Aquelas fanfics de casal escrita por ShadowReaper


Capítulo 1
Game of Thrones: Jon e Daenerys


Notas iniciais do capítulo

Após terem unido seus exércitos contra Cersei Lannister, o Rei do Norte e a Rainha por direito dos Sete Reinos aprofundam sua relação, mudando completamente a maneira como se veem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/725582/chapter/1

— No dia anterior? - questionou Jon - Não me lembro de ter planejado.

— Nós sentamos e discutimos, não se lembra? Eu, o senhor, Rainha Daenerys e Lorde Tyrion, que logo depois o chamou para tomar vinho. Enfim, o primeiro alvo será Lorde Edwyn Frey, sua Casa ainda é aliada aos Lannister. Talvez se pudermos negociar...

— Não haverá negociação. - interrompeu Sansa, ao lado de Jon - Os Frey mataram nosso irmão e minha mãe. Não sairão livres dessa.

— Walder Frey está morto, sua irmã o matou! - disse uma voz no fundo - Não há porquê continuar a intriga com o neto do velho. Já Petyr Baelish traiu seu pai, por que continua aliada com ele?

Sansa ficou em silêncio. Seu irmão mais velho respondeu:

— A aliança com o Vale é necessária. - Fantasma pôs-se de pé quando começou a falar - Mesmo com Daenerys ao nosso lado. Não podemos nos esquecer que Mindinho nos salvou na Batalha dos Bastardos.

O planejamento prosseguiu. Após libertarem Edmure Tully conseguiriam o apoio das Terras Fluviais e iriam para Harrenhal, onde manteriam controle sob o castelo enquanto a maior parte do exército marcharia sobre Rochedo Casterly, e enfim para Porto Real. Junto às filhas bastardas da extinta Casa Martell, os Tyrell leais à Olenna Hightower e os poucos homens de Yara Greyjoy, que possuíam pequena parte do que poderiam ter, por não serem reconhecidas como líderes legítimas, ainda sim possuíam força suficiente para marchar sobre a sede dos Lannister e a capital ao mesmo tempo, mas era melhor não arriscar. E também há Mindinho, lembrou Jon. Ele quer o trono, e Daenerys também. Não posso continuar apoiando os dois para sempre. Sabia que chegaria à decisão quando fosse tarde demais.

Encerrou-se a reunião e todos foram se retirando da sala. Davos, Sansa, Tormund, Lyanna, e assim por diante. Na janela, um corvo grasnou "Snow!" quando o viu. Bran, lembrou-se, e levantou voo. O último a sair vestia uma armadura com o lobo gigante dos Stark no centro, carregando uma espada longa consigo.

— Ei! - chamou Jon - Faça-me o favor.

— Pois não, Vossa Graça? - percebeu que a voz era a mesma que havia intervido na fala de Sansa. Seu dono era um homem grande, mais alto e mais forte que Jon. Possuía cabelos castanhos e barba, e um rosto duro como pedra. Uma aparência muito comum no Norte.

— Perdoe-me, minha memória tem andado bem ruim nos últimos tempos. - olhou para o homem - Quem é você mesmo?

— Sou Comandante de sua Guarda Real e Castelão de Winterfell, Vossa Graça - o guarda desembainhou sua espada e a mostrou para Jon - Deu-me esta espada em minha nomeação, após termos derrotado Ramsay Bolton. - no aço estava gravado Onsel. Não era uma palavra que Jon conhecesse.

— Ah sim - recordou Jon - O Comandante da minha Guarda Real. Isso lhe dá o direito de falar com a Princesa Sansa daquela forma?

— Eu só estava participando da discussão, Vossa Graça. - respondeu - E sua irmã tem cometido erros. Erros que podem prejudicar o futuro do Norte.

— Sente-se - ordenou.

O velho sentou-se na cadeira em frente à mesa de Jon, fitando-o.

— Quero que me diga o que acha que devemos fazer. Quais são suas ideias? - não deve falar tanto assim se não tiver pensado em algo melhor.

— Se me permite, Vossa Graça...

— Eu não havia permitido e o senhor já havia abrido a boca - cortou Jon - Quero que termine o que quer que tenha a falar.

