It's just a trick escrita por KCWatson


Capítulo 5
Idiot


Notas iniciais do capítulo

N/A: Voltei! Mil perdões pela demora gente, é que além da recuperação da minha cirurgia que ainda me mantem instável, ainda tem a faculdade (porque a vida segue e não posso ficar faltando semanas seguidas sem um atestado válido) e na faculdade eu sofro uma doença chamada "fico nesse lugar mais de doze horas por dia". Sim gente, cerca de tres vezes na semana eu entro nessa merdas às 8:30 da manhã e saio às 9:30 da noite. Então me deem um desconto, vai... eu me canso muito rápido.

O que eu já escrevi no caderno estou passando hoje para o pc. Terminei esse capítulo então vim postar logo pra não atrasar ainda mais, ele não está exatamente como eu queria, mas achei bem necessário mantê-lo do jeitinho que está.

Espero que gostem!

P.S. Um agradecimento de coração enorme pra quem comentou e, consequentemente, não me deixou desistir da fic ou deixá-la em hiatus permanente. ♥ ♥ ♥



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Sherlock nunca imaginou que manter John Watson em segurança seria tão difícil.

John nunca fora um homem qualquer, sabia disso desde a primeira vez que o vira. Era um médico militar quebrado, mas que possuía os nervos de aço, excepcional desejo de ajudar e uma ambição nada sutil pela adrenalina. John sabia se defender muito bem. Ótima defesa corporal, grande percepção do perigo, péssima mania de proteção e um adorável desejo de se provar. Mas nada disso o ajudava a se livrar dos perigos químicos e era exatamente o que Moriarty estava fazendo.

Não que qualquer outra pessoa, além dele e do próprio Moriarty, soubesse disso.

Sherlock esmurrou a mesa de Lestrade, oscilando entre o desespero e a raiva, principalmente a raiva. Por que as pessoas eram sempre tão inúteis?

― Eu pedi para ficar com ele Lestrade, por que não ficou com ele? ― grunhiu dolorosamente.

Lestrade engoliu em seco, mas Sherlock não deu importância. Saíra por apenas dez minutos, dez estúpidos minutos para assinar estúpidos papeis na recepção. Fora suficiente para John sumir do radar de todos.

― Tenha calma, irmão ― Mycroft pediu indiferente, sentando em uma das cadeiras ― Logo o acharemos.

― Não espere que eu me sinta melhor com suas palavras Mycroft.

― Eu também não, espero apenas que pare de culpar a todos.

Sherlock revirou os olhos e começou a caminhar pela sala, dando vida ao seu desespero. Onde John estava?

― Eu realmente sinto muito Sherlock ― Lestrade pediu pela terceira vez naquele dia ― Disseram que John ia fazer apenas alguns exames, mas não me deixaram entrar na sala.

― Sherlock compreende, Inspetor ― Mycroft se adiantou, profissionalmente educado ― Ele está apenas... descontrolado.

― Não se intrometa Mycroft.

― E o que espera que eu faça? ― Mycroft rebateu entre dentes, visivelmente estava tentando se controlar ― Que eu sente e tome chá enquanto você brinca de xadrez com Moriarty?

Sherlock parou e em um único movimento se virou para o irmão, encarando-o surpreso e finalmente entendendo aquela breve irritação em sua pergunta.

― Como sabe disso?

― O que querem dizer com isso? ― Lestrade se levantou de sua cadeira, fitando-os com descrença.

― Como sabe disso? ― Sherlock insistiu quase avançando no irmão.

― Ora, não me venha com isso Sherlock ― Mycroft respondeu revirando os olhos.

― Quando descobriu?

― Isso importa? Você mentiu, Sherlock, mentiu sobre a morte de Moriarty. Isso deveria ser o suficiente para eu nunca mais confiar nenhum caso a você.

― Esperem, Moriarty está vivo? ― Lestrade voltou a questionar, sendo novamente ignorado.

― Tive meus motivos ― Sherlock argumentou pouco convincente, ganhando uma risada debochada do outro.

De repente se preocupou, lembrando-se dos momentos antes de John passar mal a sua frente. Ele comentara sobre Moriarty sem qualquer surpresa ou perplexidade, havia apenas o medo pelo o que havia acontecido.

