Sentei ao lado de Clarisse e Jason foi para perto do Leo, o que me deixava logo na sua frente. O olhar da menina não melhorou muito com isso.

— Qual é a dela? – Perguntei baixinho a minha amiga e nem precisei apontar para que a mesma soubesse de quem eu estava falando.

— Drew. Ela está estreando como repetente e tem uma queda por garotos que se destacam. Já teve uma época que foi o Percy, agora é o Jason. – Ela me encarou pela primeira vez. – É bem fácil de notar que ta rolando algo entre vocês.

— Eu vou contar depois. – Ignorei seu olhar malicioso. O professor ainda me encarava então achei que era uma boa ideia calar a boca durante o resto do período.

Quando chegou o intervalo decidi que ficaria na sala e pedi que Clarisse me trouxesse algo para comer quando voltasse, já que ela iria se encontrar com o boy que estava um ano acima. Deitei a cabeça na mesa disposta a tirar um cochilo.

— Rainha da beleza, você não perdeu tempo em despertar o ódio da tarântula Drew em. – Leo disse alto chamando minha atenção. Levantei e me virei para encara-lo. Tinha certa noção de que minha cara não era das melhores.

— Tarântula?

— Annabeth a apelidou assim...ela odeia aranhas.

“Teve uma época que foi o Percy” a voz de Clarisse voltou na minha cabeça me fazendo entender o ódio de Annabeth.

— Vão ficar na sala? – Perguntei aos dois que ainda estavam sentados.

— Porque nós sairíamos? – Leo começou a retirar bolinhos recheados de chocolate debaixo da mesa dele e entregou um a Jason me oferecendo outro em seguida.  – Tenho um estoque com tudo que preciso bem aqui.

— Você é um gênio. – Disse me deliciando com o bolo.

Nós jogamos conversa fora sobre tópicos inúteis da aula e eles me prepararam para os melhores e piores professores que teríamos que aguentar. Enquanto isso Drew se empenhou em me deixar desconfortável, mas ignorei o máximo que consegui para não atrair a atenção dos meninos para aquilo, o que foi meio em vão.

— Porque você não da um tchauzinho para ver se ela se coloca no lugar dela e para de te encarar? – Leo perguntou. Achei que ele estivesse nervoso com a situação, mas quando o encarei ele estava sorrindo e parecia se divertir.

Já Jason parecia gostar do assunto tanto quanto eu e repreendeu Leo com o olhar.

— Não me olhe assim, você também não gosta nada dela te perseguindo e amaldiçoando qualquer pessoa que chegue perto de você. Deveria colocar um ponto final nisso logo, porque ela vai achar muitos motivos para querer acabar com a Piper aqui. – Ele continuou dizendo com seu sorriso inconveniente. Deveria ter me sentindo envergonhada naquele momento com as insinuações de Leo, mas estava irritada demais.

— Ela é chata assim com todo mundo que está com você mesmo ninguém tendo feito nada pra ela? Simplesmente te alugou como propriedade dela? – Perguntei exaltada para Jason. – Eu deveria é dar motivo pra ela vir encher o saco. – Conclui arquitetando situações na minha cabeça para amassar aquela cara dela e ver se parava de me olhar como se quisesse me matar.

Os dois ficaram me encarando durante um tempinho e então começaram a rir. Se antes só Drew olhava, agora era todo mundo. Eu tinha esquecido sobre o que Annabeth tinha me dito ontem “você faz careta enquanto pensa, é bem engraçado”.

Coloquei a mão na boca de ambos para cala-los.

— Olha, eu já tentei falar com ela para que parasse com isso, mas não funciona. Percy só conseguiu porque Annabeth deu um basta na situação. Mulheres parecem só ouvir outras mulheres. – Jason disse.

— Tudo bem então...eu dou um jeito nela por você que tal?

—Jura? – Ele perguntou surpreso.

Annabeth provavelmente tinha feito aquilo para demarcar seu território, já eu só queria uma desculpa para irritar aquela garota como ela estava fazendo comigo, definitivamente não era ciúmes. Jason não era um pertence dela, isso era fato, eu só estaria fazendo um favor para ele.

E de qualquer forma, nós tínhamos decidido sair juntos não? Eu tinha o direito de sentir incomodo com a situação. Não que esse seja o caso, é claro.

— Juro. Eu só preciso do momento certo e então eu tiro ela do seu pé. – Sorri e ele sorriu de volta, então ficamos nos encarando durante um tempo.

Quando o sinal tocou e sai daquele pequeno transe vi Leo e pude notar que ele tinha a cara de quem acabou de perder uma ótima oportunidade para nos zuar.