— Pois bem. Lorde Baelish não é alguém digno de confiança - o Comandante falava sem hesitação na voz, de forma clara e direta. Ele é como o contrário de Sam, lembrou-se do amigo gordo em Vilavelha - Você e Daenerys devem ir contra ele, pois planeja tirar o reinado de vocês. Porém há os senhores do Vale, que o apoiam por causa de Lorde Robin. Se houvesse algum modo de colocar-los contra ele...

Ele matou Lysa, recordou o que Sansa havia lhe contado. Ela foi obrigada a inocentar Mindinho, mas agora pode dizer a verdade. Se soubessem como ele matou a esposa de seu antigo lorde...

— Soa como um bom plano, senhor - Jon agradeceu - Irei discuti-lo com a Rainha Daenerys.

Foi sozinho até a garota Targaryen. Ela estava hospedada na Torre Quebrada, que não era mais quebrada desde a reconstrução de Winterfell, meses antes. Passou por vários guardas, mistos entre dothrakis e imaculados. Da janela podiam se ver suas inúmeras tendas, armadas próximas à Mata dos Lobos. O único lobo que restava agora era Fantasma. Nymeria, talvez... lembrar-se da irmãzinha apertava-lhe o coração.

— O Rei no Norte! - Tyrion cumprimentou ao entrar. Também na sala estavam Missandei e Varys.

— Desejo falar com a Rainha em particular - disse.

— Atendam ao seu pedido - a voz de Dany veio do fundo do quarto, mas foi clara o suficiente para que a obedecessem. Ela trancou a porta ao saírem.

Olhou para Jon. Seus olhos púrpura se destacavam no rosto, tal como era típico dos Targaryen. Seu cabelo loiro era trançado, tal como era típico dos dothraki. Ela era linda, talvez a mulher mais linda de Westeros. Ou pelo menos a que estava viva.

— Vossa Graça - cumprimentou Jon.

— Já disse que não precisa me chamar assim quando não tem ninguém ouvindo - deu um pequeno empurrão no ombro de Jon, rindo. Jon sorriu de volta - Então, "Vossa Graça" - tentou imitá-lo, sem muito sucesso - O que o traz a minha humilde torre?

— Vim falar com você - disse - Como tem andado?

— Tudo vai bem, creio eu - inclinou-se sobre os cotovelos na janela, procurando algo no horizonte - Às vezes sinto falta de quando meus dragões eram pequenos e empoleiravam-se no meu ombro, ou na minha janela - suspirou - Agora eu que tenho que me empoleirar no pescoço deles - riu.

Jon se aproximou.

— Minha irmã Arya iria gostar deles, e também iria adorar te conhecer - pôs a mão em seu ombro e também fitou o horizonte, porém em direção ao sul - Assim que ela voltar.

— Estamos indo ao Tridente, talvez a encontremos - voltou o olhar para si, e ele estremeceu - Você parece diferente, Jon.

— Como assim?

— Não é a primeira vez que te vejo dessa forma quando conversamos. Você parece preocupado. Algum problema?

Haveria algum?, não tinha tempo para pensar.

— Nada - respondeu - Acho que estou com febre, só isso.

— Veja um Meistre - ela gritou enquanto ele andava pra fora do quarto.

Febre?, pensou, Até alguns minutos eu não estava. Sentia algo estranho, mas muito familiar. Há algum tempo tinha passado a sentir-se assim, e não sabia explicar o motivo. A menos que... Não, de novo não. Precisava falar com alguém. Com os deuses, talvez, pensou enquanto ia ao Grande Represeiro de Winterfell. Em vez deles, encontrou o irmão, com a mesma garota de sempre. Bran estava encostado na árvore, com as pernas mortas estendidas, e ela sentava-se ao seu lado, conversando e rindo. Ao ver Jon, ela se levantou.

— Vossa Graça - curvou-se, e andou de volta ao castelo.

Jon sentou-se ao lado de Bran, no mesmo lugar que ela estivera antes.

— É mais que amigo de Meera, não é? - perguntou quando ela ficou longe o suficiente.

— Jon, para com isso – resmungou, com o rosto corado – Mesmo se eu sentisse alguma coisa, seria impossível. Eu sou um aleijado.

