Insano Desejo escrita por riotGih


Capítulo 1
Short


Notas iniciais do capítulo

Capítulo único



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Eu nunca acreditei que amor e ódio andassem juntos até experimentar seu veneno. Nunca odiei tanto amar sentir aquele cheiro perto de mim. O cheiro inconfundível de medo e excitação. Receio de estar comigo, fazendo loucuras jamais imaginadas, realizando seus desejos mais reprimidos e omitidos. Ela gostava, embora não quisesse demonstrar isso, gostava de me sentir e, ainda mais, de me ter ali consigo.


Já fazia pouco mais de três meses que eu não a via e aquilo já estava me enlouquecendo. Ela era como a droga e eu o doente em abstinência. Precisava sentir aquele corpo, suado de satisfação, colado ao meu. Senti-la delirar e gemer, enquanto entro dentro dela, como jamais gemera para ninguém. Precisava daquelas sensações, de tê-la pra mim novamente, afinal, eu era dependente agora, de uma forma que nunca fui de ninguém. Ela conseguira o que nenhuma outra havia conseguido até então, e aquilo já estava me enlouquecendo. Maldita sangue-ruim.


Eu sabia que, cedo ou tarde, ela voltaria para os meus braços. Sabia que sua felicidade fingida ao lado do Weasleyzinho não duraria muito. Eu sempre soube, desde aquele primeiro dia, que ela jamais desejaria ninguém com tamanha intensidade que me desejou. Eu, assim como ela, havia entrado em sua vida de forma arrebatadora e ela tinha consciência disso, tinha tanta consciência que decidira se afastar para tentar amenizar as coisas, mas casar com o pobretão não seria a melhor solução, afinal, ele nunca conseguiria suprir suas necessidades em ambos os sentidos.


Tinha necessidade de tê-la de qualquer forma, tanto tempo... Ainda não sabia como, mas a teria, nem que fosse pela última vez, nem que eu tivesse de adotar atitudes drásticas para alimentar a minha necessidade, eu a teria a qualquer preço, mesmo que ela não quisesse, mesmo que custasse alguma vida...


***


Paixão: Sentimento excessivo; perturbação ou movimento desordenado do ânimo; afeto violento, amor ardente; entusiasmo; grande desgosto; sofrimento ou martírio; vício dominador; alucinação.


Gemidos, êxtase, delírio... Sensações se misturavam ali, em cima de uma cama simplória em um apartamento de luxo no subúrbio de Londres. Delicadas mãos apertavam sua cintura enquanto seus lábios deslizavam pela macia pele do pescoço e ombros. O cheiro que exalava era alucinante, delicada. Estocou uma, duas, três vezes e o gozo tomou conta de seus sentidos, prazer estonteante. Seu corpo caiu para o lado, ofegando. Puxou-a para seu tórax e a abraçou de forma acolhedora, como se aquele momento realmente houvesse significado algo.


– Não acredito que fizemos de novo... – A voz feminina soou em um sussurro enquanto se aconchegava em seu tórax. O tom de indignação era notável.


– Ainda que seja inacreditável, não pode negar o que acaba de acontecer. Eu diria que nunca imaginei tamanha relação entre nós dois, mas se pudesse paralisar o tempo para eternizar o momento, com toda certeza o faria. – Sussurrou de volta, tirando os cabelos de seu rosto. Ela o encarou.


– É mesmo o Malfoy que conheci? Sinceramente, não me parece nenhum pouco com ele. – Apoiou suas mãos no colchão, lançando o corpo para cima.


– Onde pensa que vai? – Ele a encarou. Já estava se vestindo quando respondeu.


– Embora, é completamente insano o que acabamos de fazer e você tem que concordar comigo que algo do tipo nunca daria certo. Temos vidas completamente distintas com ambições diferentes, sem contar que eu sou a Sangue-ruim que você mais odeia no mundo. Acidentes acontecem, mas errar duas vezes é burrice, e já passamos deste nível eu acho.


– Está me dizendo que não iremos nos encontrar mais?


– Exato Malfoy.


– Granger eu...


– Não é prudente, não é a realidade. Vamos simplesmente voltar a ser como antes, nada um para o outro. – Apanhou suas coisas já colocando a mão na maçaneta da porta.


– Se você sair por esta porta considere-se morta! – Sua voz soou séria e ela vacilou.


