A Última Guerra de Percy Jackson escrita por Avassalador


Capítulo 13
Coraçãozinho de rato


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 13 memu
Biur

Aproveitem, e deixem um comentário se acharem que mereça ;)



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13.

 

Frank levou Hazel até uma pequena lanchonete 24h com placas Neon de cor rosa acima da entrada. Parecia-se mais com um grande trailer branco. Eles sentaram-se em um sofá vermelho encostado na parede da direita. O interior da lanchonete era bem iluminado, com lâmpadas brancas e fluorescentes. Havia poucas pessoas nos outros assentos, e era possível ouvir o som de carros passando pela avenida bem ao lado. Em algum lugar no campo lá fora, na outra travessa, estavam Percy e Annabeth. De frentes um para o outro, Hazel olhou em volta.

— Este é um lugar retro – comentou.

— Lugar retro?

— Com tendência ao passado – explicou Hazel - Antigamente todo restaurante tinha uma aparência parecida com essa.

— Oh!

Frank notou o cardápio grande e vermelho acima da mesa. Começou a folhear as poucas páginas enquanto Hazel o observava com seus olhos dourados.

— Você está preocupado, não é? Está se perguntando sobre a proposta de Pomona – disse Hazel.

Frank abaixou o cardápio e a encarou.

— Me sinto mal, Hazel. Foi-me confiado o posto de pretor, eu deveria estar protegendo o acampamento. Ao invés disso estávamos indo comer pão com nossos amigos – lamentou.

— Percy também foi atacado, não foi nada em vão – ela falou.

— Sim, eu sei – Frank suspirou – mas a proposta de Pomona é tentadora. Ser imortal significa ser muito mais poderoso, significa uma oportunidade de determos esses Cavaleiros.

Hazel adorava a careta fofa que ele fazia quando estava pensativo ou ressentido. Ela compartilhava das mesmas opiniões e duvidas dele, mas não poderia deixar sua desconfiança de lado. E se fosse tudo uma armadilha? E se a deusa estivesse apenas se preparando para um grande ensopado de semideuses? Seu pensamento foi quebrado de repente.

— Gostei das suas novas armas. Chamam-se sai, não é? Conheço armas chinesas por causa da família – disse Frank.

— Ah, sim – ela concordou sorrindo – quase me esqueci desse detalhe. Acontece que verão passado Annabeth e eu discutimos para saber o que era melhor: espadas ou adagas. Ela me disse que preferia adagas não só pelo valor sentimental, mas também porque exige mais do lutador.

Frank piscou.

— Por que ela teria sentimentos com adagas?

— Não faço ideia, e é claro que discordei. Espadas sempre foram a melhor arma. E aí prometemos que algum dia iríamos usar o contrário. Quando chegamos ao arsenal para abastecer decidimos que aquele era o momento.  Annabeth escolheu uma espada, mas as adagas já estavam todas em uso, fora de estoque. Peguei a arma mais próxima de uma – ela deu de ombros e mostrou um dos sais.

— Já se decidiram? – perguntou uma mulher com avental vermelho e segurando um bloquinho de notas.

— Ah, é... – Frank se atrapalhou pegando o cardápio novamente para analisar de maneira bem rápida e pedir a primeira coisa que reconhecesse.

A garçonete riu.

— Não precisa se apressar. Querem um café enquanto isso?

— Sim, por favor – falou Hazel.

— Claro! Sem leite, por favor – pediu Frank.

Ela se foi e Frank olhou melhor para Hazel. Ela estava linda como sempre, é claro. Usava uma jaqueta bege por cima de uma camiseta preta. Seu cabelo encaracolado foi pintado para um tom um pouco mais luminoso, indo do aspecto chocolate para o caramelo. Seus olhos fazendo um belo contraste com a pele. E seu sorriso... Ah, o sorriso. Frank sempre ficava um bobo olhando para o sorriso.

— Acho que Percy também está disposto a aceitar – disse ela.

Frank piscou.

— Hã?
— A proposta – Hazel riu - Ele também irá querer ficar mais forte. Não vejo problema nisso, mas me preocupo com o que os deuses acharão de algo assim.

— Eles têm deixado de lado até as Leis Antigas – ponderou Frank – Júpiter em pessoa apareceu para Annabeth. Estão escondendo alguma coisa, algo maior está para acontecer. Não faz sentido estarem querendo trabalhar ainda mais juntos com os semideuses de uma hora para outra.

— Concordo – disse Annabeth se aproximando da mesa.

Ela sentou-se ao lado de Frank no assento vermelho. Percy, que vinha logo atrás, ficou ao lado de Hazel.

— Falei com meu pai – anunciou ele.

— Falou com Netuno? Ops, quero dizer, Poseidon – quis saber Frank, se auto corrigindo.

Percy assentiu.

