Who You Are escrita por anonimo403998


Capítulo 28
Uma proposta quase(?) irrecusável




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Estávamos de volta ao escritório de Erika. Minha mãe havia mandado James buscar algumas bebidas e nos sentamos nos pequenos sofás próximos a porta. Eu, minha mãe e Lillian no sofá enquanto que Carlos e James se acomodaram no chão próximos a nós. Ainda comentavam as lutas que haviam feito, principalmente a de Carlos. Ele comentava animado como era impossível acertar minha mãe quando ela se pronunciou pela primeira vez desde que nos havia dito para descansarmos.

— Apesar de não ter me acertado nem uma vez você tem uma movimentação muito boa, Carlos – fala ela com um sorriso olhando meu amigo que estava sentado no chão ao meu lado, numa das extremidades do sofá – Já pensou em treinar?

— Eu realmente adoraria ter a chance de treinar – ele respondeu com um sorriso triste olhando para a garrafa de isotônico que tinha nas mãos – Mas não existe nenhuma academia no meu bairro e eu não teria como pagar a mensalidade de uma academia focada no UFC como a da senhora. Me contento em aprender o que posso assistindo as lutas algumas centenas de vezes – ele comentou rindo baixo.

— Carlos – minha mãe falou em tom sério chamando a atenção dele que a encarou confuso e curioso – Só pela pequena brincadeira que fizemos agora a pouco eu já posso afirmar que você tem potencial. Com um pouco de treino acredito realmente que você possa se mostrar um grande talento.

— Eu..Nossa...Muito obrigado – respondeu ele desconcertado com o elogio.

— Porque não começa a treinar? – ela perguntou, insistindo no assunto e ele deu de ombros falando apenas que não tinha condições de praticar algo que tinha um custo tão alto com equipamento e treinos – E se eu te dissesse que não cobraria nada para te treinar? – Erika perguntou assim que ele tinha concluído suas razões, vi os olhos dos dois irmãos se arregalarem ao mesmo tempo enquanto ambos encaravam minha mãe.

A grande questão continuou sendo o fato dele não ter como pagar nem como vir de casa para a academia. Me ofereci para trazê-lo após as aulas, não teria problema nenhum e eu poderia ver minha mãe mais vezes. Continuamos na questão de que ele não poderia pagar e que não achava justo eu levá-lo. Carlos e Lillian ainda disseram que ele não poderia aceitar algo do tipo sem conversar com os pais e ela ressaltou um ponto de que era possível que os pais deles não aprovassem. Minha mãe pensou por alguns instantes e então pareceu tomar uma decisão. Encarou meu amigo de forma séria e se inclinou para frente apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Eu tenho uma proposta, mas antes preciso saber uma coisa – ela começou num tom muito sério – Antes de tudo, você tem noção do quão difícil é ser um lutador? Treinar para isso de forma a assumir essa como sua carreira e profissão? – ela perguntou ao que Carlos meneou a cabeça de um lado a outro respondendo que já havia pensado no quanto esse tipo de carreira era desgastante dizendo também que por gostar muito de lutas também já havia visto um pouco do que era o treinamento de um lutador; quando ele terminou minha mãe continuou – Imagine que você pode escolher, que pode decidir sozinho o que fazer e que tem recursos suficientes para isso. Teria vontade de se dedicar e se comprometer com um treinamento desses? Deixaria de lado toda sua vida pessoal, divertimento, tempo livre, tudo isso para se dedicar aos treinamentos?

Carlos afastou as coisas que estava comendo de si e baixou a cabeça pensando. Era notável que ele estava considerando ou realmente tentando visualizar a situação. Todos esperamos pacientemente enquanto ele pensava a respeito, Lillian parecia também estar considerando todo o cenário.

— Eu não sei bem – Carlos começou ainda sem encarar a nenhum de nós – Eu acho que sim, é algo que eu sempre pensei em fazer, mas sempre desisti por não achar que seria capaz, mas...Se eu tivesse a chance, eu tentaria – ele falou erguendo o rosto e encarando minha mãe – Eu acredito que por mais difícil que fosse, se eu fosse fazer algo assim, me dedicaria incondicionalmente. Se me dispusesse a isso eu iria me dedicar.

