Stars - REPOSTADA escrita por Amelina Lestrange


Capítulo 1
Capítulo Único - Stars


Notas iniciais do capítulo

História originalmente postada em 08/05/2016 e deletada em 17/12/2016 sob o nome de Argella Storm.
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Acho que alguém ainda lembra de mim por aqui... ou não? :v
Agora sou Amelina Lestrange, mas até a primeira dezena de dezembro fui a Argella Storm.
Peço perdão a todos os que liam as minhas fics e se depararam com o fato de que elas não estavam mais no site. Alguns podem fazer pouco do que aconteceu comigo (se sabem o que aconteceu), mas o fato é que algumas das minhas fics assim como eu fomos meio que expostos em um grupo no facebook. Isso me deixou bastante desestabilizada emocionalmente e acabei optando pela exclusão de todas as minhas histórias da categoria GoT/ASOIAF.
Espero encarecidamente que entendam o sentimento que ficou em mim, a amargura de confiar e se sentir traído desse modo :(
Também agradeço a todos os que me apoiaram durante esse tempo: a Ophelia (minha beta e grande amiga), a Thai (que era Thai Malfoy, mas que continua mantendo contato comigo pelo whatsapp) e o pessoal dos grupos do Nyah no face que me ajudaram a manter o coração focado no que realmente importa pra mim: o meu eu criativo e escritor ♥
Não sei se as minhas outras histórias serão repostadas também (as longfics, digo), mas as histórias sobre o Domeric estão sendo.
Aos que estão chegando agora, sintam-se à vontade :3
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Apreciem a leitura!



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We’ll take our hearts outside, leave our lives behind

I’ll watch the stars go out

Domeric nunca pensou que receberia tal proposta de Robb Stark. As irmãs dele chegaram ao acampamento sãs e salvas pelas mãos de Jaime Lannister e Brienne de Tarth, algo que julgava impossível. No fim, eles conseguiram cumprir as suas promessas.

Sansa ainda era uma menina, talvez uns catorze anos no máximo. Era um belo modo de segurar os Bolton, pelo casamento; Robb ainda estava convalescendo do ocorrido n’As Gêmeas. Se envergonhava das ações do pai, se rebelando contra o Rei do Norte. Roose Bolton podia não depositar a sua fé nele, mas Domeric sim. Principalmente agora que seriam família.

Só a tinha visto uma vez desde que chegou e isso já fazia alguns dias. Estava com a mãe e os irmãos no salão de Correrrio, suja e com o vestido em farrapos, há semanas na estrada.

Esta noite se veriam no Bosque Sagrado de Correrrio, para que se conhecessem, tudo arranjado meticulosamente por Catelyn Stark. Sabia que Sansa havia sido criada por ela para ser uma senhora, uma dama. Ela era diferente de tudo o que conhecia do Norte.

Desceu de sua torre no castelo e rumou à floresta. Haveriam pelo menos dois guardas de Robb com ela. Ele tinha todos os motivos para desconfiar do filho de um traidor, era assim como Domeric estava sendo chamado pelos outros senhores, mas sabia que o Jovem Lobo não era tão tolo assim e preferiu amarrá-los, os Bolton, a si de uma vez. Achava que ajoelhar não havia sido o suficiente.

O agora Senhor do Forte do Pavor caminhou a passos lentos até o seu destino, vendo-a sentada e assustada em frente ao Represeiro. Se aproximou hesitante e se sentou com ela, ao seu lado. A primeira reação dela havia sido se afastar, só os deuses sabem o que ela passou naquele antro Lannister.

“Não precisa ter medo de mim, senhora Sansa, não vou fazer nada com você”, ele falou incerto. “Como está se sentindo aqui?”

“Bem. Segura”, ela disse curta e um pouco ríspida. Não esperava menos, ainda era o filho do homem que tentou matar o irmão dela.

