O brilho de uma vida escrita por Camila J Pereira


Capítulo 14
Capítulo 14




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Edward não conseguia pensar em nada durante todo o tempo em que esteve na sala de esperas do hospital. O lugar parecia sem esperanças, branco demais, frio demais. Tudo o que se passava em sua cabeça era a cena de Bella sendo apunhalada. Seu corpo inerte em seus braços e depois toda a confusão que se fez. Seguranças do prédio haviam visto tudo pelas câmeras e já tinham chamado a polícia e a ambulância.

Um Alec catatônico foi detido em flagrante e Bella recebeu os primeiro socorros, depois foi conduzida ao hospital. Ele estava ao lado dela o tempo todo segurando a sua mão e falando com ela que estava tudo bem, mas seu coração temia ao vê-la tão pálida e quieta.

Foram avisá-lo sobre o estado dela depois das primeiras avaliações e ela tinha entrado em cirurgia. Desde que ele jogou-se com o corpo pesado naquela cadeira depois de ser deixado ali pelo médico, havia se passado uma hora. Nesse meio tempo ele tinha ligado para os pais, seu pai havia atendido. O que tinha dito mesmo?

“Pai, por favor, pai...” – E o choro lhe veio desesperador. Do outro lado da linha, Carlisle pedia calma ao filho e tentava entender o que estava acontecendo. “Pai, não consigo fazer isso sozinho, por favor, venha.” E mais uma vez Carlisle lhe perguntou o que estava havendo e que ele iria assim que Edward lhe dissesse onde estava. “Bella está desacordada... Bella está em cirurgia.” De alguma maneira seu pai arrancou de seus lábios o nome do hospital e desligou.

— O Sr é o guardião de Isabella...

— Sim. – Edward despertou do torpor assim que o seu interlocutor se aproximou. – Como ela está?

— A cirurgia foi bem sucedida. Ela não teve nenhum dos órgão lesionados gravemente pelo objeto... – Edward suspirou profundamente e agradeceu para todos os deuses, nem ao menos ouvido o resto do relato que lhe era dado. – Para a segurança dela, precisará continuar na área intensiva de tratamento.

— Mas posso vê-la?

— Logo mais será permitida a entrada. As enfermeiras lhe dará algumas instruções.

— Obrigado.

Edward foi deixado novamente, mas não ficou só por muito tempo. Seus pais, estavam ali abraçando-o e sua mãe chorosa perguntava por Bella. Um enfermeira veio, Edward ouviu e obediente fez tudo o que lhe mandou antes de entrar para ver Bella.

Estava com fios e tubos que conectavam o seu corpo a aparelhos e geringonças. Edward achou o lugar ainda mais branco, mais frio e desolador. Ao se aproximar de Bella, vestido com roupas descartáveis sobre as suas próprias, assegurando a segurança dela, tocou em sua mão.

Percebeu que ela estava levemente gelada e olhou para os aparelhos que pareciam sob controle. Novamente ela estava ali, em um leito de hospital. Novamente porque havia escolhido ficar com ele, por ter desobedecido seus pais, a lei natural de onde havia descido para estar com ele.

— Será sempre assim? – Perguntou baixinho. – Realmente, Bella, realmente... Não quero isso. – Pressionou seus dedos na mão dela, pedindo que ela reagisse. Impossível por causa da anestesia. – Também não posso abrir mão de você como antes. O que eu faço? – Suspirou. – Bella acorde logo e me diga o que fazer.

Edward saiu sem querer de verdade, mas sabia que a sua mãe gostaria de vê-la mesmo que rapidamente. E sim, Esme tomou o seu lugar com anseio.

— Precisa avisar aos pais dela. – Carlisle o lembrou e Edward cerrou os olhos por ter que passar por isso.

Novamente trêmulo, mas tendo o seu pai ao lado, ele ligou para a mãe de Bella. Havia pego o número do celular da noiva um tempo atrás, pensando em ligar para ela e pedir uma reconciliação.

Quando se identificou, Renée foi desagradável como sempre, mas ele passou por cima disso e falou de maneira direta o que tinha ocorrido com Bella. Renée desligou assim que ele falou onde estavam.

Por um momento Edward não acreditou que Charlie Swan fosse se dar ao trabalho, mas o homem se revelou um pouco humano. Não houve formalidades nem apresentações, eles estavam famintos por informações da filha o que se tornou uma alivio para Edward. Bella ficaria feliz ao acordar e saber que seus pais se preocuparam.

Charlie não se demorou muito com Bella, quando saiu do quarto estava falando ao celular bastante irritado. Ficou claro que se tratava de uma conversa com um de seus advogados. Ele estava pressionando para que a penalidade fosse severa contra Alec. Seu olhar encontrou o de Edward por um instante, emoções mistas passavam por aquele semblante: ira, tristeza, arrependimento, mas o seu orgulho ainda estava lá e seu olhar voltou a ser frio direcionando-o com fervor para Edward. Estava descontando a sua frustração e era cristalina a sua maneira de agir.