– Não pense que isso vai mudar a minha decisão. – Suspirou. – Eu irei me casar com Ron em breve e você será apenas uma má lembrança, Malfoy. Aquele maldito dia em que nos trombamos no ministério e ficamos presos naquela sala não será nada além do que uma lembrança ruim, bem como o que levamos adiante depois daquilo. Eu não serei mais uma garotinha maluca agindo por instinto e essa nossa relação acaba aqui! – Saiu sem nem ouvir o que ele tinha a dizer.


– MALDITA SANGUE-RUIM! – Urrou, lançando o abajur do criado-mudo ao chão.


Não serei apenas uma má lembrança, não, definitivamente isso é uma coisa que eu não seria. Eu sei o quanto te perturbei penetrando-a daquela forma, sei dos motivos que a levaram a tomar esta decisão. Remorso, culpa, amor... Não pode negar que estas duas semanas loucas que vivemos entrou em sua vida de forma que jamais irá esquecer, fiquei mais do que marcado em ti, e você melhor do que ninguém sabe disto. Só espero que me encontre no lugar de sempre e sem mais delongas Hermione, ou não me responsabilizo pelos meus atos. Você me marcou e agora eu não a deixarei ir. Pense muito bem, pois seus atos acarretarão conseqüências.


D.M.


Uma... duas... três semanas se passaram e nenhuma resposta foi obtida. Draco Malfoy já estava ficando louco sem saber o que acontecera, sem ter uma noticia sequer. Nunca imaginou o quanto poderia se tornar tão dependente daquela que tanto desprezou durante seus anos escolares. A garota mais insignificante. Estava começando a ficar doente e neurótico com a situação. Um caso tão rápido e de tão forte impacto, quem poderia imaginar?


Seu apartamento virou de cabeça pra baixo com a desordem que sua ansiedade havia causado. Tinha garrafas de bebidas espalhadas por todos os cantos, roupas jogadas, remédios para dormir, maços de cigarro vazios. Já não trabalhava mais, já não se preocupava em comer, tudo o que pensara durante as vinte e quatro horas do dia era Hermione. Passou a ter pesadelos, desejos doentios. Uma necessidade psicótica de obter aquela mulher novamente e a todo custo.


Naquela manhã nublada, apanhou seu casaco e decidiu que sairia de casa, para mudar um pouco o foco de seus pensamentos. Aparatou para o Beco Diagonal onde decidiu que compraria algumas coisas para reabastecer sua casa. Havia dispensado a empregada nas semanas de neurose que passou, estava vivendo no meio do lixo e precisava se recompor.


Obsessão: Ação de obsedar, de importunar. Sentimento, idéia, conduta que se impõe a uma pessoa atingida por uma neurose obsessiva. Idéia fixa, preocupação constante.


“Três meses já haviam se passado e o meu desejo de tomá-la de volta estava cada vez mais aflorado em mim. Era como se uma fera estivesse tomando conta do meu ser, como se eu não tivesse mais controle total sobre a minha mente. Ela me causou danos irreversíveis e terá de pagar...”


Estava jogado no chão de um dos quartos de seu apartamento observando no que transformara as paredes do cômodo. Fotos de Hermione estavam espalhadas e pregadas por todos os cantos, pergaminhos rabiscados com cartas que pensou em mandar e desistiu. Ameaças, desabafos... Sua mente estava em um estado deplorável e mórbido que já não sabia mais como sair. Não via solução senão ir atrás do que desejava, do vício que adquiria em tão pouco tempo, Hermione Granger.


Levantou-se e apanhou uma garrafa de uísque fechada em seu bar, o que era raridade atualmente. Abriu-a e não se preocupou em apanhar um copo, virou o gargalo na boca, dando grandes goles até que ela esvaziasse. Acendeu seu cigarro e encostou-se na janela, observando a rua. O que estaria fazendo agora? Imaginou. Um sorriso apareceu em seu rosto pálido e logo desapareceu. Os lábios já não eram mais rosados. Seus olhos possuíam grandes círculos escuros ao redor, o que denunciava sua insônia dos dias conturbados.


– Vai ser minha, nem que seja pela última vez... – Sussurrou para si e arrancou rumo à porta, saindo e batendo-na em seus calcanhares. Não tinha destino certo, apenas saiu, sem rumo.


Caldeirão Furado, três da tarde. Entrou e se sentou no balcão.


– Uísque de fogo... – Sussurrou para o barman olhando a sua volta. Pouco mais adiante Ginevra Weasley estava sentada, conversando alegremente com uma amiga dos tempos de Hogwarts que ele não soube identificar quem era. As duas tomavam cerveja amanteigada. Apanhou sua bebida e, dando um único gole até o fim, colocou de volta ao balcão e se aproximou.


