Who You Are escrita por anonimo403998


Capítulo 19
Capítulo 19 – Telefonema




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Ao sair no corredor que levava a recepção pude ver Jill andando de um lado ao outro, ela acabou cruzando o olhar com o meu e tentou vir na minha direção, mas além de haver uma porta e um oficial em frente a ela eu também neguei com a cabeça para que ela não o fizesse. Fui até um dos telefones e disquei o número de Erika, sabia que ela atenderia um número desconhecido e não queria incomodar Alex se ela ainda estivesse no estúdio. A chamada conectou e, depois de 6 toques, ela atendeu.

— Quem é? – perguntou a voz séria que eu conhecia muito bem, não esperava que fosse diferente já que aquele número de celular apenas poucas pessoas possuíam.

— Sou eu mãe – falei calmo soltando um suspiro cansado.

— Arthur? O que aconteceu? Que número é esse meu amor? – ela disparou perguntas, obviamente estava muito preocupada, me senti culpado por preocupa-las tanto.

— Mãe, por favor, preciso que a senhora se acalme – falei tentando esperar que ela me desse a oportunidade de falar, quando ouvi o silencio continuei – Antes de tudo eu estou bem, estou completamente bem. Aconteceu um incidente na escola, depois do jogo do James.

— Arthur, sua mãe está aqui. Acabei de colocar o celular no viva voz – falou ela e suspirei de novo esperando que Alex não surtasse com o que eu ia falar.

— Oi mamãe – falei de forma calma e ela me respondeu com um oi e perguntando o que havia acontecido – Como eu ia contando, aconteceu um incidente. Com o Mattheus – contei e não tive tempo de continuar.

— O que esse delinquente fez com você? – perguntou Alex já alterada e ouvi o som de lençóis e cobertores sendo jogados para cima.

— Mãe, por favor, calma – disse suspirando e pensando que era por isso que não quis falar com Alex primeiro – Ele não conseguiu muita coisa. Mas ele fez e tentou fazer algo muito sério, por isso eu vim a uma delegacia prestar queixa, mas como sou menor eles exigiram a presença dos meus responsáveis.

— Eu quero saber o que houve – disse a voz de Erika, ainda controlada, mas eu nunca tinha ouvido um tom tão duro na voz dela – Exatamente o que houve Arthur. E depois você vai passar o telefone pra algum dos policiais para falarmos com eles e ver o que será feito.

— Mãe, por favor, me ouve um pouquinho tá? – falei com um suspiro – Vocês não podem simplesmente vir aqui e entrar na delegacia pra me buscar.

— Nem fodendo eu vou deixar meu filho numa delegacia! – disse Alex ao fundo, como se estivesse longe do celular – Estamos nos arrumando agora para voltar e ir buscar você – ela completou.

— Não vou dizer para não voltarem – falei com um suspiro – Mas vocês não devem vir até a delegacia. Mãe, a senhora sabe o tumulto desnecessário que isso vai gerar.

— Meu filho, se você está preocupado com você ser exposto, pode ter certeza de que vamos garantir que não ocorra – disse Erika calmamente, mas ainda com o tom duro – Mas de jeito nenhum eu vou esperar um advogado ir até ai para trazer você pra casa.

— Não estou preocupado comigo mãe – falei com um sorriso pelo jeito dela querer me proteger – Sinceramente já estou cansado disso tudo, de me esconder desse jeito. Corbb não é qualquer machista valentão implicando comigo, ele tem pais influentes na cidade e pode tentar usar isso para me atingir a aos meus amigos. Infelizmente acho que vou precisar ser quem realmente sou para terminar com essa confusão estúpida que ele gerou. Só não quero a repercussão desnecessária que isso pode causar pra vocês. Mamãe está quase lançando o próximo disco e você está para acertar mais uma luta importante. Não quero que a mídia caia em cima da gente por conta disso.

— Infelizmente ela vai cair – disse Alex, novamente perto – E esse garoto mimado estúpido vai ter que aguentar certas consequências. Mas não se preocupe com a mídia meu menino. O máximo que eles poderão fazer é dizer o quão bem criamos nosso garoto a ponto de ele defender pessoas inocentes de agressores como esse tal Mattheus Corbb – falou ela com um tom carinhoso.

