Vítimas Das Circunstâncias escrita por Leonardo Souza


Capítulo 13
E então sobraram treze.


Notas iniciais do capítulo

Não vou nem tentar me desculpar pela demora. Invés disso vou deixar o link de uma playlist que criei para a história, são músicas que já usei nela, que escuto enquanto escrevo e músicas que pretendo usar: https://open.spotify.com/user/leonardodesouz/playlist/0dXOtPk0gqN4w7ZSLWb3EZ?si=cLlkwOsJTvGWoXlJybmssA



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16/02/2016
        Terça-Feira
        13:09
        Giovane


Liguei para Marcelo algumas horas depois de ser liberado, não queria parecer rude, ele me avisou que poderia ir durante a tarde.


— O que é tão importante? — Ele perguntou enquanto eu me sentava no sofá. — E porque Mike e Fernanda falaram que foram convidados?
— Preciso que todos se sentem. E guardem suas perguntas para o final, certo?
— Certo. — Eles responderam.
— Com tudo o que aconteceu até agora eu percebi que nós três não estivemos em nenhuma perseguição, também tem o Gustavo e Guilherme, mas os dois não conseguiram vir.
— E o que isso tem a ver? — Fernanda perguntou.
— O que eu disse sobre perguntas? Mas eu vou te responder. Acho que o assassino calculou mal, acho que o plano era todo construído em dupla, quando Daniel morreu, ele acabou ficando com muitos alvos.
— Isso significa que não somos mais alvos? — Mike perguntou.
— Pelo contrario, acho que nós ganhamos um passe até o confronto final, o que não sei se é uma coisa boa.
— Eu não entendo, de onde você tirou isso? — Marcelo perguntou.
— Bem, primeiro: você disse que em uma das ligações ele falou das regras, o que significa que ele precisa seguir um padrão, todas as mortes ou tentativas foram cênicas, para o publico.
— Que publico?
— Isso nos leva ao segundo tópico: existe um site onde todos falam disso, dos assassinatos, tem teorias sobre quem está por trás da mascara, eles até apostam em quem será o próximo a morrer.
— Isso é legal?
— Não, altamente ilegal, consegui por meios não convencionais, então não contem para ninguém.
— E qual o seu ponto?
— Meu ponto é: porque ficar quebrando a cabeça com talvez, se podemos ler algumas teorias na internet, talvez com o nosso conhecimento mais a mente doida dessas pessoas conseguimos chegar em algum lugar.
— Essa idéia parece bem idiota, mas estamos desesperados.
— Já li algumas, e minha favorita é que o assassino é você, dupla personalidade.
— Não estou doido o suficiente para ter outra personalidade.
— E também essa teoria já foi descartada, Marcelo esta na cadeia quando ele atacou a Ingrid. — Fernanda falou.
— Verdade, tinha me esquecido disso.
— Como vamos ler tudo isso. — Marcelo estava olhando para a tela do computador.
— Já descartei a maioria e fiz uma lista com as mais acessadas, são as que mais fazem sentido, mas se quiserem ler algumas com aliens é só me falar.

15:23
        Marcelo


A cada teoria que lia, tudo ficava mais complicado e ficávamos mais longe de achar no mínimo um suspeito, algumas delas tinham linhas temporais detalhadas e bons argumentos, mas ao mesmo tempo tinham um possível incesto entre Ana e Daniel, o que fazia tudo ir para o lixo.
Ana mandou uma mensagem.
“Lucas está ai?”
“Não” Respondi.
“Devemos nos preocupar?”
“Quando ele sumiu?”
“Depois do almoço”
“Então não precisamos”
“E você, como está? Quer conversar?”
“Agora estou ocupado, conversamos depois.”
— Quem é? — Mike perguntou.
— Ninguém. — Guardei o celular no bolso.
— Acho que achei uma coisa — Fernanda virou a tela do notebook para que todos pudessem enxergar — Sabe a voz que o assassino usa no telefone?
— Toda vez que conversamos parece diferente.
— Esse cara resolveu. Se fosse apenas um modulador de voz bastaria apenas converter o áudio até o estado original ou próximo disso, mas são as vozes de todos vocês uma por cima da outra com combinações diferentes.
— Por isso parecem diferentes?
— Vamos ver — Ela desceu o texto do computador — Não é só isso, parece que ele tira a voz toda vez que mata alguém.
— Genial — Giovane falou. — Quero dizer, não genial bom, mas é bem esperto se esconder na nossa cara.
— Então não podemos pega-lo usando reconhecimento de voz? — Perguntei.
— Infelizmente não — Fernanda respondeu e me olhou com uma cara de quase dó, mas com preocupação.
— Vamos continuar sofrendo com teorias de loucos na internet ou querem sair para comer alguma coisa? — Me levantei.
— Pizza? — Giovane Sugeriu.
— Pizza! — Mike respondeu.