― Contou ao John?

O sorriso de Mycroft se tornou convencido enquanto se levantava, apoiando-se sobre a sombrinha negra e a outra mão na cintura.

― O que acha, querido irmão? Contei tudo a ele, não somente sobre Moriarty, como também sobre sua nada inesperada protegida, Irene Adler. Pode imaginar como nosso querido John ficou... entristecido.

Antes que pudesse ser detido, Sherlock extinguiu o espaço que o separava de Mycroft e o agarrou pelo colarinho, a sombrinha caindo sobre o piso frio e as mãos firmes do outro logo alcançando os seus pulsos. Mas ele não estava tentando se afastar e isso enfureceu ainda mais Sherlock.

― Por que fez isso? Por que contou a ele? ― rugiu no rosto de Mycroft, que não se abalou antes de responder.

― Porque não importa o que pensa, Sherlock, não importa se sua mente diz que é certo e seguro, John não merece suas mentiras e muito menos sofrer com as consequências delas.

A resposta nada hesitante no tom sincero do irmão o pegou de surpresa, mas Sherlock não o soltou, mesmo com Lestrade tentando puxá-lo. Não esperava ouvir nem um terço daquelas palavras, pelo contrário, esperava apenas “Fiquei com vontade” ou “Porque eu quis”.

― Não é agora que diz que me importar não é uma vantagem?

Mycroft riu, mais uma vez convencido, como se soubesse todas as respostas do mundo.

― É agora que eu digo que isso não faz diferença, porque você já se importa e nada do que fizer vai mudar isso.  

Silenciosa e lentamente Sherlock o soltou, perdido em toda aquela sinceridade rara enquanto Mycroft arrumava seu terno e pegava sua sombrinha do chão. Lestrade surgindo entre eles, preocupado. Desobediente, a mente dele vagou até o momento em que empurrara John na parede, machucando seu ombro e provavelmente suas costas, o olhar assustado do amigo pouco observado, mas ainda lembrado. Aquele era o efeito de Moriarty sobre si, o descontrole sobre seus atos e novas portas trancadas em seu Palácio Mental. Mentiras tentando chegar até John e tornando-o um detetive instável.

― Vamos para Baker Street, irmão ― Mycroft chamou calmamente ― Você precisa do seu lugar ideal e da sua nicotina para pensar.

***

Assim que abriu a porta do 221 B Sherlock recuou, quase se chocando com Mycroft no processo. E sob o olhar confuso do outro, o detetive ergueu o queixo para se certificar de que estava cheirando e vendo corretamente.

O cheiro de sangue impregnava o apartamento.

― Sherlock?

Não houve resposta, em vez disso Sherlock adentrou o lugar em passos hesitantes e se aproximou do primeiro degrau da escada, onde havia uma mancha de sangue relativamente grande.

― O cheiro não vem daí ― Mycroft comentou olhando em volta enquanto entrava e fechava a porta lentamente.

― É obvio ― Sherlock concordou acompanhando o irmão no movimento.

Ambos procuraram pelas mesmas coisas: detalhes. Os detalhes eram primordiais e sempre surgiam, sempre eram deixados para trás mesmo – e talvez, principalmente – quando ninguém os notava. Era analisando tais pontos sutis e constantes que ambos, tanto Sherlock quanto Mycroft, deduziam qualquer evento ou fato. O problema é que não havia detalhes ali, não além da mancha de sangue e daqueles que já existiam.

― O que acha? ― Mycroft questionou.

Afinal, Sherlock era o detetive entre os dois.

― Nada, a mancha deve ter sido colocada propositalmente. O cheiro de sangue tem que estar vindo de outro lugar.

Sherlock sabia que o irmão não perguntaria por um motivo, como qualquer outro faria naquela situação, então apenas subiu as escadas em silêncio, tendo o cuidado de olhar bem por onde passava e não tocar em nada. Mycroft o seguiu com a mesma atenção e o detetive agradeceu silenciosamente por isso. Ambos sabiam o que estava acontecendo naquele momento e que havia grandes chances de Moriarty estar sentado em sua poltrona naquele momento, com John em seus pés.

