O Caçador Meio-sangue escrita por HAlm


Capítulo 5
O Lado Sombrio de Clarisse


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo novo e um pouco diferente.



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— Está chegando a hora, meu filho. - Disse baixo a voz de uma mulher conhecida pelos mortais e semideuses como Atena e por ele como mãe. Parecia estar bem próxima de seu ouvido, podia sentir o calor de sua mão segurando seu braço e sua voz ecoando como melodia, apesar ter sido somente um sonho.

Rapidamente seus olhos se abriram assustados e trêmulos. Tinha a respiração pesada no começo. Tentava raciocinar o que havia sonhado, tratá-lo como somente sonho, mas o sentimento de que sua mãe esteve ao seu lado e falou em seu ouvido era maior.

— Ufa, você acordou. Parece que você durou bastante contra o Percy e a Clarisse. - Leo brincou sorrindo como sempre. Dante gostava dele e do seu jeito de tentar superar sua tristeza que guardava para si. Isso fazia parecer ainda mais triste. - Espero que não tenha tanta alga assim. - Falou olhando para os ouvidos do amigo.

— Não, estou bem. Foi só uma pancada... Forte pancada. - Passou a mão pela testa e percebeu que estava enfaixada. - A Clarisse não sabe brincar mesmo.

— Ela queria pedir desculpas... Ou foi o que se esforçou a dizer em particular e sussurrando para que ninguém a ouvisse. - Pegou um pode e o abriu. Deixou a tampa sobre uma mesa ao lado de uma colher que pegou e enfiou no recipiente para pegar um pouco do que tinha dentro e dar para Dante. - Ela é orgulhosa demais para pedir desculpas pessoalmente, mas queria que soubesse que ela o considera um irmão.

— Bom saber. - Comeu a ambrósia.

— Para ela você é um de Ares, para Atena um deles. Parece um espartano, daqueles antigos, sabe? - Falava enquanto pegava mais uma colher de ambrósia. - Tipo os do Zac Snyder. - Levou a colher para a boca do amigo.

— Qual é, posso me servir.

— Não. - Leo afastou a colher impedindo-o de pegá-la. - Você está aos cuidados do Doutor Leo agora.

Embora Dante demonstrasse relutância, aceitou a brincadeira de médico e paciente.

— Está bem, só não deixe ninguém ver isto. - Abriu a boca e a colher entrou. - O que é isto? É doce.

— Isto é ambrósia. Você vai se curar rápido... Ou explodir. - Falou ainda sorridente.

— Acho que está tudo bem. Ainda não explodi.

— É mesmo. - Riu. - Agora vamos, não precisa mais dos curativos e... Oh, o seu time ganhou. Mandar a garota fingir traição foi inteligente.

— Não estava no plano, mas obrigado. - Levantou-se, mas logo apoiou em algo pela tontura. Leo o ajudou a se manter em pé.

— Não? - Leo o olhou surpreso. - Oh, então... Vamos lá, você tem alguns deveres aqui também.

— Sim, senhor. - Brincou.

Dante saiu dos braços de Leo que o apoiavam e conseguiu se equilibrar.

Ao sair da enfermaria pressionou os olhos ainda não acostumados com a luz solar. Colocou a mão sobre seus globos oculares para ver melhor no começo, pouco antes de se acostumar e ver com mais clareza um grupo de semideuses correndo em sua direção, e mais um pouco de tempo para ver que eram filhos e filhas de Ares e logo o rodeavam.

Ele olhou em volta, todos eles. Encaravam-no com olhares furiosos e preparados para qualquer coisa. 

— Filhos de Ares! - O grito de Clarisse ecoou pelo ar e todos os seus irmãos e irmãs ficaram eretos como uma árvore com pés juntos e a mão direita na testa. Dante não entendia o porquê de prestarem continência para ele. - Eu aviso a todos que esta é a primeira e possivelmente única vez que eu considere algum semideus como mesmo nível de nós, filhos de Ares! - Baixaram as mãos, voltaram em suas posturas e se curvaram.

— Você realmente é um filho de Atena? - Um dos de Ares tinha perguntado.

— Ehr... Sim, mas por que estão fazendo isto? 

Ninguém respondeu, apenas voltaram em suas posições normais e correram de volta aos seus afazeres quando Clarisse berrou que estavam dispensados, porém ela continuou ali o encarando com uma roupa de treino militar.