       18:13
       Gustavo


Acordei, tentei me levantar, mas não consegui, estava tudo escuro, esperei meus olhos se ajustarem, depois de alguns minutos conseguia ver bem pouco, estava com as mãos e pés amarrados e com uma mordaça na minha boca. De fora conseguia escutar gritos de crianças.

18:53
       Thainara


Todo ano nossa cidade fazia esse festival, mesmo com tudo o que estava acontecendo, Vinicius e eu resolvemos ir para tentar relaxar, estava preocupada com ele, mesmo negando era visível que tudo o que aconteceu na fazenda mexeu com ele, dormia tarde, isso quando não virava a noite jogando, recusava convites de amigos para sair, durante a noite conseguia escutar ele verificando se as portas estavam trancadas. Uma manhã acordei e ele tinha dormido no sofá segurando uma faca.
— Vamos comer primeiro? — Ele perguntou.
— Tem certeza de que quer comer e depois ir à montanha russa?
— Acho que de estomago vazio vai ser pior.
— Então vamos achar uma mesa.

19:03
        Marcelo

Aquela foi a primeira vez que me senti normal, conversamos sobre series, filmes, garotas e todo tipo de assunto banal, até esqueci por um minuto que tinha alguém matando meus amigos.
— Mais uma? — Giovane falou.
— Já pedimos três pizzas, é o suficiente. — Mike respondeu.
— Tudo bem, tudo bem. Mais cerveja?
— Claro que sim! — Mike ergueu o copo.
— Acho legal você ter se oferecido para dirigir. — Fernanda falou.
— Não me importo, sei como Giovane gosta de se divertir e Mike parece ser bem animado, melhor ter alguém para manter o controle desses dois. — Respondi.
— Mike realmente gosta de animação.
— Vocês são amigos há quanto tempo?
— Desde crianças, nossas famílias são bem próximas.
— Isso é bem legal, e rola mais alguma coisa entre vocês? Não querendo supor que homem e mulher não podem ser amigos sem um interesse sexual.
— Oh, não, crescemos tão juntos que nos vemos como irmãos e seria estranho cruzar essa linha agora.
— Fico feliz por vocês, e acho que nunca falei isso, mas desculpa por meter vocês nessa confusão.
— Não precisa se desculpar, nós meio que procuramos por isso. Mas chega desse assunto. E a sua vida amorosa?
— Tive algumas namoradas no passado, mas nada sério faz quase um ano.
— Olha pelo lado bom. — Mike entrou na conversa — Quando tudo isso acabar, varias garotas, ou garotos, sem julgamento, vão querer te namorar.
— Mal posso esperar. — Começamos a rir — Vou ao banheiro.
Enquanto esperava na fila meu celular tocou, era o Gustavo.
— Estávamos procurando você, onde está?
— Se te contar vai perder a graça — A voz que saiu não era do Gustavo.
— Desgraçado, o que fez com ele?
— Venha festejar que vai descobrir. Sem policiais. — Ele desligou.
Voltei para a mesa, praticamente correndo.
— O que aconteceu? — Mike perguntou.
—É ele? — Fernanda já tinha levantado da cadeira.
— Sim, ele está com o Gustavo.
— Onde?
— Não sei, tudo o que disse foi “venha festejar que vai descobrir.”
— Que merda isso significa? — Mike fez um gesto com a mão chamando o garçom.
— Não faço a menor ideia. — Respondi.
— Festejar, tem que ser uma festa — Fernanda sugeriu — Festa de universidade?
— Hoje é terça, não tem festa.
— Esperem um segundo — Giovane pegou o celular no bolso e nos mostrou uma publicação — A festa da cidade, só pode ser aqui.
— Não temos certeza, se estivermos errados, Gustavo pode morrer. — Respondi.
—Faz sentido — Fernanda apontou para a tela — no panfleto está escrito venha festejar.
— Isso ai! Sherlock Homes, porra! — Mike gritou e todas pessoas na pizzaria nos encararam.
— Vamos logo.