— E eu sou um bastardo – riu – Isso não me impediu de me tornar Rei no Norte.

— Tudo o que você precisaria era de uma mudança no nome – suspirou Bran – Não há como fazer minhas pernas voltarem a funcionar. Tenho que ser carregado pra todo lado, além de ser inútil na maioria das coisas, e não conseguiria lutar para defender minha família. Nenhuma mulher jamais iria me querer, Jon.

— Não pense assim – assumiu um tom de preocupação – Bran, você é o Corvo de Três Olhos! E eu tenho certeza que ela gosta de você.

— Só está cumprindo sua missão. Tem de me instruir a ser o Corvo, e é isso que estou destinado a ser. Nada mais.

Ficaram em silêncio por bastante tempo. Uma brisa balançava as folhas das árvores. Parecia nevar em breve. Fantasma surgiu e deitou-se entre os dois.

— Sinto falta de Verão. – disse Bran.

— Ainda consegue senti-lo?

— Não mais – suspirou – Acha que Arya irá encontrar Nymeria?

— Ela vai – há meses, quando se reencontraram, Arya partiu novamente para o sul, para encontrar Nymeria e terminar uma lista de vingança, ela tinha dito. Pouco tempo depois chegara Daenerys, e então, isso começou. – Ela conseguiu viver sozinha por bastante tempo, e a loba não deve ser diferente.

De repente Tyrion apareceu, ao lado dos dois.

— Olá, Jon – ele disse, e depois para o outro – Príncipe Bran.

— Tyrion – Jon pensou nos represeiros e nos deuses antigos – O que faz aqui?

— Não posso mais passar para dar um oi pros meus amigos? – riu – Minha Rainha me disse que você estava passando mal, e quando ela descreveu os sintomas e olhando pra você agora, tenho certeza do que é. – acenou com a mão em direção à Vila de Inverno – Venha comigo.

— Para onde?

— Vamos sair daqui e ir para uma taverna – chamou – Ou será que ter virado o Rei do Norte te fez esquecer que tem necessidades humanas? Venha, traga o garoto também.

— Pode me carregar, Jon? – perguntou Bran.

— Que tipo de rei eu seria se não pudesse? – riu, levantando o irmão e o carregando, tal como Hodor fazia. Aos dezesseis, já não era tão pequeno como antigamente, e Jon não era tão grande quanto o cavalariço.

Foram andando pela vila, onde o sol já se punha. Algumas pessoas o reconheciam e saudavam. Perguntou se não era melhor ter trazido alguma guarda consigo. Talvez aquele guarda, Onsel. Esse é o nome dele, certo? Onsel. Por que não me lembro dele?

Na taverna do Jaddon, a mais conhecida da vila e uma das maiores do Norte, perdendo apenas para as de Porto Branco, ficava reunido um grande número de pessoas, sendo boa parte da plebe da Vila de Inverno. Sentaram-se a uma mesa no canto, com uma vela servindo de iluminação para os três. Ao reconhecê-lo, o estalajadeiro foi cumprimentar Snow em pessoa.

— Jon! – disse – Quanto tempo! Da última vez que o vi, não havia nem partido para a muralha ainda – Jon lembrou-se do dia. Theon o chamou, e Robb ainda estava com eles.

— E as coisas mudaram – interveio Tyrion – Agora é Rei Jon.

— Mas é claro, perdoe-me – curvou-se – Vossa Graça.

— Traga um vinho digno de um Rei, um Mão e um Príncipe – Tyrion apontou para cada um enquanto ia dizendo – E um coelho assado. Ser Mão da Rainha dá fome.

Ele assentiu e voltou ao balcão. Pessoas bebiam e riam, e o som de suas vozes se misturava com o de um badolim no fundo, onde alguém cantava “O Urso e a Bela Donzela”. Tudo aquilo ressoava na mente do bastardo.

— Tyrion – chamou Jon – Acha que algum dia terei alguém de novo?

Um atendente serviu três taças de vinho da árvore aos fregueses.

— Você é o Rei do Norte – respondeu, virando a taça na boca – Pode escolher a mulher que quiser. – encheu novamente e levantou-se para um brinde – Ao Rei do Norte!

— O Rei do Norte! – o povo da taverna respondeu em coro.