— Ele me disse que algo está impedindo que o Oráculo de Delfos se manifeste, por isso não temos uma profecia. Annabeth e eu mandamos uma Mensagem de Íris para Rachel e ela confirmou, mas aparentemente está tudo bem.

— Uma missão sem profecia – suspirou Hazel – Não sei se me sinto insegura ou feliz com isso. Temos uma lista quase impossível de se terminar em pouco tempo.

Annabeth se empertigou.

— Esse é um assunto que precisamos tratar agora. Temos que decidir se iremos aceitar a... – ela pareceu pensar sobre a palavra certa – importante proposta que nos foi feita.

Percy e Frank se olharam e tiveram um entendimento mútuo.

— Nós iremos aceitar! – falaram ao mesmo tempo.

A loira encarou Hazel, que suspirou.

— Bom, não posso ficar de fora. Eu também irei – disse.

Annabeth balançou a cabeça e deu a todos um olhar firme.

— Então está decidido, vamos aceitar a proposta de Pomona!

A garçonete voltou e deu café para os quatro presentes. Eles pediram alguns lanches e ela se foi após anota-los.

— Sei que não posso falar pelos pais de vocês, muito menos pela mãe de Annabeth – disse Percy, bebericando sua xícara – mas meu pai não parece se importar com isso. Na verdade, ele parecia até apoiar.

Hazel abaixou a cabeça.

— Então ele sabe. Plutão também deve saber...

— Eu ainda não entendi o porquê dela estar oferecendo isso para nós – falou Frank – sinceramente não consigo pensar que seja apenas porque ela não gosta de nosso inimigo.

— Não se preocupe. Eu sei o motivo – disse Annabeth.

Percy arqueou uma sobrancelha.

— Sabe?

— Conversei com Pomona pouco antes de sair de lá. Ela não deixou expresso, mas é uma questão de ressentimento – explicou.

— Com quem? – quis saber Hazel.

— Por quem, na verdade – Annabeth respondeu – vocês já perceberam que sempre que uma guerra eclode os Olimpianos vão atrás dos deuses menores para recruta-los? Unicamente nessas vezes. Nunca antes, nunca depois. É como se eles os vissem apenas como soldados, sem se preocuparem com os motivos que os fazem trocar de lado.

— Não é novidade. Foi por isso que pedi aos deuses naquela vez que entendessem melhor esse lado – falou Percy.

Annabeth assentiu.

— Sim, e ajudou bastante – ela pôs sua mão sobre a de Percy na mesa – mas não foi o suficiente para apagar uma história de rejeição. Tanto que muitos apoiaram Gaia.

— E por que dessa vez seria diferente? – indagou Frank.

— Porque agora eles estão enxergando uma terceira opção, uma nova oportunidade – disse ela.

Percy e Frank fizeram uma clara careta de desentendimento. Alguém havia ligado um jukebox e agora tocava de fundo uma música de melodia engraçada e que não combinava em nada com a situação de assunto sério.

— Acho que entendo onde Annabeth está querendo chegar – pronunciou-se Hazel, para o alívio da filha de Atena.

— Entende? – perguntou Percy com surpresa.

Ele calou a boca depois do olhar da namorada.

— Ela quer dizer que Pomona pode usar toda essa guerra como maneira de demonstrar a importância dos deuses menores. Fazê-los se tornarem evidentes. Imagine só: transformando-nos em imortais poderiam usar como justificativa que foram essenciais para que o Olimpo prevalecesse – explicou Hazel.

— Sem contar – disse Annabeth dando um olhar bem sugestivo para Percy – que Pomona vive sendo confundida com Deméter. Ceres, no caso romano. Ela sim deve querer reconhecimento.

Frank se mexeu desconfortável.

— Então nós somos apenas ferramentas no plano dela.

— Basicamente – disse Annabeth – mas em contrapartida não há nada que prejudique a nós ou ao Olimpo nisso tudo.

Percy sorriu.

— Exceto o orgulho dos Olimpianos, caso tudo dê certo.

A garçonete voltou com o lanche dos quatro, que comeram aproveitando cada mordida. Enquanto Annabeth lanchava, ela contou mentalmente os deuses menores dos quais precisavam recrutar. Deviam ser por volta de 14, e espalhados em diferentes pontos do país. Não tinham um prazo, no entanto Júpiter havia aconselhado que fizessem tudo o mais rápido possível. Esse era apenas o segundo item da lista. Realmente precisariam de algo que os ajudassem para que pudessem fazer isso sem serem atrapalhados pelos inimigos. Algo como a imortalidade. Ela pensava em como Atena veria essa situação. A deusa aceitaria que sua filha se tornasse imortal? Não conseguia prever a resposta para isso.

— Ei, olhem ali – murmurou Hazel.

Viraram a cabeça e viram entrando dois homens com chapéu e sobretudo preto. Eles eram carrancudos e mantinham os ombros levantados enquanto andavam, como se estivessem tensos o tempo todo. Os dois encararam a mesa dos quatro por alguns segundos antes de seguirem caminho e se sentarem em uma mesa do outro lado, em diagonal aos semideuses.

