Papa Shion escrita por Sarinha Myuki


Capítulo 11
Perdendo as Estribeiras


Notas iniciais do capítulo

Oooooooooooooooooooi people! Tutu pom? Tutu pem!
Bom, eu estava aqui aguardando o povo que costuma comentar, o povo que me mandou mensagem inbox pra eu voltar e etc. Não apareceram, talvez por culpa minha que levei uma vida pra atualizar.

Então decidi atualizar logo de vez e aguardar novos reviews (que são minha gasolina, não posso negar).

Love you pipous!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/725054/chapter/11

POV Camus

Eu e Mu estávamos andando e discutindo a situação de Minu, decidimos não retornar à minha casa por alguns momentos para evitar que os outros nos ouvissem, sentamo-nos na praça localizada no meio do átrio, não tão longe da casa de Shion.

— Mu, a Minu sempre se abriu mais com você do que comigo... Por um acaso você tem alguma ideia do que raios está acontecendo com ela?

Mu olhou para baixo, como quem se questiona sobre compartilhar ou não. Respirou fundo, em levantar o olhar, e levou a mão à cabeça.

— A questão é, Minu estava namorando com o Carlo.

— Com o máscara? A Minu? Mas ele é bem mais velho! Como isso pode...

— A história piora, Camy.

Parei na hora, numa postura rígida, guardando meus comentários para mim.

— Minu e ele se envolveram, ela manteve a história em segredo porque sabia que nenhum de nós três aprovaríamos não apenas pela diferença de idade, mas porque... Bem, o máscara é o máscara e sabemos bem da reputação dele.

— Eu sequer sabia que ele saia com mulheres...

— Carlo é pansexual, qualquer coisa serve para ele.

Mu disse que bastante tristeza na voz, misturada a um asco incontido. Deixei que ele continuasse.

— A relação durou alguns meses, ela estava completamente apaixonada por ele. Quando eu digo completamente, é completamente mesmo. Foi quando descobri o romance, peguei em seus pensamentos, embora ainda não soubesse com quem era.

— E então?

— Foi quando ela começou a faltar no serviço e nas nossas reuniões familiares. O máscara depois que transou com a Minu começou a deixa-la de lado e ela passou a ceder em tudo, horários e no que eles faziam... E principalmente no que eles faziam...

A fala de Mu foi ficando sombria.

— Mu, eu quero saber exatamente o que esse retardado fazia com nossa irmã!

— Eles começaram indo em baladas e bares mais undergrounds, bebendo bastante. Na tentativa de manter o romance, Minu cedeu dormir com ele e mais mulheres, mais homens... Conhecidos, desconhecidos. Seu desespero em manter o romance era tanto que ela esqueceu completamente o significado do termo amor próprio.

Permaneci em silêncio, esperando que ele prosseguisse naquele absurdo.

 - Nas noites, Carlo se divertia às custas de nossa irmã, vendo até onde ela iria para agradá-lo. Sabendo da educação que ela teve, um dia exigiu que ela se drogasse, Minu se recusou a tanto, e por isso eles brigaram feio um dia. Foi quando eu descobri o relacionamento. A peguei chorando nas escadarias e completamente bêbada e ela me confessou parte do que estava acontecendo.

— E como você não conta pra mim e o papai?!

Mu ficou calado. Naquela hora eu tinha certeza que Mestre Shion iria arrebentar ele quando soubesse que ocultou informação tão importante.

— Acabou?

— Não. Passei a seguir a Minu. Ela foi se afundando cada vez mais até ser definitivamente chutada pelo Carlo. Daí não tinha mais jeito, ela caiu nas noites bebendo, usando drogas bem leves de vez em quando e deixando de lado tudo, inclusive nós e o trabalho. Eu fiz de tudo para traze-la de volta.

— Mas qual a razão dessa revolta toda dela? A raiva deveria ser contra esse filho de uma mãe e não do nosso mestre.

— Ela sente que foi privada da vida de adolescente. Nunca pode sair ou se divertir. Que não podia beber com frequência, que nunca pode usar as roupas que quer e por aí vai. É um pouco difícil acompanhar os pensamentos da Minu, Camus. Eu tentei ajudar como podia, mas... Eu já tinha falado que ia falar com você e o papai, mas ela sempre me prometia que ia mudar...