― Sherlock, espera ― Mycroft sussurrou o impedindo de abrir a porta do seu apartamento.

O mais novo apenas ergueu uma sobrancelha em questionamento. Foi um ato inusitado.

― Deixe-me ir na frente ― Mycroft continuou cautelosamente ― Acredito que está envolvido demais para permanecer inteiro... o que pode encontrar dentro dessa-

― Estou bem ― Sherlock respondeu entre dentes ― Se estou envolvido demais só irei descobrir quando estiver matando Moriarty.

O outro fechou os olhos e suspirou, afastando-se em seguida. Sherlock não esperou que outra palavra o impedisse e abriu a porta. Sua boca se abriu, mas o ar ficou preso em seu peito, sua mão apertou a maçaneta com força enquanto tentava entender, completamente, o que tinha acontecido no seu apartamento. Se em algum momento reclamou da falta de detalhes, na sua frente, agora, havia um exagero deles. O lugar estava vazio, porém completamente desarrumado, seus papeis estavam espalhados pelo chão, seus tubos de ensaio quebrados, sua poltrona caída perto da cozinha, o crânio não estava a vista e sangue, sangue por todo o lugar.

  ― Deus... o que aconteceu aqui, Sherlock? ― Mycroft perguntou perplexo.

Mas Sherlock também não sabia responder, não com a exatidão que queria. Olhou para o seu sofá, um dos poucos lugares limpos, e partiu do principio de que John fora colocado ali inicialmente, depois caminhou pela sala observando a cadeira caída e uma mancha suave de sangue próxima a poltrona de John. Olhou ao redor novamente, sem saber como agir. Sua mente estava criando uma cena, nada confortável e muito odiada, mas era apenas uma teoria e não era o que queria no momento. Só queria saber onde estava John.

Um barulho chamou a atenção para o corredor e em passos largos Mycroft foi o primeiro a alcança-lo, os olhos alertas e a sobrinha firme em sua mão. Sherlock surgiu logo atrás e rapidamente o ultrapassou quando um novo som soou até seus ouvidos, uma voz fraca e bem conhecida vinda diretamente do seu quarto. Rápida e subitamente o detetive acabou com a distância que o separava da porta e a abriu, ofegando com a cena encontrada.

John estava deitado aos pés de sua cama, bastante ferido, usando apenas a calça jeans e com correntes prendendo seus pulsos, o sangue de suas feridas se misturava ao suor e seus hematomas estavam arroxeados, visíveis na maior parte exposta do corpo. Sherlock tropeçou sôfrego até o corpo trêmulo e agachou-se ao lado dele, hesitando em tocá-lo.

― John... ― sussurrou temendo não ouvir nenhuma resposta.

O médico gemeu de dor e se moveu, mirando-o com os olhos marejados. John não chorou e comprimiu os lábios, engolindo qualquer expressão de dor que pudesse escapar de sua garganta. Sherlock respirou com dificuldade ao notar tais esforços e deixou sua mão pairar sobre o amigo, temendo lhe causar ainda mais dor.

― Está... tudo bem Sherlock ― John disse em uma calma forçada ― Alguns dias de descanso... e logo estarei novo.

Sherlock quase riu, culpando-se ainda mais pelo acontecido. Era irritante como John tentava amenizar a situação para que a culpa não surgisse no detetive, parecia que o loiro se esquecia que podia ser lido com tanta facilidade pelo outro. Sherlock não precisava de resmungos de dor para concluir a gravidade dos ferimentos, ele tinha olhos e podia deduzir todo. A dor estava estampada em John Watson.

Engoliu com dificuldade e com extremo cuidado tirou as correntes que prendiam o pulso do médico, jogando-a longe.

― Tem algum osso quebrado? ― perguntou atento.

― Acho que não, mas não consigo ter certeza agora ― John respondeu com uma careta.

Sherlock imediatamente pegou seu celular, dizendo:

― Certo, não se mexa. Vou chamar uma ambulância.

― Não quero voltar para o hospital ― John cortou firme.

― Precisamos ter certeza da gravidade dos seus ferimentos John e pelas condições da nossa sala, posso dizer que há gravidade.