— Não é isso – disse Jon – Eu... Já te contei de Ygritte, certo? Acha que irei amar alguém de novo?

— Amar? – riu – Eu já amei uma vez, ou duas, não tenho certeza. Não foi muito bom. No seu caso, Jon, terá de se casar com a pessoa primeiro e aprender a amá-la depois, e não o contrário. Você sabe o que houve com seu irmão Robb.

Jon suspirou. Sempre soube da verdade, mas ainda era difícil suportá-la. Mas é preciso. Não posso cometer o mesmo erro que meu irmão. Jon lembrou-se das palavras de Meistre Aemon: O que é honra comparado ao amor de uma mulher? O que é o dever contra a sensação de um filho recém nascido em seus braços? Ou o sorriso de um irmão? Somos humanos, cumprimos nossas obrigações quando não há um preço a se pagar. Honra vem fácil assim. Só que mais cedo ou mais tarde na vida de todo homem, chegará um dia em que não será fácil. Um dia em que ele deverá escolher. Você deve fazer a escolha por si mesmo. E viver com ela para o resto de seus dias. Como eu tenho vivido.

— Já você, meu príncipe – Tyrion continuou, com um tom mais divertido, enquanto dava outro gole no vinho – Deveria chamar aquela garota pra sair.

— Ah, como? – indagou Bran – Eu devia chegar tipo “Ei Meera, quer andar por aí comigo?” – riu, mas dessa vez num tom sarcástico.

Riu com eles. Uma garçonete veio e encheu novamente as taças, e os três brindaram. Beberam outra vez, e Jon se levantou.

— Tomara que tenha uma latrina nesse lugar, ou vou ter que usar uma árvore. Já pensou? O Rei do Norte— debochou, e olhou para Tyrion – Não o deixe beber tanto.

— Pode deixar – respondeu – Vossa Graça.

E por fim, tinha. Foi aos fundos e encontrou algumas. Também havia uma tigela com água e sabão para ser usada. Pôs-se ao serviço.

— E então, falou com a Rainha? – a voz vinha com um som de mãos sendo lavadas. Olhou para trás para confirmar seu dono.

Onsel.

— O que faz aqui?

— Protegendo meu Rei.

— Andei o caminho acompanhado de um anão e carregando um aleijado e você resolve me vigiar enquanto em mijo?

— Você está enganado. Eu estava lá.

— Estava, é?

— Eu prestei um juramento. Estou sempre com você, Jon, não importa aonde for.

Achava estranho o fato de Onsel ignorar as formalidades monárquicas, mas ignorou. Lavando as mãos, fitou o velho de cabelos castanhos e prosseguiu.

— Sim, eu falei com ela.

— Sobre os planos?

Jon estremeceu.

— Não consegui falar, ela... – corou – Não sei, na hora ela ficou falando de outras coisas, e rindo, e então...

— Ah, deixa eu ver se eu entendi: Em vez de discutir assuntos urgentes, você e sua amiguinha Mãe dos Dragões ficaram conversando sobre flores, bonecos de neve e canções do bobo Florian e sua Jonquil? – falou gritando - Uma pobre criança de verão, é esse o tipo de rei que quer ser?! – o empurrou contra a parede de madeira do alojamento.

Jon se levantou rapidamente, mas as palavras quase não lhe saíam à boca.

— Bater em seu rei é um ato de traiçã...

— Sério? Pois continue assim e você não será nenhum Rei pra mim, nem para ninguém – a voz de Onsel já estava mais baixa, mas igualmente furiosa – Eu estive na guerra, garoto, vi homens e mulheres morrerem para termos tempos de paz, para reis fracos nascerem e estragarem tudo novamente. Como Comandante da Guarda Real e Castelão de Winterfell, amanhã direi para todos os nossos planos de guerra, já que você não consegue.