— Então vou lhe fazer uma proposta – minha mãe começou com um pequeno sorriso – Não sei se sabe, mas quando comecei eu não tinha como pagar a academia onde eu treinava. Meu treinador era o dono e me deu uma oportunidade. A mesma oportunidade que eu vou dar a você agora. Quero te convidar para treinar comigo. Sabendo que pelos seus princípios você não aceitaria treinar de graça, vou lhe fazer uma proposta. Eu tenho alguém que limpa a academia dia sim dia não, quatro dias na semana, sempre pela manhã. Pago a essa pessoa 30 dólares por dia, vou oferecer a mesma coisa a você. Virá treinar todos os dias depois das aulas. Nas primeiras duas horas que estiver aqui vai ser seu tempo para fazer as tarefas e trabalhos escolares, no resto do tempo até o fechamento da academia vou supervisionar seu treino. Em troca você será o responsável pela manutenção de todos os equipamentos da academia, vou lhe ensinar como limpar as luvas e outros equipamentos da academia entre outras coisas e você será o responsável disso. Ficará de segunda a sexta organizando tudo após o horário de fechamento e lhe pagarei a mesma quantia por dia.

— Eu não...Porque faria isso? – Carlos perguntou confuso e sério.

— Porque vejo em você potencial. E porque uma vez tive alguém que me ajudou quando precisei e me incentivou a ir em frente por mais difícil que fosse o meu caminho – Erika respondeu e meu sorriso aumentou, minha mãe era uma mulher excepcional e eu não me cansava de admirar as atitudes dela – Veja bem, Carlos. Você não vai treinar de graça, com esse dinheiro que vai receber você irá pagar a sua mensalidade. Vai receber 30 dólares por 20 dias por mês, um total de 600 dólares por mês. A mensalidade para lutadores que querem treinar comigo é de 400 dólares por mês, vai lhe restar 200 para suas despesas. Entretanto, como é menor de idade, quero que fale com seus pais. E depois quero falar com eles também. Não tem que me responder agora, quero que pense na proposta e fale com seus pais. Daqui uma semana você me traz uma resposta definitiva e falamos sobre eu ir conversar com seus pais.

— Já tenho 18 anos – Carlos falou ainda meio perdido com tanta informação – Posso tomar a decisão sozinho, apenas...não sei – ele disso pensativo.

— Mas mora com seus pais – eu disse interrompendo os murmúrios que ele começaria a fazer – O mínimo que precisa fazer é comunica-los, mas ter o apoio deles é algo bom para você.

Ele concordou com a cabeça, mas podíamos notar que estava mesmo considerando a proposta de minha mãe. Erika se levantou indo para sua cadeira atrás da mesa do escritório. Acabamos nos levantando e decidindo ir embora. Me ofereci para levar Carlos e Lillian, mas ele negou. Afirmaram que iriam de ônibus e que era melhor. Compreendemos, James e eu, que eles queriam estar sozinhos e conversar, por isso aceitamos e os deixamos ir. Nós dois fomos para casa, não havia muito mais o que ser feito.

Chegando em casa quem estava me esperando era Tia Melissa. Me explicou que Joshua havia conseguido agilizar as coisas e ela estava para organizar um encontro com alguns jornalistas mais conceituados e respeitosos. Me deu a tarefa de preparar uma declaração em forma de discurso e enviar a ela até a manhã seguinte e me disse que já estava em meu email uma relação de perguntas que poderiam ser feitas para mim e que eu deveria ter uma resposta pronta.

James foi para casa dizendo que de trabalhos já lhe bastavam os da escola e eu rolei os olhos subindo para meu quarto depois de ganhar um beijo na testa de Tia Melissa. Ela ficaria conosco num quarto de hospedes até toda essa repercussão passar. Tive vontade de pedir para não ir para a escola no dia seguinte, mas decidi não estaria sendo eu mesmo se não enfrentasse tudo o que tivesse que enfrentar e me coloquei a frente do meu computador digitando meu ‘discurso’ para o dia seguinte e depois respondendo as perguntas que Tia Melissa havia me mandado.