“Sei que não pediu por isso, Sansa, nem eu pedi. E por favor, não sinta como se o seu irmão estivesse desistindo de você. Robb deve ter muita estima por mim por me confiar a responsabilidade de ser o seu marido”, Domeric falou suspirando.

Estava cansado disso tudo, da guerra. Agora que as garotas estavam seguras e Edric Baratheon se sentava no Trono de Ferro provisoriamente, pelo menos até se encontrar o bastardo mais velho que ele se houvesse mesmo um, então as coisas poderiam melhorar de algum modo. Nem Stannis, Renly ou Tommen, todos misteriosamente mortos. A melhor opção seria legitimar o único bastardo reconhecido de Robert Baratheon.

“O meu irmão não é mais um rei e fico grata por isso, estou farta de reis”, Sansa disse baixo. Era de se esperar isso. Se o que o Regicida e a mulher cavaleiro falaram é verdade, toda a tormenta que passou na Capital havia deixado sequelas em sua mente difíceis de apagar. “Eu vi o meu pai morrer diante dos meus olhos. Joffrey havia dito que seria misericordioso e para ele aquilo era misericórdia. O que teria feito em meu lugar?”

Excelente pergunta, a dela. Também havia visto o seu pai perder a vida diante de seus olhos no Casamento Vermelho. Apunhalado no coração por Dacey Mormont antes da mesma morrer. “Diferente de Ned Stark, o meu pai mereceu o destino que teve. Eu já desconfiava do que poderia se desenrolar e tomei as minhas precauções alertando o seu irmão. Eu não espero que você sinta alguma coisa por mim, eu sou o filho de um traidor, não mereço um ser alvo de algum sentimento bom”.

“A minha mãe disse que vamos nos casar amanhã, ao pôr do sol, e no dia posterior eu devo ir com você para Winterfell, reconstruir a fortaleza antes que Robb retorne de Porto Real”, ela falava de forma mecânica, como se a sua mente estivesse em um lugar diferente. Odiava quando alguém estava assim perto de si, a tristeza de sua mãe havia sido tão intensa quanto a dela nesse momento.

As estrelas pareciam mais bonitas naquela noite. E Domeric estava um tanto desconfortável com essa situação toda de ter que lidar com Sansa Stark, de ter terras para governar e um irmão bastardo insano tomando conta de sua casa. Ah, precisava de uma taça de vinho.

[...]

Sansa sabia do que os Bolton eram capazes. Nossas lâminas são afiadas era o lema deles, com um homem esfolado em suas bandeiras. Nunca havia tido tanto sangue do Norte como agora correndo em suas veias. Veria Winterfell, ou o que sobrou dela, uma última vez antes de rumar para o Forte do Pavor no dia seguinte.

Faltavam poucos minutos para o casamento e o sol logo se poria. Estava vestida com as cores dos Tully como assim havia escolhido, também corriam os rios em suas veias, assim como a neve e o gelo. O mesmo vestido que a sua mãe havia usado em seu próprio casamento.

O filho de um traidor com a filha de um traidor. O destino realmente pregava peças e riu amargamente sobre como isso ocorreria. O septão já havia averiguado a sua donzelice intacta e o casamento com Tyrion foi desfeito, tão simples como respirar. E logo seria posta na cama de outro pelo seu próprio irmão. Era de se esperar que isso acontecesse, mas tinha em mente algum Mallister ou Blackwood, talvez algum Tully se o seu tio, Peixe-Negro, tivesse se casado e tido filhos.

A sua mãe estava ansiosa e não era de um jeito bom. Nem todos conheciam Domeric Bolton e sabiam como ele era. Nem ela mesma sabia como ele deveria ser. Entendia que as alianças pelo casamento deveriam ser feitas, isso sem sombra de dúvidas. Arya não havia ficado feliz em saber que também teria o mesmo destino quando chegasse a hora.

Caminhou até ele e foi acolhida protetoramente. Em questão de minutos já estavam casados. Mais uma festa aconteceria naquela noite e sabia, apenas sabia, que ele se forçaria nela.