Quando se recompôs, o nortenho já havia ido embora. Saiu andando em linha reta, em direção a algum lugar. Quem é Onsel, afinal? Por que ele me amedontra tanto? Por que não consigo agir contra ele? Você não sabe de nada, Jon Snow. Sentiu uma forte dor de cabeça, a visão ficava embaçada enquanto fazia pegadas na neve. Tenho que parar de pensar nisso. É um problema pro Jon do futuro. Amanhã eu resolvo. Daenerys, o que você tem? Por que quando eu a vejo tudo o que eu penso é em beijar seus lábios, envolver seu corpo contra o meu e garantir que ninguém lhe faça nenhum mal? Por que isso está acontecendo comigo? Por quê? O sangue que pingava de seu nariz dava um tom tinto ao chão.

 

Acordou no dia seguinte, com Fantasma sendo novamente a única companhia em seu quarto. Foi ver-se no espelho. O rosto estava com olheiras e a barba por fazer, mas tudo estava em seu exato lugar. O nariz. Ele deve ter acertado o nariz pra eu ter sangrado. Olhou novamente, e não havia nenhuma marca no rosto. Teria alucinado por conta da embriaguez?

Foi ao pátio no interior das muralhas. Lá, um escultor vindo de Pentos trabalhava numa estátua há tempos. No rodapé estava inscrito “Lorde Eddard Stark de Winterfell, Mão do Rei e Protetor do Norte”. Sentia falta do pai. No começo argumentara que não havia necessidade de outra, pois já havia uma nas criptas, mas Sansa insistira.

— O Norte se lembra – a irmã havia dito – Temos que deixar claro que não esquecemos.

Já estava quase pronta, faltando apenas a parte acima do peito. Lembrou-se de que tinha um conselho de guerra naquela manhã. Foi andando até a Torre Quebrada, quando escutou algumas vozes ecoarem. Estaria Daenerys fazendo uma reunião entre os seus? Estaria apenas conversando? Estaria recebendo alguém? Ninguém o notou quando abriu a porta, nem quando passou esbarrando nos oficiais para ficar na frente. 

O que estava acontecendo era inacreditável: O capitão de sua Guarda Real, o homem em que mais devia confiar, havia feito o conselho sem sua presença, e agora já estava quase no fim. Não sabia o que fazer. Mas que tipo de usurpador é este?, pensou. Onsel propunha exatamente o que dissera ontem na taverna. Pelo menos isso. Estava sentado na cadeira do Lorde de Winterfell. À sua esquerda estava Davos, e à direita Daenerys e Tyrion. Por que não fazem nada com ele? Por fim terminou, concluindo o planejamento da tomada de Porto Real.

— Estão dispensados - disseram Onsel e Daenerys. Ele age como se fosse o rei.

Foram saindo. Os vários guerreiros, imaculados e cavaleiros simplesmente desviavam dele e passavam pela porta. Demorou um tempo até Dany por a mão em seu ombro.

— Venha me ver naquele represeiro perto do lago ao pôr-do-sol - pôs-se na ponta dos pés para lhe sussurrar - Preciso falar com você.

Acompanhou os outros e saiu. O irmão veio, montado na Dançarina.

— Ei, Jon! - chamou - Que vacilo foi aquele ontem?

— O quê? - perguntou em resposta - Como assim?

— No bar! Você simplesmente foi embora e deixou um anão bêbado pra me levar de volta pra casa. Sorte que ele ainda tinha dinheiro e pagou alguém pra nos carregar pro castelo!

— Me desculpe, Bran, eu não devia - disse - Acho que bebi mais do que devia.

— Deixa pra lá, o que está feito está feito. Amanhã você parte pra guerra, né?

— Sim - foi o que Onsel havia planejado pra ele - Dany... A Rainha Daenerys irá comigo, Sansa também.

— Então acho que devo me despedir - estendeu os dois braços em sua direção.

— Ainda teremos um banquete à noite - riu, abraçando Bran - Será Lorde enquanto eu estiver fora, Bran.

— Como na última vez - suspirou.

Robb.

Foi um longo dia até o pôr-do-sol. Teve de resolver várias questões, organização dos exércitos, comandantes, planejamento, e por aí ia. Onsel havia sumido, estranhamente, mas achava melhor desse modo. O que ele faz me dá medo. Um medo que nunca senti antes. Mal podia esperar até a tal hora, quando ia se encontrar com Daenerys Targaryen. Ela não deve ter me chamado por acaso. Também deve sentir algo, o mínimo que seja. Não é possível que esteja fazendo esse esforço todo só pra me por no clube do Sor Jorah e Daario. Tenho que falar pra ela, a hora é essa. Raciocinou um pouco mais. Se nos casássemos, uniríamos O Norte e o Sul definitivamente. Não haveria mais dúvidas de nossa aliança. Era isso o que iria fazer, se tivesse coragem suficiente.

