Breathless escrita por AlyHatake


Capítulo 10
Decepções


Notas iniciais do capítulo

Oii! Capitulo 10 chegou!



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Em minha opinião, deve ser umas cinco da tarde. E ainda estamos treinando. Não posso dizer que não estou frustrada, desde que Sakura havia sido dispensada por já ter conseguido domar o controle de Chakra, eu não consegui evoluir mais. Sei la o que houve só que prometi a mim mesma que não iria sair daqui até melhorar. Sasuke havia me passado, Naruto melhorou muito e eu estava feliz por isso. Ele se aproximava do Sasuke, isso resultava em mais competição da parte de ambos. Era meio estranho ficar entre a troca de olhares mortais deles. Talvez seja por isso que não consigo me concentrar, fico prestando muita atenção neles e acabo com a concentração de chakra. Peguei fôlego e corri para a minha arvore novamente. A coitada já estava cheia de riscos, devo ter chegado ao máximo a uns cinco metros de altura, metade de uma arvore daquela. Preciso chegar ao topo. De repente, senti como se meu chakra tivesse desaparecido de meus pés. Mas como... Ah não! Devo ter colocado muito pouco, e corri demais. Fechei os olhos sentindo o impacto contra o chão fazendo meu corpo inteiro latejar de dor.

 

— EMI! Caramba você esta bem?! – gritou Naruto. Mordi os lábios impedindo um grito ao tentar levantar. Meu Deus! Como doía!

 

   Levantei-me lentamente. Minha vontade era de ficar no chão até aquela dor passar, mas eu não podia. Não queria.

 

— E-eu...e-estou b-bem, Naruto – falei. Sentia vontade chorar, aquilo era doloroso demais. Tenho certeza que meu corpo vai ficar todo roxo depois. Inspirei e suspirei diversas vezes tentando encontrar forças para continuar. Não importa o quanto eu me machuque, não vou desistir.

 

— Emi, acho que você devia voltar pra casa do Tazuna. Essa queda foi feia e...

 

— Não Naruto. Não se preocupe, eu estou bem, é sério – eu o interrompi me desviando de suas mãos. Olhei para a arvore. O que será que houve com o meu chakra?

 

— Ta legal – ele disse meio inseguro. Será que me achava fraca? Será que tinha sido tão ruim assim? Queria poder ter visto. Eu devo estar horrível.

 

      Meu corpo estava tremulo. As dores quase insuportáveis. Eu não queria voltar para a casa do senhor Tazuna e encarar o Kakashi daquela forma. Acabei de perceber uma coisa... em todas as vezes em que estive com meus companheiros até agora, eu fui a que mais me machuquei. Com o gato da esposa do senhor feudal, com a luta contra o clone e agora no treinamento. Como posso me machucar assim em um treinamento? Eu já ia voltar a correr quando a voz de Sasuke me interrompeu.

 

— Você esta bem mesmo? – agradeci mentalmente a ele. Sinceramente, não queria voltar a subir nas arvores. Talvez seja estresse pós-traumático, afinal acabei de tomar uma baita queda. Mas não importa. Tentei sorrir para mostrar que estava bem.

 

— Estou. Vocês não precisam se preocupar comigo – ele virou a cara. Eu ri. Mas... no fundo, tinha algo que estava me incomodando. Por que será que Sasuke não foi grosso ou frio comigo desde o teste dos sinos? Pelo jeito não era só Sakura que estava estranha.

 

   Virei-me vendo Naruto. Ele estava de olhos fechados se concentrando. Eu sorri, acho que agora ele consegue, tomara. Passaram-se alguns segundos e ele abriu os olhos prontos para correr para a arvore quando...

 

— Aí Naruto – Sasuke chamou o fazendo perder a concentração e cair. Nossa! Isso foi maldade!

 

— AH! SASUKE! VOCE FEZ ISSO DE PROPÓSITO! LOGO QUANDO EU ESTAVA ME CONCENTRANDO! – Naruto gritou furioso, mas isso não afetou o Uchiha.

 

   Decidi não ficar bisbilhotando a conversa dos outros e foquei em mim mesma. Por que será que o chakra desapareceu? Será que estou exigindo muito de mim mesma? Não... não pode ser. Ok respira Emi, respira, tudo vai dar certo... espero.