— Vocês podem ir para minha casa. – Edward pegou a chave e entregou para o seu pai. – Logo vai amanhecer, podem dormir um pouco.

— Não quer que fiquemos aqui com você mais um pouco? – Esme perguntou. – Também estou preocupada. Queria ir depois que ela acordasse.

— Isso pode demorar um pouco. – Na verdade, Edward queria proteger seus pais de qualquer investida dos seus sogros.

— Nós iremos. – Carlisle entendeu a deixa. – Ligue assim que ela acordar.

— Sim, pai.

Vendo que estavam a sós, Charlie desligou o seu aparelho celular e se aproximou de Edward. Permaneceu em pé diante dele, era mais fácil ainda olhando de cima.

— Conte-me exatamente o que aconteceu. – Sem nenhum vestígio de que era um pedido.

— Alec estava esperando por nós do lado de fora do apartamento. Dava para notar que estava fora de si, bêbado. Depois de me ameaçar puxou a faca do bolso. – Edward ficou com a garganta seca ao lembrar novamente de Bella defendendo ele, tomando a frente para receber o golpe.

— Porque diabos é a minha filha que está lá dentro? – Perguntou com raiva como se Edward fosse o culpado. – Eu perguntei: porque diabos é minha filha que está lá?

— Porque... Ela me protegeu. Eu... eu não pude ver o que iria acontecer...

— Eu não acredito o quanto ela pode ser tola. – Charlie agitadamente afastou-se, deu alguns passos nervosos diante de Edward. – Você vale isso para ela, a própria vida dela? – Perguntou. – Como isso é possível?

— Eu faria a mesma coisa...

— Você diz isso, mas é ela quem está deitada lá dentro. Você percebe o quanto está sendo perigoso para ela? – Edward ficou calado, recebendo todo impacto daquelas palavras.

— Charlie. – Os dois foram pegos de surpresa com a presença de Renée. – Foi o Alec. Alec foi quem a deixou assim, o perigo foi Alec. Eu quero ele pegando a sentença máxima. Se for possível, quero que ele apodreça na cadeia. – Disse com raiva. – Renée respirou profundamente e olhou por um instante para Edward, depois voltou-se para o marido. – Vamos procurar o médico da Bella.

***

A enfermeira avisou-o de que Bella estava acordada. Edward entrou antes mesmo do médico ser notificado. Bella olhava tudo em volta, os aparelhos ao seu redor e tentou tatear a barriga.

— Ei, princesa. Não faça isso. – Edward a alcançou e pegou a sua mão.

— Oi, Ed. Estou tão grogue. – Ela olhou em volta novamente. – Sério, estou muito e a minha barriga...

— Tudo bem. Vai passar.

— O que aconteceu? – Bella falava lentamente, as palavras se arrastavam em sua língua.

— Você sofreu um acidente. – Edward procurou as palavras certas.

— Um acidente um caramba. Eu fui esfaqueada. – Novamente ela quis tocar a ferida e Edward a segurou. – Alec, onde ele esta?

— Foi detido em flagrante. – Bella franziu as sobrancelhas.

— Sempre que eu estou em um hospital, alguém tem que ir preso?

— Foram situações completamente diferentes. Eu sei que cresceu com ele, mas ele...

— Não acredito que ele tentou ferir você.

— Mas feriu você! – Edward que tentava manter-se calmo, falou um pouco mais alto do que pretendia.

— Não foi a sua culpa, você sabe. Não tente me deixar, eu não vou te perdoar. Se você for, desta vez eu desapareço no mundo. Ah sério, estou tão tonta. Eu juro que sumo, nunca mais me verá. – Edward beijou a sua mão.

— Sinto que sempre coisas assim podem acontecer se ficar comigo.

— O problema não é você. – Garantiu.

— Bella, vamos casar e desaparecer juntos. Vamos viver em algum lugar como meus pais, como sugeriu. Longe, bem longe. Estará protegida e eu terei você.

— Isso parece mais comigo. – Ela sorriu.

O médico que estava cuidando dela entrou com seus pais também. Edward se afastou um pouco e notou a surpresa no rosto de Bella. Ele a examinou e verificou o curativo. Bella não parecia dar ouvidos ao que ele dizia, continuava olhando para seus pais que ouviam atentamente o seu médico e Edward observava tudo a parte.

O médico saiu e Edward foi junto. Sabia que eles tinham que conversar como uma família naquele momento e aproveitou para ligar para seus pais, o que não foi motivação suficiente para mantê-lo longe das lembranças.