– Veja se não é a Weasley fêmea... – Sussurrou próximo ao ouvido dela, fazendo-na estremecer. Ela ergueu os olhos, reconhecendo a voz.


– Malfoy... – Enrijeceu.


– Sabe... – Puxou a cadeira, sentando-se sem ser convidado, ignorando completamente a companhia da ruiva. – Estou muito interessado em saber onde está a sua cunhada.


– Não é da sua conta Malfoy, eu não vejo motivos para que esteja atrás dela.


– Tenho meus motivos Weasley, não se meta!


– Ela nem se lembra da sua existência, não sei por que não a deixa em paz definitivamente... – Algo soou suspeito para ele.


– Sabe de algo que não deveria? – Ele aproximou o rosto do dela. – Venha comigo! – Ordenou. Ela se negou. – Eu não estou pedindo, venha logo! – Urrou áspero e a puxou pelo braço, levando para fora do bar. Desaparatou.


– Está me machucando Malfoy... – Puxou o braço com violência. A marca dos dedos eram visíveis em sua pele branca. Olhou ao redor, a loucura refletida nas paredes do quarto. – Você é um psicopata Malfoy... – Sussurrou espantada com a quantidade de fotos de Hermione.


Draco puxou uma cadeira e se sentou.


– Não estou interessado em uma análise terapêutica sobre meu estado mental, e se estivesse, você não seria quem eu procuraria... Em todo caso...


– Eu não sei de nada, juro! Agora me deixe ir. – Tentou correr para a porta, mas ele a impediu, empurrando-na contra a parede. Ela bateu forte com a cabeça, ficando tonta.


– Só quero saber onde está a sua cunhada.


– Malfoy, deixe-a em paz, ela está de casamento marcado, está feliz...


– Ela nunca será feliz ao lado daquele imbecil.


– VEJA COMO FALA! – Gritou.


– Você não tem noção das coisas que se passam pela minha cabeça neste estado mental em que me encontro, se fosse você não me provocaria.


Ela se afastou um pouco e sentou no chão, olhando-o assustada.


– Como reagiria se chegasse em casa hoje a noite e se deparasse com seu querido maridinho esquartejado sobre a cama? Com sangue espalhado por todos os cantos, completamente desmembrado, cada parte de seu corpo em um canto. – Ela vacilou e arregalou os olhos. – Eu posso fazer isso e não sentiria nenhum remorso, então, diga-me logo onde posso encontrar a Granger e o seu precioso Potter continuará vivo e bem.


– Malfoy... não...


– Ou você prefere que isso ocorra com toda a sua família, um por  um assassinado brutalmente e com muito sofrimento?


– Mate a mim e não mexa neles, sou a única que sabe do que houve entre você e Hermione, não faça nada com eles... Por Merlin!


– Onde ela está? – Gina afundou as mãos no rosto, começando a chorar. Draco se aproximou dela, puxando-na pelos cabelos e fazendo encarar seu rosto. – Estou completamente sem paciência para agüentar choramingo Weasley, eu acho bom que você colabore comigo se não quiser que eu faça exatamente o que disse.


A ruiva não abriu a boca, não entregaria a amiga. Draco se estressou e empurrou sua cabeça contra a parede, batendo-na com força. Gina caiu no chão desacordada.


– Maldita! – Saiu do quarto para se servir de mais uísque, estava completamente sem paciência.


Uma garrafa e um maço de cigarro acabaram enquanto esperava que Gina acordasse, voltou ao quarto onde estava e sentou-se em sua cadeira habitual, a menina jogada ao chão se mexeu devagar recobrando a consciência.


– Percebeu que não estou para brincadeiras? – Estava tonta, sua visão desfocada. Apoiou-se nas mãos e pôs-se de pé, cambaleando. O louro avançou sobre ela, puxando-na pelos cabelos.


– Faça o que quiser comigo, não abrirei a boca.


– Você está brincando com fogo, ruivinha, e vai se queimar...


– Engraçado a que ponto chegou não é? Arrastando-se de forma tão deplorável aos pés de uma sangue-ruim que nem ao menos sabe a forma em que se encontra por causa dela. A vida dá voltas, você que sempre fez tanta questão de humilhá-la agora está humilhado, reduzido a menos que nada, uma pessoa insignificante e sem nenhuma utilidade... você me dá pena Malfoy. – Cuspiu no chão.


