A Última Guerra de Percy Jackson escrita por Avassalador


Capítulo 8
Alguém sai da escuridão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, e eu gostaria de agradecer imensamente as pessoas que elogiaram a . É muito sincero da minha parte ao dizer que fico muito feliz com isso e com o quanto um simples feedback pode ser motivador.

Aaaah, só para constar: Nova Iorque está certo, okay? Nova York é meio uma junção do português com o inglês, então não estranhem.

Sendo assim, vamos ao que interessa!!



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8.

 

Dentro do avião as coisas pareciam um pouco menos tensas. Annabeth deixou que Percy sentasse do lado do corredor e segurava a mão dele fortemente. O nervosismo dele era ao mesmo tempo engraçado e digno de pena. Com a outra mão ele apertava o braço do assento bege firmemente. Estavam atravessando o país para que chegassem em Nova Iorque e se dirigissem o mais rápido possível para o Acampamento Meio-Sangue.

— Você não acha que Zeus vai ficar com raiva? – perguntou ele nervosamente.

Seu torso estava completamente cheio de cintos apertados, e Annabeth podia jurar que via algumas gotas de suor se formando em sua testa.

— Estamos em guerra, Percy – respondeu gentilmente – ele com certeza tem coisas maiores com o que se preocupar.

— Tem razão, ele provavelmente deve estar fatiando outro daqueles soldados brancos por aí – ponderou tentando sorrir.

A aeromoça que passava pelo corredor deu uma rápida olhada para o moreno e balançou a cabeça negativamente. Com certeza ela já estava acostumada com passageiros nervosos, porém Percy chamava uma atenção considerável. Mal sabiam as outras pessoas que o deus dos céus já o ameaçou antes por transitar em seu território.

— Gostaria de poder entender isso – comentou Annabeth olhando para o pergaminho negro em suas mãos.

Percy sabia o quanto ela ficava furiosa consigo mesma e todo o resto possível do universo quando não entendia algo. Precisava afirmar algo tentando soar convincente o máximo possível.

— Com toda certeza Quíron saberá nos dar alguma pista, é só acreditar!

Annabeth abaixou a cabeça e seu humor parecia ter mudado para algo ainda mais pensativo. Seu cabelo loiro tampou um pouco o lado de seu rosto e seus dedos deslizaram por entre os símbolos brancos no papel preto.

— Será que ele está bem? – questionou.

Percy a olhou sem entender.

— Quíron.

— Ah! 

Isso era um pouco preocupante, afinal Annabeth fugiu de casa quando tinha sete anos. Quando chegou ao acampamento o centauro fora como o pai de Annabeth durante toda sua estadia. Ele a treinou e a viu crescer. O laço entre os dois era algo admirável.

— Quíron é forte, e um ótimo líder. De um jeito ou de outro aposto que ele arranjou uma maneira de proteger o acampamento – dessa vez Percy não teve de fingir. Suas falas foram verdadeiras.

Era impossível ter certeza daquilo, mas era o que sua convicção lhe fazia sentir.

— Sim, eu sei, mas...

Percy devolveu o aperto em sua mão. De repente ele já não parecia mais assustado e nervoso. Tinha que parecer firme para ela.

— Ele está legal, você vai ver! – deu um sorriso que a reconfortou no mesmo instante.

A loira olhou para a janela e ficou quieta por alguns instantes. Ainda sem virar a cabeça, resolveu confessar algo que queria dizer.

— Eu tive muito medo – falou - Se Júpiter não tivesse aparecido, você e Jason teriam morrido.

O olhar de Percy se tornou tristonho. Ele queria poder contraria-la, dizer que não sabiam se realmente aquilo aconteceria. Queria dizer ser forte o suficiente ou que tinha uma carta na manga. No entanto, foi ele mesmo quem contou aquilo para ela. Eles não tinham a menor chance contra aquele cara. O que Jacques teria feito depois de ser mata-los? Iria atrás de Annabeth e os outros e também os matariam? Essas perguntas terríveis rodeavam a mente do filho de Poseidon. Ele não estava apenas com raiva, também estava com medo e remorso. Assim como Annabeth. Se não ficarem mais fortes como poderão derrotar aqueles que são igualmente fortes. Se, não estivesse errado, ainda restavam vinte e cinco Cavaleiros. E ainda mais importante, a Majestade a quem eles serviam. Ele balançou a cabeça e afastou os pensamentos. Precisavam urgentemente a começarem a entender a situação. Eles não tinham no que se apoiar além da lista de objetivos. Sem profecia, sem um navio voador, sem saber quem enfrentavam. Annabeth, de vez em quando, pensava que talvez pudesse ser uma espécie de vingança em nome dos velhos inimigos.

— Não Interfira na festa – disse Percy de repente.

Ela piscou e deu a ele sua atenção.

— O quê?

— Não interfira na festa – repetiu – foi o que aquele cara que me atacou em casa disse.

Annabeth uniu as sobrancelhas e franziu a testa.