19:43
        Thainara


— Já decidiu em qual brinquedo quer ir primeiro?
— Casa assombrada? — Vinicius sugeriu.
— Quer dizer, nosso dia a dia?
— Tem razão, montanha russa?
— Tudo bem.
O parque estava lotado, praticamente impossível de andar sem esbarrar em alguém, tinha que ficar olhando para trás e ter certeza de que Vinicius não tinha se perdido na multidão. Olhei mais uma vez, só para ter certeza, quando me virei vi o assassino atrás do meu irmão.
— Vini! — Gritei e comecei a ir contra a multidão.
— O que foi? — Percebendo meu desespero ele percebeu que tinha alguma coisa errada.
— Atrás de você! — Continuava lutando contra as pessoas que me xingavam.
Quando ele se virou viu que estava praticamente colado com assassino, achei que iria sair correndo, uma parte de mim torceu para que ele corresse, mas invés disso ele deu um soco no mascarado que caiu xingando, as pessoas formaram uma roda em volta dos dois e finalmente consegui chegar até ele.
— Tira a máscara. — Falei.
Vinicius se abaixou para tirar, meu coração estava acelerado, não por finalmente descobrir quem matou meus amigos, mas por saber que era o fim do pesadelo.
— Quem é esse? — Vinicius perguntou, como se soubesse de tudo.
Debaixo da máscara havia um menino, 16, talvez 17 anos.
— Porque me deu um soco, cara? — Ele perguntou enquanto verificava com a mão se seu nariz não estava sangrando.
— Quem te mandou aqui?
— Não sei quem é, era um anuncio falando para estar na festa da cidade usando essa roupa.
— Merda. — Olhei em volta, e percebi, ele não era o único usando a fantasia, consegui contar sete. — Vamos, temos que ligar para o Marcelo.
— O que está acontecendo?
— Nada bom.

20:13
        Marcelo


— Alô.
— Cadê você? — Thainara praticamente gritou.
— Chegando na festa da cidade, alguma coisa aconteceu?
— Ótimo, já estou aqui com o Vinicius e coisas estão acontecendo.
— Como assim?
— Tem várias pessoas usando uma fantasia dele e correndo por aí. Você não sabia disso?
— Merda, não, ele me ligou, falou que está com o Gustavo e deu uma instrução que nos trouxe aqui.
— Vamos te esperar na entrada.
— Tudo bem.

