POV HERMIONE

Sai das minhas lembranças quando percebi que meu café tinha esfriado quando tomei um gole, eca que gosto horrível. Ainda sentia o meu rosto molhado pela minha lagrimas, as sequei e fui me arrumar para passar o dia na Toca. A família Weasley e meus amigos estavam preparando um almoço especial para a minha despedida e para me desejar boa sorte na viagem. Que pessoas incríveis que tenho em minha vida.

Depois de me arrumar e colocar a casa em ordem, aparatei direto na Toca. Odiava me atrasar, preferia mil vezes chegar um pouco mais cedo do que atrasar. Logo que senti meus pés tocarem a grama verdinha do jardim, já escutei os gritos da Srª Weasley, vindo correndo me cumprimentar.

— HERMIONE QUERIDA, QUE SAUDADE! – Ela praticamente pulou em mim com aquele tão famoso abraço esmagador. Realmente, fazia muito tempo que não os via, com os preparativos da viagem e muito trabalho no Ministério, ficou difícil ve-los. Também estava com muitas saudades.

— Nossa não sabe o quando estava sentindo falta de vocês, como estão todos? – Perguntei indo em direção a casa ainda abraçadas.

— Estão todos bem, Arthur não parava de perguntar de você – Deu uma risada simpática – antes que me pergunte, Harry, Gina e Rony ainda não chegaram e nem o Draco.

— DRACO? – Parei no mesmo instante no meio do caminho até a casa. Eu sei que estávamos todos muito próximos desde a guerra. Todos o acolheram muito bem com o tempo, mas eu fiquei surpresa. Que eu sabia, Draco nunca tinha ido para a casa do Weasleys. – Draco já veio aqui antes? – me atrevi a perguntar.

—  não, essa é a primeira vez. Harry o convidou para o almoço, ele é um bom rapaz. Espero que ele goste da minha comida – Ela riu daquele jeito exagerado bem Molly Weasley.

— Sim, ele é – Sorri para ela lembrando do nosso recomeço na minha sala no Ministério – Como ele não iria gostar? Quem em perfeita sanidade não vai gostar da sua comida Molly? – Ela odiava que a chamasse de Srª Weasley. Continuamos o caminho até a casa ainda rindo.

Logo que passei pela porta, encontrei o Srº Weasley e Jorge conversando no sofá. Assim que me viram, vieram me cumprimentar. Ainda era doloroso olhar nos olhos de Jorge e não lembrar de Fred, e ele sabia disso. Sempre que percebia que os outros estavam vendo Fred nele, abaixava a cabeça com um olhar triste. Como era doloroso. Não sei quanto tempo ficamos nos encarando, voltei a realidade quando escutei a voz do Srº Weasley

— Então Hermione, me conte, como esta se sentindo com a viagem? Logo terá seus pais de volta minha querida.

— estou muito ansiosa e com muitas saudades também. Sabem o quando foi doloroso fazer o que fiz, mas foi preciso.

— Eu sei, mas fez o que tinha que ser feito, os protegeu. Vai reencontra-los e vão ser felizes novamente como um família. – Aquelas palavras me comoveram, mas não cheguei a chorar, apenas senti meus olhos arderem. O abracei como uma forma de concordar com suas palavras.  

— Sim seremos uma família de novo. – Disse baixinho e sorri

Ficamos conversando por mais um tempo, até que olho para o jardim e vejo Harry, Gina, Rony e Lilá. Em relação a Lilá, não éramos grandes amigas, mas nos dávamos bem, estava feliz por eles, Rony parecia estar feliz e isso era o que importava para mim.

— MIONEEEE – Gina veio correndo me abraçar – QUE SAUDADES!!!

— OIII GINAAA, NOSSA NÃO SABE O QUANTO! COMO ESTA? – Perguntei empolgada a abraçando

— Estou bem, treinando muito. O Campeonato esta chegando e precisamos vencer.

— E vai, afinal não existe apanhadora melhor do que você! – Rimos juntas

— Quem falta chegar? – Perguntou Jorge, chegando na sala.