Clarisse entrou na sala um pouco antes do professor e me entregou uma maça mordida. Pelo jeito estava muito ocupada para se dar ao trabalho de pegar algo para me alimentar. Ainda bem que Leo tinha seu esconderijo bem equipado.

Drew me encarou durante o resto do período novamente.

***---***

— Agindo como se ele fosse propriedade dela

— Me encarando com aquele nariz deformado.

— Foram horas com aquele olhar maldito nas minhas costas.

— Eu deveria colocar aquele nariz dela de volta no lugar.

— Eu poderia terminar de quebrar aquele nariz dela.

— Tarântula...combina com ela. Um coisa indesejável que você quer pisar em cima.

— Piper você já ta me irritando. Será que da pra parar de resmungar? – Clarisse me deu bronca.

Eu estava daquele jeito o almoço inteiro e fiquei sem espaço na cabeça para me preocupar com o clima na mesa. Se Luke estava ou não chateado comigo ainda eu não sabia e nem queria prestar atenção nisso agora...a tarântula tinha me tirado do sério. E agora eu tinha tirado minha amiga do sério.

— Foi mal. Vou tentar manter minha boca ocupada para evitar falar de coisas desprezíveis. – Levantei para me servir de mais coisas. – Porque é isso que ela é, um ser desprezível. – Continuei murmurando enquanto pegava mais batata.

Pensar que aquele era um lugar onde tinha batata frita no almoço e na janta meio que acalmava meu coração.

— Você não deveria ficar assim, Drew é o tipo de pessoa que se sente bem vendo que seu dom de ser uma babaca e deixar os outros putos funciona. – Annabeth me disse.

Ela tinha repentinamente aparecido ao meu lado e enchia o prato com comida. Se eu não me engano seu primeiro prato foi só salada. Foi uma coisa tão estranha que eu acabei guardando na cabeça mesmo que na hora estivesse muito ocupada procurando novos xingamentos para Drew.

— Como você se livrou dela? – Perguntei interessada. Annabeth parecia ser o tipo de pessoa que fazia você repensar sobre sua existência depois de destruir seu emocional, embora eu conseguisse facilmente imagina-la nocauteando alguém.

— Eu contei uma história para ela.

— Que história? – Pressionei quando percebi que ela não falaria mais nada.

— Sobre um casal que caiu no tártaro uma vez e precisou da ajuda de um amigo para voltar. – Fiz sinal para que continuasse. Ela parecia estar com vergonha de contar, o que é aceitável levando em conta que ela fez aquilo por ciúmes e eles nem estavam juntos – Só existia uma saída, as portas da morte, e elas eram uma espécie de elevador onde uma pessoa tinha que ficar segurando o botão enquanto a outra subia, o que significava que alguém sempre ficava para trás. Essa menina e o namorado dela conseguiram escapar, mas o amigo de ambos ficou no tártaro, perdido.

— Ok, entendi a história, mas o que isso tem haver com Drew parar de encher o saco do Percy?

— Eu disse que se ela não parasse eu a jogaria no tártaro e ela nunca mais poderia voltar porque é tão insuportável que não tem nenhum amigo para ficar para trás por ela.

— Uma ameaça sutil. – Comentei gargalhando.

— A existência dela se resume em atormentar os outros, tava na hora de alguém revidar. – deu de ombros corada.

— Porque vocês não ficam juntos de uma vez? – Perguntei mudando o assunto de forma meio drástica.

— É complicado. – Ela suspirou. – Mas em resumo, existe outra menina.

— Outra? Que não seja a Drew? – Ela afirmou. – E o que você está esperando para dar um fatality nela também?

— A coisa com ela é diferente. Percy parece não saber de quem ele gosta, de mim ou dela. – Ela fez sinal com a cabeça para uma ruiva sentada a algumas mesas da nossa. – O nome dela é Rachel.

— Não creio...mas todo mundo fala que é óbvio sobre vocês dois.

Todo mundo vulgo Leo e Clarisse, mas essa parte abafa.

— Porque é óbvio. – Ela riu pelo nariz. – Só ele que não percebeu ainda. Eu não vou forçar nada e vou esperar que ele faça algo.

— Você caiu com o tipo lerdo mesmo em. – Lamentei por ela.

Ela riu um pouco mais aberto.

— Conhece o tipo?

— Meu pai foi esse tipo. Nem consigo acreditar direito nas histórias que minha mãe conta.

— Tristan McLean era esse tipo? Ok, se for pro Percy ser daquele jeito no futuro eu espero. – Ela disse malandra.

— Meu deus é do meu pai que estamos falando aqui. – Em alguns segundos estávamos gargalhando alto no meio do refeitório.