Ele deu um tapa ardido em seu rosto e a empurrou com violência contra a parede. Ela bateu e caiu sentada, olhando desnorteada para seu agressor. Puxou-a novamente para si e socou seu rosto com força, fazendo seus lábios incharem, estava ensandecido. Gina choramingou e apertou os olhos para receber outro tapa na cabeça, mas ele a puxou pelos cabelos, fazendo-na se curvar diante dele.


– Agora você vai pagar por cada palavra dita, sua traidora imunda. – Empurrou-a e saiu batendo a porta do quarto.


A garota ofegou imaginando que havia terminado quando Draco entrou novamente segurando uma faca nas mãos.


– O que vai fazer? – Sua voz tremeu e seus olhos se arregalaram.


– Você vai sentir a pior dor da sua vida, vadiazinha cretina. – Colocou a faca de canto e amarrou-a na cama que tinha ali. Cada braço e perna em uma das estremidades.


– Seja rápido... – Sussurrou fraca e sem nenhuma esperança mais.


– Rápido é o que eu menos serei neste momento... – Apanhou a faca novamente e cortou os botões da blusa devagar, enquanto a ruiva ofegava. – Belo corpo, pobre Potter, não irá mais usufruir dele... – Afastou-se e a encarou de longe. – Sabe o que eu farei com você? – Passou o dedo lentamente pela lâmina, cortando-se. Riu.  – Eu vou cortar cada membro seu e darei de comer aos porcos, você vai engolir cada palavra que disse, vai se afogar em seu próprio sangue...


Aproximou-se e subiu em cima dela, deslizando a ponta da faca por sua barriga, Gina apertou os olhos desejando que aquele momento acabasse logo, mas Draco não iria ser piedoso, não nas condições em que se encontrava. Doente, miserável.


– Seja breve Malfoy, por Merlin...


– Agora você implora, não é? Cadela! – Enfiou a faca bem lentamente em seu abdômen, dilacerando sua barriga enquanto o sangue começava a escorrer e inundar o colchão. Gina berrou, sentindo a dor mais insuportável de sua vida e tinha total certeza que seria a última também. – Eu vou arrancar suas entranhas... – Sussurrou enquanto subia com a faca até o inicio das costelas.


– MALFOY, POR MERLIN! – Urrou não suportando a dor que sentia. Ele afastou a faca, seu abdômen já totalmente aberto. Puxou seus cabelos fazendo com que inclinasse a cabeça para trás, as lágrimas de súplica escorriam pela face, agora rubra, da ruiva. Ele deslizou a lamina suja de sangue pelo pescoço dela.


– Implore para morrer, diga-me onde ela está e eu termino com isso logo. – Apenas balançou a cabeça negativamente e apertou os olhos, desejando mais que tudo que aquilo acabasse de uma vez por todas. Draco suspirou e, completamente sem paciência, cortou-lhe a garganta de uma forma que não morresse instantaneamente, mas que agonizasse até que a luz deixasse seus olhos. Afastou-se observando o sangue jorrar de sua jugular enquanto a garota, já praticamente sem vida, estrebuchava. – Eu disse que se afogaria em seu próprio sangue e engoliria suas palavras... – Saiu do quarto sem se importar e foi se servir de mais uísque e cigarros.


Ódio: sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, rancor profundo, horror, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes.


“Matar aquela garota foi como exterminar um inseto, não senti dor nem sequer compaixão, simplesmente fiz o que me deu vontade naquela hora. Ela não devia ter dito as coisas que disse. Em se tratando de um alucinado, nunca se sabe o que estes são capazes de fazer. Finalmente o corpo refletia a loucura interior, e eu cheguei a um ponto onde qualquer coisa seria feita como motivo de chegar onde queria. Eu havia atingido a insanidade extrema e não tinha mais volta para o ponto auge da minha psicose. Demência era o que me descrevia.”


Uma coruja entrou pela janela da Toca e jogou um envelope nas pernas de Hermione que, sentada a mesa, servia chá ao namorado.


– Onde está Gina? – A voz preocupada de Harry soou na cozinha da Toca.


– Oh, Harry, oi para você também.


– Não tenho tempo para isso Hermione, Gina sumiu tem mais de doze horas sem dar notícia nenhuma.


– Ela não saiu com uma amiga?


– Essa amiga me disse que ela foi arrastada por um cara louro para fora do caldeirão.  – Hermione arregalou os olhos.