20:23
        Fernanda


Quando chegamos na entrada, descobrimos que precisava de ingresso para entrar, mas a fila estava enorme, pensei que Marcelo ia lutar com os seguranças, mas Mike foi até eles e depois de alguns minutos voltou falando que poderíamos entrar.
— O que disse para eles? — Perguntei.
— Nada demais, ele nos reconheceu das entrevistas e nos deixou passar.
—Às vezes esqueço que somos meio famosos de um jeito muito ruim. — Giovane falou, mas sem tirar os olhos da tela do celular.
Vimos Thainara acenando para nós e provavelmente chamando nossos nomes, mas não dava para escutar com o barulho da música e das pessoas.
— Esse lugar é enorme, como vamos encontra-lo? — Ela perguntou quando nos aproximamos.
— Você falou que tem pessoas usando fantasias, onde estão? — Marcelo mal conseguia ficar parado.
— Eles não saem do limite do parque de diversões. — Vinicius respondeu.
— Vamos começar a procurar lá.
— Preciso me sentar por um minuto. — Mike entrou na conversa.
— Eles estão bêbados? — Thainara perguntou.
— Um pouco, mas não o suficiente para uma caçada assassina.
— Tudo bem, — Falei — Vocês três vão para o parque e eu vou levar Mike e Giovane para beber agua e comer alguma coisa, depois vamos direto para lá.
— Obrigado. — Marcelo já estava correndo, e dois o seguiram.
A praça de alimentação estava lotada, algumas pessoas pediram para tirar selfies com a gente, outras perguntaram se algo estava acontecendo, depois que viram as pessoas fantasiadas, negamos tudo, claro, a última coisa que precisávamos era gerar pânico. Consegui comprar água para eles que agora estavam sentados no chão.
— Não querendo apressar — Abaixei o tom da minha voz para que só eles pudessem escutar — mas temos uma situação literal de vida ou morte aqui.
— Já estamos indo, mas preciso vomitar. — Mike se levantou e começou a andar na direção dos banheiros químicos.
— Pode ir atrás dele — Giovane já estava de pé — vou indo para o parque.
— Mike, espera — Corri atrás dele.

20:33
        Marcelo


A área do parque estava lotada de pessoas vestidas como ele, algumas crianças estavam chorando por causa disso, e outras estavam tirando fotos com eles e até brincando de fugir do assassino, ver aquilo me deixou tonto, mas não podia deixar isso me abalar. Esse é o objetivo dele. Meu celular tocou, era ele.
— Se divertindo? — Perguntou.
— Vá se ferrar.Cadê ele?
— Não vou revelar tão fácil, vamos por partes. Acho que tem uma piada ai. — Ele riu.
— Não tenho tempo para isso!
— Sabe que se desligar ele morre, certo?
— Chega de jogos, cadê ele?
— Procure no parque.
— Vamos nos separar — Falei — Os caminhões que transportam os brinquedos é o único lugar que poderia esconder alguém.
— Eu e Vini começamos pela esquerda e você vai pela esquerda, a gente se encontra no meio. — Thainara falou.
Por algum motivo, alguns brinquedos estavam desmontados nos caminhões, o que tornava a busca mais difícil porque precisávamos subir neles para verificar se Gustavo não estava entre as peças, além dos caminhões não estarem enfileirados e sim estacionados aleatoriamente, checava o mesmo caminhão mais de uma vez sem perceber, não conseguia ver Vinicius ou Thainara em lugar nenhum, escutei passos atrás de mim, não poderia ser eles, um dos fantasiados? Gustavo conseguiu se soltar? Não podia correr nenhum risco, peguei um pedaço de ferro que estava no chão, provavelmente caiu de um brinquedo. Me escondi atrás de um dos caminhões e esperei ele aparecer, quando entrou no meu campo de visão corri na direção pronto para dar um golpe.
— Sou eu! — Giovane gritou e colocou os braços na frente do rosto como se fosse impedir a pancada.
— Que tal da próxima vez não chegar de mansinho? — abaixei o ferro.
— Desculpa, não sabia que você estava em modo “bater primeiro perguntar depois”.
— Cadê Mike e Fernanda?
— Mike estava passando mal, e Fernanda ficou ajudando ele.
— Vamos, temos que achar o Thainara e Vinicius.
— Alguma coisa sobre Gustavo?
— Não.

