Acordei cedo em um domingo, umas 07:00 da manhã mais ou menos, assim como na madrugada anterior, a manhã estava tão quente quanto. Fui até a geladeira e a deixei aberta ao pegar uma garrafa de água.

            O apartamento sendo pequeno, me permitia refrescar ele por completo deixando a geladeira aberta. –Quente... –Falei ao me jogar na cadeira em frente a tv. –Domingo tranquilo, isso é raro. –Meu corpo estava pelando de quente, até verifiquei a temperatura de meu focinho, que por sorte estava gelado, e isso é um bom sinal.

            -Temos um problema! –Disse o repórter na tv. –Um grande inseto está atacando a cidade! –A câmera se direcionou para o inseto, um grande Louva-a-deus. –Vejam, ele está fatiando tudo e qualquer coisa que apareça em seu caminho, pedimos a todos da cidade que estejam próximos as redondezas, que se escondam.

            -HEY VOCÊ! –O louva-a-deus voou na direção da câmera e do repórter. –Qual o som que seus ossos fazem ao serem cortados? –Como sempre, a programação foi seguida de apenas estática.

            -Não me surpreende eu não ter escutado esse monstro. –Me levantei seguindo para o armário. –Minha audição é aguçada, mas tenho um limite até onde escuto. –Vesti os braceletes. –Mas sem problemas, vou lá mostrar o que acontece com quem bagunça a cidade a qual estou responsável.

            Me aproximando do local onde o Louva-a-Deus estava, eu vi próximo a ele, um Touro... eu acho, estava com um uniforme que cobria o corpo todo, azul e preto, nada do corpo ficava a mostra, nem mesmo um espaço para a boca. Tinha pistolas em seu cinto, e segurava uma bazuca apontando para a criatura. –Um herói? –Falei a mim mesmo.

            A essa distância em conseguiu escutar o que falavam, para não correr riscos eu fiz questão de me esconder e observar. –Alvo na mira! –Disse o boi com um tom sarcástico.

            Ele disparou na direção do grande inseto, e quando o projétil ficou a metros de distância, o monstro o cortou em dois se protegendo do ataque. –Que ousadia. –Disse a criatura olhando para o fantasiado.

            -A única coisa que me pergunto. É se vale a ou não a pena te matar... –Disse o touro dando de ombros e rindo. –A quem estou enganando, é sempre bom matar insetos como você.

            -Hehe, Parece um desafiante a altura. Vamos ver o que pode fazer.

            -Eu vou acabar com você, então venha e faça o que quiser fazer! –Eu ainda não conseguia dizer se esse toura era herói ou se isso era apenas uma briga entre vilões.

            -Acabar comigo? QUERO VER TENTAR!

            O touro correu na direção do inseto que voava a cima dos prédios, ele era rápido e conseguiu correr nas laterais dos prédios escalando sem fazer esforço algum. As janelas do prédio se quebraram quando ele pegou impulso e se arremessou na direção do inimigo.

            Ele desferiu um soco contra o inimigo, errando e ficando na desvantagem no ar. –Você é um inseto esperto pelo visto.

            -Irritante! –Disse a criatura trincando os dentes. –Vou te fatiar e seguir para outro lugar! –Desferindo um golpe com sua grande lamina, atingiu o touro na cintura e o mesmo segurou firme a grande lamina. –Aguentou o golpe na minha lamina?!

            -Você não vai me matar. –Rapidamente o touro puxou uma bomba a largando próximo o rosto do monstro, a mesma explodiu arremessando cada um para um lado. O touro girou no ar batendo-se contra a sacada de um prédio, ficando de pé logo em seguida.

            -HEORI INSOLENTE! –Não dando brechas para conversa, o da mesma forma de antes, o touro se arremessou contra o louva-a-deus que ainda permanecia no ar.

            -Insetos costuma ter medos de mãos e pés! –O impacto do punho do touro se chocando contra o rosto do inseto foi forte a ponto do impacto ser ouvido de onde eu estava. –Qual a sensação do meu punho no seu rosto?! –Ele ria desdenhando do inseto.

            -Maldito! –Acertando a lamina nas costas do Touro, o inseto conseguiu o arremessar na direção do chão com um grande corte nas costas.

            Ele se levantou em meio ao chão e rochas, estalando a coluna e passando a mão sobre o ferimento. –Caramba! Sangue! Isso deveria ficar dentro de mim certo? –Ele sacou suas pistolas e começou a disparar na direção da criatura. Que conseguiu se defender de quase todos os tiros os repelindo com suas garras fazendo um som de metal a cada impacto. Por sorte uma delas atingiu a barriga do inseto fazendo um liquido verde espumoso escorrer.

            -Desgraçado! Vai ajudar uma senhora a atravessar a rua seu herói idiota! –Parecia que a luta estava se encerrando, o grande inseto partiu para um ataque direto desviando de todos os projéteis disparados pelo touro. –AGUENTE ISSO! –O sangue jorrou quando voando rápido, o Louva-a-deus cortou fora um dos braços do touro.

            O touro apenas olhou serio para o braço decepado. –HM...

            -E então, acho que o braço direito vai ser o próximo.

            -E vai arrancar meu braço direto como? Com sua lamina esquerda? –Eu continuava observando, mas estava quase entrando em cena.