– Um louro? – Ron questionou.


Hermione pegou a carta e abriu, dentro havia uma mecha de cabelo ruivo, sujo de sangue, e uma mensagem brevemente escrita com a caligrafia que ela já conhecia de longe.


– Malfoy... – Sussurrou sentindo suas mãos tremerem enquanto lia a frase escrita.


Espero que você faça alguma coisa antes que eu faça com seu noivo o mesmo que fiz a irmã dele...


D.M.


Hermione ergueu os olhos, começando a chorar. Era tudo sua culpa, tudo por ter rejeitado Malfoy. Ele não havia explicitado na carta, mas já sabia exatamente o que acontecera, Gina estava morta e não havia mais o que fazer a não ser proteger Ron.


– O que foi? – Ron a abraçou.


– Ron, eu quero terminar... – Sussurrou entre soluços.


– Minha irmã está desaparecida e você me diz que quer terminar?


– Eu vou embora e não quero que vá atrás de mim, espero que quando souber o motivo, entenda minha decisão...


Ron tomou o envelope das mãos dela e tocou o punhado de cabelos ruivos dentro dela. Desapareceu.


– O que houve? – Harry piscou tentando entender. – Eu pisquei e ele sumiu, desaparatou?


– Impossível... – Hermione respondeu. – A varinha dele está aqui... – Apontou-a.


Sentiu seu corpo ser sugado para dentro de um aspirador de pó gigante, sua cabeça girar e quando tudo parecia querer piorar, bateu com um estrondo terrível contra o chão.


– Não é quem eu estava esperando... – A voz fria de Draco soou pelo cômodo e Ron ergueu os olhos sem entender o que acontecera. – Chave de portal... – Explicou levantando-se. Colocou o copo de lado e aproximou-se de Ron, desarmado e indefeso. – Eu esperava que a sua deliciosa namorada – Inalou como se pudesse sentir o cheiro dela. – aparecesse por aqui, mas veja a surpresa. Bem, nem tudo é como queremos, mas sua vinda é oportuna.


– O que quer com Hermione, Malfoy? – Levantou-se, apoiando-se nos joelhos.


– Pelo visto os segredos eram confidenciados apenas a sua falecida irmã... Como dizem, cornos são sempre os últimos a saber. – Riu debochado. Ron investiu pra cima dele. – Acalme-se Weasley. – Lançou-lhe um feitiço paralisante. O ruivo caiu no chão. – Eu ainda não quero matá-lo por enquanto.


Ergueu-o para que visse o corpo despedaçado de sua irmã sobre a cama. Os olhos do ruivo se esbugalharam, mas não pode demonstrar emoções devido a suas condições. Lágrimas escorreram pelo rosto paralisado e Draco achou graça nisso. Jogou-o de canto.


– Pense na reação de Hermione quando o vir na mesma situação... – Ron tentou protestar, mas fora em vão. Draco  caminhou até os restos de Gina e apanhou a faca que usara para cortá-la. – Fico me perguntando quanto tempo sua querida noiva demorará para vir atrás de você. – Aproximou-se do rapaz novamente e ajoelhou-se perto. – Quero ouvi-lo gritar Weasley, seus berros de dor serão músicas para meus ouvidos. – Amarrou-o e desfez o feitiço que tinha colocado nele. – Como prefere que eu comece?


– Espere até eu conseguir sair daqui Malfoy, acabarei com sua raça pelo o que fez a minha irmã, desgraçado. – O louro apenas riu.


– Acha mesmo que sairá com vida daqui? Aposto que não aguentaria um terço do que fiz a sua irmãzinha. – Deslizou a lamina pelo rosto do ruivo, cortando-o devagar. Ron apertou os olhos, agüentando a dor.


Um baque estrondoso foi ouvido na sala e ele pôs-se de pé rapidamente sabendo o que era. Fincou a faca na coxa de Ron, fazendo-o berrar com a dor, anunciando a Hermione onde estava. Harry invadiu o quarto.


– Malfoy seu...


– Avada Kedavra. – O lampejo de luz verde acertou Harry bem no meio do peito e este caiu inerte no chão sem que pudesse ao menos dar-se conta da situação. – Pena ter sido tão sem graça assim, Potter... Eu adoraria ter suas vísceras em minhas mãos, como as da sua esposinha. – Draco disse chutando o rosto do moreno, Hermione estava logo atrás. – Viu o que fez com seus amados amigos Hermione? Tudo pela sua decisão meses atrás. – Ela estava em choque, tremia e chorava com tudo o que via.