 

Corri para a arvore conseguindo subir no tronco. Isso é loucura, mas eu fechei os olhos e continuei correndo. Eu mal sentia minhas pernas de tanto correr, e meu medo de me machucar estava me deixando maluca. Abri os olhos e marquei a arvore antes de pular pra fora. Meus pés doeram quando aterrissei, acho que dei mau jeito. Que ótimo! Olhei a marca, até que passou um pouco da antiga, muito pouco mesmo. Isso não vai prestar. Acho que eu devo ter muito pouco chakra, mas só que meu pai tinha muito, então falando por questão de genética eu não devia ter muito também? Estranho. Enfim, vou tentar de novo.

 

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[ 3° pessoa]

 

   Já haviam se passado duas horas, estava noite. Sasuke e Naruto parado para descansar, até eles sabiam que já estava na hora de ir para casa. Mas parecia que a Arai não tinha notado isso, ela nem escutava os diversos gritos que Naruto dava para chamá-la. Os dois estavam praticamente desistindo de tentar convencê. Emi havia caído varias vezes, os machucados e a sujeira no corpo comprovavam isso. Mas ela não se importava com isso, estava totalmente obcecada com o treinamento. O perfeccionismo a afetava de maneira grave. Só que a mesma não queria admitir isso. Ela nem pensava que usar todo o seu Chakra poderia a matar.

   Sasuke bufou a vendo correr de novo para a arvore.

 

— Vamos embora – ele disse se virando. O Uchiha queria tomar um banho e descansar, já havia desistido de Emi. Ela era muito teimosa.

 

— E deixar ela aí? – perguntou Naruto. Ele também queria ir.

 

— Ela não quer vir – ele respondeu já longe.

 

 Naruto olhou para ela uma ultima vez e seguiu Sasuke. Não tinha jeito, ela era como ele mesmo, quando cismava em algo ia até o fim. Talvez o sensei conseguisse trazer ela de volta, ou não.  Os ninjas caminhavam rumo à casa do construtor em silencio. Naruto pensava em qual seria a janta que  a filha de Tazuna iria preparar e Sasuke pensava em uma mínima possibilidade de Emi ter um pouco mais de força de vontade que ele, afinal era ela que estava lá, indo alem de seus limites pra tentar se superar enquanto eles iam pra casa. Não, ela definitivamente não podia ser mais forte que ele. Seu orgulho o dizia que nem se tivesse o melhor treinamento do mundo, ela jamais chegaria aos pés da habilidade de um Uchiha, jamais. Logo os dois estavam em frente a casa, Naruto  sentiu o cheiro da comida e foi correndo para a porta, mas tomou uma queda feia ao tropeçar nos degrau.

 

     Kakashi e Sakura que estavam sentados à mesa se assustaram com o barulho, Sasuke entrou logo depois passando por um Naruto caído no chão. O grisalho notou logo de cara a ausência da menina.

 

— Che-chegamos – disse Naruto ainda atordoado pela queda, mas logo se levantou e se recompôs.

 

— Cadê a Emi? – perguntou o sensei.

 

— Kakashi-sensei, ela ta tentando se matar! – disse Naruto rapidamente.

 

—  O QUE?! – gritou Sakura pasma.

 

— Ela ainda ta treinando – disse Sasuke indiferentemente se sentando no lado oposto aos companheiros.

 

— Mas... será que ela esqueceu que esta gastando todo o chakra que é crucial para sua vida?  – disse Sakura atordoada.

 

“Por que logo a Emi? Eu já devia esperar algo assim dela”  pensou Kakashi meio angustiado. Infelizmente, Sakura tinha razão. Se ela exagerar poderá sofrer consequências. Naruto olhava para o seu sensei esperando uma resposta ou alguma ação.

 

— Hã...sensei, não vai fazer nada? – ele perguntou confuso.

 

— Na minha condição, não há muito que eu possa fazer para impedi-la – ele disse. Naruto discordou, mas não disse nada.  Os garotos se sentaram esperando pela janta. Ninguém dizia nada. Estavam todos perdidos em seus pensamentos, mas a origem deles era a mesma.

 

 

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  Enquanto isso, de volta a floresta, a menina de cabelos esbranquiçados estava sentada com as costas encostadas no tronco de sua arvore. A mesma se encontrava cheia de riscos a metros do chão, Emi se sentia bem arrependida de ter se deixado levar pela a ambição de ficar mais forte.

 

“Eu devia ter ido com Naruto e Sasuke, agora todos devem pensar que estou louca”  ela pensou abaixando a cabeça. Embora quisesse muito ir pra casa de Tazuna,  tomar um banho e se deitar ela sabia que no momento em que entrasse seria bombardeada de acusações e repreensões. Talvez não tanta se conseguisse ter um bom desempenho, é um ótimo motivo pra estar quase se matando agora, se bem que ela parou por uns minutos para descansar.  A Arai fechou os olhos tentando se concentrar em si mesma por alguns instantes, tentou se lembrar de tudo que havia ocorrido com ela desde que saiu da Vila. Até agora nada que pudesse ter esvaziada completamente seu chakra. A luta contra o Zabuza tinha sido dolorosa, sim, mas provavelmente nada comparada a que viria a seguir.