— Você, filho de Atena. - Disse com a voz carregada de orgulho, colocou um braço em torno de seu ombro e andou com ele para algum lugar um pouco afastado. Seu cabelo castanho estava pendido no ombro num rabo de cavalo. 

Passaram pelos estábulos de pégasos, onde Dante viu um casal de meio-sangues em um momento romântico, desviou o olhar para deixá-los em paz, e pararam apenas quando alcançaram o que antes era o Pinheiro de Thalia. Clarisse sentou-se e o mandou fazer o mesmo debaixo das sombras daquela árvore.

— Caraca, você foi mesmo forte ontem. - Clarisse falou logo e abraçou as duas pernas dobradas.

— Obrigado... Eu acho. - Dante sentou-se ao seu lado para aproveitar a vista do acampamento. Ouviu uns risinhos e ao olhar para trás, duas dríades estavam olhando para ele tapando com a mão as bocas sorridentes. Era como se houvesse um encanto sobre ele.

— Não esquenta, foi um elogio. - Clarisse explicou e olhou para ele. Seus olhos mudaram repentinamente, parecia até mesmo uma filha de Afrodite quando não olhava para alguém com desejo de matar a pessoa ou determinada com alguma coisa (talvez ser a melhor em tudo e treinar duro para que seu pai a visse), Dante pensou até mesmo ter sentido um cheiro de perfume. - Me desculpe pelo modo como tratei você, normalmente faço isso com todo mundo quando chega ao acampamento, exceto os filhos de... - Pausou e ergueu os olhos. - Afrodite?

Ajoelhou sobre a grama e apoiou-se no chão com as mãos olhando para os olhos do rapaz bem de perto.

— Você... Não pode ser. Você é filho de Afrodite?

Dante corou um pouco e não tinha como disfarçar.

— Não, por quê?

— Hermes?

— Não, sou filho de Atena. Por que Hermes?

— Por... Por que você... - Gaguejou. Pensava em dizer "roubou meu coração", mas ainda não conseguia, não acabaria com seu orgulho agora. Sempre ou quase sempre conseguiu se livrar dos encantamentos de outros semideuses, e agora a sensação de estar perdidamente apaixonada por ele lhe dava náusea e ânsia de vômito. Uma filha de Ares pensar que algum dia veria alguém e a sua visão se tornaria rosada, corações voassem e tudo mais acontecesse acabaria com qualquer dia. Estava ansiosa como nunca antes, suava encarando seus olhos e, mesmo quando ele deu um sorriso para ela, seu coração parecia ter parado de funcionar.

"NÃO!", pensou para si, "eu apenas o considero um bom guerreiro, um bom possível aliado! Não estou apaixonada por ele, não! Não posso aceitar, não posso me aceitar assim! Estou me tornando uma filha de Afrodite? Não, não é possível! Estou louca?".

Dante apoiou seu rosto em seu punho fechado com o cotovelo na perna, olhou para seus olhos castanhos e perguntou:

— Está tudo bem, Clarisse?

Ela o encarou ainda mais nervosa.

— Não fale meu nome! - Falou. Era apenas para ter mantido isto como um pensamento. Tapou sua boca ao perceber que saiu uma voz bonitinha demais para o seu gosto.

"Este cara deve ser abençoado, só pode!", as mãos ainda estavam em sua boca impedindo que falasse algo. Aproveitou e olhou para os pés dele. "Qual deve ser o tamanho? O tamanho dos pés mais a habilidade de combate... Meus deuses!!!! Isto deve ser mais que suficiente para satisfazer o meu chalé inteiro!!!!" Sacudiu a cabeça tentando mudar o rumo dos pensamentos. "Não, não pense nisso, Clarisse", obrigou-se.

Isto a assustava cada vez mais. Quanto mais estavam juntos, mais era torturante para ela revelar aquele seu "lado sombrio".

O viu gargalhar após dizer aquilo. Pensou em como tudo aquilo teria passado em sua cabeça em menos de três segundos.

— Está bem, como quer que eu te chame? - Perguntou olhando para o lago. Olhava também para a ligação que este tinha com o mar. Uma bela paisagem.