Ao entrarem, notaram alguns olhares mistos. Banquetearam-se na mesa principal, receberam algumas palavras amigas de Edmure e Roslin, ela ainda estava muito abalada com a morte do pai e guerra familiar que se instalaria n’As Gêmeas.

“Às núpcias!”, alguém gritou no fundo do salão e logo alguns homens grandes caminharam em direção de onde estavam. Sentiu uma mão na sua e Domeric se levantou, apontando uma adaga pequena embaixo do queixo do primeiro.

“Encoste um dedo em minha esposa que aceitarei de bom grado o desafio esfolá-lo vivo e na frente de todos, Woofield”, o tom dele era sério e frio. Um verdadeiro nortenho.

Eles recuaram e sentiu novamente a mão na sua, com um olhar cinzento encorajando-a a se levantar e segui-lo. Assim fez, lembrando-se que sua mãe tinha dito que o seu pai havia desembainhado a espada quando foi a vez deles. Andou vagarosamente ao lado de Domeric com o seu braço dado ao dele. Deixaram o salão e caminharam até a entrada de uma torre. A cada degrau, sentia o seu sangue congelar. Um dia havia ouvido Jaime Lannister dizer que corria água gelada no corpo de Ned Stark. Domeric se aproximou um pouco de suas costas para poder abrir a porta.

Entrou e viu que ele era apenas um homem comum. Sabia da história de suas casas e a sua animosidade. Reza a lenda que muitos Bolton usavam mantos com a pele de homens que haviam sido esfolados, alguns deles tinham sido reis Stark. Talvez ele a esfolasse e usasse a sua pele para se aquecer no inverno que se aproximava. Imaginava que ele rasgasse o seu vestido e a estuprasse. Quanto mais pensava, mais imaginava que isso seria real.

Sentiu um corpo se aproximar do dela e uma respiração quente chegar em seu pescoço. “Você sabe o que precisa me deixar fazer?”, ele perguntou aproximando os lábios da parte de trás da orelha dela e plantando um beijo ali. Sansa estava apavorada, mas mesmo assim, afirmou lentamente com a cabeça. “Bom”.

Domeric andou até a borda da cama e começou a se despir, sem dar atenção quase que nenhuma a ela. Não era exatamente forte, mas era grande, o porte físico imponente. Os cabelos negros presos em um rabo de cavalo, atado com uma tira de couro, era desfeito pela mão que agora repousava um anel prateado. Seus filhos seriam bonitos, pelo menos. Nada disso a fazia relaxar. Ele andou de volta até ela a levou para perto de onde estava anteriormente, começando a desfazer os laços do vestido, sequer estava usando espartilho.

“Eu não vou forçar você a nada. Eventualmente precisaremos nos deitar um com o outro, mas não precisa ser agora se você não quiser. E o fato de eu deixar você nua é apenas para que comece a se sentir confortável desse modo comigo. Eu disse que não espero que você sinta alguma coisa por mim, mas gostaria que não fosse constrangedor toda vez que fizéssemos isso”, ele tocou o seu seio com o polegar e roçou levemente, como que acarinhando.

Não sabia o que dizer, isso colocou todas as suas expectativas em cheque. Então aquele homem não carregava em si a fama violenta dos Bolton? Isso era novidade. Estava desarmada, completamente.

[...]

Podia dizer que tinha pelo menos começado uma amizade com Sansa. Dormir com ela todas as noites havia criado algum tipo de intimidade com a garota. Ela passava boa parte dos dias em seu cavalo, indiferente. Sentia que ela já se sentia mais confortável com ele pelo menos na intimidade, dentro da sua tenda. Ali eram apenas Domeric e Sansa, não os Senhores do Forte do Pavor.