— Por que só disse isso agora?

Percy deu um sorriso nervoso.

— Eu esqueci – era constrangedor, mas verdade.

Ela olhou para frente e fez um sinal de desdém com a mão.

— Tudo bem, não parece ser nada além de um “não se atreva a se meter onde não é chamado”.

— Eu também pensei nisso. Mas por que enviar essa mensagem para mim? Ele é outro que poderia ter me matado se quisesse.

Aquela era uma excelente pergunta. Annabeth olhou novamente para o pergaminho e todos aqueles símbolos.

— É... - ponderou - Por quê?

Depois de o avião pousar, todos se encontraram do lado de fora do hangar e saíram do aeroporto. Finalmente chegaram à Nova Iorque. Notaram imediatamente o abaixo na temperatura. A cidade estava gelada, nada fora do normal. Percy não podia esquecer-se de ir visitar sua mãe qualquer dia desses, se não fizesse isso aí sim ele estaria correndo perigo de vida. O frio característico da cidade os pegaram de surpresa pois não levaram roupas grossas e blusas, já que estavam com pressa. Ficaram observando os altos prédios e edifícios com muitas janelas enquanto esperavam por um táxi que não fosse atacado por clientes como se fossem urubus atrás de carne. Acharam um sem passageiros e entraram. Jason foi à frente e Piper, Annabeth, Percy, e Hazel foram apertadamente atrás. A última levava em seu colo um cachorrinho branco e felpudo que na verdade era Frank. Era uma habilidade que sempre unia o útil ao agradável. O endereço perto da colina no meio do nada deixou o motorista confuso, mas após ser pago nada disso importava mais. Estavam indo para a costa norte de Long Island. Aquele lugar enchia Percy de nostalgia não importa quantas vezes ele fosse até lá. Depois de alcançarem o destino, desceram e respiraram fundo. Já não aguentavam mais ficarem apertados daquele jeito. Os únicos que estavam bem eram Jason e Frank, que voltou à forma humana logo depois do táxi ter sumido de vista.

— Certo – Annabeth sussurrou.

Percy segurou firmemente sua mão. Ele estava ali para ela independentemente do que fossem ver quando entrassem. Foram subindo a colina e os outros dois casais seguiram o exemplo. Chegando ao topo passaram pela famigerada árvore de Thalia que um dia lutaram para salvar, e adentraram na barreira mágica. Se encontravam no Acampamento Meio-Sangue.

— Peleu não era pra estar aqui? - Percy perguntou.

Annabeth franziu os lábios. O dragão que guardava o pinheiro com o Velocino no ramo mais baixo da árvore realmente deveria estar ali. Desceram pelo vale. O acampamento não estava tão ruim quanto o outro, mas eram visíveis os estragos feitos pela invasão. O gramado que aparecia no raio de suas visões estava cheio de crateras e buracos. Várias árvores estavam partidas. Salgueiros e araucárias caídas bloqueavam alguns caminhos pelo bosque, impedindo com que passassem por perto de onde faziam canoagem. Os belos campos de morango já não estavam mais assim tão belos. As ninfas e os sátiros devem ter sido os que mais sofreram com isso tudo. Annabeth perguntou-se onde essas criaturas também estariam. Se tivessem dito para alguém que um furacão passou por ali, facilmente teriam convencido quem quer que fosse. Annabeth soltou a mão de Percy e foi andando pela trilha livre. Ela ia calmamente sem expressão apenas observando tudo. Uma hora ou outra precisava passar por cima de algum pedaço de madeira e algumas outras partes de vidro ou metal. O clima lá dentro era melhor que o de fora, estava bem mais quente. O sol ainda não se fazia presente, se escondia atrás de grandes nuvens brancas. Annabeth preferia o calor, mas qualquer coisa era melhor que o frio da cidade. Os chalés foram surgindo no gramado central. Graças as façanhas de Percy, muitos foram inclusos onde anteriormente havia apenas doze posicionados em forma U. Naquele momento tinham suas partes de cima desfalcadas ou destruídas, o que dava a entender que foram atacados por cima. Ela chegou ao chalé 6 e passou a mão em sua parede, eram tantas lembranças. O chalé de Atena era um  um edifício azul e dourado com uma coruja esculpida sobre a porta. Normalmente ouviria algum pássaro cantar, porém se houvesse algum por perto certamente seria apenas seu corpo pequeno e desfalecido. Annabeth não pensou que fosse se sentir tão sentimental assim antes. Seus olhos marejaram.

— Onde está todo mundo? – Piper questionou surgindo.

A filha de Atena olhou para trás e só aí lembrou-se que os outros a acompanhavam. Eles olhavam em volta e também pareciam infelizes. Ao mesmo tempo em que queriam avançar também queriam permanecer parados, tinham medo de encontrarem alguém morto ou ver mais destruição. De repente, de uma sombra na base do chalé 13 se levanta uma figura. Percy achou que era apenas coisa da sua mente, já que as chamas verdes do chalé de Hades faziam contraste com as paredes obsidianas e formavam sombras no chão. Percebendo a movimentação, e que não era uma simples sombra, sacou Contracorrente instantaneamente. Os outros se assustaram com o amigo e deram um passo para trás sem entender.

