Os Trinta Colares de Pedra escrita por Claraneko


Capítulo 15
Conversa


Notas iniciais do capítulo

Yooo para quem ainda acompanha. Eu já tinha desistido dessa história, mas gosto muito dela e voltei, pois escrevê-la me faz feliz :)
Olha, para quem não sabe como é o Izumi, nada de preguiça vai lá e pesquisa, ele é muito fofo e não vai ser tempo perdido ;)
Sem mais enrolações... Boa leitura



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Mitsuyoshi voltava para casa. Tinha o olhar cabisbaixo e sua mão direita apertava o ombro esquerdo, que tinha sido acertado com o elemento corrosão de Yoshihiko, razão pela qual Shindou o tinha mandado voltar e descansar a alguns minutos atrás.

Desde o encontro na floresta com o velho misterioso, não havia parado para descansar direito. Sentia-se, de certa forma, inútil, pois agora parecia ser a Raimon a responsável por pegar os colares, e ele estava ali, sem fazer nada. Sem um objetivo que pudesse realizar com as próprias mãos.

Um dia. Já se havia passado um dia dos três que o velhinho lhe dera. Mitsuyoshi pegou o pergaminho que mostrava os nomes dos portadores dos colares, que tinha ficado com ele, e olhou-o com curiosidade e receio. Tirando os colares que pertenciam aos jogadores da Raimon, já tinham conseguido o colar de ácido, que estava com Hayabusa; o de corrosão, com Yoshihiko; o de fogo negro; com Kishibe e o de vidro, com Izumi, era o que mostrava o papel envelhecido. Já tinham pegado mais da metade, mas ainda faltavam muitos. Suspirou.

Continuou andando até chegar a uma ponte de madeira pela qual sempre passava para chegar em casa, era um caminho mais longo e menos movimentado, mas gostava de passar por ali por causa da paisagem. Parou ao ver quem estava lá, reconheceu-o de longe, mesmo encolhido do jeito que estava, com a cabeça entre as pernas. Mitsuyoshi andou silenciosamente até ele, e chegando ao seu lado, abaixou-se, apoiando suas costas na ponte. Nada disse, só pôs-se a olhar para o rio abaixo da ponte que seguia até chegar a uma cachoeira.

O garoto em seu lado direito havia passado por uma situação difícil, e de certa forma, humilhante. Devia estar arrasado. Mitsuyoshi não o culpava, e muito mais que isso: o entendia, por isso não poderia julgá-lo, nem forçá-lo a falar o que lhe afligia.

Em certo momento, Izumi ergueu o olhar, incerto, porém curioso com o recém chegado. O acinzentado fez menção de falar algo, mas logo calou-se, cauteloso.

Mitsuyoshi não mirou-o nos olhos, entretanto, pode sentir o quão abatido estava, apesar das lágrimas parecerem já ter cessado. Não mirou-o pelas mesmas razões que não ia querer que o olhassem se estivesse no lugar dele. Era assim que via as coisas, e sentia que o outro falaria quando se sentisse mais confiante para isso, e só achara um jeito para fazê-lo falar.

— Eu amo uma pessoa já faz muito tempo - começou o violeta, atraindo a atenção do acinzentado. - Ele era uma pessoa muito importante para mim, e eu sempre o vi como um exemplo. Quis ser como ele, e por isso tentava agir como tal, e acabei me tornando como  sou: uma pessoa que todo mundo odeia e evita. Dois dias atrás... me declarei para ele, disse o quanto o amava, o quanto o admirava, contei tudo... - olhou para o céu, as lágrimas ameaçavam cair. - E ele me rejeitou, me humilhou, me machucou muito... Meu próprio capitão - Mitsuyoshi abaixou o seu olhar enquanto o de Izumi se dirigia para ele, surpreso.

Depois de um minuto de silêncio, os dois se encararam, um olhar que dizia tudo: um compreendia o outro. Tinham passado por uma experiência muito parecida, eram iguais.

— Você ainda o ama? - Izumi quis saber, sua voz estava meio rouca por conta do choro que já tinha passado. Mesmo assim Mitsuyoshi ouvira perfeitamente a pergunta, e ficou pensando nela por um breve momento.

— Não sei - finalmente respondeu. - Ainda penso nele... Bastante. Mas não sei o que sinto.

Izumi percebeu o quanto esse assunto o doía, então silenciou suas perguntas, e ao invés disso, seguiu o exemplo do outro.

— Já faz um tempo... - Izumi começou, em um murmúrio de voz. - Que estou indo para a cama do meu capitão - Mitsuyoshi o olhou chocado com a revelação e, também, ao perceber que o problema do outro também era com o capitão. - Mas nós mal conversamos, não saímos.

— Você o ama? - Mitsuyoshi não evitou perguntar.

— Não tem amor, é apenas sexo... Não o amo e nem ele a mim... Meu capitão gosta de outra pessoa e isso fez com que eu não gostasse dela, por que quando fazemos... é nela que ele pensa. Mas... Eu não sabia o que fazer - Tapou a cabeça com os braços. - No fim, eu só sou usado como um brinquedo. Ninguém se preocupa comigo, ninguém me ama, nem meus pais, nem meu time. Ninguém.

Mitsuyoshi percebeu que o garoto ao seu lado estava muito alterado, e ameaçava piorar. A respiração desordenada dele era nítida. O violeta colocou a mão em seu ombro, querendo dizer: ‘já chega, está tudo bem, não precisa mais se esforçar’.

Izumi compreendeu, e tentou se controlar. Era notável que sentia um grande ódio pelas pessoas, sua expressão culpava a todos pela própria solidão, por isso tinha ficado nessa situação. Mitsuyoshi sentia que precisava ajudá-lo, os dois estavam mal, mas um teria que ser forte. Estava prestes a dizer algo, quando um calafrio percorreu-lhe o corpo.

— Ora, ora, quem temos aqui? - uma voz familiar disse, fazendo Mitsuyoshi congelar no lugar onde estava. - Sabia que mais cedo ou mais tarde iria aparecer.

Mitsuyoshi deixou sua mão escorregar lentamente do ombro do outro e seu olhar se voltou assustado para o intruso.

— Isozaki - falou, num fio de voz.


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