Já conseguia enxergar algumas torres de Winterfell e a sentia mais calorosa, por assim dizer. Quanto mais se aproximavam de lá, mais ela se aproximava dele à noite. Sabia que teria muito trabalho a se fazer, reconstruir um castelo como aquele praticamente do zero exigiria tempo e dinheiro. Muito dinheiro. Usaria os recursos que estivessem disponíveis e isso incluía o dote de sua madrasta, Walda Frey. Tudo para ver um sorriso nos lábios de sua esposa.

Nunca esqueceria o porquê de os olhos dela estarem marejados dias depois, quando finalmente passaram pelos portões da fortaleza. Ela estava em casa, algo que talvez nunca tenha sentido até perder. As mãos dela passeando pelas paredes chamuscadas de negro a faziam rir do mesmo modo como traziam dolorosas lembranças. Os seus irmãos mortos, os lobos gigantes, tudo aquilo que ela havia contado a ele.

A noite caiu e ficariam em uma parte não tão atingida pelo fogo, pelo menos o aquecimento natural ainda parecia funcionar. A viu de cabelos molhados e vestida em uma camisola de seda limpa, sentada na beirada do colchão que repousava no chão pela ausência da cama. Se deitou e esperou que ela fizesse o mesmo. O quarto estava iluminado pela lareira e sentiu quando ela desajeitadamente o abraçou. Ainda era muito novo tudo isso.

“Você me trouxe para casa”, ela sussurrou. As lágrimas silenciosas dela molharam o seu peito desnudo. Afagou os cabelos ruivos dela e sentiu um pequeno beijo ser depositado em sua bochecha. Seria uma boa hora para investir?

A beijou nos lábios pegando-a de surpresa. Era algo novo ser correspondido. Tinha dito que não esperava que ela nutrisse algum tipo de sentimento por ele, mas nada impedia que ele nutrisse algo por ela. Já tinha o respeito, algum carinho e se isso tudo fosse bem-sucedido, poderia chegar a algo mais. Levou a sua mão até a cintura dela e esperou que ela tomasse a iniciativa de algo.

“Hoje”, ela falou entre o beijo.

“Sim, hoje”, ele falou se pondo por cima dela. “Até que enfim”, ele riu e conseguiu arrancar um riso tímido dela.

[...]

Coisas estranhas tinham começado a acontecer desde a chegada do irmão bastardo de Domeric, Ramsay Snow. Pessoas desaparecendo, corpos esfolados nos arredores das muralhas e agora o seu marido estava entre a vida e a morte. O novo meistre havia dito que poderia ser algo relacionado à barriga dele e que ela não deveria se estressar tanto com isso pois não faria bem para o bebê.

Os deuses haviam sido bons e Sansa já carregava um pequeno Bolton no ventre e logo ele nasceria. Também temia que algo acontecesse ao seu bebê. Desconfiava de tudo e de todos, principalmente de Ramsay. Talvez quisesse usurpar o lugar do irmão como Senhor do Forte do Pavor e se isso fosse verdade, o filho que tinha na barriga seria um alvo próximo.

Os dias foram passando lentos e a todo momento parecia que Domeric finalmente descansaria em paz, mas algo mudou. O meistre estava administrando uma medicação nova com várias ervas desconhecidas, disse que vinham de além do Mar Estreito. As escoriações de Domeric já haviam desaparecido, ele tinha levado uma boa surra antes de adoecer.

“Ramsay... Ramsay... não”, Sansa acordou ouvindo o ínfimo sussurro do marido. Se levantou e se sentou ao seu lado na cama, gritando para que os guardas chamassem pelo meistre Robert. “Arde... Ramsay... Doi”.

“Domeric, eu sou a Sansa, eu estou aqui com você”, ela acarinhou o rosto dele, sentindo o calor da febre emanando de sua pele, vendo-o delirar.