O sol se escondia atrás das montanhas no horizonte. Não nevara naquela noite e o céu estava aberto, tornando o ambiente perfeito aos olhos de Jon. E também aos dela, espero. O represeiro embaixo do qual estavam sentados tinha um tom sépia, se tornando cada vez mais escuro. Havia trazido um archote que acendeu para quando a noite caísse.

— Então – disse Daenerys, com um sorriso tímido no rosto – Amanhã marcharemos para tomar o Trono de Ferro.

— E todo aquele trabalho que você teve durante todos esses anos será recompensado – Jon sorriu – E se tornará Rainha de Westeros. Nós realmente conseguimos, Daenerys. Irá acontecer.

Ela o fitou, sorrindo como nunca havia antes. Parecia ser a primeira vez em que ela estava realmente feliz.

— Isso realmente está acontecendo? - ela perguntou.

Jon assentiu. Então Dany gritou alto o bastante para Doran Martell acordar em Dorne e ficar puto com o que os produtores da série fizeram com o núcleo dele.

— Meus Deuses! - ria, balançando Jon pelo ombro – Fique feliz!

— Eu estou feliz – tudo o que Jon conseguia expressar era um sorriso tímido para com ela. Tinha medo de parecer idiota fazendo mais do que isso – Parabéns, Daenerys.

— Você fez isso! - discordou – Da mesma forma que disse, Jon, você vai mudar Westeros.

— Ah, por favor – corou. Estava tão emocionado quanto ela.

— No começo, quando soube de você, eu duvidava, por ser bastardo da Casa, mas eu estava enganada. Você era exatamente o que me disseram, alguém forte, leal, bondoso e capaz de mudar o Reino. E além de aliado, também me serviu com sua companhia e amizade – suspirou – Eu te amo tanto.

Dito isso, Jon a puxou pela nuca e a beijou, mas logo foi afastado e empurrado. Olhou novamente e ela estava com uma expressão confusa e furiosa, além de recuada.

— Deuses, Jon! - gritou – O que você acabou de fazer?!

— É Q-Que você d-disse que me amava, então eu pensei – tentou responder, confuso e constrangido.

Ela suspirou, ficando com o rosto subitamente triste e decepcionado.

— Você esqueceu quem eu sou?

— Claro que não – Jon respondeu – Você é Daenerys.

Ficaram em silêncio por algum tempo.

— Você é Daenerys! - voltou a afirmar, pensando fortemente no que em sete infernos estava acontecendo – Você é minha…

— Tia – respondeu – Eu sou sua tia.

— Tia – afirmou – Você é minha tia.

Saiu correndo dali com o archote na mão, deixando Daenerys na escuridão da noite. O que havia acabado de acontecer?, não conseguia parar de pensar. Daenerys e eu somos descendentes de Aerys II Targaryen, o Rei Louco. Quando Bran chegou aqui me contou tudo o que havia acontecido com ele. O que havia visto. Meu pai, Ned Stark. Meu pai, Rhaegar Targaryen. Minha mãe. Minha tia Lyanna. Rei Robert. A guerra. Hodor. Daenerys também soube ao chegar. Como poderia ter esquecido disso? Sou louco. Você não sabe de nada, Jon Snow. Sou louco. Sou louco. Eu apaguei meu nome? Um bastardo não tem nome. Sou um Snow. Sou louco. Sou louco. Chegou até o quarto do Corvo, por quem gritou.

— BRAAAAAAAAAAN! - o espaço estava vazio.

— O príncipe saiu por esta noite, Vossa Graça – disse um homem atrás dele – mandou selar a Dançarina e outro cavalo. Devo mandar buscá-lo?

Examinou o homem. Usava uma cota de malha e carregava uma espada na cintura.

— Perdoe-me, senhor – disse Jon – Mas eu não o reconheço. Quem é você?