— Percy e Malfoy – Disse o Srº Weasley

Percy tinha se redimido com a família depois da guerra, tinha se arrependido por todos os anos que os tratou mal. Agora eram todos mais próximos do que nunca.

— Falando no Malfoy, ai esta ele. – Disse Rony olhando para o jardim.

 Olhei também e reparei que ele estava meio sem graça, mas contente por estar ali conosco.

— Você com vergonha Doninha? – Perguntou Harry dando risada

— Da um tempo testa rachada – rimos juntos, alguns hábitos nunca mudam.

— Venha querido, seja bem vindo! – Disse Molly de um jeito acolhedor.

— Muito obrigado Srª Weasley – Sorriu para ela.

— Aqui em casa temos uma regra muito importante querido – Draco a olhou assustado – Não permito que me chamem de Srª Weasley quem faz parte da família. Para você agora eu sou apenas Molly, seja bem vindo a família.

— Como quiser Srª... Molly. Muito obrigado.

Assim que Draco entrou na casa cumprimentou a todos com um sorriso no rosto, mas assim que me viu aquele sorriso desapareceu, dando lugar a um olhar de preocupação. Aquele mesmo olhar do dia do Ministério.

POV DRACO

Cumprimentei a todos com um sorriso no rosto, estava feliz por esta ali, estava me sentindo muito bem e acolhido. Mas não pude disfarçar quando meus olhos caíram sobre ela. Ela estava ali. A mesma mulher que não saia da minha cabeça e dos meus constantes pesadelos. Todas as noites eram sufocantes, praticamente os mesmos pesadelos. A floresta, a casa, a chuva, os gritos, mas nunca conseguia alcança-la. Já estava enlouquecendo sem entender o que estava acontecendo. Estava angustiado porque ela estava bem, não que eu quisesse que acontecesse algo com ela, mas eu também queria estar bem e não estava.

— Oi Hermione, como esta? – Perguntei com um sorriso disfarçado

— Bem Draco e você? - sorriu

— Estou bem! – [não, não estou bem. O que estava fazendo comigo Hermione?] 

   ~*~

O almoço seguiu tranquilamente, conversamos sobre vários assuntos, foi bem divertido. A muito tempo não sabia como era a sensação de estar em família. Harry tinha sugerido de eu trazer a minha mãe também, mas ela preferiu sair com umas amigas, ainda não se sentia a vontade.

Por mais que tentasse não conseguia tirar os olhos dela em um momento se quer, não tinha ideia se ela tinha percebido ou não, mas era inevitável. Desviei o olhar apenas quando percebi que ela também me olhava, se eu me perguntava se ela tinha percebido... Agora não tenho dividas, ela percebeu. Abaixei a cabeça e reparei no meu colar por dentro da blusa, ele brilhava, fraco mais brilhava. Não tinha aquele brilho intenso como nos meus pesadelos, mas aquele brilho nunca saia de la, seja nos sonhos ou não. A mesma pergunta pairava na minha cabeça, toda a vez que olhava aquela Rosa dos ventos... Qual era o meu maior desejo?

Entre conversas, risadas, cervejas amanteigadas, sucos de abóboras e Wiski de Fogo, o dia foi terminando e Hermione anunciou que estava na hora de ir. Não queria chegar tarde na casa dos tios.

— Preciso ir gente, foi um dia incrível muito obrigada. Eu amei tudo – Disse com um sorriso encantador – Vocês são maravilhosos, amos muito vocês. – estava prestes e chorar, mas não faria isso.

— Nos também amamos muito vocês minha querida – A Srª Weasley a abraçou – Não vai se esquecer de escrever pra nos, hein mocinha? Vamos querer saber de tudo.

— Pode deixar que irei escrever sim, toda semana mandarei uma carta, eu prometo. Muito obrigada por tudo.

— Pode ficar tranquila com o trabalho no Ministério Mione – Disse Harry indo abraçar a a amiga – esta tudo sob controle. Vai fazer sua viagem tranquila e boa sorte com os seus pais.