— O que você está fazendo? – perguntou Hazel.

— Acho que ele estava se preparando para cortar minha cabeça – respondeu divertidamente alguém na escuridão.

Eles se viraram para a direção da voz, que é para onde Percy olhava. Na sombra havia um garoto magro com roupas largas e escuras. Sua pele era branca, mas não muito pálida como já ficara antes. Seu cabelo preto chegava à altura de seus ombros. Ele sorria de forma pequena e logo deu uma risada maior quando sua meia-irmã deu-lhe um forte abraço. Hazel gritou animada.

— Nico!

Percy sorriu e tornou a transformar sua espada em caneta. Annabeth e Piper ficaram mais tranquilas, eram as mais preocupadas com que algo ainda pior estivesse para acontecer ali.

— Como você está? – indagou o filho de Hades após se separar do aperto.

Hazel balançou a cabeça.

— Como eu estou? Como você está?

Nico deu uma olhada rápida para todos e passou a responder.

— Eu estou bem, a maioria dos outros também estão – anunciou ele – foi difícil, mas conseguimos nos manter.

Annabeth se aproximou e deu nele um rápido abraço. Ela queria fazer perguntas, tinha muito que queria saber.

— Tivemos quantas perdas? – perguntou diretamente.

Ela não queria fazer rodeios. Se fosse para sofrer com as notícias de seu antigo e duradouro lar sendo atacado então que fosse tudo de uma vez. Nico parou de sorrir e abaixou a cabeça. Parecia envergonhado.

— Fomos pegos desprevenidos, mas acho que no máximo doze dos nossos. Ninguém que você conheça! – acrescentou rapidamente ao ver o olhar da amiga – É claro que isso não é nenhum mérito, mas perder alguém que você ama seria desolador...

Hazel apertou a mão de Nico, sabendo o que se passava na cabeça dele. Percy olhou para baixo. Até hoje tinha certa culpa em seu coração pela morte de Bianca, por mais que dissessem o contrário. Não foi nenhum tipo de indireta, apenas um comentário solto que revivia lembranças tristes.

— Entendo, você está certo - afirmou Annabeth.

A relação dela com Nico melhorou muito nos últimos meses. Ele e Will iam os visitar em Nova Roma. Passavam horas conversando e até discutiam sobre alguns livros. A questão dos antigos sentimentos dele por Percy já não eram algo que a deixasse desconfortável.

— Onde está Quíron? - ela perguntou.

Nico olhou nos olhos de Annabeth de forma profunda. Uma batalha entre a cor negra e cinza, um poço de emoções indecifráveis. Por fim, Nico suspirou. Ele sabia que seria melhor contar toda a verdade.

— Eu não sei, na verdade... Ninguém sabe – admitiu – ele não estava aqui quando fomos atacados, aparentemente Argos também sumiu.

— O quê?

Piper e Frank deram uma voltinha em torno dos chalés mais próximos, esperançosos em encontrar seja lá o que fosse. Na verdade, simplesmente não estavam a fim de verem Annabeth furiosa.

— Infelizmente é como as coisas estão. Se ele estivesse aqui mais mortes poderiam ser evitadas. Estamos todos preocupados, e esperançosos que ele apareça - Nico explicou.

A loira fechou os punhos fortemente. “Droga, droga, droga” era algo mais próximo do que ela pensava no momento. O centauro era o principal motivo de eles terem ido para lá. Nem ele e nem o segurança loiro de muitos olhos se encontravam. Ela precisou contar até dez mentalmente e controlar a respiração. Jason se aproximou e fez um toque com o filho de Hades.

— Lupa também sumiu no Acampamento Júpiter, estamos praticamente sem as principais lideranças – comentou.

— Sim, é verdade – concordou Nico – soube que vocês também foram atacados e sinto muito. De verdade. Eu poderia ter usado as sombras para ir ajudar, mas estávamos num momento difícil aqui também.

Os dois haviam se tornado grandes amigos na guerra contra Gaia e realmente queriam poder ter ajudado um ao outro.

— Está tudo bem. Às vezes tudo o que resta são nossas vontades e intenções – afirmou.

Annabeth percebeu que Jason realmente entendeu o que ela quis dizer quando conversaram no Pequeno Tibre. Era um sinal importante de amadurecimento. Percy se aproximou de Nico e os dois também fizeram um toque. Hazel não conseguia entender aqueles cumprimentos estranhos.

— Fico feliz que esteja bem, cara – Percy sorriu – mas e aí, onde está todo mundo?

— Ah, claro, eu me esqueci de dizer. Venham comigo, vamos nos reunir com a galera – chamou.

E foram todos juntos, pulando por cima dos troncos e o seguindo para dentro do bosque.

 


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Notas finais do capítulo

É isto!



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