            -DESGRAÇADO! QUANDO FOI QUE VOCÊ-

            -Você decepou meu braço ué. –O touro parecia sempre levar na brincadeira, mesmo uma situação séria. –Apenas fiz o mesmo, afinal você sabe né. Olho por olho e dente por dente.

            -Já chega! Vou te fatiar até não sobrar nada! –A velocidade do inseto se tornou extrema, eu nem ao menos consegui ver para onde ele iria. –AQUI! –Disse ele aparecendo atrás do touro cravando a garra em suas costelas o causando um rasgo.

            -Ué... mais sangue que deveria ficar dentro de mim...  Você sabe que vou cobrar não é mesmo?!

            -MORRA! –Usando a garra, o touro foi atingido novamente no peito, um golpe poderoso que o fez voar quilômetros no céu.

            Sem poder se defender, o touro era atingido por inúmeros golpes que o cortavam em todas as partes. –O que foi?! Você não ia me matar?! Vamos lá! Ou seus socos não são capaz de esmagar um inseto?! –Eu não sabia como aquele touro sobreviveu a tantos cortes, faltava pouco para ele se tornar pão fatiado. Eu tinha que fazer alguma coisa, golpes físicos pareciam não fazer efeito nesse monstro. Então...

            -Você... eu não morrer. –O touro já estava nas ultimas, por isso eu fiz algo, eu deveria ter feito desde o início, afinal eu sou o responsável por essa cidade.

            -Agora eu irei cortar sua cabeç-  –Usei uma de minhas habilidades, uma que eu chamo de Red Laser, consiste em centralizar a energia de meu poder nos palmos de minhas patas, naturalmente ela se torna uma esfera vermelha flutuando na minha frente, em seguida com um soco, eu acerto a esfera e ela acaba se tornando um grande raio laser avermelhado que ao atingir o alvo explode em forma de um desabrochar de rosas.

            Boom!

            Como falei, o grande inseto explodiu, espalhando pedaços por todos os lados. –Ué?! –Disse o touro caindo no chão. –De onde você saiu?

            -Você está vivo?! –Falei.

            -Claro! Falei que não morreria. –Ele disparou na minha direção, defendi com a pata sem entender.

            -O que foi isso?!

            -Você e forte, vai ser interessante te matar. –O corpo dele começou a se regenerar, e o que sobrou de vestígios da luta, foi a roupa rasgada e sangue.

            -Você não é um herói? Porque me atacar?

            -Não sou um herói, nem um vilão. –Ele recarregou suas armas. –Sou apenas o Deadbull fazendo o que quero.

            Fiquei sem entender, mas o nome dele me era familiar. –Bem, se você estava lutando contra um vilão, não tenho o porquê discutir.

            -Se você diz... –Ele se aproximou de mim. –Você é bonitinho, baixinho e barrigudo. –Ele me encarava dos pés à cabeça, e isso me deixava desconfortável. –Seria uma pena te matar. Vou deixar você ir dessa vez.

            -Me deixar ir? –Perguntei. –Bem, não cause problemas. –Quando sai voando, as sirenes da polícia e ambulância já estavam se aproximando. Não sei quem era aquele touro, ele era maior do que eu, e bem malhado, mas não me importo. Desde que ele não interfira na minha cidade.

“Se tu ages contra a justiça e eu te permito agir, então o injusto sou eu.” ~Mahatma Gandhi

            Depois do incidente com o Louva-a-deus, o domingo seguiu tranquilo, quente como de manhã, e a noite tudo piorou.

            -Calor demais! –O chão gelado era a única coisa que me refrescava, tomei um banho gelado e me deitei no chão com a janela da varanda aberta. –Pelo menos isso refresca um pouco.

            -Tá calor mesmo, acho que hoje foi o dia amis quente de todos.

            -Eu sei, foi difícil achar algo para refrescar. –Espera? Com quem eu estou falando? –Só um minuto!

            -Eae Dogão. –Era aquele touro, ele estava deitado no sofá com as pernas cruzadas, com um uniforme novo em folha.

            -Quem é você?! Eu vou chamar a polícia!

            -Pare com o teatro, eu sei que é você Red Thunder. –Como?

            Eu não tinha mesmo como mentir, afinal ele segurava em umas das mãos o meu uniforme. –Certo... oque você quer?

            A lua brilhava deixando meu pequeno apartamento brilhando em prata e branco. –Eu não quero nada não, só dormir mesmo.

            -Como me descobriu?

            -Eu apenas segui você, e como achei você forte. Decidi viver com você até achar seu ponto fraco para te matar.

            Ele quer me matar? –Saia da minha casa.

            -Não, eu moro aqui com você agora. E não se preocupe, você nem vai notar, você ai menos vai ver minha aparência.

            -Se não sair da minha casa eu vou te expulsar. Volte para sua cidade. –O touro levantou e veio andando até mim.

            -Já chega, eu vou morar aqui agora e você tem trabalho para fazer amanhã, vá dormir e descansar. E nem pense em me atacar pois morrer eu não vou.

            -Você não pode simplesmente morar aqui, mal cabe eu. –Afirmei.

            -Você só está com calor. –Ele jogou um pouco de água fria em mim. –Viu? Refrescou não é mesmo? Vai dormir agora. Eu vou deitar e ver tv.

            Senti meu sangue ferver, e a única coisa que fiz foi respirar fundo e ir dormir. Desejando apenas que isso fosse um sonho.