— Monstros – disse Percy.

Todos assentiram. De jeito nenhum aqueles dois eram humanos, até mesmo a pele de ambos era até azulada. Perceberam que a garçonete foi até eles para anotar o pedido. Frank teve uma ideia inusitada.

— Não gritem! Eu volto já – falou depressa.

Annabeth entendeu o que ele quis dizer com “não gritem” após vê-lo se transformar em um rato. Um rato minúsculo, mas que mesmo assim fez Hazel crispar os lábios. Frank pegou o tempo corretamente, pois se transformou e correu passando pela perna de Percy exatamente quando não havia ninguém olhando. Ele foi para debaixo da mesa dos dois homens que dispensavam a garçonete.

— Os senhores têm certeza de que não irão querer nada? Hoje o especial é de-

— Nós temos certeza! – rosnou um deles.

A garçonete não discutiu e foi embora com seu bloco de notas. Frank ficou em silêncio na sombra da mesa.

— Eu estou com tanta fome – reclamou o que estava sentado ao lado da parede – já faz uma semana que não como um semideus e há logo quatro em um lugar só.

— Não podemos arriscar – chiou o outro.

— Sim, eu sei, eu sei. Malditos Cavaleiros! Desde que apareceram tudo virou de cabeça para baixo. Não conseguimos uma refeição sequer caso não nos mantenhamos escondidos – disse ele – é como se fossemos ratos.

Frank deu uma estremecida pela referência.

— Espero que essa maldita guerra termine logo, não há nenhuma vantagem para nós com os Cavaleiros protegendo os semideuses – resmungou.

Nesse momento Frank ficou sem entender nada. O que o monstro quis dizer com Cavaleiros protegendo semideuses? Eles haviam atacado os dois acampamentos. Se esse era o conceito de ajuda desses dois então estavam deturpados demais.

— Ouvi dizer que eles irão para o leste, concentrar um ataque em um lugar só – disse o segundo, que estava sentado ao lado do corredor.

— Mesmo?

— Sim, podemos aproveitar o momento para irmos para a California. Deve ser seguro por lá enquanto estiverem atacando...

— Ei! – chamou o primeiro – Não era quatro deles ali?

O coraçãozinho de rato de Frank pulsou mais rapidamente por alguns segundos.

— Bah, deve ter ido ao banheiro, idiota – respondeu banalmente.

Frank esperou e viu que aquela conversa não iria mais render nada quando passaram a falar sobre qual osso do corpo de um semideus poderia ser mais prejudicial à saúde. Correu por debaixo das mesas até o banheiro no fim do corredor e saiu de lá na forma humana, como se um garoto tivesse ido para lá normalmente desde o começo. Ele sentou-se de volta em sua mesa com olhares de expectativa sobre ele.

— E então? – indagou Percy.

— Acho melhor irmos ver Pomona logo.

Eles pagaram e saíram do restaurante. Os dois monstros não os seguiram. Atravessaram a avenida para irem ao campo, exatamente onde estavam antes. Pelo horário estava bastante escuro, porém conseguiam enxergar o suficiente. Pararam próximos a grande pedra onde Annabeth estivera sentada.

— Quem ficou com as sementes? – perguntou Hazel.

— Eu – respondeu Percy mexendo no bolso de seu jeans.

Ele retirou duas pequenas sementes e as mostrou na palma de sua mão. Pomona havia dado-as para voltarem quando tivessem se decidido. Ou talvez nem voltassem, já que isso também significaria um “não, obrigado!”. Pomona disse de maneira ressentida para Annabeth que dessa vez seria melhor plantar do que arrancar, fazendo menção às flores.

— Então eu apenas as coloco no chão e pronto? – ele se abaixou e pegou um punhado de terra com a mão.

— Acho que essa é a ideia – respondeu Hazel – depois coloque a terra por cima outra vez.

Percy fez exatamente isso e se levantou. Os quatro olharam atentamente para o ponto onde as sementes foram plantadas, esperando que a terra se abrisse ou que algo inusitado acontecesse.

— Bom, e agora? – questionou Percy.

— Talvez precisemos de água – sugeriu Frank.

Todos olharam para Percy.

— O quê? – ele perguntou – Oh, ah, certo.

Ele fechou os olhos e se concentrou. Água começou a escorrer de plantas nas proximidades e passaram a circular exatamente aquele pedaço de terra. Ninguém teria notado isso se não estivessem olhando atentamente para o gramado. A semente germinou e uma plantinha começou a sair. Logo tiveram que recuar, pois a plantinha se tornou enorme, maior do que Frank. E então estavam de frente para a mesma flor desabrochada em que usaram como fuga mais cedo.

— Vamos pular – disse Hazel – temos uma proposta para aceitar.

E pularam um de cada vez para dentro da flor.


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Notas finais do capítulo

é isto!



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