21:13
        Thainara


Não conseguimos encontrar nada, Marcelo quis verificar o lado que estávamos encarregados, fiquei um pouco ofendida, mas entendi o lado dele.
— E agora? voltamos para a parte movimentada do parque?
— Não — Giovane respondeu — É impossível procurar com aquela quantidade de gente lá e pode ser até perigoso.
— Eu estava pensando — Vinicius entrou na conversa — E se Gustavo foi obrigado a se fantasiar também.
— Ele já teria fugido, aquele lugar é uma bagunça — Marcelo respondeu.
— O mascarado pode ter chantageado ele, falando que mataria a gente, conhecendo o Gustavo eu sei que ele protegeria a gente porque tem certeza de que você pode desvendar tudo.
— O plano é voltar e tirar as mascaras de todos? — Perguntei.
— Acho que sim, mas vamos em dupla, um deles pode ser o verdadeiro com uma faca verdadeira.
— Finalmente entramos em modo “tirar mascara primeiro perguntar depois”. — Giovane falou isso e olhou para Marcelo, como se fosse uma piada interna dos dois.

21:15
        Marcelo


Antes de chegarmos na área dos brinquedos ouvi meu celular tocar, era uma mensagem, tirei do bolso, era ele. “Acabou o tempo”. Antes que pudesse processar o fato de que Gustavo ia morrer e não ia poder fazer nada sobre isso escutei um barulho, logo em seguida alguém me jogou no chão e senti algo quente passando nas minhas costas, quando consegui me recompor percebi. Os caminhões estavam pegando fogo.
— O que aconteceu? — Perguntei.
— Um dos caminhões simplesmente explodiu. — Vini respondeu.
— Acho que mais vão explodir, precisamos sair daqui. — Giovane falou.
— Não, espera. — Falei — Ele mandou uma mensagem escrito que o jogo acabou, Gustavo pode estar ali no meio.
— Você não pode entrar lá! — Thainara gritou.
— Não posso deixar ele morrer!
— Eu sei..., mas... se ele estiver ali, já está morto!
— Não posso ficar de braços cruzados, da ultima vez que fiz isso olha o que aconteceu com Daniel, achei que você entre todas as pessoas iria entender!
— Eu entendo o que está sentindo, mas não posso te deixar morrer!
— Porque não? — Se eu morrer tudo isso acaba e vocês podem voltar para suas vidas normais.
— Como pode falar isso? Acha que merece morrer? — Ela estava chorando.
— Pessoal! — Giovane interrompeu — Precisamos ir, agora!
— Por favor, venha com a gente — Thainara implorou. — Por favor.
— Tudo bem, vamos sair daqui.
Todos os visitantes estavam correndo, só tinha uma saída o que deixou um aglomerado de pessoas juntas, parecia que o local tinha ultrapassado a capacidade máxima de pessoas a muito tempo, outro caminhão explodiu, causando mais pânico, crianças e adultos estavam chorando com medo de morrer. Meu celular tocou, era Fernanda.
— Cadê você? — Perguntei.
— Estou do lado de fora, consegui sair, e vocês?
— Estamos no parque.
— Todos estão bem? — Ela parecia preocupada.
— Sim, ninguém ferido.
— Então encontraram o Gustavo? Que bom.
— Não, acho que ele está morto.
Ficamos em silencio por alguns segundos.
— Desculpe.
— Tudo bem, depois que acharmos uma saída daqui vamos lembrar dele propriamente.
— Tem mais uma coisa — Ela falou.
— O que foi?
— É o Mike, acabei me perdendo dele enquanto corríamos para a saída, ele não estava bem.
— Merda. Tudo bem, você fica aí fora, não volte aqui, vamos encontra-lo, eu prometo.
— Tudo bem.
— Quem era? — Thainara perguntou.
— Fernanda, ela conseguiu sair, mas se perdeu do Mike, temos que procurar por ele também.
— Não querendo ser grosseiro, mas já estamos em uma situação de vida ou morte aqui, se mais caminhões explodirem o fogo pode chegar nos brinquedos, isso aqui pode piorar — Giovane falou.
— Eu não entendo — Falou — Tudo o que ele fez até agora envolvia você e pessoas próximas de você, por que ferir tantos inocentes?
— Tem razão, não faz sentido — Concordei.
— Mas ninguém morreu — Thainara apontou — Estão desesperados, mas acho que estão todos vivos.
— Então para que fazer tudo isso?
— Medo, pânico, só pode ser isso — Giovane falou.
— Ele não tem gerado pânico o suficiente? — Perguntei.
— Acho que não.
Meu celular tocou, era ele.
— Ganhou uma rodada bônus. Roda-gigante.
— Precisamos ir — Sai correndo.
— Para onde? — Vini perguntou.
— Roda-gigante.
— Mas isso é bem perto de onde o fogo está.
— Vamos rápido.