“Depois de passar o dia todo ocupado entre suas atividades da faculdade, trabalho na loja de departamentos, estava voltando para casa para realizar mais uma atividade remunerada extra em seu computador.

Sua chave não estava onde costumava estar, sabia que provavelmente Bella estaria lá dentro do seu minúsculo espaço. Entrou sorrindo, a porta estava aberta, ela esperava, ou não...pois não a encontrou em sua cama nem na cadeira em que ele costumava trabalhar. Ouviu a tentativa de silenciar o choro, ela fungou.

Sem pensar muito bem, abriu a porta do banheiro e a pegou tentando se livrar das provas de um longo choro lavando o rosto. Ela se sobressaltou com a presença dele, ficou trêmula e tentou sorrir.

— De novo não. – Edward falou ao mesmo tempo em que soltou o ar.

— Não estou chorando. Eu só... – Edward a agarrou em um abraço apertado.

Quase sempre quando Bella se encontrava com os pais, ela não voltava 100% ela. Mesmo que ela tentasse empurrar seus sentimentos para o mais profundo do seu ser, ter aquele tipo de discussão sempre não era saudável para ninguém.

— Meu amor, eu odeio que fique assim.

— Estou bem.

— Pare de dizer isso quando não está. – Edward rebateu um pouco irritado.

— Sinto muito. – Edward abraçou mais forte.

— Olha só você... Não sinta. Bella, se for muito duro para você, se realmente for tão ruim, eu entenderei. Se decidir ir, se quiser... – Pensar apenas vagamente em separar-se dela, o atormentava.

— Está sugerindo que eu te deixe apenas porque meus pais não aceitam?

— Não é apenas isso. Está cada vez mais violento, você está cada vez mais magoada.

— Me sinto uma pessoa melhor com você. Como posso deixá-lo? Não fale mais sobre nos separar, eu odeio isso.

— Tudo bem. Eu não falarei mais sobre isso.”

Claro, aquilo foi logo nos primeiros meses de namoro e depois disso, Edward havia repetido a conversa e por fim, rompeu com Bella. Sentia que os pais dela voltariam a pressioná-la, ainda mais que estava ferida. Edward estava decidido a não abrir mão de Bella, não, daquela vez ele teria que suportar.

***

Algo inimaginável: os pais de Bella e Edward juntos novamente em dias seguidos. Carlisle e Esme haviam retornado para ver Bella assim que foram avisados que ela estava acordada. Charlie e Renée estavam de saída, ambos para resolverem seus negócios, incluindo pressionar seus contatos para condenarem maios rapidamente Alec.

— Obrigada por trazer a minha filha mais rapidamente para o hospital e ter cuidado dela. – Renée não o olhava diretamente, não parecia uma pessoa agradecendo. Nada em seu corpo demonstrava isso, estava altiva e orgulhosa como sempre.

— É claro que eu sempre farei o possível por ela.

— De fato, por isso devemos agradecer, pela rapidez com que ela foi trazida e todo o cuidado em volta dela. – Charlie também falou. – Mas, estou aqui novamente e aproveito que estamos diante dos seus pais, e repito, eu não sou a favor desse casamento.

— Espere um pouco Sr. Swan. – Edward pediu.

— Fique quieto Edward. – Carlisle pediu ao filho. – Nós sabemos muito bem que nunca aceitaram, mesmo Bella sendo delicada e gentil o bastante para não nos dizer e nosso filho talvez envergonhado também. – Edward ficou embaraçado diante dos pais. – Além de não estarmos pário a pário com vocês em se tratando de dinheiro e poder, nosso filho acabou indo para a cadeia por um tempo.

— Para nós são motivos mais do que suficientes para não sermos a favor. É possível que eles se amem, mas nesta idade as coisas vão e vem. Peço que ajude a colocar na cabeça do seu filho que um casamento destruiria a vida da minha filha.

— De que maneira isso aconteceria? – Carlisle perguntou, Charlie ergueu uma sobrancelha não gostando da pergunta. – Edward apesar de ter cometido erros, se arrependeu e Bella o perdoou. São diferentes, mas se entendem como deve ser, se amam como deve ser. Então como isso destruiria a vida dela?

— Você parece não entender.

— Vocês parecem não entender. Bella é uma adulta e temos uma prova de que não é só nas famílias pobres que podem ocorrer crimes. Dentro de famílias ricas e abastadas, jovens que estudaram nas melhores escolas e viveram as mais gratificantes e ricas experiências, na casa ao lado, dentre os amigos, seus eleitos para participarem da perpetuidade de sua família. Devemos aprender com os erros, mas devemos saber identificar os erros. Se não soubemos, temos que ter alguém da família para nos apontar. Vocês não nos considera, mas consideramos Bella como nossa própria filha. Espero que não digam mais nada que possam se arrepender. Estavam de saída, então vão em paz com a certeza de que nós cuidaremos bem dela.


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