Não tive o que mais contestar e passei o telefone para o policial ao meu lado. Sabia que elas poderiam estar de volta em menos de 2 horas e foi mais ou menos isso que o policial me falou, avisando que eu teria que ficar esperando. Disse que havia uma amiga me esperando na recepção, expliquei que ela havia se encontrado comigo no estacionamento após o ocorrido e que, por eu não estar mais sozinho, provavelmente foi a responsável por fazê-los ir embora.

O oficial quis interroga-la, mas eu disse que quando ela chegou Tudo já havia acontecido e tudo o que ela viu foram os outros rapazes tentando erguer Mattheus. Ele me olhou desconfiado, mas concordou com que eu fosse para a recepção e que não a chamaria para depor. Mas me disse que se achassem necessário ela teria sim que vir prestar depoimento se a chamassem. Fui obrigado a deixar o nome e o telefone dela para contato e finalmente saí para a recepção.

— Finalmente – disse Jill ao me ver passar pela porta de vidro e, logo depois, seu corpo se chocou contra o meu quando ela jogou seus braços em volta do meu pescoço me abraçando.

Foi um abraço rápido e ela logo se afastou segurando meu rosto e girando-o de um lado a outro inspecionando os ferimentos. Agora com uma iluminação melhor ela deve ter notado que, apesar de eu ter aguentado bem, o golpe de Mattheus havia sido bem forte.

— Eu estou bem, Jill – garanti segurando suas mãos e as afastando do meu rosto – Já está tudo bem.

— Ao menos agora você pode ir pra casa – disse ela com um olhar ainda preocupado – Precisa colocar gelo nesse seu rosto, vai ficar horrível amanhã.

— Não posso ainda, eles não me permitiram sair sem meus responsáveis legais – contei a puxando pela mão para sentar nas cadeiras encostadas na parede – Minhas mães devem chegar em uma ou duas horas – contei quando nos sentamos.

— Mas isso não vai ser uma grande confusão?? – perguntou ela confusa e, ainda mais, preocupada.

— Infelizmente sim, mas elas fizeram questão de vir me buscar – falei com um riso baixo – Provavelmente vão trazer um advogado pra cuidar da acusação e essas coisas. De toda forma, as coisas aqui vão ficar complicadas daqui algum tempo. Eu acho que é melhor você ir para casa. Além do que já está bem tarde.

— Não vou te deixar aqui sozinho até elas chegarem. Aliás, Arthur você já pensou que se elas vierem mesmo aqui vai ser impossível você continuar escondendo de quem é filho? – ela me perguntou com uma expressão preocupada – Vai ser só vocês saírem daqui juntos que até segunda todos os jornais e revistas do estado vão estar noticiado que o filho recluso de Alex Lancaster e Erika Anderson foi visto saindo acompanhado das mães de uma delegacia – ela completou num tom de sussurro chegando mais perto de mim para que ninguém mais ouvisse e eu acabei dando um sorriso divertido.

— Mais um motivo para você não estar aqui quando elas chegarem – falei me referindo à mídia – E sim, estou ciente disso. E acho que já está na hora de eu continuar fingindo que sou um cara normal. Eu queria ser, mas sendo filho delas isso é algo completamente impossível – falei com um sorriso – E eu amo demais ser filho delas para tentar achar um jeito de mentir dizendo que não sou.

— Tem certeza disso? – ela me perguntou ainda preocupada – Sua privacidade depois disso vai ser nula por alguns meses ou anos.

— Foi a minha vontade de ter privacidade que, por um lado, acabou me trazendo até aqui – eu disse com um suspiro – Se Mattheus não tivesse completa certeza de que eu sou um nerd qualquer ele não teria causado toda essa confusão. Se ele soubesse quem eu realmente sou nada disso nunca teria acontecido. Chega de me esconder, está na hora das pessoas saberem quem eu realmente sou e usar a influência que eu vou ter para coisas boas.

— Você definitivamente é um cara único – ela disse se recostando na cadeira desconfortável da sala de espera e sorrindo largamente – Vou querer assistir isso na primeira fila – ela comentou fazendo com que nós dois ríssemos.

Agora só teríamos que esperar minhas mães chegarem. Depois seria a hora de assumir quem eu realmente sou e mostrar o orgulho que tenho de ser filho delas.


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Notas finais do capítulo

Até sábado que vem

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