21:31
        Thainara


Seguimos Marcelo, não sabia se iriamos sobreviver, o fogo estava a uns vinte metros do brinquedo, quando chegamos não tinha nada a vista, só uma plataforma de metal que dava a volta na base da roda e uma cabine de controle.
— Ele não pode estar no brinquedo, e mesmo se tivesse não conseguiríamos acha-lo sem subir na nisso. — Falei.
— Gustavo precisa estar aqui porque ele me mandaria aqui?
— Para morrer! — Giovane gritou, do nada. — Eu sei que você achar que precisa salvar todo mundo, mas não precisa.
— Não obriguei ninguém a vir aqui comigo. — Marcelo respondeu.
— Não, mas nós estamos aqui para garantir que você não morra tentando nos salvar, Thainara acabou de implorar para você e olha onde estamos, nem dez minutos depois!
— Ah vá se foder!
— Não vamos brigar agora — Falei.
— Não percebe que vai acabar matando todos nós? — Giovane gritou.
— Fiquem quietos — Vinicius falou.
— Pode ir, ninguém está te segurando! — Marcelo respondeu.
— Fiquem quietos! — Vinicius gritou mais alto — Acho que escutei alguma coisa.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, só conseguíamos escutar os gritos das ultimas pessoas saindo da área do parque e o som dos caminhões queimando, até que finalmente escutei alguma coisa batendo, vinha de baixo da plataforma.
— Gustavo? — Perguntei.

21:31
        Gustavo


Depois de horas amarrado ali consegui descobrir algumas coisas, primeira: estava em um parque de diversões, provavelmente debaixo de um brinquedo. Segunda: não conseguia me soltar e nem tirar a mordaça da minha boca. Tinha um buraco pequeno naquilo que parecia uma plataforma e se forcasse o olhar conseguia enxergar os pés das pessoas, e foi por ela que vi quando alguma coisa explodiu, seguida de outra explosão, já tinha aceitado que ia morrer assado quando o fogo chegasse no brinquedo até que escutei a voz do Marcelo, por um segundo achei que estava alucinando, mas Giovane e Thainara também estavam ali, tentei me mover para perto da parede e foi quando percebi, no canto tinha uma coisa pendurada, parecia uma bloco, mas do nada ascendeu um visor com contagem vinte e começou a diminuir. Era uma bomba.

21:34
        Marcelo


Não conseguimos levantar nenhuma parte da plataforma, mas conseguimos mover um pedaço, não era grande o suficiente para alguém passar, só conseguia ver Gustavo, ele estava amarrado, com uma fita sobre a boca e se contorcendo bastante.
— Vai ficar tudo bem. — Falei para ele — Estamos quase conseguindo abrir passagem.
Ele começou a se contorcer, como se estivesse apontando com a cabeça para o canto. Não conseguia ver o lugar, estava escuro.
— Não consigo ver, está escuro, precisa esperar um pouco.
Ele se contorceu mais.
— E agora? — Vinicius perguntou.
— Como vamos ver? — Me afastei, deixando Giovane cavar mais um pouco.
— Celular, é isso, me de seu celular.
— O que quer com ele? — Entreguei para ela.
— Ascendemos à lanterna, abrimos a câmera, e tiramos uma foto daquele lado. — Ela respondeu sem tirar os olhos da tela.
— Genial.
— A policia, bombeiros entre outras coisas não deviam ter chegado a essa altura? — Vinicius observou.
— Não podemos pensar nisso agora, precisamos focar no Gustavo. — Respondi.
— Pronto. — Thainara estava olhando para o celular — O que é isso?
Na foto ainda estava escuro, mas se observasse bem, conseguia ver alguma coisa em formato quadrado ali.
— Isso... é uma bomba? — Giovane falou.
— É? — Thainara respondeu.
— Temos que sair daqui! — Vinicius praticamente gritou.
— Não podemos, não sabemos se é uma bomba, ou se é verdadeira. — Respondi.
— Não quero ficar aqui para descobrir!
— Mas — Outro caminhão explodiu, esse estava realmente perto. Uma viga de aço voou, acertou os assentos mais baixos da roda-gigante e caiu sobre a plataforma, pegando fogo.
— Vamos embora! — Vinicius gritou.
— Podem ir, vão, não posso deixar ele aqui.
— Quer saber? Vai se foder, nós acabamos de debater isso e nós acabamos de quase ser acertados por um pedaço de metal gigante, eu estou indo, se querem ficar é problema de vocês. — Ele saiu andando.
— Eu estou indo também — Giovane falou — Desculpa.
— Não podemos fazer nada, precisamos ir. — Thainara colocou a mão no meu ombro.
— Se deixarmos ele aqui estamos deixando para morrer.
— Eu sei disso.
Ficamos em silencio.
— Certo. — Fui até o buraco que conseguimos abrir. — Vamos buscar ajuda, eles já estão chegando, espere só mais um pouco. — Me levantei. Comecei a chorar.