Foi quando começamos a ouvir gritos vindo da casa do nosso mestre. Era Minu. Não iríamos interferir, eu mais que ninguém achava que Minu merecia uma lição e se meu pai não desse, acredito que eu mesmo lhe daria. Eu estava tentando me acalmar para não matar o máscara naquele segundo.

Como estávamos perto, era possível ouvir os gritos vindos da casa. Me assustei quando percebi que era de... Dohko?

— VOCÊ CONTOU OU NÃO QUE TEMOS UM RELACIONAMENTO HÁ QUASE QUARENTA ANOS?

Que relacionamento? Do que Dohko estava falando? Olhei para Mu que estava sem entender nada como eu.

Não tardou e berros de Minu começaram misturados a risadas bastantes altas e afetadas.

— E AQUELA MERDA DE PAPO DE NOSSAS VIDAS NÃO NOS PERTENCEM E SIM AO SANTUÁRIO?

Eu e Mu nos entreolhamos, sem dúvida precisaríamos intervir para evitar um homicídio naquele lugar, nenhum de nós jamais havia falado assim com Shion. Jamais. Logo nos levantamos e andamos rápido pelas escadarias até chegar a porta e a abrir quando nos deparamos com a cena mais bizarra que já vi em minha vida.

Minu deu um tapa na cara do nosso mestre. Um TAPA na cara do Shion. Ela só podia estar drogada... Nós dois corremos, eu segurei meu pai e Mu a Minu.

— Pai, fique calmo, pelo amor de atena.

— FICAR CALMO? — Ele urrou se soltando de mim.

— CONTA A NOVIDADE PRA ELES, PAPAI. O SENHOR TODO CHEIO DA RAZÃO DÁ O RABO PRA ESSE OUTRO VIADO AQUI.

Mas do que raios Minu estava falando e onde ela aprendeu a usar esses termos horríveis? Nem mesmo Carlo falava daquele jeito... Foi quando comecei a juntar as peças, os gritos de Dohko, a preocupação do meu pai e, principalmente, a cara dele quando ela disse isso.

Fiquei paralisado. Não era possível. Meu pai e... Dohko? Quarenta anos, o libriano disse. Isso é antes de eu chegar ao santuário... Quer dizer que... Quando dei por mim havia soltado meu pai que agarrou Minu pelo cabelo e a jogou no sofá enquanto arrancava o cinto de sua calça.

Mu não conseguiu conte-lo. Shion segurava o cinto com força e descia com fúria nela, eu nunca havia visto ele batendo em ninguém daquele jeito. Se não confiasse nele cegamente, teria ficado assustado, mas a verdade é que minha confiança estava abalada.

Ele passou a vida mentindo para mim... Ele... Eu e Mu nos entreolhamos e numa ofensiva rápida o seguramos, o que deu tempo de Minu se recompor. Antes que pudéssemos falar algo que o acalmasse, ele nos olhou ferido.

— MAS QUE DESRESPEITO É ESSE AQUI?!

Não tardou até que ele descesse aquele cinto que queimava como o fogo em nossas pernas e coxas com a mesma força que o fazia com Minu. Certamente não deveríamos ter no intrometido, mas ele estava nervoso demais.

Fomos os dois jogados no mesmo sofá que nossa irmã estava, enquanto o cinto descia forte em nós três. Meus irmãos gemiam de dor enquanto eu achava aquilo ridículo, mas antes que eu me pronunciasse, Dohko segurou o cinto do nosso pai.

Os dois se entreolharam, na certa Dohko falava com meu pai mentalmente. Não tardou até ele soltar o cinto e respirar levando as mãos as bolinhas em sua testa e se acalmando. Somente nessa hora que pude notar que ele tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

Ele respirou e sentou na poltrona e Dohko na outra.

— Por favor, peço que os três sentem direito e se recomponham. – Disse Dohko sério. Não demorou até que Minu se sentasse arrumando sua roupa e eu e Mu também, os três, lado a lado num sofá de três lugares. Os três cheios de marcas das cintadas em nossas coxas e traseiros.