 

“Se eu tivesse aquele Kekkei Genkai, já teria resolvido isso há muito tempo” embora sua mãe dissesse que não ia acontecer com ela, Emi ainda tinha fé de que poderia ser forte como seu pai. Mesmo que o clã Arai não fosse grande e respeitado, eles possuíam um Kekkei Genkai bem incomum, algo como uma reserva de chakra extra que era usada como ultimo recurso em batalhas, até que um membro do clã desconhecido resolveu criar uma combinação para auxiliar os Arai’s em missões solos.  Ele combinou perfeitamente o elemento ar a sua reserva de chakra, isso criou uma energia desconhecido que poderia ser usada para varias funções. Dizem que, surpreendentemente, os filhos desse membro do clã também nasceram com essa energia e por assim foi até ser reconhecido como o Kekkei Genkai oficial do clã Arai. Emi havia ouvido essa historia de sua mãe varias vezes. Achava incrível. Nunca havia tentado descobrir se tinha esse poder, afinal sua mãe odiava essa sua curiosidade.

 

Se bem que agora que estou longe dela... Aff! Por que não?”  pensou se sentando em posição de lótus. Estava com certa duvida de como fazer isso, então começou a concentrar um pouco de chakra para a mão direita até senti-la formigar, mas parou ao ver que aquilo era meio inútil. Suspirou frustrada.

 

—Ok, se a energia deveria vir de dentro... – sussurrou fechando os olhos. A menina começou a respirar profundamente diversas vezes com intuito de entrar em estado de meditação, o que de acordo com a mesma deu certo já que sentia certa leveza no corpo. Tentou pensar em coisas felizes para melhorar seu estado de espírito, mas isso só a fazia sentir mais sonolência. Então lembrou sobre algumas coisas que Iruka dizia na academia, que alguns Kekkei Genkai’s eram ativados por lembranças ou sentimentos intensos. Por um momento se sentiu incapaz, já que nunca havia tido um sentimento muito intenso.  Entretanto, memórias vieram-lhe a mente. Como o dia em que conheceu Shikamaru, quando sua mãe a bateu, quando o time sete foi formado, todas essas lembranças vindas de uma vez lhe trouxeram até certa tontura.  Ela passou a respirar mais calmamente sentindo uma aura completamente estranha lhe envolver, enquanto as lembranças ainda passavam por sua mente trazendo-lhe certo sentimento de revolta, por não conseguir ter controle de sua própria vida sem que sua mãe estivesse a criticando e a manipulando. Com toda aquela revolta se transformando em algo mais, ela decidiu parar com aquilo com medo do que poderia se formar, mas quando abriu os olhos o choque foi inevitável.

 

     Havia uma energia meio lilás com verde e azul, fora difícil identificar a cor. O brilho da aura a rodeando era uma visão fantástica, pela primeira vez se sentia poderosa com aquilo, esse devia ser o tal Kekkei Genkai. Emi queria testar aquilo, mais tinha medo que quando se mexesse, a energia sumisse. Entretanto, respirou fundo e se arriscou a se levantar, se surpreendeu ao ver que continuava sendo rodeada por aquele poder. Estava em duvida do que fazer com aquilo.

 

“Se é uma energia do ar, então deve poder locomover algo”  pensou vendo umas folhas no chão. Concentrou-se ali, visualizando que sua energia ia até as folhas, esse assustou ao ver que as mesmas foram rodeadas pela mesma energia e se ergueram do chão. Emi sentiu um peso em seu braço ao levanta-lo, de repente aquelas folhas pareciam ter se tornado dez vezes mais pesadas. Tanto que do nada aquela energia que a rodeava desapareceu, soltando as folhas. Emi caiu de joelhos sentindo um cansaço bem maior do que quando estava tentando subir nas arvores. Toda aquela dor nos músculos do corpo aumentou fazendo com que ela fechasse os olhos com força.

 

“A energia ainda é fraca demais, deve ser porque acabei de despertar... mas... com bastante treino o que eu seria capaz de fazer?” questionou-se sentindo uma grande euforia. Ela era a única com esse Kekkei Genkai. Poderia e iria ser forte. Prometeu a si mesma de que iria treinar muito e desenvolver isso. Levantou-se lentamente cerrando os dentes por causa da dor. Já estava na hora de ir pra casa, não importa o que eles iam pensar, ela não aguentava mais treinar. Em compensação descobriu um poder único, e isso era o que fazia com que ela não se deixasse abalar.