Algumas horas depois a febre havia cedido finalmente. Agora esperava que ele acordasse, sem pensar no pior. O seu pai havia dito uma vez que as pessoas geralmente deliravam com algo que havia acontecido de muito profundo com elas. Juntar dois e dois para fazer quatro não havia sido muito difícil. Saiu do quarto e tocou o braço do guarda, pediu que ele guardasse o quarto do seu marido. Já ao outro, ordenou que juntasse mais alguns homens e achassem Ramsay. Acertaria as contas com ele.

O dia seguinte chegou e Sansa sentiu que o marido estava melhor, sem febre e respirando bem. Danos chegou e logo informou que eles o haviam encontrado e ele estava refém. Homens dos Bolton a teriam traído na primeira oportunidade, pareciam leais demais ao bastardo.

Desceu até o pátio central, já quase reconstruído por completo, e viu que o homem estava amarrado e sentado no chão. Só sentiu o peso do que fez quando ouviu a sua mão estalar no rosto dele. Tão diferente de Jon, por que ele não poderia ser como o seu irmão? Jon nunca tentaria algo assim com Robb ou com ela, ou com nenhum dos seus irmãos.

“Me dê a espada, Danos. Agora!”, ela gritou quando viu o olhar confuso do homem. Naquele momento ela ainda era a Stark em Winterfell e ele ainda lhe devia respeito e obediência. O homem entregou-lhe a arma e pela primeira vez sentiu o peso do aço.

“Você é uma Stark, nós fazemos de outro jeito, garota burra!”, Ramsay gritou.

“O homem que dita a sentença deve brandir a espada, o meu pai sempre disse isso. Eu, Sansa da Casa Bolton, nascida na Casa Stark, Senhora do Forte do Pavor e Regente de Winterfell, condeno você, Ramsay Snow, à morte por ter atentado violentamente contra a vida de seu meio-irmão. Quais são as suas últimas palavras?”

“Nossas lâminas são afiadas”, o bastardo falou frio.

“A minha é, mas você não é um Bolton. Eu, de fato, serei uma depois que sentir o prazer de esfolar o seu corpo e exibi-lo nas muralhas do Forte do Pavor”, as lágrimas caíam como nunca antes. Não sabia quando havia se tornado tão fria, era o inverno se aproximando e tomando conta do seu coração. Mandou que deitassem o homem no chão e foram necessários três golpes até que a sua cabeça se desprendesse do corpo.

O sangue estava respingado em seu rosto e agora respirava pesadamente. Naquele momento percebeu que já amava Domeric e que foi capaz de matar por ele e pelo filho que esperava.

[...]

Quando soube o que a sua esposa havia feito, não teve como não sentir uma ponta de orgulho. Agiu como uma Bolton, literalmente. Não foi nenhum pouco sadio ver o corpo esfolado de seu irmão bastardo enfeitar a muralha principal de Winterfell e sabia que depois a cena se repetiria no Forte do Pavor. Essas coisas demandavam sacrifício e Sansa ainda estava um pouco perturbada.

Estava do lado de fora do quarto que Sansa estava dando à luz, estava ansioso. Imaginar uma garotinha com os trejeitos e feições dela era tentador demais para que continuasse querendo um herdeiro varão em um primeiro momento. Também tinha medo de perde-la em uma cama de sangue, o que seria muito pior. Não sabia quando aconteceu, sabia apenas que aconteceu.

Quando a porta se abriu, o meistre pediu para que entrasse e viu Sansa cansada com um embrulho pequeno nos braços. O semblante sério o assustou. Se sentou na cama ao lado dela e notou que estava um pouco hesitante com o contato.

“É uma menina”, ela disse quieta.

“Então temos uma filha”, ele disse colocando uma mecha do cabelo ruivo da esposa atrás da orelha. Olhou para a criança que tinha os cabelos ruivos ralos e se os deuses fossem bons, também teria os olhos azuis dela, parecia tão pequena, frágil.

“E se eu só lhe der filhas?”, ela perguntou incerta, formando uma pequena ruga de preocupação entre os olhos.