— Sou Jeor Cassel, Vossa Graça – respondeu, confuso – Sou filho de Rodrik Cassel. Nomeou-me Castelão quando foi coroado.

— Não – respondeu – Não – fechou os olhos e balançou a cabeça, tentando acordar – Não, não!

— Meistre Bryen! - gritou – O Rei!

Não prestou atenção nos momentos seguintes. Lembrou-se de ter sido levado até a sala do meistre do castelo, onde foi posto numa cadeira e examinado.

— Está fisicamente saudável, ao que parece – disse o Meistre – O que está sentido, Vossa Graça?

— Meistre – tossiu, abrindo os olhos com dificuldade. Estava tonto – Você conhece algum Onsel? Alguma casa com esse nome, talvez?

— Onsel? - questionou – Não, Vossa Graça, a menos que seja uma casa recente. Nunca vi ninguém usando como primeiro nome. Tem certeza de que não é Cassel?

— Preciso ir – disse, afastando as mãos do Meistre de si.

— Parece atormentado, Vossa Graça. Precisa de leite de papoula, um sono lhe faria bem – levou as mãos a um odre - Mandarei adiar o banquete e o acordarei em algumas horas.

— Nada disso – afastou, tentando se levantar – Me deixe… preciso ir.

— Precisa dormir, Vossa Graça. Não parece…

— Obedeça seu rei! - gritou, calando Meistre Bryen, e andou para o corredor.

Andou, andou, andou, passou por alguns que vagavam pelo castelo, tentando parecer o mais saudável o possível. Saiu dos muros e pôs-se do lado de fora. Uma figura se aproximava, surgindo das sombras. Levou o archote até a estátua que o Pentosi passou semanas construindo. Enfim completa. Olhou para o rosto de Lorde Stark. Duro como pedra, e agora feito de pedra. Cabelos castanhos alongados na parte de trás. O corpo grande, já desgastado pela idade. Um verdadeiro nortenho. Olhou para o lado e encontrou exatamente as mesmas descrições, porém em forma de carne, viva como nunca, em frente aos seus olhos. Não. Não pode ser. Mas realmente era. O quadro no grande salão de Winterfell. A estátua nas criptas. Tudo tinha o rosto dele.

— Precisamos conversar – disse Onsel.

— Conversar?! - Jon o encarou. O pai. Depois de tantos anos, ali estava ele. O acusado de traição que teve a cabeça cortada em Porto Real. Estava em sua frente, conversando consigo. O pôs contra os muros do castelo, pressionando seu pescoço – Você! - gritou – Onde esteve nesse tempo todo? Como pode ter feito tudo… isso?

— Olhe, filho – disse Lorde Stark – Eu tenho muito a explicar e pareci afastado. Mas quero que saiba que sempre estive com vocês, ajudando você e seus irmãos por todo esse tempo.

— Você mentiu para mim! - gritou em resposta, o soltando – Para Robb, que declarou uma guerra em seu nome! Para Bran! Sansa! Arya! Rickon! Por quê? Por que fez isso?

— Eu irei explicar – disse com algum nervosismo, mas com a mesma voz firme que Lorde Stark sempre teve – Apenas me dê tempo, e venha comigo.

Voltou a segurar o archote e o seguiu para dentro da penumbra.

 

Sansa saiu de seu quarto quando a porta foi batida. Estava escolhendo um vestido quando a Rainha entrou.

— Sansa – disse Daenerys – Precisamos conversar. A sós.

As aias saíram, deixando apenas as duas no quarto.

— Dany, o que aconteceu? - sabia que era urgente pela forma que veio, e sabia o que isso queria dizer.

— É o Jon. Está ficando louco de novo – confirmou – Ele tentou me beijar hoje.

— Deuses – corou – Precisamos encontrá-lo. Rápido, antes que algo aconteça. Busque Fantasma, ele vai encontrar Jon rápido.

 

Chegaram a uma clareira na Mata de Lobos.

— Foi aqui que encontramos os lobos, lembra-se? - perguntou Lorde Stark. O local estava muito diferente do que era no verão. A vegetação se tornou mais escassa, e neve cobria o solo, embora não nevasse naquela noite – Seis lobos para seis filhos.