— Muito obrigada Harry, não sei o que faria sem vocês gente. – Olhou para cada um presente naquela sala.

Se despediu de todos, com sorriso e lagrimas de felicidade e de saudade. Ao chegar a mim, ficamos nos encarando por alguns minutos. Mergulhei naqueles olhos castanhos lembrando de cada pesadelo que estava tendo com ela durante todos aqueles dias.

— Ate mais Draco – deu um sorriso leve – Foi bom te ver novamente.

— Ate mais Hermione, boa sorte – sorri mesmo preocupado – foi bom te ver também.

Nos abraçamos. Meu Deus... como eu queria alcança-la daquele jeito nos meus sonhos. Como eu queria que aquela angustia parasse.

— Fica bem Draco – Disse saindo dos meus braços, tocando o meu rosto e por fim se afastou.

Eu infelizmente não poderia atender aquele pedido. Não iria ficar bem enquanto aquela angustia e pesadelos, não terminassem. Pensei a observando aparatar nos jardins da casa.

~*~

POV HERMIONE

Aparatei próxima a rua da casa dos meus tios, como já estava anoitecendo ninguém tinha me visto. Segui pelas ruas pensando em Draco; sim, pensava nele. Queria entender o que ele tinha, porque tinha aquele olhar de preocupação toda vez que me via? Será que ainda tinha pesadelos? Porque me sentia protegida nos braços dele?

Passado alguns minutos me deparei com a porta da casa dos meu tios, Agatha e Roberto Oliver. Fazia tanto tempo que não os via. Nunca mais voltei para o mundo trouxa desde o fim da guerra. Respirei fundo pensando em alguma desculpa pelo meu sumiço, afinal eles não sabiam que eu era uma bruxa.

~*~

Enquanto isso dentro da casa...

Rodolfo estava sentado no sofá tomando alguma bebida trouxa como fazia desde que entrou naquele mundo, quando reparou que alguém estava se aproximando da casa. Com cuidado se aproximou da janela com as cortinas fechadas e não acreditou no que seus olhos viam. Era ela. A pessoa que mais queria encontrar na vida estava no lado de fora. Subiu apressado para o quarto onde a família estava, pronto para colocar seus planos em pratica.

— Esta na hora, o dia que tanto esperei chegou. – Disse entrando no quarto puxando Agatha para si bruscamente – Vou precisar de você agora – a olhando com um olhar frio. – e vocês não façam nenhum barulho ou ela vai encontrar a irmã antes do tempo, se é que me entendem. – Disse olhando para Roberto e Theodoro. Os dois apenas assentiram assustados.

Ao sair do quarto com Agatha, escutou as batidas na porta. Correu para um banheiro mais próximo para orientar a mulher a sua frente em tudo que ela tinha que fazer

— Presta muito atenção no que eu vou dizer, faça tudo o que eu mandar – Ela assentiu apavorada – sua querida sobrinha acabou de chegar.

— Hermione esta aqui? – foi so isso que ela conseguiu perguntar, com a pouca voz que tinha.  

— Não... o Voldemort! – ela o olhou com cara de interrogação – é claro que é a sua sobrinha. Preciso ser rápido antes que ela desconfie da demora. Você vai descer e atender a porta como se nada estivesse acontecendo, aja naturalmente, seja esperta. Lembre-se que agora tem três pessoas nessa casa que podem perder a vida por sua causa, não vai querer ter mais uma perda além da sua irmã, não é? – ela negou com a cabeça freneticamente. – Não conte a ela sobre a mãe, ela vai saber na hora certa, me entendeu? – ela assentiu – Agora desça.

Agatha saiu do banheiro, descendo as escadas indo em direção a porta enquanto Rodolfo se encontrava escondido nas sobras no andar de cima, esperando o momento certo para agir. 

~*~

POV HERMIONE

 Passado alguns minutos, minha tia veio me atender. Ela parecia bem nervosa, tinha algo diferente nela, mas não consegui entender o que era.