"Pode me chamar de 'a pessoa que vai te satisfa'... Não!", seus olhos pareciam sentir um pouco de medo com seu lado introvertido ligado e as pontas dos dedos que estavam tapando a boca no lábio superior.

— Você está estranha, Clarisse. - "Ele disse... Ele disse Clarisse!", pensou enlouquecida. - O que aconteceu.

— Você aconteceu. - Soltou acidentalmente. Olhava para o menino como se visse um fantasma, o coração paralisado de vez.

— O quê? Mas por quê? Eu fiz alguma coisa para você? - Ela via o modo como ele olhava para as próprias mãos. Parecia triste do nada, talvez... Pensou no que disse e segurou seu choro de remorso. - Brincadeira, para mim na verdade tanto faz. Sei que você é assim com todos.

"Ufa, ele não ficou triste comigo. Eu estaria acabada, não conseguiria olhar no espelho se ele ficasse chateado. Bah, ele é um homão da porra, não vai ficar 'tristinho'".

— Mas você me trouxe aqui para alguma coisa, não é? O que foi?

"Droga!", lembrou, "era para beijar ele. Na minha cabeça era tão fácil. Mas vamos lá, Clarisse! Você consegue! Quem é a filha de Ares!? Quem derrotou um dragão super foda!? Quem é a fodona do acampamento!? Você consegue!", apertou os punhos e ficou mais um tempinho parada para se acalmar.

— Dante - chamou sua atenção e segurou seu rosto. Não sabia o que dizer, apenas o segurava em suas mãos. Não sabia mais quem era, esqueceu tudo mesmo enquanto o encarava. Aproximou-se suavemente da boca dele com a sua e o beijou. Não fazia ideia que sensação era aquela, mas logo quando terminou o beijo, saltou e corou totalmente.

— Ah, droga. Me desculpe, Dante! - Ela o abraçou forte e olhou para ele com severidade. - Mas não conte para ninguém.

— Ehr... Tá bom. - Concordou sem entender o que aconteceu bem, até que gostou de perder seu "BV", embora não tenha compreendido nada.

— Lá lá lá lá lá... - Leo cantarolava enquanto caminhava pelo bosque.

Clarisse o empurrou para a árvore ouvindo o garoto abrir o zíper para fazer suas necessidades ali. Logo ali.

— Vou acabar com este nanico! - Sussurrou, mas Dante colocou o dedo em sua boca para que ficasse quieta. Fez por tempo suficiente para que Leo fosse embora.

A mão de Dante era um pouco menor comparada à sua, ele era um pouco menor que ela. O jovem se aproximou e deitou sobre seu peito como um gato.

— Sabia que você tinha algo aí nesse coração de pedra.

— Então, vamos nos divertir, meu baixinho? - Levantou-se. - Sei que é nosso primeiro dia, mas... O quê! - Exclamou vendo-o abaixar suas calças.

— O quê? Não era para fazer isso? Ah, entendi. - Levantou-as e puxou as de Clarisse. - Sou eu quem irei fazê-la se sentir bem. - Disse num tom pervertido com a voz que ela adorava e com certeza metade do acampamento pelo menos também.

— Clarisse. - Ouvia alguém chamando seu nome entre os beijos quentes. - Clarisse? Acorda.

A garota acordou com vontade de matar quem a fez acordar. Estava em sua cama no chalé de Ares.

— Por que você fez isto!? - Berrou. - Vão logo, me deixem em paz por um momento!

Todos bateram continência e saíram deixando-a sozinha consigo mesma e seu cobertor. Temia olhar abaixo dele, sentia sua calça molhada e um misto de amor, respeito e ódio por Dante. Amor e respeito são óbvios, ódio por tê-la feito sonhar com ele.

Fez tudo o que tinha que fazer para se limpar e foi onde todos os seus irmãos e irmãs estavam. Já tinha falado tudo sobre bater continência pada Dante. Todos sabiam, ela ficou vermelha temendo que soubessem do que havia sonhado.

— Nosso pai Ares parece respeitá-lo também. Nós todos sonhamos. - Disse um menino enquanto outras meninas se forçaram a não demonstrarem seu lado também, mas Clarisse pôde ver que elas e uns dois meninos tiveram o mesmo sonho.

— Então já sabem o que fazer! - Gritou e olhou para a enfermaria de onde ele saiu. - Vão! - Berrou antes de vê-los correr.


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