As 21h30 Erika chegou e subiu para me dar um beijo, notou o que eu estava fazendo e me trouxe um sanduíche e um copo com suco de uva me deixando com um beijo na cabeça. Perto das 23 horas foi a vez de Alex surgir na porta do meu quarto após chegar de LA, onde foi terminar as gravações interrompidas no dia em que tiveram que vir me tirar da delegacia. Ela parou na entrada do quarto com os braços cruzados e encostando o ombro direito na porta enquanto me encarava. Tinha nas mãos uma filha impressa com a cópia da minha declaração de amanhã e as respostas as possíveis perguntas e por isso só a notei quando ela falou comigo.

— Não acha que já passou da hora de deixar isso para amanhã e ir dormir? – a voz inconfundível de minha mãe soou me tirando da concentração nas folhas que tinha a minha frente e eu olhei para a porta encontrando-a ali – Pode muito bem rever isso tudo amanhã, sua tia não lhe avisou que você só vai se pronunciar depois das 19 horas?

— Avisou sim, mamãe – respondi suspirando e encarando o relógio no meu computador me dando conta da hora – Eu apenas não notei que já era tão tarde.

— Sua mãe viu a luz do quarto acesa, mas não quis te atrapalhar e foi para o quarto. Cheguei a pouco e ela não sabia que ainda estava acordado – Alex falou entrando no meu quarto e caminhando até onde eu estava – Vamos, para a cama, você precisa descansar um pouco.

— Você também – falei com um sorriso deixando os papéis sobre a mesa e me levantando para abraça-la – Sua voz está um pouco rouca, claro sinal de que as gravações foram intensas. Não tomou toda a água necessária hoje?

— Tomei sim – ela riu me acertando um tapa nas costas de leve e se afastando – Foi apenas um dia puxado. Por isso você e eu precisamos descansar e não preocupar ainda mais a sua mãe.

— Vou apenas tomar um banho antes – avisei dando de ombros e ela concordou dizendo que faria o mesmo.

Quando saí do meu banheiro me vesti com uma calça de moletom fina e uma regata dos Lakers. Afastei meus cobertores e me deitei ajeitando o travesseiro abaixo da minha cabeça, mas não consegui fechar os olhos. O relógio digital do meu despertador marcava 00:14h quando me levantei e saí no corredor. A porta do quarto das minhas mães estava aberta e a luz de um abajur aceso iluminava parcialmente o corredor. Caminhei até lá e encontrei as duas deitadas na cama e abraçadas, com as cobertas na altura das suas cinturas. Nenhuma estava dormindo e os dois pares de olhos se viraram para a porta quando parei meio dentro do quarto meio ainda no corredor.

Nos encaramos por um segundo e elas sorriram de uma forma compreensiva a minha insônia. Suspirei outra vez e ri sem graça antes de caminhar na direção da cama delas. Alex e Erika as afastaram abrindo um espaço entre elas e eu subi pelos pés da cama me arrastando até me soltar no meio das duas. Me ajeitei no travesseiro e deitei de frente para Alex que já estava de frente para mim. Alex se aproximou mais de mim e eu coloquei meu rosto no pescoço dela abraçando-a pela cintura, o braço direito dela abaixo da minha cabeça e o esquerdo por cima do meu braço. Logo depois senti Erika se juntar ao nosso abraço passando o braço dela pelas nossas cinturas, notei a mão dela sobre a cintura da guitarrista e fechei meus olhos.

Não fazia isso a tempos, anos na verdade, acho que a última vez foi quando troquei de escola e me separei de James por um ano, quando descobri que precisava ir estudar em outro lugar longe dele fiquei muito triste e vim para o quarto delas, incrivelmente, encontrando-o com a porta aberta como hoje. Como se elas soubessem que, mesmo aparentando aguentar tudo, eu não estava bem com a situação. Era como se elas esperassem que eu as buscasse deixando o caminho livre para que eu entrasse. Relaxei nos braços das duas e, finalmente, o sono me alcançou e eu apaguei.


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Notas finais do capítulo

EU VOLTEI COM WHO YOU ARE!!! Finalmente!! Aleluia" Kkkkkkkkkk

Gente, serão capítulos tensos, esse foi um até leve pelo que vai acontecer ainda >< Então espero que não me abandonem e compreendam que se eu demoro é por estar tentando o meu melhor.

A quem continua aqui, bora que ainda nessas minhas férias terá mais capítulos do Arthur (meu lindo fofo que vai fazer mt coisa incrível)

Bjinhos e até o próximo
;]



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