— Ola Hermione, quanto tempo! – me abraçou forte, ela estava tremendo

— Oi tia, que saudades, esta tudo bem?... parece nervosa.

— Nã... não... imagina minha querida, apenas não esperava você na minha casa depois de tanto tempo. Como você esta? ... vem entre!

Ao entrar senti uma atmosfera estranha naquela casa, não sei, mas senti um arrepio na espinha, o mesmo arrepio que senti quando cheguei na mansão Malfoy durante a guerra.  

— Estou bem tia. Onde estão todos?

— hã... é... tiveram que sair... parece que ia ter um show de um cantor de rock no centro – riu nervosa – sabe que seu primo adora musica.

— Verdade... ele sempre gostou. Desculpa chegar assim de surpresa.

— Não se preocupe querida... vem... vamos até a cozinha para conversarmos, preciso pegar um copo d’agua.

—  Claro... – sorri para ela, quanto íamos até a cozinha. Reparei quando ela olhou para o andar de cima, como se estivesse preocupada com algo. 

— Mas me conte... onde esteve todo esse tempo?... nunca mais veio nos ver desde que seus pais foram viajar. – perguntou sentindo um no na garganta lembrando da irmã. Ela não podia saber.

— Me desculpe tia... eu deveria ter dado noticias, ainda mais sabendo que meus pais não estariam por perto. Desculpe se os deixei muito tempo sozinhos, mas tive muito problemas e... tive que fazer uma viagem de ultima hora.

— Uma viagem? Para onde? Esta tudo bem querida! – Sorriu para mim

— é... fui para o... Egito – sorri sem graça. Eu tinha que aprender a mentir melhor, pensei. – tenho uns amigos la que estava passando por sérios problemas na família. Tive que ir para la ajuda-los.

— aaah e eles tão bem? Deu tudo certo? – Me perguntou desconfiada. Ela sabia que não eu não era boa com mentiras.

— Que bom – deu um leve sorriso – Tem falado com os seus pais?

— Tenho sim, toda semana conversamos – Ela não podia saber que eles são se lembravam mais de mim – e vocês, tem falado com eles?

— temos sim... – clima de repente ficou tenso

— Essa viagem esta sendo incrível para eles. Estão tão felizes. Mamãe me contou ontem que já visitou lugares incríveis... e eu até estava...

— NÃO MENTI PRA MIM HERMIONE! – minha tia gritou com lagrimas nos olhos e eu so consegui olha-la incrédula. – Não menti pra mim, não tem falado com eles.

Eu apenas fiquei em silencio.

POV AGATHA

Não aguentava mais tudo aquilo, não aguentava mais ser refém na minha própria casa, sofrendo ameaças trás de ameaças, por causa de uma vingança que eu não consigo entender. Quando a Hermione falou da mãe, eu sabia que ela estava mentindo, ela não falava com eles. Ela nem sabe que a mãe esta morta. Será então que aquele homem estava realmente falando a verdade? Ela era mesmo um deles? ... se ela estava mentindo a respeitos dos pais, porque não estaria mentindo de ser uma bruxa.

— Hermione seja sincera comigo – disse tentando me acalmar – não tem falado com eles não é?

— Você não entendi...

— Então me explique... Ou pra você, não sou capaz de compreender, porque não sou como você e não posso fazer parte do seu mundo?

POV HERMIONE

Aquelas palavras... as mesmas palavras que a minha mãe tinha me dito quando brigamos, mas como ela sabia? Nunca contamos aos meus tios que eu era uma bruxa.

— Como sabe? – Perguntei chorando

— O que? Que você é uma bruxa? Porque nunca nos contou? – ela me olhava com decepção e angustia

— COMO SABE? – Eu estava extremamente nervosa

— Como vai sangue - ruim? Não sabe a quanto tempo esperei por esse dia. - Escutei uma voz vindo da sala, eu conhecia aquela voz. Quando me virei fiquei pálida. Ele estava la.

— Rodolfo Lestrange – disse quase sem ar.