John suspirou vencido e acenou a cabeça, concordando a contragosto.

― Prometo não sair do seu lado dessa vez ― Sherlock tentou amenizar.

― Está prometendo muito ultimamente.

Sherlock o encarou mais uma vez e hesitou. John precisava de ajuda, mas a ideia de vê-lo em um hospital novamente não o agradava nenhum um pouco. Moriarty, aparentemente, estava animado demais para se deixar ser impedido por qualquer barreira e como consequência, Sherlock não confiava nem em si mesmo naquele momento. Suspirou, abaixando lentamente o celular.

― Não consigo ― confessou em tom baixo.

― O quê? ― John questionou confuso.

― Não consigo deixá-lo naquele lugar novamente. Você poderia ter morrido... de tantas formas.

― Estou ciente disso.

― Tudo bem... tudo bem ― Sherlock cedeu guardando o celular no bolso ― Vem John, vou colocá-lo na cama.

O médico tentou escapar das mãos do outro.

― Sherlock... vou sujar-

― Isso não me preocupa, preciso apenas cuidar de você.

Sherlock retirou o sobretudo e com extremo cuidado ergueu o corpo debilitado do amigo, tendo a ajuda silenciosa de Mycroft. Entre gemidos de dor que John tentava conter, colocou-o sobre sua própria cama de casal e logo se apressou em analisar a gravidade de cada ferimento. Apesar de muitos, apenas um corte abaixo da costela parecia ser profundo o suficiente para necessitar de pontos, o que levantava a questão sobre a grande quantidade de sangue espalhada em sua sala e cozinha.

― Aqui Sherlock ― Mycroft o chamou lhe entregando a caixa de primeiros-socorros.

Confuso, o detetive notou que as mãos do irmão tremiam levemente e que o mesmo estava sem o terno, mas não podia dar atenção a isso agora. Quando voltou a olhar para o amigo, encontrou-o de olhos fechados e uma careta, mas uma vez tentando conter a dor porque Mycroft já estava começando a limpar parte dos ferimentos. Sem outra escolha, Sherlock deu a volta na cama e subiu para sentar ao lado de John. Cuidaria com os remédios.

― Sabe suturar um ferimento? ― seu irmão perguntou sem parar a limpeza.

― Farei o meu melhor ― Sherlock garantiu abrindo o estojo do médico e, em seguida o encarando ― Fale se eu errar John.

No primeiro toque da agulha o médico voltou a resmungar, inconscientemente tentando se afastar.

― Preciso de uma distração ― pediu com dificuldade enquanto forçava um sorriso ― Acho que... essa é a hora de falarmos sobre Moriarty.

― John... ― o detetive pensou em negar. Tudo o que não queria era falar sobre aquele assunto em particular.

― Você prometeu ― John insistiu.

― Esse não é o melhor momento.

― Deus... ele já invadiu sua casa e mandou um armário me bater, apenas fale.

Sherlock deu o último ponto e suspirou. Poderia começar a acreditar em milagres agora? Não, ainda era um pensamento ridículo e nada o livraria daquela conversa.

― Fizemos um acordo ― revelou com cautela.

John franziu o cenho.

― Um acordo? Que tipo... de acordo?

Sherlock comprimiu os lábios e pensou em se afastar, prevendo uma pequena confusão da parte do outro. Mas era melhor não piorar sua própria situação.

― Eu não... pulei pelos motivos que todos pensam, não foi por ser uma fraude e muito menos pelo o que falavam de mim ― começou depois de engolir em seco, mantendo as mãos inquietas sobre suas pernas ― Moriarty queria que eu pulasse para criar um show, mas sabia que não aconteceria com facilidade, então ele colocou meus... amigos na mira de uma arma. Enquanto falava comigo pelo telefone, você estava na mira de uma arma John.

O médico arregalou os olhos, perplexo e Sherlock se apressou, sabendo que não teria muito tempo até as perguntas surgirem sem pausa.

― Eu só tinha que pular... obviamente cheguei ao terraço com algumas ideias prontas, a mais simples era simplesmente fazê-lo mudar de ideia. Moriarty notou isso e louco como sempre foi, pegou a arma para tirar a própria vida, mas... ― Sherlock esboçou uma careta culpada ― Mas eu o impedi.