“Então serão criadas para governar estas terras tal como eu fui criado um dia. Eu não estou chateado com você por isso, nem por nada, nem pelo que aconteceu naquele dia. Você assumiu a sua postura como a senhora da fortaleza e se fez valer o seu poder”, ele aproximou o seu rosto do dela, beijando a sua bochecha e se direcionou até o seu ouvido. “Eu amo você”, ele sussurrou.

“Eu também amo você”, foi o que ouviu de volta e aquilo pareceu música, nenhum bardo teria composto algo tão perfeito.

Tinha sido criado para acreditar que o amor era uma fraqueza, mas tinha se provado ser somente uma força durante todo esse tempo. Sabia que Sansa não era tida como uma assassina de parentes, talvez alguém a visse como uma espécie de heroína por ter finalizado o sofrimento de algumas famílias. Se tinha sido capaz de fazer tal ato por amor, então ela merecia ser retribuída da melhor maneira possível.

[...]

As paredes do Forte do Pavor não pareciam tão hostis depois que tantos anos. Ter matado Ramsay tinha lhe rendido a alcunha de Amante Impiedosa. Abraçava o título como se abraça um filho, tinha feito aquilo por amor mesmo que não tivesse percebido. Inspirava respeito por onde passava.

Bethany corria pelo salão com o seu cachorrinho ao seu encalço, um mimo que havia ganho do pai. Tinha oito anos e sabia aproveitar o melhor dos dois mundos, por assim dizer. Mesmo não sendo a herdeira de Domeric, estava sendo criada para governar as terras do seu futuro marido. Rickard tinha cinco anos e ainda não estava apto a assistir aos esfolamentos com o pai, nauseava ambos embora o marido nunca se queixasse. Benjen era um ano mais novo que Ned e brincava com um pequeno lobo de madeira, um presente de Robb para que nunca esquecesse que também era um Stark.

O irmão tinha tido um único filho com Jeyne Westerling, Eddard. Tinha a mesma idade que Beth e havia herdado os olhos azuis Tully do pai. Sansa estava grávida novamente e agora Domeric torcia para que fosse uma menina, mais uma princesinha, Roose ou Rosie Bolton.

Toda vez que olhava para as estrelas, via que finalmente havia deixado aquela vida para trás, não era mais a Sansa sem graça, era a Sansa cheia de força. Talvez a força já existisse dentro de si e ainda não tinha se dado conta. Quando levantou o olhar, viu que Domeric a olhava com curiosidade, um misto de respeito e devoção.

Em sua última ida a Winterfell, finalmente tomou coragem e perguntou a Robb sobre o porquê de entrega-la a um Bolton. Ele tinha ficado alguns minutos pensativo, mas disse que Domeric Bolton era diferente dos outros homens que conhecia, que muitos ansiavam por um Stark na família e nem todos eram dignos disso. Disse que tinha visto essa dignidade nele quando, mesmo que esperasse que ele se rebelasse junto com o pai em apoio aos Lannister, ele ainda acreditava na causa. Domeric Bolton era diferente e seria um bom par para ela.

Constantemente recebia corvos de Correrrio e de Porto Real. Outros bastardos do Rei Robert haviam sido legitimados e o mais velho assumiu como rei, um tal Gendry. Arya o conhecia e ficou surpresa ao saber que ela não relutou tanto quanto pensou em aceitar a união das suas casas. Robert e sua tia Lyanna, depois Joffrey e ela, agora finalmente Gendry e Arya; Stark e Baratheon finalmente se unindo. Por mais surreal que parecesse, já tinham tido um filho, Robert.

Se levantou da cadeira do Senhor do Forte do Pavor e foi em direção a Domeric. Realmente, ele era diferente.

(Stars – Lacuna Coil)

Nós poremos nossos corações para fora, deixaremos nossas vidas para trás

Eu assistirei as estrelas saindo


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber se gostaram (ou continuam gostando) :)