QUEM MATOU MARY?

a short fic by AliceDelacour

PRÓLOGO

Uma professora de literatura estrangeira uma vez havia lido em voz alta na frente da turma de Lily uma frase de Liev Tolstoi que regeria a forma como ela veria a sua vida.

Os atos de uma pessoa tornam-se a sua própria vida, tornam-se o seu destino. Tal é a lei da nossa vida.

O que você escolher, você vai viver.

Lily Evans escolheu estudar em Oxford - e dedicou-se para que pudesse concretizar esse sonho.

Foram anos de estudos intermináveis, de trabalhos voluntários, de ensaios na frente do espelho. Candidatar-se para uma bolsa na Universidade de Oxford era como candidatar-se para ser Primeira Ministra do Reino Unido, se não mais concorrido.

No dia em que sua carta de aceitação havia chegado, Lily estava tão cansada, que quase não viu o selo oficial da universidade, marcado com cera azul e foi por muito pouco que a carta não fora direto para o balcão da cozinha, onde seria esquecida e logo viraria lixo.

“Mãe!” Ela havia gritado quando finalmente entendeu o que aquilo significava. “Pai!” Os dois haviam corrido do jardim onde tomavam café da manhã, ambos achando que a filha mais nova havia se machucado. “Eu fui aprovada!” Lily gritou, segurando a carta aberta, os olhos cheios de lagrimas. “Oxford!”

Os minutos que se seguiram foram de muito choro.

Nas semanas seguintes houveram muitas comemorações, despedidas e comentários pela cidade.

“...A filha mais nova do Dr. Evans… Sim, Lily… Foi aprovada em Oxford, você sabia?”

“...Ela foi minha aluna, é… Eu ensinei francês, tenho certeza que foi um de seus diferenciais.”

Nenhuma das fofocas da cidade atrapalharam a felicidade da menina. E quando ela menos esperava, as férias haviam acabado e ela estava instalada em seu dormitório compartilhado, ha trezentos quilômetros de casa.

Sem nenhum amigo ou conhecido, Lily Evans viu-se perdida na imensa cidade universitária de Oxford. Logo no começo, ela até tentou fazer amizades.

“Oi” Ela havia murmurado para a menina que dormia na outra cama de seu dormitório. “você é Emmeline Vance, certo?” A garota de cabelos loiros apenas havia levantado o rosto de seu livro de eletro-física para olhá-la, sem nem mesmo mudar sua expressão. “Eu sou Lily Evans” Lily se apresentou e quase por reflexo, completou: “de Liverpool.”

Emmeline Vance pareceu pensar antes de responder, quase como se estivesse ponderando se valia a pena ou não apresentar-se para Lily.

“Prazer” Ela por fim respondeu, ainda segurando o livro. “sou Emmeline, da França.” Seu sotaque realmente denunciava de onde ela era. E sem dizer mais nada, Emmeline voltou a ler.

Lily logo descobriu que existia uma hierarquia em Oxford. Alguns alunos vinham de famílias realmente muito tradicionais que estudavam havia gerações naquela universidade - como Emmeline. Outros, eram os novos-ricos. Filhos de famílias que tinham enriquecido muito com investimentos na bolsa ou criação de patentes. E muito abaixo disso tudo, estavam os bolsistas. Alunos como ela, que vinham de famílias britânicas muito normais.

Em sua turma de microbiologia, Lily era a unica bolsista. Os outros doze alunos dividiam-se em podres de ricos e crianças mimadas.

Foram dois meses difíceis. E teriam sido muito piores se não fosse por Emmeline Vance.

A garota podia ser muito rica, no entanto, seu dinheiro não parecia comprar a simpatia dos outros colegas da turma de física dela, e em uma noite especialmente quente na cidade, Lily encontrou-a chorando embaixo do edredom.

Foi naquela noite que elas forjaram uma amizade estranha. Mais tarde, Evans ficaria sabendo que Emmeline era um tanto tímida e isso abria uma oportunidade para os outros zombarem dela.

“Não de bola para o que os outros falam” Lily tentou animar a menina. “você não precisa da amizade deles.”

Vance mordeu a boca, parecendo infeliz.

“Tem razão.” Respondeu, soltando o edredom. “Quem precisa de gente chata igual eles?” E forçando um sorriso, olhou para Lily. “Posso ter a sua amizade, pelo menos?”

As duas trocaram um abraço e a partir de então as coisas começaram a mudar na vida de Lily Evans.

Ela não sabe dizer se para melhor ou para pior.