a maioria das coisas, eu escolhi estar do lado do seu pai por amor a ele... Quero que faça a sua e não tenha medo ou vergonha de admitir que não faz parte desse lado da guerra. 

Estava com os olhos marejados, não sabia o que dizer, apenas a abracei bem forte e agradeci a Merlin por ter alguém como ela. 

— sabe mãe... Eu confesso que nunca vou entender todos esse amor que você sente pelo papai, ele sempre te tratou mal e você não merece isso. - ela me deu um sorriso triste.

— um dia Draco, você vai descobrir esse amor. Um dia vai encontrar alguém que vai te mostrar que o amor supera tudo mesmo em tempos difíceis. Vai te mostrar que vale a pena lutar. 

— muito obrigado por tudo - disse lhe dando um abraço. 

— só quero que você seja feliz meu amor. 

Naquele momento decidi que faria tudo diferente. Decidi que me tornaria alguém melhor. Não iria ser como o meu pai. Ao chegar no meu quarto, me encarei no espelho por alguns minutos, depois com toda a força que tinha o quebrei deixando que os cacos estourassem no chão, levando o Draco Malfoy que nunca mais iria voltar a ser.