O Azul do Céu escrita por sirizinhaw


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Capitulo unico



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Talvez a melhor parte de estar com ela fosse a sensação de liberdade que me proporcionava. Era como se ela derrubasse todas as grades quando estava perto de mim, ela tirava a venda dos meus olhos e eu era capaz de apreciar as coisas que simplesmente nunca tive vontade de ver. 
A verdade é que nós nunca olhamos para o óbvio, é tão chato, tão comum, que nem nos esforçamos para ver a melhor parte. Todo mundo é assim, menos ela.

Pra começo de história, ela viu em mim o que ninguém via, nem mesmo eu. Ela enxergava em mim a parte óbvia, ela via a parte boa que pertencia a Draco Malfoy.
Para ela, meus olhos não eram como uma nuvem de tempestade, mas como o mar que a refletia. 
“Não é culpa do mar, ora! Ele não escolhe o que está acima.” Ela me disse. E como eu poderia acreditar, se o mar dela irradiava uma manhã de verão?
Bem, o sol brilha para todos, em todos os lugares. A única diferença é que o meu sol estava por detrás das nuvens... Mas ele estava lá.

- x –
Ele tinha pose de vilão, mas era tão mocinho quanto qualquer outro. Seus olhos me diziam isso... Tão belos, seus olhos! Eles tinham a cor do mar, um mar do tipo que só quer ser apreciado e nada mais. 
Eu via beleza nos olhos dele, via medo e um traço distante de dor... Eu via nos olhos dele exatamente o oposto do que via na face. E eu resolvi acreditar nos olhos, resolvi acreditar na alma dele.
Eu via a doçura dos seus olhos, mas ele não. Draco era aprisionado à vida que tinha, ao que os outros diziam sobre ele, e isso me machucava.
Eu nunca quis que ele usasse o espelho alheio para ver a si próprio.
- x -

O tempo passou, e ela foi me mostrando a realidade, toda a verdade que existia por trás de sua insanidade, toda a beleza que as mentes ditas como sãs não conheciam. 
Como alguém que já havia visto o essencial do mundo poderia redescobri-lo? 

O fato é que ela me estendeu a mão e eu a segurei, sorrindo da forma que ela me ensinou... 
Segurar sua mão não me passava segurança, mas era bom sentir seus dedos entrelaçados nos meus, me deixava perto, calmo... Como se sempre houvesse sido daquela forma.

- x –
Draco despertava em mim o desejo de ajudá-lo, era como se suas pálpebras precisassem ser abertas, suas vendar retiradas, para que ele conhecesse o verdadeiro rosto que carregava por trás da máscara.
É engraçado como eu o conheci antes dele mesmo.
- x - 


E então nosso primeiro beijo chegou, era um beijo que misturava amizade, pele, amor e saliva, era um beijo calmo que se completava enquanto nós apreciávamos as sensações que nos percorriam. Ela não me tocava, nem eu a ela. Eram apenas lábios se tocando, almas se enxergando, se sentindo, se amando.
Luna era meu sol, aquele mesmo que estava por trás da nuvem dos meus olhos. Ela iluminava minha retina, meu mundo e meus dias. 

- x – 
Quando nos beijamos, basta dizer que o sol era minh’alma. 
- x- 


Ela era o sol que fazia com que o mar transbordasse pela minha íris quando não estava perto.
Foi numa dessas vezes em que o mar saiu de mim que eu percebi o quando a amava.
A água era salgada, mas estava fria sem o calor que lhe era de direito. 

- x – 
As lágrimas são belas, peroladas, rolando pela face de quem as produzia.
As lágrimas são lindas, mas não contrastavam bem com os olhos dele... Eu tinha medo que o oceano que ele carregava na alma se esvaísse. 
- x - 

Eu pensei que sanidade fosse um estado de espírito.
Ela me ensinou que era um ponto de vista.
Eu acreditei, e nunca me senti tão vivo, tão real, tão lúcido.

Sua cor preferida era azul, como o céu, a minha era amarelo como um sol sem luz nenhuma... fosco. 
Ela me ensinou a ver a beleza até nas cores primárias. 
Porque nós insistimos em nos perder nas variações se temos o princípio de tudo perante nossos olhos? 
Ela era o princípio de tudo, eu era a variação.

- x – 
A verdade era a mesma entre nós dois agora, ele se enxergava como era de verdade, eu me via como tinha que ser.
- x - 

Ela sorria e eu viajava para longe de todo o mundo que pudesse estar debaixo dos meus pés, só o seu sorriso importava naquele momento, a pureza magnífica que estava contida naqueles olhos desfocados e sonhadores... Só espero que sonhem comigo.
Ela sorria quando olhava pro céu. Como ela gostava do céu! 
Eu imaginava nuvens, ela as respirava.
E então eu percebi que todas as nuvens do mundo estavam em seus pulmões.

Pouco tempo depois, aprendi a guardar estrelas no bolso, e foi uma dessas estrelas que eu a ofereci quando a pedi em namoro, eu a queria sempre ao meu lado, e ela aceitou entregando-me a lua.
Nós tínhamos o céu inteiro agora, ela tinha as estrelas consigo, o sol dentro de si, e o azul nos olhos. Eu tinha a lua que ela me deu, a escuridão de natureza, e a nuvem que estaria sempre no cinzento de minha íris. 

- x – 
Eu gosto de estrelas, elas têm brilho próprio.
Eu tenho uma estrela em casa, naquela casa que é só minha, naquela casa que mora em mim.
Eu gosto dele também, ele tem um brilho especial.
Agora, eu também o tenho em mim. Naquela casa que é de nós dois, e está sempre embaixo do céu.
- x - 

Nós estávamos completos, como um quebra-cabeça gigante que descobriu sozinho as próprias peças que se encaixavam na imagem. E como era bela essa imagem! Capaz de pôr em mim um sorriso raro, que só pertencia a minha Deusa, dona do céu que nos pertence.

Luna Lovegood era meu mundo, ela era eu mesmo, porque ela soube me mudar e roubar minha sanidade. Ela era o mundo perfeito em que um Draco Malfoy completamente louco poderia amar a menina Di-Lua, que apenas gostava de ver a vida à forma dela mesma. 
Ao lado dela, não existia guerra, não existia sangue-puro ou sangue-ruim, não existia nem mesmo magia, pois toda a magia que pudesse existir no mundo estava contida nela.
Ao lado dela, eu aprendi que as pessoas são capazes de se reciclar, se refazer... Com ela eu aprendi que não importa se você não é “normal” para os outros, importa o quão importante você é para o mundo.
Ao lado dela, eu percebi que as pessoas estavam completamente equivocadas ao imaginar que o universo deve ser meramente observado.
Não assista o universo, SEJA ele.

Luna me ensinou, dentre todas as coisas, que às vezes a loucura é a única e maior sanidade que há. 
A “insanidade” são nossas asas, nossa liberdade, o que nos permite fluir em todas as direções e continuarmos contidos dentro de nós. 

Luna era minha loucura particular.


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Notas finais do capítulo

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