 

    Estava na frente da porta da casa de Tazuna, ela se perguntava para onde fora aquela coragem que tinha dentro de si há alguns minutos atrás. Parecia que a cada passo que tinha dado em direção a casa, seu medo voltava. Respirou fundo e levou à mão a maçaneta abrindo a porta. Seu coração parecia pular, sentia um calafrio na pele. A casa estava em meio à escuridão, sem nenhuma luz acesa. Fechou a porta atrás de si e começou a andar cuidadosamente até as escadas, mas freiou bruscamente olhando a cozinha. De repente, um copo de água gelada não lhe parecia ser uma má idéia, mas ainda tinha medo de fazer algum barulho e acordar os outros, afinal ainda era uma baita desastrada. Mas ainda sim, parecia que podia sentir o gosto da água na boca. Emi amaldiçoou-se por estar sendo seduzida por uma cozinha, mas suspirou e mudou sua rota de caminho. Caminhou silenciosamente até a cozinha e abriu a geladeira pegando a jarra de água. Quando se virou para pegar o copo, bateu acidentalmente o cotovelo na jarra, mas a mesma foi pega antes que se chocasse com o chão. Emi sentiu como se o coração tivesse parado de bater naquele exato momento.

 

— Sabe que horas são? – perguntou Kakashi pondo a jarra de volta na bancada. Ela não conseguia identificar seu tom, parecia algo entre frustração e cansaço.

 

— D-dez? – ela sussurrou sentindo a voz falhar.

 

— Uma da manhã – ela abaixou a cabeça sentindo o rosto corar – Não entendo. Por que fez isso?

 

— A-achei... que tinha que....treinar mais? – ela disse com sua mania de misturar pergunta  e resposta. O sensei suspirou irritado. Era incrível pra ele como ela conseguia lhe tirar do sério.

 

— Mas não devia. Por acaso pensou na missão enquanto tentava se matar lá? – ela não conseguia responder, não conseguia nem pensar – Não fique achando que é tão forte a esse ponto. Você não é como Naruto, Sasuke ou Sakura. Não deveria ser uma ninja se toma decisões tão estúpidas.

 

     Ele lhe deu as costas subindo as escadas. Emi não expressava nenhuma reação, suas palavras haviam a atingindo como facas. Pareciam ser cuspidas com ódio, e não paravam de ecoar por sua cabeça. Ele a chamou de fraca? Disse que não deveria ser uma ninja? Estava travando uma batalha interna. Sentia seus olhos lacrimejando e um sufoco tomando conta de seu peito. Agora sim estava entendendo o que era um sentimento intenso. Ela nem mesmo ligava para as dores, os machucados, o cansaço. Era como se tivessem jogado um balde de água fria em sua cabeça. Pode sentir certo desprezo em seu olhar, a esse ponto as lagrimas rolavam livremente por seu rosto. Queria voltar atrás em tudo, sua mãe estava certa, ela não era capaz disso tudo. Um arrependimento profundo pesava em si. De repente ouviu uma voz atrás de si.

 

— Emi, você esta bem? – era a filha de Tazuna. Emi enxugou as lagrimas rapidamente.

 

— E-estou sim – em sua mente, ela gritava que não.

 

— Eu sinto muito querida. Se quiser um ombro amigo eu...

 

— Não. Obrigada esta tudo bem, mesmo – ela interrompeu.  Tsunami apenas assentiu, mesmo sabendo o quanto aquelas palavras eram falsas. Chegava a doer  ver aquela menina, mais parecida com um anjo, chorando daquela forma – E-eu vou subir.

 

      Emi subiu as escadas e correu direto para o banheiro. Teve nojo ao se olhar no espelho, viu uma versão distorcida de si mesma. Mas não fez nada alem de se sentar no chão e chorar. Estava com tanta raiva de si mesma que tinha vontade de se bater. Parecia haver vozes em sua cabeça a apontando todos os seus defeitos. Ela levou as mãos aos ouvidos tentando abafar aquilo, mas não funcionava. Mal reparou quando começou a morder os lábios com força até sentir o gosto de sangue na boca, quase vomitou. Levantou-se e abriu a torneira para jogar água no machucado, nem se preocupou com a ardência quando pode ver o corte feio que fez em seu lábio inferior. Aquilo a fez chorar mais ainda.

“Meu Deus, eu sou louca! Quero sumir pra sempre!”  


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a quem esta lendo! Quem esta comentando! Vocês são demais!



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