― Você o quê? ― John se apoiou sobre os cotovelos, pouco se importando com a dor e piscou repetidas vezes, tentando entender ― Co-como? Você o impediu? Mas... Sherlock, por quê?

― Eu não sei, não foi minha intenção! ― o detetive exclamou se levantando da cama, agitado ― Não foi minha intenção. Ele enfiou a arma na boca e estava quase atirando quando parou!

― Mas disse que você o impediu...

― Foi algo em mim... ele parou quando me olhou e sorriu, guardou a arma... Foi algo que ele viu em mim, algo que ainda desconheço.

Sherlock respirou com dificuldade, relembrando aquele momento. Era difícil... não, era angustiante ter que admitir que perdera um detalhe tão precioso. Obvio que era precioso! Podia ler esse fato em cada reação de Moriarty ao abaixar a arma, o sorriso vitorioso estava lá, assim como aquele olhar levemente arregalado como se o maior segredo do mundo lhe fosse entregue de bandeja.

Um detalhe precioso o suficiente para fazê-lo ser mais... comum.

― Ele sugeriu o acordo ― disse de repente ― Eu ficaria fora do seu caminho e ele fora do seu. Bem simples.

John o fitou por mais alguns, longos, segundos antes de erguer as sobrancelhas e compreender. Então deixou sua cabeça cair de volta no colchão, liberando seus cotovelos, e respirou fundo.

― Então... o consultor criminal que não se importou em explodir pessoas, invadiu, simultaneamente, dois bancos, sentou no trono e usou a coroa da nossa nobre realeza... me ameaçou, propondo um acordo ridículo pra você não impedir os crimes? ― John riu sem humor ― Você é um idiota, Sherlock. Um grande idiota.

― Pensei em cada possibilidade John ― o outro garantiu convicto. ― Ele cumprindo ou não o acordo, eu sei que essa rede de crimes é importante pra ele. Eu vou pegá-lo, assim que conseguir quebrar o ultimo fio da teia criminosa dele.

― Não ― John o cortou secamente. ― Você usou esse acordo estúpido como desculpa e o deixou vivo porque gosta, porque precisa dele pra não ter que se preocupar com o tédio mais tarde. A rede criminosa dele vai garantir uma boa distração.

― Do que está falando? Isso é ridículo.

― Esse acordo é que é ridículo, quantas vezes preciso dizer? E estou falando em como você é um grande idiota. Diga, pelo menos pensou duas vezes antes de não cumprir o acordo e colocar a minha vida em risco?

― John...

― Era por isso que você estava tão estranho, não era? Porque sabia que ele voltaria.

― Eu estava me preparando!

― Você nem ao menos compreende o que ele está fazendo!

― Basta ― Mycroft interrompeu se pondo de pé.

Sherlock se calou, não porque se esquecera da presença do irmão no quarto, mas porque John estava certo em um nível raro. Desde que voltara o detetive fez de tudo para aparentar estar esperando por algo especifico, preparando-se para aquilo como se soubesse exatamente. Enganaria qualquer um, incluindo John, como se estivesse apenas em mais um caso perigoso e quisesse esconder o fato.

Ficou surpreso ao saber que não enganara o médico, o alvo principal.

― Pense um pouco-

― Não ― Mycroft interrompeu mais uma vez, olhando-o sério ― Deixe o Doutor Watson descansar.

Sherlock queria ficar e insistir, fazer John entender exatamente o que fizera e o motivo para tal, mas quando voltou a olhá-lo o encontrou de olhos fechados e respiração pesada. John estava prestes a explodir.

― Vamos Sherlock ― o Holmes mais velho insistiu enquanto abria a porta para que ambos saíssem.

Sem outra escolha o detetive saiu, nada que dissesse mudaria os pensamentos do médico naquele momento e tampouco se forçaria a pensar em uma solução.

― Ele tem razão, sabe disso ― Mycroft anunciou enquanto cutucava a poltrona de John com a sombrinha.

― Eu sei, mas isso não muda nada. Sabe disso.


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