O Diário de um sobrevivente escrita por Tuy


Capítulo 1
O Recomeço




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Quando o apocalipse começou eu estava dando aula na universidade da capital. Era mais uma aula normal quando um de meus alunos veio falar comigo:

— Senhor, eu não estou me sentindo bem. Gostaria de me retirar da sala, se não fosse muito incomodo, é claro.

— Claro que pode. Vá na enfermaria e peça para a enfermeira cuidar de você.

Continuei explicando a matéria, mas algo me incomodou. Meus alunos estavam olhando nas janelas, logo todos disputavam para ver o que estava ocorrendo. Eu pedi licença e olhei. Pessoas correndo e gritando desesperadas! Outras atrás tentando come-las vivas! Eu pedi para que os alunos se retirassem da frente das janelas para não chamarmos atenção. Todos se abaixaram e logo a sala ficou em silêncio. Um aluno de intercâmbio, Noslen MelBock chegou do meu lado e falou:

— Professor, eu sabia que isso ocorreria! Eu acredito que eles sejam zumbis. Meu sonho foi realizado!

— Noslen nunca acreditei nisso, mas vou ter que concordar com você que essas coisas só podem ser zumbis.

Eu não sou um apreciador de filmes ou livros de zumbis, na verdade nunca gostei nem que meu filho lesse sobre isso. Meus alunos estavam ficando entediados e estávamos a cinco minutos agachados. Lionel, um de meus alunos falou para seus colegas:

— Vamos, temos que sair daqui e encontrar nossas famílias. Não podemos nos trancar aqui para sempre!

— Não vou sair! E nem aconselho vocês a saírem agora! É questão de tempo para o seu colega que estava doente virar um também! – Disse eu para acalma-los.

Lionel não me deu bola e saiu porta a fora. Comigo só ficaram dois alunos. Josh, o “nerd” da turma, e Katy, uma menina meiga. Ele estava com medo de mais e ela não gostava de Lionel. Quando o resto saiu fechei a porta e a tranquei. Eles saíram pelo corredor B e depois de um tempo ouvimos alguns gritos... Era hora de sair dali!

— Ok, vocês não são mais crianças. Vamos até a cozinha e iremos com cuidado! Precisamos ter cautela e saber usar o nosso tempo.

Eles concordaram e fomos caminhando, haviam alguns mortos no corredor principal. Nós chegamos na porta, pela janela podíamos ver alguns zumbis zanzando por ali.

— Josh, eu preciso que vá até a sala dos professores e jogue os vasos de homenagem pela janela, para atrair a atenção dos zumbis. Katy, você vai vir comigo, precisamos de comida e eu preciso estar em casa para ver minha mulher e meus filhos antes de amanhecer!

Josh correu até a sala, Katy parecia assustada. Os zumbis foram atraídos pelos vasos quebrando e eu e Katy corremos até a cozinha. Chegando lá a porta estava aberta e haviam dois zumbis lá dentro. Corri até onde guardavam os talheres e peguei a faca de cortar carne, decapitei os dois zumbis! Katy parecia horrorizada, entreguei uma faca para ela e peguei uma para Josh. Eu e Katy pegamos alguns alimentos e saímos daquele ambiente horrível.

— Katy, você tem parentes aqui perto?

— Não senhor Matiel, estou sozinha na cidade...

— Quer ficar com minha família ou irá procurar por alguém longe daqui?

— Sei que minha família está morta! Todos vamos morrer senhor Matiel...

Ela me assustou, mas mesmo assim não vou deixar aquela menina para morrer! Terminamos de pegar os alimentos e corremos ao encontro de Josh. Tivemos alguns zumbis que foram facilmente eliminados com nossas facas superpoderosas! Chegamos à porta, abrimos e fomos até a sala dos professores. Josh estava sentado no chão, me chamou para olhar algo.

— Olhe senhor. Incrível não é?

Ele havia me mostrado uma arma, uma pistola para ser exato!

— Onde achou isso, Josh?

— Estava no armário do diretor, também tem alguns pentes de bala.

— Sempre achei o senhor diretor um homem muito esquisito...

Josh preferiu que eu ficasse com a arma, eu a deixei na cintura e empunhei a faca. Caminhamos devagar em direção ao ônibus escolar da universidade, Josh abriu a porta e fez uma ligação direta para ligar o ônibus. Katy dirigiu pelo caminho enquanto conversávamos.

— Então, como vocês dois estão? – Perguntei.

— Bem, senhor... – Respondeu Josh um pouco triste.

— Eu estou morta! – Disse Katy.

Não liguei para a fúria de Katy e segui conversando com Josh.

— Você tem familiares aqui perto, Josh?

— Não senhor Matiel. Vim de uma cidade pequena, ficava alojado lá na universidade mesmo.

— Você vai ficar junto de mim e de minha família?

— Sim, senhor. Não tenho muitas opções... – Disse ele triste.

— O que te abala meu jovem? Ainda há esperança!

— Estou pensando em minha família, minha namorada...

— Oh sim! Também penso em minha família, mas sei que minha esposa vai proteger meu filho muito bem!

Chegamos! As luzes da casa estavam acesas. Meu filho, chamado Davi, foi olhar na janela e chamou Sarah, minha esposa! Descemos do ônibus, Sarah abriu a porta e corri para abraça-la e abraçar meu filho!