Ron tentou se soltar, mesmo que a agonia da faca em sua coxa o estivesse matando.


– Você é um monstro Malfoy e eu te odeio.


– Amor e ódio são sentimentos que andam lado a lado e eu digo isso por experiência própria. – Arrancou a faca de Ron, fazendo-o gritar ainda mais e choramingar. – Eu não queria que fosse assim... – Puxou os cabelos do ruivo e cortou-lhe a garganta. O sangue escorreu, manchando toda sua camisa branca de um vermelho intenso, Hermione caiu de joelhos aos prantos.


– Você matou todos eles, Malfoy, acabou com a vida de pessoas que não tinham nada a ver com isso.


– É! Você tem toda a razão, mas o real motivo disto é que agora ninguém irá te julgar por escolher ficar comigo.


– E você acha que depois disso tudo eu vou escolher ficar com um monstro?


– Não há mais ninguém que te impeça de ser minha.


– NÃO SEREI SUA NEM EM UM MILHÃO DE ANOS! – Ela berrou partindo pra cima dele, estapeando-o. Ele apenas segurou seus braços com uma das mãos enquanto a outra segurava a faca.


– Hermione, não seja assim.


– Você matou todos os que eu mais amava!


– Hermione eu...


– Cale essa sua boca imunda Malfoy, vai me pagar por... – Uma forte dor invadiu seu ventre, calando-a. Sentiu um gosto metálico subir por seu esôfago e cuspiu sangue, a faca, a mesma que matara Gina e Ron, estava fincada em seu abdômen agora.


– Perdoe-me... – Sussurrou beijando-lhe a testa. Ela caiu de joelhos sentindo uma intensa agonia tomar conta de si, sua visão enturvando. Draco a tomou em seus braços e tirou-a daquele quarto, levando-na para a cama onde, três meses atrás, ela o rejeitara. Deitou-a. – Eu não queria que fosse assim... – Sussurrou depositando um selinho carinhoso em seus lábios.


Sentia seu corpo tremer e suar como se acabasse de realizar um enorme esforço físico. “Perdoe-me Ron, Gina, Harry... eu não fui capaz de vingá-los.” Não tinha mais coordenação de seus membros, era como se, aos poucos, seus sentidos estivessem se anulando.


Era o fim e ela sabia disso, “Não fui capaz de protegê-los nem impedir que o monstro fizesse o que fez com vocês” puxou o ar com dificuldade, sentindo seus pulmões se fecharem, sua boca seca já não produzia mais saliva. Sabia que seus olhos estavam arregalados, mas não via mais imagem nenhuma, era um escuro total enquanto os lamentos de Draco Malfoy ainda entravam em seu ouvido. “E nada do que eu fale vai desfazer tudo o que houve e por minha causa”


– Perdoe-me Hermione...


Seu corpo já não tinha mais movimento, apertou os olhos, respirando o máximo de ar que pode até que não conseguiu mais. “Perdoem-me...”


– Hermione... – Ainda ouvia mesmo que não quisesse. – Hermione... – Aquela voz invadindo sua mente e ela nem podia mandá-lo calar a boca. – Hermione... – Foi a última coisa que ouviu até que seu cérebro se desligasse por completo.


***


Arrependimento: Ato ou efeito de arrepender-se.


Não foi exatamente o fim que eu desejara. Eu nunca imaginei que ficaria louco desta forma, possuído. Minhas roupas, minhas mãos, tudo tinha o cheiro de Hermione agora, mas o cheiro de seu sangue e não seu perfume. Eu a tinha, mas agora era inútil, estava gelada e imóvel, com uma expressão de dor, remorso.


Eu a matei e isso pesaria em mim agora. Um lapso de consciência me tomou em meio aquela loucura alucinante que me dominara. E só agora, depois de tudo, eu tinha tomado consciência do que cometera. Eu tinha matado cinco pessoas... exatamente. Ginevra e Ronald Weasley, Harry Potter, Hermione Granger e... Draco Malfoy.


Deitei ao lado do corpo inerte dela e a abracei, sujando-me ainda mais de seu sangue, naquele momento a minha vontade era de estar tão morto quanto todos o quatro. Apertei meus olhos tão fortemente como se aquilo fosse amenizar minha culpa. Lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu tomei a maior decisão da minha vida. E em tese, possivelmente a mais importante de todas, era aquilo ou nada...


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