— O lobo gigante representa meu pai, qualquer um deles – pensou Jon, em voz alta – Morreu primeiro deixando seus filhos sozinhos no mundo. O lobo branco sou eu, por sempre ser visto como diferente dos demais. Dos seis lobos, quatro morreram, e eu perdi quatro irmãos: Rhaenys e Aegon Targaryen, filhos de Rhaegar, e Robb e Rickon, seus filhos.

Ned sorriu.

— Essa é uma forma de ver as coisas.

Sansa o viu. Ela falou com ele, e Bran também. Obviamente o reconheceram. Como não me contaram? Ou me contaram, e eu esqueci? Além disso, como ele sobreviveu à execução? R'hllor? Cortaram a cabeça de um homem sem rosto no lugar dele? Onde ele passou todos esses anos? Bebendo numa taverna com Robert Baratheon e Jon Arryn? Eram tantas perguntas a se fazer, e não sabia por onde começar. Então teve uma ideia:

— Lorde Stark.

O velho lobo se virou.

— Por que me abandonou? - perguntou Jon.

— Está enganado, filho, eu nunca te abandonei. Aonde quer que fosse, eu estava lá, em seus pensamentos, guiando suas ações.

Você causou uma guerra, quis dizer, mas as palavras não lhe saíam à boca. Apertavas os olhos e mantinha os punhos e dentes cerrados com força, tremendo. Lorde Stark lhe tocou o ombro.

— Vamos. Temos mais lugares para ir.

 

— A grande árvore de Winterfell – examinou Dany – Foi aqui embaixo que nós três nos sentamos com seu irmão, e ele me contou a história.

— O que acha que aconteceu para Jon ter ficado dessa forma? - perguntou Sansa, olhando os arredores com uma tocha na mão – É algo de família?

— Não da minha família, pelo menos.

— Jura? Porque achava que vocês que tinham loucura no sangue, e tudo mais.

O lobo branco parou de farejar o chão e levantou a cabeça, se pondo atento a algo que ouvira, e começou a correr.

— Fantasma! - chamou Sansa.

O seguiram, tomando cuidado para não rasgarem seus vestidos de seda.

 

Lorde Stark se pôs ao lado da estátua do mesmo, em sua cova nas criptas.

— O pagaram bem?

— Quem, Lorde Stark?

— O escultor. Foi o mesmo que fez a estátua de Brandon e Lyanna, não foi? Há quem ganhe muito com as mortes dos Stark.

Aquilo era demais para ele.

— Pai! - chamou – Por que você não me conta tudo logo em vez de me levar pra vários lugares e ficar falando com um tom sombrio? Eu sou seu filho! Mesmo que não de sangue, eu sempre fui seu filho! Eu chorei por sua morte, senti sua falta em todos esses anos, e então você reaparece vivo em minha casa como se não fosse nada demais?! Por que está fazendo isso comigo? Me diz! Por quê?!

Segurando o colarinho de Lorde Stark, parou de falar quando ouviu vozes vindas de perto.

— Aqui, Dany. Fantasma, é melhor que fique aqui fora.

Sansa. Ela está vindo, e a verdade vem consigo. Escutou passos apressados descendo as escadas.

— Filho, preciso que você me escute – Lorde Stark pôs ambas as mãos nos ombros de Jon, e este olhou com atenção – Tentarão nos separar de novo, não deixe que isso aconteça!

— O quê? Como assim?

Lorde Stark o soltou e sentou-se em sua cripta.

— Não deixe que isso aconteça, Jon! - continuou.

— O que quer dizer com isso? Responda! Eu quero saber! - e então gritou o mais alto que podia – EU QUERO SABER!

— Jon – olhou para o lado ao ouvir Sansa, ofegante, assim como Daenerys ao seu lado – Com quem está falando?

— Como assim? Eu estou falando com o meu…

Olhou para a esquerda e ninguém estava lá, apenas uma cripta com uma estátua, onde estava inscrito “Lorde Eddard Stark, Senhor de Winterfell e Protetor do Norte. O Norte Se Lembra”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Referências: Mr. Robot
Parte 2 já saiu: https://fanfiction.com.br/historia/725582/Aquelas_fanfics_de_casal/capitulo/5/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aquelas fanfics de casal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.