21:53
       Gustavo


Não conseguir avisar eles era a pior parte, ainda bem que Thainara estava ali para ajudar, não foi a primeira vez que ela teve uma idéia que salvou a gente, quando eles viram a bomba achei que iam embora, mas continuaram a discutir. Queria gritar. Bater neles, quando o caminhão explodiu achei que todos tinham morrido, felizmente ninguém se machucou, alguns minutos depois, Marcelo apareceu na abertura, sabia que estava mentindo, quando ele saiu do meu campo de visão comecei a chorar, olhei para a contagem, 45 segundos, fechei os olhos, isso de que sua vida passa na frente dos seus olhos é mentira, tudo que conseguia pensar era que alguém ia aparecer e me salvar no ultimo segundo. Ultima coisa que senti foi uma onda de calor.

21:31
        Kauan


Nenhuma ligação envolvendo o que estava acontecendo no evento chegou á delegacia, estávamos trocando o servidor de internet, e como não podemos usar o celular durante o trabalho só descobri no intervalo, Fernanda tinha mandado varias mensagens do que estava acontecendo, mandei todas as viaturas para o local. Quando os bombeiros e nós chegamos ao local, varias explosões haviam ocorrido, encontrei Fernanda sentada na calçada.
— Está tudo bem, onde estão os outros? — Perguntei.
— Não sei, eles estavam lá dentro ainda.
— Fique aqui, os paramédicos vão dar uma olhada em você.
O lugar estava uma bagunça, o desespero era visível, fiquei assustado com a destruição que uma pessoa com alguns seguidores conseguia fazer.

23:51
        Ferreira


Depois de resolver os problemas no evento, Detetive Kauan levou os envolvidos para o hospital, alguns estavam com queimaduras e um dele se cortou feio, mas não percebeu, graças à adrenalina. Souza ficou de vigia dos que moravam perto, Ana, Alecssandra e Lucas e eu fiquei do outro lado da cidade com Guilherme e Mateus. Quando avisei que ficaria ali eles falaram que podia ficar na casa, preferi ficar no carro. Já fazia algumas horas. Tinha que ir ao banheiro. Parecia que os dois já estavam dormindo então fui até o canto, quando abri o zíper senti alguém atrás de mim. Ter me virado para olhar provavelmente salvou minha vida. O assassino estava atrás de mim, ia cortar minha garganta, mas com o movimento acabou me cortando na altura da clavícula. Ele investiu, tentei me defender e ele cortou meu braço e me chutou no estomago, cai no chão, coloquei a mão para pegar a arma. Tinha ficado no carro. Levantei e fui para cima dele, dei um soco e errei, mas o segundo acertou. A mascara saiu voando, fiquei paralisado quando vi em estava atrás dela.
— Não pode ser você. — Ele puxou uma arma e disparou cinco vezes.


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