— Temos que conversar com vocês...

Dohko continuava falando, eu nunca tinha visto Shion daquela forma, completamente fora de si. Ele não nos olhava, mal respirava para ser honesto. Estava magoado e não conseguia conter as lágrimas nos olhos. Ele estava emocionalmente abalado.

— Eu e Shion começamos a nos relacionar no início da adolescência. Obviamente não era um relacionamento comum, tendo em vista que com treze anos já estávamos lutando uma guerra. Mas era o mais próximo de um amor que poderíamos viver. Esse relacionamento se estendeu até a presente data, quando eu pedi que o tornássemos público. Honestamente, vendo a atitude de vocês, estou profundamente arrependido.

Nós três estávamos quietos.

— Shion dedicou a vida à vocês, o pouco que vivíamos juntos era nas sobras da educação, do lazer e das responsabilidades que vocês e meus filhos exigiam. Nos contentamos com migalhas, era o que podíamos ter.

Meu coração apertou naquela hora, pois pensei que nosso mestre passou cada segundo de nossas vidas conosco. Quando eles se viam? Realmente não havia espaço para um relacionamento.

— O mundo é como é hoje pelo nosso sacrifício. Sacrificamos nossa vida pela humanidade e por vocês, esperava um pouco mais de compreensão da parte dos três.

Não demorou muito tempo para Mu se pronunciar:

— Mas eu acho maravilhoso o relacionamento de vocês! Mestre, o Senhor merece ser muito feliz e Dohko é uma pessoa maravilhosa! Não entendi ainda o que aconteceu aqui...

Dohko olhou para mim e questionou:

— E você, Camus, o que acha?

Eu preferi permanecer em silêncio. Meu silêncio fez meu pai olhar nos meus olhos, ferido. Aquela dor que ele sentia era palpável.

— Fale o que pensa, Camus.

Meu pai exigiu, com sua voz trêmula. Eu respirei fundo.

— Penso que o senhor mentiu para nós por uma vida inteira. Penso que eu tinha direito de saber disso. Penso que se o senhor mentiu para nós nesse aspecto, deve ter mentido em outros também. O que eu penso? Melhor não dizer. E digo mais: se levantar esse cinto mais uma vez para mim, vamos nos resolver numa batalha.

Minha declaração assustou todos na sala. Eu não queria falar, mas se ele queria ouvir, ok. Não, eu não aceitava isso... Meu mestre era meu. Foi quando me levantei.

— É hora de eu ir.

Ignorei Mu me chamando e sai, batendo a porta. Se meu mestre queria nos deixar e passar a vida com Shion, por mim ok. Mas que não esperasse minha benção!

oOo

Mu olhou para os mestres e perguntou:

— Tudo bem se eu for atrás dele?

Dohko acenou enquanto Shion mal conseguia falar comigo. Mu olhou para Minu quase que a condenando por tudo que tinha acontecido. Em seus pensamentos Mu viu o quão arrependida ela estava da cena que aprontou.

— Pa..Pai... Eu...

Shion não se mexeu, Dohko apenas disse:

— Minu, por favor, seu pai está em frangalhos. Faça o que quiser agora, mas nos dê um momento para conversar.

Foi quando Minu saiu e encontrou os irmãos nas escadarias.

— Mu, Camus... – Disse ela chorando.

—  Minu, o que raios você tem na cabeça para se relacionar com o máscara da morte? Você perdeu o juízo?

— Não acredito que você contou Mu!

— Eu não tinha opção, você viu o estado lastimável que chegou!

— Eu vou matar esse imbecil— disse Camus.

— Camy, já não estamos mais juntos. E honestamente, acho que preciso dar um jeito na minha vida... Ele já é passado...

— Aaaah, você acha?— Camus debochou.

— Por favor vocês dois, não é hora de brigar— Disse Mu.

— Essa família é uma piada.

A fala de Camus fez ambos olharem para ele, o mais centrado dos filhos.

— Uma vida de mentiras... Se querem saber, que cada um faça o quiser. Eu estou exausto, vou para a minha casa falar com o Milo. Cansei dessa brincadeira de casinha que Shion montou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Curtiram? COMENTEM PLEASE!