— Olá meus amores tudo bem?

— Sim, meu amor! – Respondeu Sarah.

— Claro pai! Deixei tudo bem para o senhor! – Disse Davi.

Fui até a área de serviço e peguei dois colchões para Josh e Katy. Josh e Katy agradeceram e fomos todos dormir. Ao amanhecer eu chamei todos para termos uma conversa:

— Aqui em casa nós temos poucos alimentos e existe muita chance de sermos achados pelos zumbis, o que vocês sugerem que façamos?

— Senhor Matiel, já que temos pouca comida e estamos em um local muito chamativo, por que não vamos para um supermercado de uma cidade pequena? – Disse Josh.

— Ótima ideia. – Respondeu Sarah.

            Todos concordamos e saímos com o carro no mesmo instante. Na estrada, Sarah conversou com meus alunos:

— Então, o que vocês estudavam na faculdade?

— Eu estava cursando Engenharia Elétrica. – Respondeu Josh.

— Legal, Josh. Eu sempre achei, esta, uma profissão muito promissora. E você, Katy? – Perguntou Sarah.

— Engenharia Química, senhora. – Respondeu ela.

— Katy, você sabe que não precisa se preocupar, eu e o Matiel cuidaremos de você. – Disse Sarah.

— Eu sei, senhora. Peço desculpas por ontem, eu estava muito aflita por causa da minha família e, para falar a verdade, ainda estou.

— Eu entendo sua preocupação, tenho parentes fora da cidade também. Eu e Matiel viemos para a capital em busca de melhores empregos, mas nossas vidas se formaram nas regiões menos populosas.

— Obrigado por ser tão compreensiva e, principalmente, por me abrigar e me proteger.

            Nós ainda tínhamos um longo caminho pela frente e precisávamos fazer ao menos uma parada para reabastecer. Eu desci do carro junto com Josh, deixando os outros no carro. Nós fomos até a bomba de gasolina, mas ela estava desligada.

— Precisamos religar ela, e logo. – Disse eu.

— Sim, senhor. Eu sei como ligar um gerador, mas preciso de ajuda para localizar ele. – Respondeu Josh.

            Fomos procurar o gerador dentro da loja de conveniência, mas antes de abrir a porta podemos ver alguns zumbis dentro do local. Josh abriu a porta lentamente, eu entrei no local e ambos nos escondemos atrás do balcão.

            Tinha um zumbi deitado no chão, mas Josh o matou. Isso acabou chamando atenção dos outros, então ele se levantou e começou a encarar um a um. Eu fui logo atrás, matando os que estavam no outro lado da loja. Dentro de alguns instantes já tínhamos matado todos.

— Certo, aquela é a sala de comando, espero que seja ali. – Disse Josh.

— Abra a porta que, caso tenha algum ali, eu mato! – Respondi.

— Certo. – Devolveu ele.

            Ele abriu a porta e, imediatamente uma menina saltou em minha direção. Ela não estava transformada, mas estava muito raivosa. Josh tirou ela de cima de mim e, depois de conseguir segurá-la, a fez sentar em um banco próximo.

— Acalme-se, não estamos aqui para machucar você, queremos apenas religar as bombas de gasolina. – Disse para ela.

— Tu-tudo bem... – Respondeu a mim.

— Você pode nos dizer seu nome? – Josh perguntou.

— Clarice, Clarice Vitória. – Respondeu.

— Tudo bem, Clarice. Você tem algum grupo? Caso não tenha pode seguir viagem conosco, sem problemas. – Eu disse-lhe.

— Eu tinha um grupo, mas alguns homens invadiram o posto e nós tivemos que lutar. Eles mataram alguns e levaram outros, por sorte eu consegui me esconder a tempo, mas eles ainda estão com a minha família! – Disse ela.

— Certo, uma coisa de cada vez. Você conhecia os homens que invadiram, ou foi a primeira vez que os viram? – Eu perguntei.

— Nós não conhecíamos eles, mas o nosso líder sim. Ele os chamava de “Curandeiros”, mas nós não podíamos conversar com eles quando eles vinham aqui. – Ela respondeu.

— Você disse que eles não mataram todos, inclusive, que estão com sua família.

— Sim, senhor. Eles levaram alguns com eles, mas os que levaram, todos faziam parte da liderança. O nosso líder, o nosso médico, o meu pai e a minha mãe.

— Entendi. Fique calma, nós vamos abastecer e logo seguiremos viagem. Não temos armas suficientes para enfrentar um grupo, a menos que a de seus mortos estejam aqui.

— Desculpe senhor, antes de irem, fizeram a limpa no posto. Pegaram armas, munições, comida, água e gasolina. Só consegui viver por que me escondi deles.

— Droga, então nós também não temos combustível...

— Eu entendo, não esperava que pudessem me ajudar. O grupo deles é muito grande e, pelo que posso perceber, vocês são poucas pessoas.

— Sim, somos. – Eu lhe disse.

— Você quer vir conosco, ou tem outros planos? – Continuei.

— Se não for incomodar, quero ir com vocês. Não tenho esperanças de achar meus pais novamente. – Ela me respondeu, quase chorando.

            Nós procuramos por coisas que pudessem ser úteis, calibramos os pneus do carro e seguimos viagem.


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